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| [ Daniel C. Dennett A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN A evolugio e os significados da vida ‘Tradugdo de TALITA M. RODRIGUES Rio de Janeiro ~ 1998 vcaon ne meanings le Copyright ©1993 by Danie Dent ‘Se deo mrad ‘um Scroe io pa tyunprngue reserva ‘Smescustade pro Bra 'EDITORA ROCCO LTDA ‘Ras Rigo Sv, 26-3" dar "SDI 0a Ro de oi “et: 507 2000" Pa S07 2244 Prine i ra reno Bei RUTCERQUEIRA (rbd Dep eagle UFR) "Tata navies tt Bet Cala ote ‘Sinise Nall or aes de Lo, Denne, Dail Cement aig, PR perigetin de Drv eo om gia ie / an Demet att de TM Ropes ist ec, Re Ceguia. Nod Re 98 Gracia A ‘Trap de: Darwin's ges evolution ad te meanings fe Incl apedi itlopt 1 Seledo nua. 2. Eade Bitope) — Plot. 3, Erte orate oo= th ss Para Van Quine professor e amigo CAPITULO UM DIGA-ME POR QUE 1. NADA E SAGRADO? Costumavamos cantar muito quando éramos criangas, a0 redor da fo- Sueira nos acampamentos de verio, no colégio, na igreja ou reunidos ‘em volta do piano em casa. Uma das minhas cangées preferidas era Tell ‘Me Why. (Para quem nio possui guardado em suas lembrangas pessoais este pequeno tesouro, a misica esté no Apéndice. A melodia simples ¢ a fécil linha harménica sao surpreendentemente belas.) Tell me why the stars do shine, Tell me why the ivy twines, Tell me why the sky's so blue. Then I will tell you just why I love you Because God made the stars to shine, Because God made the ivy twine, Because God made the sky so blue. Because God made you, that’s why I love you. (rd. livre: Diga-me por que bilham as este’ Diga-me por que a hera se nrosca/ Diga-me por que o céu¢ tio azul E gu dire po que ammo tose Poac ‘sirelas brilhareny Porque Deus fez a hera se enoscat/ Porgue Doe azul Porque Deus fez voet, € por isto que eu ammo voce.) Essa declaragao sentimental e direta ainda me dé um n6 na garga ‘4 — uma visio da vida to doce, tio inocente, tio confiante! E ai vem Darwin e estraga a festa. Estraga? E disso que trata este livro. Desde a publicagao de A origem das espécies, em 1859, a idéia fundamental de Charles Darwin vem despertando intensas reages, da feroz condenagao até a adesio extitica, chegando as vezes a se equipa- rar ao fervor religioso. Amigos e inimigos, igualmente, tém maltratado € desvirtuado a teoria de Darwin. Tem sido apropriada de forma indevi. da para conferir respeitabilidade cientifica a estarecedoras doutrinas sociais € politicas. Foi exposta ao ridjculo em caricaturas por seus adversarios, alguns dos quais querem faz8-la competir nas escolas de : DIGA-ME POR QUE Quase ninguém é indiferente in cava tr ec eee ma ee Bis que se opdem a ela tio acirradamente esto certos em 5 fn pen ol bus ae Sand reng fundamentais do que muit ‘seus sof ci 5 = sad as Sn fits al Aen gl gl El nal do er soque i dens superou, por maior que sea oearnho que te fis ers ee Oe ene noir amdcns t's nana pane Crege esi rrilhantes para nosso et a oe ten a nee Popa Ne at ol sy Sn fem ilusdespossa acrediarlteralmente. E preciso trasformar one a ee de algo menos concreto ou entiio abandoné-lo. oe erent mos 08 centstasefil6sofos sfoateus, © muitos dos que so ret a gr ac a onl noe de idéias de Darwin, ou até mesmo encontrar apts tp © Byer Sen Te Ss am Benge Sas cee a a 1s e tido as suas vidas. Outros fundamentam = = epee il en aera a cree acaba sa ta eggs coco de tpn rnp pri crac ee Humanidade- © que os dois grupos tem em comum, apesar ‘ia diferenga eH _ aga de que a bondade é importante. aa ptt esr ai saree eae lo niilismo. Eles achavam que se Darwin ‘etivesne, oa o, i min ota. aa a Se wi ee Hncia, Seria esta uma reagio exagerada? Quais sio ex pecistas immo are Data aa Se ane ente ou € ainda “apenas uma teoria’ ree tc Mee intajosa: éxistem partes da idéia de Darwin que si nd éncia da criaga uma mistura patética de pseu- — Eee pen pn ie sedis errata i ae ene ada por Kicher 1982, Ftuym 1983, Giey 1983 conten umnranslmente A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN 9 mente irresistiveis. Entio — se tivéssemos sorte — talvez 0s fatos cien- {fics nao tivessem nenhuma implicagao surpreendente para a religiio, cihatureza humana ou o significado da vida, enquanto que as partes da Gia de Darwin que deixam as pessoas preocupadas poderiam ficar de ‘por demais controversas, ou meras interpre tagbes, das partes cientificamente irresistiveis. Isso seria trangtilizador. Porém, o que & uma pena, isso € quase um retrocesso. Existem for- tes controvérsias girando em torno da teoria evolutiva, mas quem se Sente ameagado pelo darwinismo nao deve se entusiasmar com isso. A maioria delas — se nio todas — tratam de questdes que sio “apenas Tlanela” nfo importa de que lado esteja o vencedor, 0 resultado nio Gesmancharé a idéia bésica de Darwin. Essa idéia, tio firme quanto {qualquer outra idéia cientfica, realmente tem amplas implicagoes para Hossa visio de qual é ou deveria ser o significado da vida. ‘Em 1543, Copémico propés que a Terra nio era 0 centro do uni- ‘verso, mas sim que ela girava em tomo do Sol. Levou mais de um sécu- To para que a idgia se firmasse, uma transformagao gradual ¢ na verdade battante indolor. (O reformador religioso Philipp Melanchthon, colabo- rador de Martinho Lutero, opinou que “algum principe cristo” deveria Climinar esse louco, mas, fora umas poucas excegdes como essa, 0 fnundo nao foi particularmente sacudido por Copémico.) A revolugao Ccopernicana acabou fazendo “o mundo ouvir o seu proprio tro": © Didlogo sobre os dois principais sistemas do universo, de Galileu. Mas teste s6 foi publicado em 1632, quando a questio jé nao era mais tema Ge controvérsias entre os cientistas. O petardo de Galileu provocou uma reagio indignada por parte da Igreja Catélica romana, iniciando uma ‘Gnda de choque cujas reverberagSes s6 agora esto desaparecendo, Mas, apesar do drama dessa confrontagao épica, a idéia de que o nosso plane tendo € 0 centro da criagio assentou-se com bastante leveza na mente {das pessoas. Todas as criangas em idade escolar a aceitam como algo banal, sem igrimas ou terror. No devido tempo, a revolugio darwiniana acabaré ocupando um lugar similarmente tranqiilo nas mentes — e coragies — de todas as pessoas cultas do globo. Hoje, entretanto, mais de um século apts a rome de Darwin, ainda temos que chegar a um acordo quanto a essas implicagdes surpreendentes. Ao contrério da revolugio copericana, {que nio chamou muito a atengio do pablico enquanto os detalhes cien- fficos nio foram amplamente classificados, a revolugio darwiniana eve, desde o intcio, espectadores e torcedores leigos tomando partido, puxando as mangas dos participantes e incentivando a tribuna de honra. Esses mesmos medos e esperangas também afetam os prOprios cientis- tas, portanto nio é de surpreender que os conflitos relativamente estrei- tos entre tedricos nio 6 tenham sido com frequéncia exagerados por Seus adeptos, mas também distorcides de forma grave no processo. ‘Todo mundo ja viu, vagamente, que hé muita coisa em jogo. ‘quarentena como extensdes fa) DIOA.ME por qué Além disso, embora o préprio Darwin tenha sistematizado a sua teoria de forma monumental e sua influéncia tenha sido logo reconhect «da por muitos cientistas ¢ outros pensadores de sua época, ela apresen: tava na verdade grandes lacunas que s6 recentemente comesaram « sey Preenchidas adequadamente. A maior delas, fazendo-se uma retrospes, tiva, parece quase cOmica. Em todos os ‘seus brithantes ‘devancics, Darwin nio chegou a descobrir 0 conceito bésico sem o qual a teora a evolugao ¢ indtl: 0 conceito de gene. Darwin nao tinha uma wnldese adequada de hereditariedade, © a descrigio que fez do provesso de al, io natural, portanto, estava infestada de dividas totalmente razodvels (na verdade, a sintese de Mendel e Darwin) foi finalmente urado pended pas ace ln eg lian Huxley, Emst Mayr e outros. Mais cinguenta anos foram meccsoa, ss paral marge inet anos reproduioe evlugdo bacada no DNA € hoe ween ent Crp epics ea ein de oa € 8 histria do nosso planeta em uma dnica e grandioss hese et Guiver amarrado em Liliput, ela inaredivel mio dena ace duas enormes cadias de argumentos que poderiam inl cn pPesstitelosfrégels, mas por estar hmemente tad eens Iilhares de fos de evidéncias que a ancoram vitualsente oes Outras dreas do conhecimento humano. E possivel que novas descober- siebaam evar a madangs rads a reoltonsias ta eo larwiniana, mas a esperanga de que cla seja "refer ne tee gstrondosa descobera équase to razodvel quanto'a de ern Suma visio peocénica e dscartemos Conia, ‘A FERIGOSA IDGIA DE DARWIN 2 Ainda assim, a teoria esté enredada em controvérsias extraordina- riamente exaltadas, e um dos motivos de todo esse fervor € que tais de. ‘bates sobre questdes cientiicas sio em geral distorcides pelo temor de ue a resposta “errada” possa ter intoleriveis implicages