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Manda a tradição que, mesmo antes da jornada de descanso, a etapa seja a mais longa e extenuante de
todo o programa competitivo, como que num derradeiro teste à capacidade de sofrimento das equipas
e à resistência e fiabilidade de algumas mecânicas.
Este ano não foi excepção e o tortuoso caminho de regresso a Antofagasta encarregou-se de provar isso
mesmo, com perto de 600 quilómetros cronometrados de pistas que tanto permitiram explorar o
sentido de orientação dos co-pilotos nas montanhas de areia fina como também a destreza dos
condutores nos traiçoeiros blocos de sal do meio da etapa ou nos rápidos estradões que antecediam a
chegada desde longo dia – o mais amargo de todos para Carlos Sousa.
Com uma notável e sólida actuação desde o primeiro dia, o português vinha fazendo um rali em
crescendo, chegando a sexto à terceira etapa, a quinto dois dias depois e finalmente a quarto à chegada
da etapa de ontem. Sempre cauteloso, Carlos Sousa alertava sempre para o facto de o rali estar ainda
muito longe do fim, sendo ainda fundamental vencer a etapa anterior ao dia do descanso sem
problemas…
Só que nada disso aconteceu: “Foi um dia mau, pleno de azares”, desabafou o piloto à chegada a
Antofagasta, após quase sete horas e meia de condução.
“Mas isso nem foi o pior. Depois do recomeço da especial, um erro de navegação levou-nos para uma
zona de montanhas. Num dos topos, e para evitar o carro de um concorrente que dava meia volta,
acabei por cair por uma dessas montanhas e perder mais de uma hora até conseguir regressar à pista.
Cheguei a pensar que o rali terminaria ali, pelo que mesmo perdendo hoje três lugares na
classificação, só posso estar satisfeito por ter conseguido terminar”, reforçou o português.
“Agora é recuperar totalmente o carro amanhã e começar a pensar que falta ainda mais meio rali para
cumprir. E a partir daqui já não há lugar a outra estratégia: dar o máximo a cada etapa e tentar chegar
o mais á frente possível na classificação geral”, conclui o melhor dos representantes da Mitsubishi
neste Dakar e o único dos estreantes neste novo formato a figurar nos 12 primeiros lugares da geral
provisória.
CURIOSIDADE DO DIA
Apesar de ter atravessado o Atlântico e descoberto um novo continente, o impacto do Dakar segue
inabalável mesmo na América do Sul. O conjunto de estudos realizados após a última edição do rali
sugere mesmo que o Dakar foi o “evento promocional mais importante de toda a história da Argentina e
do Chile”, com 95 por cento dos entrevistados a revelarem-se “orgulhosos” por receberem o Dakar. O
mesmo estudo revela também que 3 milhões de espectadores seguiram o rali na estrada e 800 mil
assistiram à partida em Buenos Aires. Impressionante é também a repercussão mediática: foram
difundidas mais de 1.130 horas de imagens para 189 países, incluindo Portugal, para uma audiência
estimada em mais de 2,2 milhões de telespectadores. Com um aumento de 60 por cento relativamente
a 2007, o site oficial do Dakar (www.dakar.com) registou 2,9 milhões de visitantes únicos. Finalmente, o
impacto directo na economia dos dois países foi calculado em 57 milhões de euros.