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razio que a Constituigdo Federal elevou 0 municipio & condigio de ente federado, 0 que se depreende da sta autonomia politica, auto-organizatéria, administrativa,legislativa e financeira, ‘Além disso, a atuagiia cada vez mais acurada e minuciosa dos érgios de contr com que o gestor publico tenha que redobrar os cuidados diante de toda a despesa p fea. Mais do que nunca, & essencial que os advogados e procuradores municipais preparados para a orientagao necesséria aos agentes politicos ¢ administrativos munic pais, Trata-se de uma seguranca essencial para todo 0 ordenador de despesa. catedle, Gjovans She. Gost de irate Panache Sho thule plan, 20" 1 Desenvolvimento do Poder Local: da Génese até o Fendmeno Municipal ‘em menor escala 1¢io do governo, 2 came de Dtsio Munkigal + Contato Consoante a matriz weberiana, as relagdes sociais associativas tendem a refletr re ages de dominagio, como é o caso da associagao ‘éncia de dirigentes e de um quadro admi necessariamente refletira relagies de pod relagées de dominagio, tal qual ocorrera ‘Ademais, a busca pelo poder encontra-se enrai como algo Para Nietesche o que move 0 ser humano é 0 “di centro de forga [..] A Pe é essencialim sa Sendo aspirar & poténcia! de torhar-se mais forte, em cada ‘aspira a um sentimento méximo de te de poténcias; aspirar néo é outra © poder, enquanto fendmeno inerente a especie humana, se reflete ni criadas e moidadas pelo homem para a satisfagao amentos mais p As aldeias possuiram a estrutura germinal das cidades, numa formatagio subsistiram isoladamente us Sem o cio wo oreo homem difcimente tera conseguido soe née, opie afl un 3 wa Fetmene Monat 11 € reprodugéo que perdurou por milénios. Os conselhos dos ancidos podem ser vistos ‘como o estere6tipo da moralidade organizada, do governo, do direito eda justica. Estes conselhos eram formados pelos mais idosos, que se identificavam com 0 aciimulo de co- nhecimento, ja que se tratava de comunidades marcadas por uma cultura oral, somente passivel de apreensio pela vivéncia: “somente a idade estabelecia a precedéncia hierdt- idade. [..] a aldeia produzia uma difusio do poder e da responsabilidade: [A transformagio das aldeias em cidades neoliticas corresponde a um processo lento gradual, te imperceptivel,influenciado tanto pelos avangos ocorridos neste pperfodo, como também por componentes do paleo i cacador, com o ressurgimento do preponderante pay te do dominio sobre a natureza e também sobre os “Ambas as vocagdes exigem lideranca e responsabilidade no alto, e requerem décil ‘mansidao embaixo. Contudo, a do cacador exaltava a vontade de poder e acabava Por transferir sua pericia em matar animals de caca para a vocagio mais altamente iraco do rebanho podia ser protegid leza, 0 senor da guerra e o senhor da sm. senhor da terra."™ A cidade vai sero resultado da unio da cultura neolitica com uma cul arcaica, com o macho assumindo 0 papel preponderante. Enquanto as apresentam formas cit 5 sacta e do governante assumem formas se um forte simbolismo masculino na tipologia da paisagem, onde tha reta, no retangulo, no plano geomeétrico firmemente tracado, na A revolugéo urbana é o fendmeno que se identifica com o surgimento das cidades, fruto do aumento da complexidade dos rei eaadorrompeu' slécio aor 9.3122 > Adem, p35. 12. caso de Diet dor e camponés somaram-se inimeras outras atividades, com uma gigantesca dinamiza- ‘gio do potencial humano. Na sua origem, pode-se descrever a cidade:* “como uma estrutura especialmente equipada para armazenar e transmitr os bens da civilizagio e suficientemente condensada para admitir 2 quantidade méxima de facilidades num minimo de espago, mas também capaz de um alargamento ‘estrutural que Ihe permite encontrar um lugar que siva de abrigo &s necessidades rmutaveis eas formas mais complexas de uma sociedade crescente e de sua heran- «a social acumulada’.