morais. Este medo € tio grande que € cuidadosamente deixado de lado, passando despercebido sob camadas e mais camadas de refutagies e contra-refu. tages que confundem nossa atencio. Os adversérios estio sempre mu dando levemente de assunto, mantendo de forma conveniente os espec tros ameagadores na sombra. E essa desorientacao a principal responsé- vel pela demora na chegada do dia em que todos poderemos viver to & Yontade com nossa nova perspectiva biol6gica como fazemos com a perspectiva astronémica que Copémico nos deu. Sempre que se fala de darwinismo a temperatura sobe, porque ha ‘muito mais em jogo do que simplesmente os fatos empiricos sobre a evolugio da vida na Terra, ou a I6gica correta da teoria que explica es- ses falos. Uma das coisas preciosas que esté em risco 6 a visio do que significa perguntar,e responder, & questo, “por qué?”. A nova perspec- de Darwin subverte varias hipSteses tradicionais, abalando nossas. idéias-padrio sobre o que deveria valer como resposta satisfat6ria para ssa antiga e inevitdvel pergunta. Aqui a ciéncia e a filosofia se entrel gam totalmente. Os cientistas as vezes tentam se iludir, achando que as ‘déias filos6ficas sto apenas, na melhor das hip6teses, omamentos ou ‘comentérios parasitas sobre os dificeis e objetivos triunfos da ciéncia, e ue eles mesmos esto imunes as confusées as quais os fildsofos dedi- cam suas vidas tentando resolver. Mas nao existe cigncia livre de filoso- fia; existe apenas ciéncia cuja bagagem filos6fica é embarcada sem pas- sar pela vistori. A revolugio darwiniana € a0 mesmo tempo cientifica e filosética, «¢ uma no poderia ter ocorrido sem a outra. Como veremos, foram os preconceitos filosétficos dos cientistas, mais do que a fata de evidéncias Cientificas, que os impediu de ver como a teoria poderia realmente fun- cionar. Mas esses preconceitos com relaglo a filosofia que tinham de ser eliminados possufam raizes profundas demais para ser deslocados pelo simples brilhantismo filos6fico. Foi preciso um irresistivel desfile de fatos cientificos obtidos com muita dificuldade para forgar os pensa- dores a levarem a sério a nova e fantéstica perspectiva proposta por Darwin. Quem ainda nao conhece bem essa bela procissio pode ser per- doado por se manter fiel as idéias pré-darwinianas. E a batalha ainda no acabou; até entre os cientistas existem bolsdes de resistencia Vou colocar as cartas na mesa. Se tivesse que premiar alguém por ‘uma Gnica boa idéia, esse prémio iria para Darwin, antes de Newton, Einstein e todos 0s outros. Em uma s6 tacada, a idéia da evolugio pela selegio natural unifica as esferas de vida, significado e propésito com as esferas de espago e tempo, causa € efeito, mecanismo ¢ lei fisica Mas ela ndo ¢ apenas uma maravilhosa idéia Cientifica, Ela € perigosa. 2 DIGA-ME POR QUE Minha admiragao pela magnifica idéia de Darwin nao tem limites, mas. eu também acalento muitas idéias e ideais que ela parece desafiar, € quero protegé-los. Por exemplo, quero proteger a cangio da fogueira do acampamento, ¢ 0 que ha de belo e verdadeiro nela, para meu netinho € seus amigos, € para 0s filhos deles quando crescerem. Existem muitas outras idéias magnificas também ameagadas por Darwin, é 0 que pare- ce, ¢ da mesma forma elas podem precisar de protego. O tinico jeito de fazer isso — 0 tinico com alguma chance a longo prazo — é rompendo a cortina de fumaga e olhando de frente a idéia o mais resoluta e desa- paixonadamente poss{vel. esse caso no vamos nos contentar em dizer “niio hé motivo para Preocupagio, no final tudo dard certo”. Nossa andlise exigiré um boca- do de coragem. Sentimentos poderdo sair magoados. Quem escreve so- bre evolucdo em geral evita este aparente choque entre ciéncia e reli- gio. Os tolos correm, Alexander Pope disse, por onde até os anjos tém medo de pisar. Vocé quer me seguir? Quer realmente saber 0 que sobre- vive a esse confronto? E se, no final, a doce visio — ou uma visio me- Ihor — sobreviver ao encontro intacta, reforgada e mais profunda? Nao seria uma vergonha perder a oportunidade de ver um credo mais forte, renovado, estabelecendo-se no lugar de uma fé frégil, doentia, que voce por engano supds que nao deveria ser perturbada? ‘Nao existe futuro em um mito sagrado. Por que nao? Por causa da nossa curiosidade. Porque, como a cangio nos lembra, queremos saber por qué. Talvez tenhamos superado a resposta da cangao, mas jamais superaremos