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O Amor Mortal

Lugo, 4 de abril de 2012

Os mortais existem num imenso vazio, a sua vida um autntico labirinto de nada, que no
compreendem, nem suportam. Por isso sofrem, pois no toleram essa verdade, uma vez que
ela os nega enquanto seres. Ento inventam inutilidades, que nada so, e fingem para si
prprios que essas invenes so importantes, e do-lhes nomes, e catalogam-nas; depois,
fingem que esses rtulos, que nada so, vo preencher e dar sentido sua vida vazia.

E, nesta azfama sem nexo, vivem sem existir, acorrentados aos rtulos que inventaram ao
longo dos tempos, silenciosos e solitrios acreditam que so felizes. Envolvidos numa enorme
angstia travestida de utilidade, convencem-se que fazem opes ao escolherem um smbolo,
uma ideia ou um sentimento; no se apercebem que apenas seguem o brilho, o lder ou os
preconceitos.

Os mortais dizem amar, elegeram o amor para rei dos sentimentos e cantam-no por todos os
cantos. Tm amor para todas as coisas e ocasies. Mas que palavra essa que, tentando
definir algo to puro e imaterial, est repleta de normas e regras que matam todo o seu
sentido? E nesse caos, entre o sentir e o cumprir, o amor mortal transforma-se num
sentimento vazio, frio, obediente s formalidades inventadas pelos homens, to fteis e
inteis, pois apenas vo contra a sua prpria natureza, a qual no compreendem. O amor
mortal estril e rido; um sentimento com demasiados rtulos e apenas serve para
preencher alguns vazios do enorme vazio que a sua vida.

Pobres mortais, to frgeis e tolos!

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