*" A cidade identifica-se com 0 surgimento da civilizagio, com a enorme ampliagio dos poderes religiosos e seculares, como também do campo de possibilidades humanas, fomentado pel ‘© manuseio do cobr dario c a escrita se pacialidade das primeiras cidades houve suiados por uma realeza para determin: poder f sequéncia da evolucio do pay 6 poder politico, enquanto que os Siitos tiveram a respectiva diminuigio do seu poder: [A primeita explosio urbana observa a indispensivel fustio do poder secular com © poder sagrado, cristalizando o dominio sobre as demais atividades da cidade. Houve ‘um deslocamento dos ritos para o culto da forga: “uma estrutura psiquica paranoica foi preservada e transmitida pela cidade murada: a expressio coletiva de uma personalidade revestida de armaduras por demais pesadas 0 rei extereotipava a cor mérdios, diante de crises, os fim de aplacar a ira dos det pela obsessio da realeza em exibir seu poder ‘exterminio ¢ a destruigéo em massa, Tal realidade fez adequada © We, 9. 45-58. Desenvolvimento do Fade Local ds Gincse to Femeno Municipal 13 impulsionas :ploséo urbana, indu2 ao surgimento da guerra em dimensées cada ‘ver maiores, impulsionada também por motivos religiosos:* “® cidade murada no deu simplesmente uma estrutura coletiva permanente as Bes e alucinagdes paranoicas da realeza, aumentando a suspeita, a hos alho e das castas, levada a0 remo, veio tomar normal a esquizefrenia; ao passo que o trabalho repetitivo © ;pulsério imposto a uma grande parte da populagao urbana, sob a escravidao, Teproduziu a estrutura de uma neurose compulsiva. Assim, a cidade antiga, em propria consttuica 1e cujas manifestacGes mais extremas sio agora reconhecidas como patolégicas \ividuos."* Como a mais valiosa invengio coletiva da civilizagdo humana, a cidade, somente jpascada pela eserita na transmissio da cultura, passou, desde os seus primérdios, a Ser o “recipiente de forgas internas demolidoras, dirigidas no sentido da destruigdo e do fagdo histrica comeca com um micleo urbano vivo, smum de cinzas e 05805, uma necr6pk de Coulanges faz uma caleada nas erengas re lisar 0 surgimento das cidades o estudioso Fust wolvimento da raga indo-europel iplesmente o fim de ico post smo — e em algum tipo de recompensa pela vida levada na t que a alma viveria outra existéneia junto aos vivos, ou fa tinha o seu timulo, multas vezes no centro da casa, acessivel s 14 cane de Dito Mania! * Conrato Devido a essas crengas cultuow se a i zendo com que o seu culto assumisse um: perduraria até o advento do cristianismo:"* cde que os mortos eram entes sagrados, fa loragio intangivel nos povos da época, que “foi talvex diante da morte que o homem, pela primeira vez, teve a Drenatural e quis abarcar mais do que seus olhos humanos pod ‘A morte foi pois 0 seu primeiro mistério, colocando-o no caminho de ‘érios. Elevou o seu pensamento do visivel para o invisivel, do t temo, do humano ao divino”.” Devido a isso, em toda a casa grega ou romana havia um altar com cinza e carvée ‘sempre acesos, que simbolizava nao somente a divindade do fogo, como também o cul 9s mortos, aos antepassados: o fogo era uma espécie de ser moral. Através das oragoes € da colocagéo sobre o altar de alimentos e da libacio de vinho, o homem entrava em ‘comunho com a divindade. Tal téncia de varios deuses que aceitavam a adoragio de uma Gnica familia, em particulares capitaneadas pelo parente mais préximo e assistidas pelos seus, com a veda ‘0 da participacdo e do conhecimento por estrangeiros.