a pergunta. Seja 0 que for que consideremos precioso, € impossivel protegé-lo da nossa propria curiosidade, porque, sendo 0 que somos, uma das coisas que mais valorizamos 6 a verdade, Nosso amor & verdade é um elemento central para 0 significado que damos 3s nossas vidas. De qualquer forma, a idéia de que podemos preservar 0 significa- do enganando a nds mesmos € pessimista demais, niilista demais, para que eu, por exemplo, consiga aceitar. Se essa fosse a melhor coisa a se fazer, eu concluiria que nada tem importancia afinal de contas. Este livro, entio, € para os que concordam que o tinico significado da vida com o qual vale a pena se preocupar & aquele capaz de suportar nossos esforgos para examiné-lo. Os outros podem fechar o livro agora sair de mansinho. Para os que ficarem, eis o plano. A Parte Ido livro localiza a revo- lucao darwiniana no esquema mais amplo de coisas, mostrando como ela pode transformar a visio de mundo de quem conhece os seus deta- Ihes. Este primeiro capitulo monta 0 cenério das idéias filoséficas que dominaram nosso pensamento antes de Darwin. O Capitulo 2 introduz a idéia central de Darwin com uma espécie de nova roupagem, como a idéia da evolugao como um processo algoritmico, ¢ esclarece algumas confusdes comuns. © Capitulo 3 mostra como essa idéia subverte a tra- digdo encontrada no Capitulo 1, Os Capitulos 4 e 5 exploram algumas A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN das surpreendentes —e perturbadoras — perspectivas abertas pelo pen- en st eae anna of desafios 8 ida de Darwin — 20 neodarwi- ‘gu sintese moderna — que surgiram deato da prépria biologi, tora que, 20 contro do que alguns de ses adversrios decar- aansdeid de Darwin sobrevive a essas conroversias nfo 56 intacta a A Pane I mosua o que scotece quando o mesmo Consamento se. estende A espécie com que mais nos preocupamos: Homo sapiens. O proprio Darwin sabia perfeitamente que este iria ser ito de atrito para muita gente, e fez 0 possivel para dar a noticia com Usicadeza, Mats dum sculo depois, anda i quem desee cavar um fesso nos separando da maioria, quando nio de todas, as implicagSes mo. A Parte II demonstra que iso € um ue pensam ver no darwit i : ears fato e de estratégia; ndio sé a perigosa idéia de Darwin diz ‘Speito a nds dirclamente e-em muitos nivel, como a aplicagso ade- 8s Soe ae reer ees hone Sr eee et cc ome tos que sempre iludiram as abordagens tradicionais, remodelan« os eee eS i eas flor rc rote nm te pms Pedant pensamento darwinista, identificando tanto 0s seus usos como seus abu- ‘$08, € mostrando como aquilo que realmente é importante para nés — € precisa ser importante para nés — se revela, tansformado, porém mais Sa aon nismo 2. 0 QUE, ONDE, QUANDO, POR QUE — E COMO? Nw cis eae ee anon ce ti a wt A Sane eg a te es a ee ee i é causa material, 1) de que matériaalguma coisa eit, ova so causa mat Beer (ou exttura, ov formas) essa materia assime, 8 (2) seu nc como cla comeou, ov as causa fie al eu ppd, mera on fom (cm em "Os fins justia guar oathy osu Yelos como Arstcles chamou, 38 Yezes mal radu, como "causa inal” DIGA-ME POR Qué arin eee aigumas adaptagdes para que esses quatro ait licos correspondam as Perguntas-padrio: “9 Jué, onde ace por que?” O ajuste nem sempre € bom Pe Gos cee bor qué", entretanto, de fato querem saber as Ue Comegam com on eee dizem os franceses, qual a sua raison d'étre, se ser? séculos fil6sofos e Cientistas tém Stes "po nee eee, sree ee a stintos que o tema que eles levanton “Povo vctenssemantaersann a fazer uma Porta.” - CE para que serve a porta? e a Proteger minha casa.” “Pap San mgr > Forca A idéia, utilizada Que todos 0s nossos pro € sem divida natural © Deus, entio vem ser, em iiltima 1ais S40 0S propdsitos ‘A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN 2 tuma resposta do tipo “porqué” (a espécie de resposta que a pergunta parece exigir), as pessoas com frequncia substituem o “por qué” por jum “como”, e tentam responder contando uma histéria de como foi que Deus nos eriou € ao resto do universo, sem parar muito no por que Deus poderia ter desejado fazer isso. A pergunta “como” no tem un desta. ue na lista de Arist6teles, mas era uma forma popular de perguntar © responder muito antes de que ele fizesse sua andlise. As respostas aos maiores “comos” slo as cosmogonias, historias sobre de que maneira o cosmos, o universo inteiro e todos 0s seus habitantes comegaram a