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ALCIR JOSE MONTICELLI ‘Professor do Departamento de Engenharia Eidrce de UNICAMP. ‘Engonhetro de Cletrnica, [TA outor em Engenharia istics, UNICAMP FLUNO DE GARGA EW REDES DE ENERGIA ELETRIGA Cepel x Enon eobrie P Contras Esrices Brasieras SA EDITORA EDGARD BLUCHER LIDA. {A publicagio deste livro se tornou possivel gragas 40 apoio do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL). Aleir Joos, 1946- In7ost ‘Flux de carga on redes de energia elétri- ca / Meir Js Monticelli, ~~ Seo Paulo : Eégard Bitcher, 1985. Bibliografia. Ls Energia elftrica = Sistenas 2, Kirchhost - Leis 5. Redes elétricas I, Titule. 83-0205 epp-6a1.31920212 Indices pare calloge item Ls Cdleuloe : Fluxe de carga : Redes olétricas ‘Engenharia 621.31920212 f fedes elétricas : Leis de Engenharia 621.51920212 . 3. Leis de Kirenhoff : Fluxo de carga : Redes elétri- ‘cas: Engenharia 621,31920212 ©1983 Editora Edgard Bliicher Ltda. E probide «reproduce tol ou parcial (or quasquermeios sem sutorisacto era dears EDITORA EDGARD BLUCHER LTDA. (1000 Casa Posran $450 Exo. Trusoranico: Bioweniva0 Sho Paito-— SP — Brast Inpro no Brasil Prine in Breil Nota Introdutéria 0 Centro de Pesquisas de Energia Elttrica (CEPEL) foi criado em 1974, pela Eletrobras e suas subsididrias regionais, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnolégico nacional na drea de ‘energia elétrica, Para tanto, © CEPEL dispde de dois laboratérios onde trabalham, atualmente, cerca de S00 pessoas: o Laboratério de Siste~ ‘mas Elétricos (LSE), onde sdo realizados pesquisas e projetos tecnol6gi- ‘cos nas éreas de sistemas de poténcia, materiais para equipamentos elé- tricos eeletrénica aplicada; e 0 Laboratorio de Equipamentos Elétricos (LEE), dedicado a estudos, projetos e ensaios em alta poténcia e alta tenslo nas éreas de linhas, substagées ¢ equipamentos elétricos. 'No ambito do LSE, o CEPEL vem hé alguns anos desenvolvendo in- tensa atividade de pesquisa na drea de planejamento da expansio de re- des de transmissio. Este projeto conta com 0 apoio téenico e financeiro do Departamento de Sistemas de Transmissio (DEST) da ELETRO- BRAS c é realizado em conjunto com o Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da UNICAMP. Dentre os resultados alcancados, pode'se mencionar o desenvolvimento de um sistema interativo de planejamento de redes de transmissio, de métodos para sintese auiomatica de redes € reforgos para contingéncia e de modelos para eélculo de confiabilidade de sistemas de geragio/transmissio. O presente lira tem como origem os relatos de pesquisa da UNI CAMP sobre analise de redes. Seu autor, Prof. Alcir Monticelli, € um pesquisador de renome internacional, cuja contribuigdo técnica tem sido extremamente valiosa ndo s6 para o CEPEL como para varias empresas do sctor clétrico. O CEPEL, ao co-editar o texto, visa divulgar téenicas {que representam o “estado da arte” nesta érea e que tem amplas possibi lidades de aplicagéo no planejamento nao s6 da expanséo, como também dda operagao e controle em tempo real de sistemas elétricos de poténcia. ‘Além de servir como referencia abrangente, atualizada e confiével aos t€enicos do setor, sua forma diditica permite sua utilizacdo em cur: Sos de engenharia elériea, tanto a nivel de graduagao como pés gradua gto, JERZY LEPECKI Diretor Executivo CEPEL, Agradecimentos Este livro é em parte, uma extensdo natural do trabalho desen- volvido nos iiltimos sete anos no Departamento de Engenharia Elétrica da UNICAMP, tanto no ensino como em projetos de pesquisa e desen- volvimento, que contaram com 0 apoio do Centro de Pesquisas de Ener- gia Elétrica (CEPEL), das