> dde uma familia adotar 0 culto da outra, com a adogao de outros deuses, possibilicou-se que se unissem superiores aos domésticos: st a expedicao de deeretos. Cad: curio ow fratriarca hhouve a unido de fra mesmas atribuigées das chegaram ser consideradas outro poder que esta, sofrendo pequenas mutagies no: do a sua forga. Por mais que o sew surgiment lias, com catactersticas andlogas aos deuses dom Desenabinents do Fader Local ds Génse ate Feninens Municip 15 desses deuses tomaram maiores proporgées pelos seus familia origindria, passaram a ser eultuados por intimeras 4a prosperidade abservada, Diante desta nova conjunta Fustel de Coulanges afirma: €, com a aquiescéncia da ras que queriam participar “esta segunda religido esteve, desde sempre, de acordo com o estado social dos homens. Teve por berco a familia, e por muito tempo permaneceu fechada nesse hhorizonte limitado. Mas prestava-se melhor que o culto dos mortos aos futuros progressos da associacio humana. (..] A religiéo dos deuses da natureza era um ‘campo mais largo. Nenhuma lei rigorosa se opunha a que cada um dos cultes se propagasse; ndo era da natureza intima desses deuses serem adorados apenas Por uma familia e rejeitarem os estranhs A medida que esta segunda re- Pouco a pouco, esse deus foi dessa espécie de tutela; teve habitagio e sacrificios que Ihe eram préprios. foi, como an- las, com a condigio dos seus cultos particulares serem respei ‘mentaram e possibilitaram 0 surgimento da cidade, que se aliangas, onde cada circulo representava e exercia um poder religioso e p “Varias familias formaram a fratria, vias fratrias a tribo e diversas ribo ili, fratria, tbo, cidade séo, portanto, sociedades perfeitamente an: tumas das outras por uma série de federagées." esses term ‘glo, marcada pel ito privado representado pelos circulos {que a formavam. Cada cidadio fazia parce de cada uma das quatto sociedades existentes (familia, fratria tribo © cidade); quando o individuo aceitava a rel cailto dos seus deuses, se tornava um cidadao. Essa to da sociedade e da religiio faz.com que ambas dos primeiros niicleos citadinos © vinculo social se estabeleceu e se desenvolveu com base na crenca, forte do que “a forca material, mais respeitével que o interesse, mais seguro filoséfica’. Somente com essa forga seria possivel conduzir os homens & obedi surgimento da cidade, de uma maneira geral, acaba coincidindo com o surgimento do proprio Estado. 16. cure de Diste Mica» Comal Nenhum lugar era mais sagrado do que o altar da cidade ~ pritaneu ~ onde ardia permanentemente o fogo sagrado. Cada cidade possuia um niimero de deuses e de cultos ‘que somente podiam ser divididos pelos seus cidadios, vedada a presenca de estrangeios. {ses deuses também advinham dos homens que possuiam grandes feito, que, apés a sua morte, isonjeavam e protegiam o local onde estavam sepultados. A religiao da cidade fe desenwolveu com grandiosos banquetes pliblicos ~ sacrifcios; com datas designadas ‘epecificamente para festas com o objetivo de cultuar os deuses; com festas de pur ‘carlo onde se realizava o recenseamento e a classficago perante 0s fencontrava-se presente na assembleia, no senad Areligiio © proprio surgimento da I dios os pontifices eram os magistrados. Sem o conhecimento da religido, nao era posstvel Conhecer o direito, pois este se identificava com as crencas vigentes, oriunda dos deuses. ‘hs leis, desta forma, eram sagradas, razdo pela qual eram imutaveis e as novas leis m tinham as antigas, sem revogé-las. Mesmo quando se admitiu a possiblidade de as leis Serem construidas por um homem ou pelo povo, elas precisavam da aquiescéncia dos pontifices. Esse vinculo da religiéo com o direito conferia a este um caréter extremamente Formal, com a observancia estrita a procedimentos e também ao disposto na propria lel ‘num exercicio de mera subsuncio ao seu conteido.