exis. tir. O livro do Génesis € uma cosmogonia, mas existem muitas outras, Cosmélogos que exploram a hipétese do Big Bang e fazem especula. es sobre buracos negros e supercordas slo os eriadores de cosmogo. nas da atualidade. Nem todas as cosmogonias antigas seguem o modelo de um criador. Algumas falam de um “ovo do mundo”, colocado no “Abismo" por um péssaro mitico qualquer, e outras de sementes planta. das ¢ cultivadas. A imaginago humana tem poucos recursos em que se basear diante de uma pergunta tio surpreendente. Um dos primeiros Imitos da criagao fala de um “Deus existente por si mesmo” que, “com lum pensamento, criou as éguas © depositou nelas uma semenite que se transformou em um ovo dourado, do qual ele mesmo nasceu ‘como ‘Brama, progenitor dos mundos” (Muir 1972, vol. IV, p. 26). E qual a finalidade de todos esses ovos, sementes e mundos cons- truidos? Ou, entio, para que o Big Bang? Os cosmblogos atuais, como muitos de seus antecessores ao longo da histéria, contam uma histéria, interessante, mas preferem evitar 0 “porque” da teleologia. Hé alguma razio para o universo existir? As razdes representam algum papel inteli- sgivel nas explicagdes do cosmos? Algo pode existir por uma raza sem Ser a ruzio de alguém? Ou serd que as razBes — as causas do tipo (4) de Atist6teles — sio adequadas apenas nas explicagdes para as obras ¢ fei. tos de pessoas ou outros agentes racionais? Se Deus nio é uma pessoa, lum agente racional, um Artifice Inteligente, que sentido poderia ter o maior “porqué” de todos? E se 0 maior “porqué” de todos nao faz enhum sentido, como podem fazer sentido “porqués” menores, mais estreitos? ‘Uma das contribuigdes fundamentais de Darwin foi nos mostrar uma nova maneira de dar sentido aos “porqués”. Goste dela ou nio, 4 idéia de Darwin oferece uma maneira — clara, convincente, surpreen- dentemente versétil — de resolver esses velhos enigmas. E preciso se acostumar com ela, que € com freqiiéncia mal aplicada, mesmo pelos seus amigos mais fiéis. Expor e esclarecer pouco a pouco essa maneira de pensar é um dos projetos centrais deste livro. E preciso distinguir ‘com cuidado 0 pensamento darwiniano das imposturas excessivamente simplificadas e populares, o que nos faré abordar alguns pontos técni- os, mas vale a pena. A recompensa serd, pela primeira vez, um sistema estivel de explicagio que niio se move em circulos ou em espirais em 26 DIGA-ME POR QUE ince rorcane we ini lps pes to mas o retrocesso infinito aos mistérios,aparentemeste, mas hole eon dia o custo € proibitivo: voce tem de se detsar enganas; Voce mossere So aS ie es i te ge Ned meng fomo recon de mana incectuaenentefnaode a ae a compreensiio que Darwin destruiu. aan 0 prose pane Marlies dese pots da sou Darwin ver como o mundo era antes que ele9 virasse de cabecs pore baixo. Pelos olhos de dois compatritas seus, John Locke e*Deeld uume, podemos ter uma perspectiva clara de uma outravio-de mon ‘ainda existente em muitos grupos — que Darwin tornou obsoleta. ° 3. A “PROVA” DE LOCKE SOBRE A PRIMAZIA DA MENTE John Locke inventou o bom senso, € desde entdo 56.08 ingleses 0 tom! Bertrand Russel? John Locke, concemporineo do “inc ”, ‘nlc semen, ecomarel Novi” am dx cma eis Tapani ean enn ser citada por completo, visto ilustrar perfeitamente o bloqueio.’ imag. nado existente antes da revolugao darwiniana. O argumento pod rae See Teoe he ee ee ree onsidere iso um sinal do quanto jéavangamos desde enttor O Proprio fsa pemar tran nd eo Or aoe ae a eee ane i conrad 190, sabiam: que “no inicio” havia a Mente. Ele comegou pertanercia ai Ss ita Sc er pn Gite Ryle me conn rai tu esta poquenahipéboetipica de Russel, Apesar de R tame igo de igi cer inte om Oxford Ran armen econ Scand Gens Mun corer cea fyi ives on = ‘Resel dane uma agen monitons e,enundo sapere enabler tra conern sot {2 amos compari, Ryle he fergiion por qu cl achara gus Locke mca frst {stor ou oil ut Behl He oo Retna oma a ns que Seg nnd tc de gan ales: Esa fo» espa ni Sa sca hou ee [A PERIGOSA 1DEIA DE DARWIN n Se, entio, tem de haver algo que seja eterno, vejamos que espécie de Ser isso serd. E bastante Sbvio & Razio que deverd ser necessaria- ‘mente um Ser cogitativo, pois é tio impossivel conceber que simples Matéria ndo-cogitativa produzisse um Ser pensante inteligente, {quanto que nada deveria espontaneamente produzir Matéria... Locke comega sua prova aludindo a uma das mximas filoséficas mais