Centrais Elétricas Brasileias (ELETROBRAS) mais recentemente, da Companhia Energética de Sao Paulo (CESP), Durante todos esses anos, foi para mim muito gratificante ter podide trabalhar com Ariovaldo Verandio Garcia, Sigmar Maurer Deckman, Femando Urbano, Fujio Sato, Carlos A. F. Murari, Antonio Chaves Pizolante, André L. M. Franca, Vivaldo Fernando da Costa, Anésio dos Santos Jr, Orlando Luiz Semensato ¢ Manuel Moreira Baptista, ‘como orientador de seus trabalhos de tese de mestrado ejou doutorado. Uma divida adicional eu tenho com Orlando, Ariovaldo e Carlos, pela ajuda na revisio dos originais e pelas sugestdes na organizagdo final do livro. Entre outros, agradego a Brian Stott, Ongun Alsag, Mario V.F. Pereira, Sérgio H. Cunha, Gerson Couto e Frederico M. Gomes, pela convivéncia no desenvolvimento de trabalhos em comum. Estendo meus agradecimentos a Edson Pedro de Lima e Luiz Cliudio Pasqiini que, ‘com muita paciéncia, fizeram os desenhos que compdem este livro. Meu reconhecimento ao Dr. Jerzy Lepecki, no s6 pelo apoio do CEPEL mas, também pelo incentivo para que eu preparasse este trabalho. Aleir José Monticelli cariruLot -Fluxo de carga - Aspectos gers 1.1. FormulagSo bisica do problems. 13: Modeagen dink transforma 1.24. Linhas de transmisso.. 1-22. Transformadoresem-fase 1.2.3. Transformadores defasadores. 1.3, Fluxos de poténciaativa e reatva. 1.3.1, Linhas de transmis, 1.3.2. Transformadoresem-fase 1.3.3, Transformadores defasadares, 1.3.4. Expresdes eras dos Mux0s.. 1.4, Formulacto matricial 1S, mpedinia equivalente ene dois 6s caPiruLo?.... Fluxo de carga linearizado... 2A Limearizagdo 22. Formulagao matricial 2 = B°9) 233, Modelo CC. 2.4, Representacio das perdas no Modelo CC. capiruLos: timinago de Gauss, 3.1 Matrizes tipo admitncia nodal 3.2, Método da eliminagao de Gauss. 3.3. Matriaeselemeotares... 3.4. Decomposigto LDU co 3.5. Resolucto do sistema Ax = eles fatorestriangulares.. 3.6. Eliminacdo de Gauss e reduce de eiteuit0s oo. 3.7. Criéros de ordenagdo ... 3 saseereee ves caPirULo4 -Anilise de alteragesem redes de transmissio, 44.1. Alteragdes na matrizadmitincia nod. 4.14, Alteragoes simples . 4.1.2. Alteragees mills... 4.2. Anilise de sensibilidade 4.2.1, Altragoes simples. 422. Alteraoes mills... 43 Akers a matizimpedinc oda 43.1 Alteragbes simples. 43.2. Alteragbes maltiplas. 4.4, Teorema da Compensacio 445, Lema de inversto de matrizes capiruLos 1s Flexo de carga nio-inear:slgoritmosbdsicos 1 5.1. Formulagéo do problema basco. 18 5.2: Resolutio de sistemas algtbricos pelo método de Newton. * 5.3. Fluxo de carga pelo método de Newton... 5:4, Métodos desacoplados Sut. Método de Newion desacopiado.. 5.4.2 Método desacoplado rapido... CAPITULO 6 luxo de carga: controles limites 6.1. Modos de representaao 62: Ajustes alternados... (63, Controle de tens em barras PU come 65.4. Limites de tensao em barras PO... : 65S. Transtormadares em-fase com controle automético dela?) 6.6. Transformadores defasadores com controle autométic de Fase. 67. Controle de intercdmbio entre &€88 rn - (8. Conteolede vensdo em barras emotas 69. Cargas variveis coma tensto a capiruLo7 a a Equivalenesexteraos ‘ 7.1. Reagdes externas. = 172. Equivaleme Ward: modelo linear... sonnnnee 1) 73, Obreneao de equivalentes por eiminagto de Gauss COI 2 17-4. Equivalent Ward: modelo nto-linear 7.5. Equivalente Ward com retenea0 de barras PV 7.6. Bquvalente Ward estendido ea 7.7. Modelo de fuxo de carga nte-reduzido APENDICE A. Andlisederedesem centros de supervisioe controle em tempo rea. |A., Introdugao aos centros de controle ALLL Controle da geragao ‘A.1.2, Controle supervsorio ede seguranca [A.2 Operacto em tempo real ‘ALLL. Restrigbes de carga, de operagioe de seguranca |A.2.2, Estados de operagdo do sistems.. ‘8.2.3. Transigoes ene os estados do sistem, |A.. Sistema de andlise de redes, . A... Configurador.. ‘8.3.2. Estimador de estado ‘ALS, Previst de carga por bara ‘N34: Modelagem dn redeem tempo real at a ar. AS. Anise de sepuranga. ‘A.3.6, Fluxo de carga de operag80 vr. ‘A.37. Anise de sensiblidade de tens [A.3.8, Controle corretivo de emergéncia ABEND Bisisicnsmmnnirannianearie Anise de sensibiidade.. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Capitulo 1 FLUXO DE CARGA ASPECTOS GERAIS © ceileulo de fuxo de carga (ou fluxo de potéacia) em uma rede de energia eletrica consiste essencialmente na determinagdo do estado da rede, da distribuigdo dos fuxos e de algumas outras grandezas de inte- resse. Nesse tipo de problema, a modelagem do sistema @ esttica, sig- nificando que a rede € representada por um conjunto de equagies € ine- dquacies alagbricas. Fsse tipo de representacdo ¢ utiizada em situagBes has qusis als variagBes com o tempo so sufiientementelentas para que ¢ poss ignorar os efeitos transitérios. E claro que os transitérios do sistema so podem ser devidamente levados em conta se for utilizada luma modelagem dindmica envolvendo equagbes diferencias, alem de equagies algebricas. O céleulo de fluxo de carga €, em geral, realizado utlizando-se- métodos computacionais desenvolvides.especificamente para a resolugdo do sistema de equagdes € inequavies algébricas que constituem 0 modelo estitico da rede. (Os componentes de um sistema de enerpia elétrica podem ser cias- Sificados em: dois grupos: os que estdo ligados entre um né qualquer © 0 né-terra, como ¢ 0 caso de geradores, cargas,reatores e capucitores € 05 que esto ligados entre dots nés qusisquer da rede, como & 0 caso de linhas de transmissio, transformadores e defasadores. Os geradores f cargas so considerados como 2 parte externa do sistema, e slo mo- delados através de injegdes de poténcia nos nds da rede. A parte interna do sistema € constituida pelos demais componentes, ou seja, linhas de Iransmissio, transformadores, reatores, ete. As equagies bisicas do fluxo Ge carga so obtidas impondo-se a conservagdo das poténcias ativa € reativa em cxda né da rede, isto &, a poténcia liquida injetada deve ser igual a soma das poténcias que fluem pelos componentes internos que {ém este né como um de seus terminais. Isso equivale a se impor a Pri meira Lei de Kirchhoff. A Segunda Lei de Kirchhofl € utilizada para expressar os fluxos de poténcia nos componentes internos como fungdes das tensdes (estados) de seus nds terminais 2 UXO DE CARGA EM REDES DE ENERGIA ELETHICA LL. Formulacdo basiea do problema Conforme foi dito anteriormente, o problema do fluxo de carga pode ser formulado por um sistema de equacdes e inequagies algebricas nio-lineares que correspondem, respectivamente, as leis de Kirchhoff e ‘4 um conjunto de restrigdes operacionais da rede eletrica e de seus com- ponentes. Na formulagio mais simples do problema (formulacio basica) 2 cada barra da rede sio associadas quatro variaveis, sendo que dus elas entram no problema como dados e duas como incdgnitas ‘magnitude da tensdo nodal (barra ) Angulo da tensi0 nodal eracdo liquida (geragio menos carga) de poténcia ativa Qi ~ injegao liquida de poténcia reativa Dependendo de quais variaveis nodais entram como dados ¢ quais io consideradas como incdgnitas, definem-se trés tipos de bartas: PQ —sio dados Py ¢ Q,, & calculados 1, ¢ PY —sio dados P, ¢ ¥,, ¢ calculados Q, e 0, REFERENCIA — sio dados ¥, ¢ 0,, € calculados Py © Qc [As barras dos tipos PQ © PV so utilizadas para representar, respecti- vamente, barras