* Como apreende-se, as cidades indo-europeias constituiram-se com base na religido, ‘Cada cidade possuia uma organizacio prépria, com ritos, deuses, justia, estas, rios, moedas, pesos e medidas diferenciadas. Entre duas cidades o maior obstéculo eram suas particularidades oriundas da sua prépria religiio, muito maior do q “Toda cidade tinha grande zelo pela sua autonomia; dava-se esse nome 20 con- e toda a sua independéncia feseraves, mas nunca pe dencia absoluta da cid iga 56 pdde cessar quando as crencas que a susten- tavam desapareceram por completo.”"” © pesquisador Amold Toynbee vai concordar com Coulanges na concepcao de que todas a5 cidades ~ antes da revolugéo industrial - foram até certo ponto cidades santas, com um forte viésreligioso, tanto que o primeiro e tultos religiosos ocorriam., As aividades comerciais, indust 3-164 eis no eram esritse quando comecazam so fevam guardada serps para eda cidade, f"depoe que 38 las ‘aestabeecer a se Fenbmeno aunicgn! 17 giosas encontravam-se presentes, sem 0 predominio exclusivo de uma delas. Ao retratar is cidades sumérias, arma o dominio dos deuses ou deusas sobre as respectivas popu- Tagbes, superando a concepsao de cidades-estados para alcangar o conceito de templos- jos: “cada uma de las ciudades sumerias era um Estado soberano, y ya estaban jerciendo el derecho soberano de entrar en guerra una con otra”.S* Opostamente & visio aristotél és considera a cidade como uma agrupagio humana cujos habitantes nio slo capazes de manter-se por si, Nao produziam. Oalimento necessério para a sua subsisténcia. Mesmo as cidades que procuraram ampliar fas suas muralhas para incluir a maior quantidade de Areas férceis © obj es do que econdmicos, 0 que se mostrou contraproducente, sea porque fra necessério um mimero maior de homens para guarnecé-Ia, seja porque no era sivel produair 0 alimento neces a de pessoas em tempos de guerra facilitava a disseminagio de Comercio fora dos limites das cidades apareceu como uma verdadeira imposica de tais circunstincias. [As cidades-estados foram um fenémeno presente no desenvolvimento urbano, mar- cadas por uma verdadeita soberania, sem constitu parte de alguma organizagio maior, 9 mundo greco-romano é um exemplo da proliferacao desse modelo p to que, devido aos meios de comunicagio~ as do rio Ni caram a plena unifieagso pol territério, sem o desenvolvimento de cidades soberanas."" No século Xl, © Império Romano do Oriente, fortemente centralizado, estava sen- o a forte pressao do poder das cidades-Est lianas, jf que as cidades-Estados fentais impulsionavam 0 desenvolvimento do cristianismo, especialmente através ddas cruzadas. A Liga Hanseética, formada pela associagio de cidades-Estados germa- nicas, dominou os primeiros séculos apés o primeiro milénio cristo. O estudo da reé Gade historica des séculos XII e XIV em vista da histéria greco-romana poderia antever dletrimento de qualquer tendéncia de surgimento ¢ cristalizagao de Estados nacion © que, curiosamente, nio se efetivou: “En en el curso curso el siglo XIV las fortunas de las ciudades-estados comenzaron a palidecer y las de las jones-estados a crecer”™ pnd Awol Toynbee “Ba una cidade stad sume comp nex ofl vida etonmiea det cidade avelgin econo generalmente re: rina que nao ht uma correspondéncia eat entre of meio de comunicaso ea organiza pal ovis ctandooexemplo de Flandres edo got da Alemanta e dos Paes Balos, que na dade ‘entraliago polit. Enteaneo, © que oearen fia proiferagio de odes en march, p 61. 18 conse deDteto Municip + Coreato ‘Tais consideragdes server para uma melhor compreensio da evolugso do poder local e das cidades, compreendidas estas como aglomeracées urbanas normalmente insu ficientes para dar conta das suas necessidades. A cidade, nas suas mais diversas formas, configuragées, & um fenémeno relacionado com o fendmeno municipal, porém, distin to. Cidade e Mi entretanto, & muito pouco provével um municipio que nio tenha como base uma cidade 1.4 O surgimento dos municipios tador do dominio de vastas porgies terrtoriais.