antigas e utilizadas, Ex nihilo nihil fit: nada pode vir do nada. ‘Como seu argumento tem de ser dedutivo, ele precisa mirar mais alto: no s6 é improvével ou implausfvel, ou dificil de imaginar, mas impos- sivel de conceber que “simples Matéria nio cogitativa produzisse um Ser pensante inteligente”. O argumento continua em escalada: “Vamos imaginar uma parcela qualquer de Matéria eterna, grande ou pequena; veremos que ela, espontaneamente, no é capaz. de produ- Zir nada. .. Matéria, portanto, pela sua prépria energia, no pode es- pontaneamente produzir Movimento: seu Movimento deve vir da Etemidade, ou ser produzido e acrescentado & Matéria por algum ‘outro ser mais poderoso que a Matéria... Mas vamos supor que © Movimento seja etemo também: mas Matéria, Matéria e Movimen- to niio-cogitativos, independente das mudangas que possam prod- zir no Tamanho € no Volume, niio podem jamais produzir Pensa- ‘mento: Movimento e Matéria continuam tao longe da capacidade de produzir Conhecimento como 0 nada ou uma nio-entidade sio Capazes de produzit Matéria. E eu apelo ao pensamento de todos, possam eles ou no conceber tio facilmente a Matéria produzida do nada como 0 Pensamento produzido pela Matéria pura, quando an- tes no havia Pensamento, nem existia um Ser inteligente.. E interessante notar que Locke decide que pode com seguranga ““apelar ao pensamento de todos” para garantir essa “conclusio”. Ele ¢s- tava certo de que 0 seu “bom senso” era de fato um senso comum. Seri {ue no vemos como é dbvio que, enquanto matéria e movimento pode- fam produzir mudangas no “Tamanho e no Volume”, eles jamais seri- ‘am capazes de produzir “Pensamento”? Isso nao descartaria a possibili- dade de existéncia dos robés — ou pelo menos dos robés que alegariam ter Pensamentos auténticos entre os movimentos de suas cabegas mate~ riais? Certamente na época de Locke — que era também a de Descartes i propria idéia de inteligéncia artificial (LA) estava to proxima do inimagindvel que Locke péde confiar no apoio uniinime da platéia 20 seu apelo, um apelo que se arriscaria a ser vaiado hoje em dia.’ E, como Th ncapacidad de Descartes de flr be 0 Pensamento ci Mati em movinento € dis {idl cin dctatns em meu livre Consiounes: Explained (1991), O Tivo de Job Haugean, sree Girne itlade Avil Incigence: The Very Tea (1985), € uma Gia seo weeeeithos oncicos que trnarm exe idiaconeblelapsar de ad. 28 DIGA.ME POR Qué. ! de Darwin, QimPo da inteligéncia artificial é descendente direto da idéia de Darwin, Se ofetizado pelo préprio Darwin, foi ‘eainto $ imaginarmos nada existindo primeiro, ou etemo: a Ma- Maaitmals poder comegar a existir. Se imaginunee simples Matéria, sem Movimento, etema: o Movimento nat oderd co- Assim, se Locke esté certo, a Mente deve vir antes — ou elo me- moments ooetimeitos. Nao poderia ter comesado a existr oo ‘nenhum I mais mag eostetios, como efeito de alguma confluéncis ie fenémenos te aanndestos irrcionais. Isso parece set uma justifidhcs inteiramen- cadet 9 assunto de novo, em uma das obras-pr idental, seus Didlogos sobre a religido natu 4.0 CONTATO IMEDIATO DE HUME ". que dependeria da tra fonte nio com. ‘A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN 5 Provivel de conviceio. Se © Gnico fundamento que vocé tem para sua jue “Deus me contou isso em um sonho”, sua religiao natural. A disting’o nao teria feito niuito sentido antes do alvorecer da ciéncia modema no século XVII, quando a cién, cia criou um novo © competitivo modelo de provas para todas as cron as. Ela levantou a questio: Vocé € capaz de nos dar algum fundamento cientifico para suas crengas religiosas? Muitos pensadores religiosos, entendendo que o prestigio do pen- samento cientiico era — no mais nio havendo diferengas — uma aspi racio valiosa, aceitaram o desafio. E dificil entender por que alguém desejaria evitar a confirmacio cientifica de seu proprio credo, se havin uma. A preferéncia esmagadora entre os supostos argumentos cientifi, ‘cos para conclusbes religiosas, entdo e agora, era uma ou outra versio da prova teleolégica da existéncia de Deus: entre os efeitos que pode, ‘mos observar objetivamente no mundo, hé muitos que ndo’sio\ (nao podem ser, por varios motivos) meros acidentes; dos para serem como sio, ¢ ndo pode haver projeto sem projetisa; por. tanto, um Projetista, Deus, deve existir (ou ter existido) como a origem de todos esses maravilhosos efeitos. Tal argumento