de carga ¢ barras de geracio (incluindo-se 0s conden sadores sineronos). A barra Vi, ou barra de referéncia, tem uma dupla fungao: como o proprio nome indica, fornece a referéncia angular do sistema (a referéncia de magnitude de tensio € 0 proprio né terra): além disso, € utilizada para fechar o balango de poténcia do sistema, levando fem conta as perdas de transmissio nio conhecidas antes de se ter a So: lugio final do problema (dai a necessidade de se dispor de uma barra do sistema na qual no é especifieada a poténcia ativa) Esses trés tipos de barras que aparecem na formulagdo bisica sio ‘os mais freqiientes ¢ também os mais importantes, Entretanto, existe algumas situagdes particulares, como, por exemplo, o controle de inte cambio de uma rea e 0 controle da magnitude da tensio de uma barra remota, nas quais aparecem outros tipos de barras (POV, P e V). Esses tipos de barras ndo sio considerados na formulagdo bisica, mas serio incluidos no processo de resolucao quando for estudada com mais de talhes a atuagio dos dispositivos de controle existentes no sistema (Cap. 6). ‘Uma outra situaglo, no representada na formulagio basic, reere-se 4 ‘modelagem das cargas: foi visto que as barras de carga sio modeladas como sendo do tipo PQ, em que P, © Qy sdo considerados constantes: a representagdo de barras de carga, nas quais as poténcias ativa e reativa variam em fungdo da magnitude da tensdo nodal, seré considerada no Cap. 6. ‘oon erg sects ois 3 © conjunto de equagdes do problema do fluxo de carga € formado por duis equacdes para cada barra, cada uma delas representando © fato de as poténcias ativase reativasinjetadas em uma barra seem iguais a Soma dos Manos correspondents que desam bara através de Inhas fe ransmissdo, transformadores, ete. Isso corresponde a imposigdo da Primeira Lei de Kirchhoff ¢ pode ser expresso matematicamente como se segue: Po= X Pant His Vie Os Om ay Q.+ OM) =F Onl Vaal em que NB, sendo NB o niimero de barras da rede Q.— conjunto das barras vizinhas da barra k ¥,, Yq ~ magnitudes das tensdes das barras terminais do ramo km 4.0 = fingulos das tensdes das barras terminais do ramo k—m Pom — fluxo de poténcis sativa no ramo k—m Qiq— fluxo de poténcia reativa no ramo k—m Gi*— componente di injecio de poténcia reativa devida ao cle- mento sunt da barra k (Qi*= be V3, sendo bi a suscep- tincia shunt Tigada a barra ki), Como seri mostrado mais adiante, nessas equagdes 0s Angulos 0, € Om aparecem sempre na forma ly, significando que uma mesma dist \ribuigao de fluxos na rede pode ser obtida se for somada uma cons- tante arbitraria a todos os angulos nodais, ou seja, problema do fluxo de carga ¢ indeterminado nas variveis 0, 0 que toma necessaria a adogdo. dde uma referéncia angular (isso pode ser feito pot uma barra tipo V0, conforme foi mencionado anteriormente). As expresses (1.1) foram mon- tadas considerando-se a seguinte convencdo de sinais: as injegdes liqui- das de poténcia sio positivas quando entram na barra (geragdo) © ne- ‘zativas quando saem da barra (carga); os fluxas de poténcia so posi- tivos quando saem da barra © negativos quando entram; para os cle. ‘mentos shunt das barras € adotada a mesma convengio que para as injegdes. Essas convengdes de sentidos para as poténcias ativas e reativas slo as mesmas utilizadas para correntes e estdo indicadas na Fig. 1-1 © conjunto de inequagdes, que fazem parte do problema do fluxo & cares. & formado, ene oura, pela resides mas magnitudes das, tenses nodais das barras PQ e pelos limites nas injegdes de poténcia feaina dae bars Pe? SP hese se pa he ces yom or” <0,

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