* A palavra municipio possui cetimoldgica em municipium que, por sua vez liga-se a muriceps, e esta a munus e capere. inus possui trés significagSes: (a) dédiva; (b) cargos; (c offio,referido-se Com base em Ulpiano, nos primérdios considerava: gavam ao povo romano, uns com mais, outros com menos direitos e prerrogativas. Nao obstante as divergéncias, hegemonizou-se tal questo, considerando-se municipe quem possuia 0 dieito, ou melhor, o dever do exercicio de cargos piblicos, logo, com a impo- sigio de obrigagées. surge como uma necessidade oriunda da expansio desenfres sem 0 manejo e do reconhecimento de um administragio e da dominaco imposta pelos conquistadores. is as consideragies de Pedro Severiano Nunes: “Desde 0 século 1V; organizara-se © Municipium, que permitia aos vencid fazerem parte do Fstado romano, pela concessio do di ra limitada, vis ios gozavam apenas sendo concedidos os direitos politicos que pertenciam tio somente ao (© momento mais marcante da histéria romana quanto ao dese tituigdo municipal ocorreu com edicio da Lex Julia Municipals, Redo Severino Nunes, Ds mosfaindmica do unk, p24 Desenvolsinente do de Loca de Glnae a. Fennene Musial 19 vvelmente no ano 44-45 da era critd.** Por mais que algumas especifcidades tenham se ‘de modelo a ser copiado e adequado, pelos cidadaos em assembl de fungies administrati c pretores; (b) & ciria ou senado: usualmente composto por 100 pessoas — decurides ott senadores -, de cunho vita tos a cada cinco anos, constituindo-se no verdadeiro governo local, de carter ligérquico. Alex. lis refere-se a virias formas de organizagio do poder nas loca lidades: colénia, municipio, prefeitura, fora ¢ concilisbula. Com ¢ passar do tempo, tais lusos se consubstanciavam apenas a indicar uma referéncia histrica, entretan ‘momento histérico desta lei, estas denominagées traziam diferengas. As col6ni ddas ou da colonizagio de uma localidade existente por cidadiios de Rom: fs, permitiam a retencao dos direitos de cidado romano. locais dominados, com uma pactuagao especifica, cujos habitantes pos dda cidadania romana, por mais que possuissem todos os Gnus. Tanto ‘05 municipios estavam sob a jurisdi¢io do praetor urbanus, que indi um praefect juri dicundo. Ambos eram pracfecturae ~ s idades desenvolvendo propriamente a sua jurisdigio. As fora e la eram organizagbes primitiva, pré-urbanas, com a existéncia de no chegavam a ter os seus magistrados, por mais que passassen designativo de uma categoria © constituiglo ‘concep¢io de libertade praticamente nao existisse, nos termos em que hoje & - Os direitos da pessoa tinham como base néo a sua personalidade, a sua ‘como ser humano, mas a sta condigio de cidadio, A vida privada encontrava, sob o jugo da cidade, que interferia nas mais diversas questdes como consequéncia des ‘hegemonia total, muito diferente do sentimento que forjaré as comunas na Idade Média.” 20° caro de beito Munepl + Corrale ‘Roma desconsiderava quaisquer direitos politicos dos povos veneidos, mas, como ois civile eram normas exclusivas dos cidados romanos, admitiu-se a construgio de nonmas proprias pelos povos dominados. Ademais, alguns poves foram unidos a Roma, através de erordo, mantendo-se uma certa igualdade politica. Tai pretrogativas concedidas as ida- des incorporadas eram vistas mais com repulsa do que como uma liberalidade comana.” ‘o dominio de regides cada vez mais distantes fez. com que Roma aumen: “Enquanto Roma s6 dominow na Telia, os povos foram governados como se fos ica obedecia as suas proprias leis. Mas quando ‘antes, quando o senado nio péde ter mais diante uando os magistrados que residiam em Roma no pério, foi necessério enviar pretores e procénsules. am magistrados despoticos, que muito convinham aos lugares distantes para onde eram mandad ‘os trés poderes. Eram, se ouso servir-me do termo, o8 paxis da repiblica. jo existiu somente na peninst no periodo final da Repablica que 05 mi Isionado pelo exercicio do sufragio ~ em diversas eidades jo dos cargos Jmposigao de tributos cada vez m sivels pela execugao dessas