pode ser visto como uma tentativa de se achar um {Gaminho alternativo para a conelusdo de Locke, um caminho que nos levaré a detalhes um tanto mais empiticos, em vez de se basear tho dite, ta ou claramente no que é considerado inconcebivel. As earacteristicns dos (projetos observados podem ser analisados, por exemplo, para arantir os fundamentos de nossa avaliagao da sabedoria do Projetista, © nossa convicgdo de que o simples acaso nio poderia ser responsivel por cessas maravilhas, Nos Didlogos de Hume, trés personagens ficticios debatem com ada inteligéncia e vigor. Cleantes defende a prova teleolépica d. gristéncia de Deus, ¢ dé a ela uma de suas mais eloglentes expressocs-+ E assim que ele comega: Olhe o mundo a sua volta. Contemple o todo e todas as suas par- tes: verd que nada mais 6 do que uma grande méquina, subdividida em um numero infinito de méquinas menores, que mais uma ver admitem subdivisdes além do que os sentidos humanos sio capa. 2es de localizar ¢ explicar. Todas essas virias miquinas, ¢ até sas ‘mais diminutas partes, esto ajustadas umas as outras com uma Wlia Paley descreveu com tito mais detaesbolgicos a prov eleoligic da exstocia de ‘Deus cms io de 1803, Teolopa natal scescentan copeniona fecea: nh a ‘soe Pay fa real inspira avo da meade Darwin aso Clean fe Hoenn ‘ogi ea orga trea do egumne, 1 oa DIGA-ME POR Qué rodugdes de artificio humano — de projeto, pensamento, sabedo~ ria ¢ inteligencia humanos. Visto que os efeitos assemelham-se uns to oo mora a nice mets fq cams unten soc aes es a fas Ee gun forma acne ai ane aN ossuidor de faculdades muito mais amplas, proporcionais a eran. Sera que excess Coc monroe an 86 com ele, provamos de imediato a existéncia de uma Divindade Cavan cnc en a ie ee serva: “Junte varios pedagos de ago, sem contorno ou forma; dee rar pe pt nee On oo fm rant Cid a es ae ee ca aa sae nan as ua tm printed cies na mis do ae un das fn e prnipios do wives sin como calor € frio, atragaio e repulsio © centenas de outras que - demos observardiariamene. Mas uma concise pode; Shere. damente, ser trnsferida das partes para 0 todo?.. Obecrvand 0 ereseimento de Un fio de cabeo, pademos aprender algeme ease sobre a geracao de um homem?... Que privilégio peculiar possut esta poquenaagitagio do cerebro, aque chamastoy kc ranean to, que temos de faz-la modelo de todo o univers? Aang vel conclusio! Pedra, madeira, tijolos, ferro, bronze, nao possuem, hoje, neste diminuto globo de tena, uma ordem ce arene sen ate arco hunanos Porat, o univers a pea gins alan dem rp em al smetac 5 Gjertsen mostra que, dois mil anos antes, Ci = Get nn ae dis mi aos ate, Cleo wot omesmo exempl cim 0 meso sco: 4 paris eno yor acaso. Como podsmos elo inagor gue wanes oan ee asl propio €imelgéncie quand ele abrange td ncutive esses men melo @ see rice” (Geren 1989p 195) me steers ee [A PERIGOSA IDEIA DE DARWIN ai ‘Além disso, Filon observa, se colocarmos a mente como a causa imeira, com sua “organizagio desconhecida e inexplicavel”, isso s6 ‘adiaré o problema: Continuamos obrigados a subir mais alto, para encontrar a causa desta causa, que Voc® determinou ser satisfat6ria e conclusiva. ‘Como, portanto, vamos nos satisfazer no que se refere @ causa da- aquele Ser, que voc8 supe set 0 Autor da natureza, ou, segundo 0 Seu sistema antropomérfico, o mundo ideal, no qual vocé identifica ‘0 material? Nao temos nés a mesma razio para identificar esse mundo ideal em um outro mundo ideal, ou novo principio inteli- ‘gente? Mas e se pararmos, se no formos mais adiante; por que ir tio longe? Por que no parar no mundo material? Como podemos nos satisfazer sem continuar ad infinitum? E; afinal de contas, que satisfagdo existe nessa progressio infinita? [Pt IV.) Cleantes nao tem respostas satisfatGrias para essas perguntas ret6- ricas, € 0 pior nao é isso. Cleantes insiste que a mente de Deus € como a humana ~~ ¢ concorda quando Filon acrescenta “quanto mais parecida, ‘melhor”. Mas, entio, Fflon continua, a mente de Deus ¢ perfeita, “livre de qualquer erro, engano ou incoeréncia em seus empreendimentos”(Pt. ‘V.)