medidas, passaram, de estereétipo da autonomia local, a ida prt nae exapava da onpoténcia do deduct protagonistas do seu aniquilamento. Com a conversio de Constantino ao cris poder e as riquezas direcionavamse 3s igrejas, transferindo aos bispos a a 1 consequencia, diminuiu-se a J desvireuamento do regime municipal cond i 0 desenvolvimento dessa instituigdo, a aboli-la através de um ‘rdem fundada tias crias, O desenvolvimento municipal no Gireitos naturais dos povos ou de direitos individuais, mas uma verdad: Estado", que pelo tempo de sua duracio ndo foi extinto do mundo social pelo referido decreto de Leao.”” Fustel de Coulanges” relata que a submissdo de um povo a Roma no permitia a ‘sua entrada no Estado romano tate, mas a sua dominaglo ~ in imperio. $6 eram jparecimento”, j& que se enconeravam sob 0 jugo do ‘por Roma. Jé os aliados conservavam o set regime municipal, com renettuigao propria, entretanto, numa telacio de dependéncia a Roma. Em vista das ca- Sacteristicas essencias das cidades da antiguidade como cidades-estados, elas deixaram {de existir em ambas as formas do dominio romano.” ‘Amold Toynbee,” ao analisar © Império Romano e suas relagées com as cidades, firma: mpério Romano fue um cuerpo politico constituido casi enteramente de cé ‘que eran ciudades-estados em su estructura politica. No eran, por sup CGudades-estadas soberanas; pero fue un punto cardinal en la politica del gobierno {imperial dara as ciudades-escados componentes del Império una autonomia local tan grande como se mostraran capaces de ejercer con eficiéncia."” {nessa perspectiva que surgiu o municipio, como fruto de um processo de agrega ‘do de novos terttérios allados, que, nao obstanteestivessem longe das configuracées us consi hist «urd conscional,p. 90:96. sa “xtng3" de organizagio event, do poder ie Municip, al como extava extrude amo pressuposo aiguadede de todo ox homens ma expicualda css p42), Segundo Arild Toynbee, Cuda en marc fon mundo de hudades-evtadossberanas en un poldamente Bajo a sobeania de na de ls bias twansformado lo qu previament ie ls mas ciudaderestadoshablan sido unis 22 curso de Dtso Menicps) = Coro tradicionais das cidades antigas ~ verdadeiras cidades-estados -, touxe & histéria uma nova forma de organizagéo do poder, limitado as prerrogativas definidas por Roma, que consubstanciava um verdadeiro poder soberano. Podem-se utilizar as palavras de Ant6- rio Hernandéz para uma melhor compreensio desse fendmeno histérco: “el municipio romano se afirma con una prépria personalidad”. Com as invasées bérbaras, especialmente dos visigodos, nfo houve o desapareci- da mescla do conventus publicus vicinorum com a organizagio respectivas instituigbes. 0 mesmo fenémeno é observado no my A tradigdo bérbaro-germa foi um dos legados da influéncia germanica nos municipio ibéricos, oriundo do conventus publicus vicinorum.** ddos povos bérbaros, que tinham como pressuposto de toda orga humana. A prépriafgreja se encontrava num paradoxo, diante da © poder temporal ~ corrompido peto pecado original -, 0 que f Santo Agostinho, qe abriu caminho para a simbiose as hordas barbaras. Para tant ‘ exercicio do poder da igreja. O proprio feudalismo vai sero resultado da contrapos entre a Tgreja os grupos patriarcas ea traigéo, culminando numa organizagao privada « personalissima, como uma forga descéntrica, com ordens sobrepostas, contrarias a uma construcio estatal unitéria No séeulo X ocorte 0 ressurgimento das cidades, consoante as pancularidades do periodo medieval, caractrizado por miitiplos cents de poder. Observan-se Principais de municipios: (a) rural, com a predomindncia do elemento econémico: privilegiado, oriundo de concesses; (€) consular, na Tia e sul da Fran, com a ju separada e dependente do rei. Ademas, deve-se ressaltar a importincia das caras frais, 7 Antnio Herandér, Derecho munpal: ola general p15. nese ado Fentmena Mancpal 23. muitas delas oriundas do poder real, que regulavam as relages entre 0 concessor € 05 ovoadores de determinada regido e variavam consoante o niimero dessas cartas, numa pluralidade incontivel de organizagbes locais dstintas.* A reago ao feudalismo estimulou o fendmeno citadino no continente europeu, com ‘ aquiescéncia da realeza e unio do Rei, clero e burguesia, ja que o “feudo eta, para 0 Es fo, um quisto; para a diocese, ui m instrumento de opressio”. ena Aiemanha houve a proliferacio de cidades-estados, em vista da debilidade a Franga e na Espanha interligam-se & realeza, como comunas interdependentes ‘Tal retorno das cidades-estados deve ser compreendido na perspectiva do desenvol- ‘viento econdmico e das profissées, fundada na burguesia, muito distante das cidades- lo espirto social democritico da cidade ~, que vai condurir a um inten srcdmbio entre os povs. ‘Segundo Fernando Alves Correa, pode-se caracterizar a cidade medieval portuguesa , aos quais era reconhecido im governo aut6nomo, através da outorga de fora, se inicia o nacional nos fins do século XI e gana um for dois séculos seguintes”” a, no s6 esponta- do clero, com também sob a pressio daquela carta de liberdades”** nneamente, por ato voluntério da coroa, da nobrez {de movimentos populares que 24 como de Deco Mt Esta posigio do municipio medieval o faz precursor do Estado moderno, pois nos surgitam os prineipios basilares da politica contemporanea, especialmente ‘0 respectivos direitos civis e politicos, além da minimiza rengas entre 0s estratos sociais.”” [Apartir do século XV, como consequéncia da centralizacio operada nos regimes mo> nérquicos, hé um desfalecimento do poder local, que vai retomar a sua forga nos séculos XVII e XVII, antes avangos, como igualdade formal, ainviol ragio na vida piblica.” Registra se, também, 0 y jo moderno vai ter como marco a Revolugao Francesa, que o impregnaré, ‘das respectivas ideologias individualistas, Entretanto, com a inicial “ab solutizacio” do principio da igualdade, enfraqueceu-se a autoridade, com uma excessiva Gescentralizagao semiandrquica das comunas e da propria organizacio do poder, que foi revertide com a legislacéo napolebnica, que resultou numa “anulagio” do poder local ‘A partir disso, surgiram, no século XIX, quatro grupos distintos de normatizagbes consttucionais pertinente aos munici ‘no faziam rel smo as Constitul- ‘Bes do Império Alem, da Grécia, da Fran ‘ ‘outras; (b) faziam referencia & necessér ‘onal, como na Bélgies, Espanha, Luxemburgo, Brasil e Sérvia; (4) lexposigio especifica do regime municipal, como a Constituigio Suga.” ‘Observa-se, assim, que 0 termo municipio serve para designar um grau minimo de auconomia concedida a uma determinada localidade, definida territorialmente, que the Tmunicipios, os cddigos que os estatuiam ou fxavam o direto pili ‘ros fads una peso moral, ua ena soil cen ce oo DA enendia por areas proseguiram ab egide do Fur arg a ge etam crtasconcesntie de petgosotorgadas aos posses Few ambos -epulande ava jurdca local a morfedinimie do municipio, p48; Franc ‘regime snatsconal get, p12 eo andsc Machado Vila, © mnie no regime coetiuconl vente. U-12 9 dom, 7885. es ors Machado Vila, 0 munca no esenolvinets do Fader Lac da Génee até 0 Feaémene Meiial 25 permita resolver os problemas que afligem a sua populagao. Requer nio somente a pos- sibilidade de um governo local, como também de ‘minimos para a execugao de politcas préprias. Onde a autonomia nao possuir limites, estar-se-4 diante de uma ‘cdade-estado; quando a autonomia for demasiadamente restrita, nfo haverd condicoes ‘Dessa forma, sem discorrer sobre a autonomia ndo é possivel abordar os municipios. {A palavra “autonomia” normalmente é coneebida como resultado da contragio das pala- ‘ras auto + romos, significando a capacidade de produzir as proprias leis. Auibui-se a sua ‘etimologia& lingua