? Hi uma hipétese rival a ser excluida’ E que surpresa teremos ao descobrir que ele é um mecinico burro, que imitou os outros e copiou uma arte que, na longa sucessio das eras, apés miltiplas tentativas, erros, corregdes, ponderagies controvérsias, foi gradualmente sendo aprimorada? Muitos mun- dos podem ter sido remendados e postos a perder, durante uma ceternidade, antes que este sistema fosse cunhado. Muito trabalho perdido; muitas tentativas indteis feitas. E uma lenta, porém conti- fnua methoria prosseguiu ao longo de infinitas eras de construgio do mundo. [Pt. V.] Quando Filon apresenta essa excéntrica altemativa, com suas sur- preendentes antecipagdes do insight de Darwin, ele nao a leva a sério texceto como um contraste polémico contra a visto de Cleantes de um ‘Artifice onisciente. Hume a utiliza apenas para mostrar 0 que via como {8s limitagoes do nosso conhecimento: “Em tais assuntos, quem pode de- terminar onde esté a verdade; nilo, mente quem pode conjecturar onde est a probabilidade; entre um grande n{imero de hipéteses que podem ser propostas, ¢ um nimero ainda maior que se pode imaginar” (PL.V). ‘A imaginagao nao tem limites e, explorando tal fertiidade, Filon vai deixando Cleantes desconcertado, elaborando variagbes cémicas € extravagantes sobre as hip6teses dele, desafiando-o a mostrar por que Boca, oeivitidade ou as Divinduag. si Sr ctvidos etc.2" (Pt. Vy fy 'potese de Gaia: 6 universe, Ou seré que o mundo do que com um animal? re », 3 te rr ep sts omens © fermenta- $068 Iregulares, até se uni a alguma outa forma regulae Mu DIGA-ME POR QUE Suponha... que a matéria fosse langada em qualquer posigo, por uma forga cega,nlo guiada; 6 evidente que essa primeira posi- Fao deve, com toda probabilidade, ser a mais confusa ¢ a mais Sesordenada que se possa imaginar, sem qualquer semelhanga com Siquelas obras da invengo humana que, junto com uma simetria de partes, descobrem uma adaptagio de meios aos fins e uma tendén- tis b autopreservagio... Suponha que a forga atuante, seja qual for, Continue ainda na matéria... Assim 0 universo segue, por muitas Gras, em uma continua sucessio de caos ¢ desordem. Mas nio é possivel que ele se acomode finalmente...? Nio poderemos expe- Par essa posigdo das eteras revolugdes de matéria ndo guiada, ou ter certeza dela, e isso nio poderd explicar toda a aparente sabedo- fia e arquitetura existentes no universo? Hum, parece que algo assim poderia funcionar.... mas Hume no podia levar a sério a corajosa investida de Filon. Seu veredicto final: etima total suspensdo de julgamento é aqui 0 nosso tnico recurso sen- sato"(Pt. VIII). Poucos anos antes dele, Denis Diderot também havia escrito algumas especulagdes que prenunciavam Darwin de forma es- pantosa: “Posso Ihe afirmar... que monstros aniquilaram uns 20s outros Picessivamente; que todas as combinag&es defeituosas de matéria desa- pareceram e que sobreviveram apenas aquelas cuja organizagio nilo Ehvolvia nenhuma contradicao importante, e que podiam subsistir por si proprias e se perpetuar” (Diderot 1749). Ha milénios circulavam idéias Fnteressantes sobre evolugdo, mas, como ocorre com a majoria das jdgias filoséficas, embora elas parecessem oferecer uma solugo para © problema, nio prometiam ir muito adiante, abrir novas investigacOes ou Rerar previsbes surpreendentes que pudessem ser testadas ou explicar fatos que nio tencionavam expressamente explicar. A revolucio da evo- lugio teve de esperar até Charles Darwin descobrir como tecer um: hipétese evolutiva em uma trama de explicagSes composta literalmente de milhares de fatos obtidos com muita dificuldade e quase sempre sur- preendentes sobre a natureza, Darwin nfo inventou essa idéia maravi Thosa sozinho, nem compreendeu-a totalmente mesmo depois de té-la formalado, mas fez. um trabalho to monumental esclarecendo-a ¢ atan- do-a de tal forma que nio mais pudesse se dispersar que é ele quem merece o crédito por isso. O préximo capftulo revé sua maior faganha. Captruto 1: Antes de ‘Darwin, a idéia de uma “Mente-primeira” rei- tava inconteste; um Deus inteligente era visto como a fonte essencial de qualquer Projeto, a resposta final para toda cadeia de “porqués até David Hume, que habilmente expds os problemas insoliveis dessa visdo ¢ teve lampejos da alternativa darwiniana, ndo consegui desco- brir como levé-la a sério. A PERIGOSA IDEIA DE DARW! 3 CavtruLo 2: Danein, disposto a responder a uma pergunta rele carte modesta sobre a origem das espécies, descreveu um process? 00 ‘ual deu o nome de seleedo natural, processo este irracional, sem pro- sito e mecdnico. 1530 revelou-se sera semente para dresposta a ua Pergunta ainda mais importante: como surgi o Projeto?

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