grega, abrangendo tanto o poder de constituir leis préprias, dentro de limites fixados por uma ordem maior, como também no sentido de total independéneia. Importantes sao as consideragbes de Georges Ténékidés a res “on rencontre dans les textes Te terme autonomie dans le sens oi le mot autono- ime est entendu aujourd'hui (faculté pour um Etat de régler & son gré ses affaires spendance (autonomie em matiére de int (droit pour une Cité avoir ses propres lois); et, par extension, un sens plus 1, celui dindependance, en tout état de cause, une signification invariable: la ion d'un Feat qui, ‘ant soumis & aucune domination étrangere, ala possi ili [Na cidade antiga grega, esta autonomia identificava-se com poder da cidade de produzir as suas préprias leis, autonomamente, de forma independente, jé que se falava de cidades-estados. Seus eidadios defendiam as suas leis com a mesma intensidade com {que defendiam as suas muralhas." A transposigio deste conceito para o direito publica, to séeulo XVIM, contow com a interferéncia do Direlto Romano, especialmente diante de conceitos como a vontade abjetiva e a autodeterminagao dos individuos > [Nos Estados de direto, 0 conceit autonomia tem sido delineado nao como uma esmo porque 0 proprio direito é tos federativos como 0 brasileiro, des: frutam de autonomia.* [= Segundo Jot ilo de Casto, Pires municipal pote, p54: “Tercebe se, ps, que we € verdad que Et i fc denceatralizad neo © Georges Tenis, a notin julie dindépendance eta tration hléique, p. 7-9, “Encontro ado entesid ausment (Facile par um Estado de regular a ev to music wa Const Federal de 1988, p. 31.32. 1 campeténcia pa legsle sobre os eritérioe de excoha do rete 26 caro de Die Manipal + Crtsla Antonio Maria Hernandéz, embasando-se nos estudos de Fernando Albi, Carmona Romay de Salvador Antonio Leal Osério, apr pal ‘quanto a sua natureza, das quais é possivel cons ‘numa ordem juridica que demarque a st # crucial nao confundir os fenémenos socias. De um lado, é impossivel negar a as sociabilidade natural do homem, que o conduz As diversas associagées que configurem 0 poder local, eis ue este fendmeno sempre esteve presente desde o inicio do processo de jmagdes, nos primérdios, foram as mais diversas, ido fendmeno das cidades-estados da ipal requer um marco regulatério estatal, as. Sem um poder estatal organizado, nao ha para a definicio Quanto aos elementos c rmentos do Estado ~ no olvidar que se trata de fené racionalidade -, quai ovo ¢ governo. Nao ha que se fl pio sem uma demarcacdo territorial prépria, sem um governo minimamente auténomo € povo que conforme a sua ‘Ges eminencemente locais deve ocorrer autonomamente, sem qualquer bordinacio, como corolirio de uma atuacio govern: auténoma. Da mesma forma a a escotha dos gestores locais, uma vez que a participagéo da populagao também traduz importante parcela desta autonomia. Mais do que iss0, 0 governo tem que possuir um plexo minimo de poderes aut6nomos ~ politico, administrativo e financeiro ~, para que possa concretizar agées e politicas em prol do seu povo. Esses elementos se entrelagam. A tervtorialidade é essencial para a agi do governo, pois demarca a sua comperéncia para agir na concretizacio dos anseios do seu pov. Este, Por sua vez, constitui 0 somatério de todas as pessoas que integram um determinado ‘municipio, conformando a sua vontade e, consequentemente, a agio governamental. Ea interagao dialética destes trés elementos que sintetiza o municipio enquanto ente, inte ¢grado numa espacialidade conformadora da sua autonomia, Com fulero no ordenamento juridico brasileiro, pode-se conceituar munici a organizagao com personalidade juridiea de direito piiblico interns rlalmente delimitado, exja populagio exerce o autogoverno nos termos da a , administrativa, legislativa e financeira definida p

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