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100 — MECANICA DOS SOLIDOS Lb “ue py 4 2 [at ool a( — fy +38) 12 €0 médulo correspondente: 1V2__V2a%1 — f+ 3) 2-0) 2 Procurando o valor de 6 que maximize 0 médulo de segio, encontra-se 6 = 1/9, Entrando com esse valor na expresso de Z, , vem:Zmngx = 1,053 Z, , mostrando que, com o corte dos cantos, houve um aumento no médulo de aproximada- Fig. 5.9. Ex.2. mente 5%, reduzindo a tensio do mesmo valor. Este resultado é facilmente compreendido, se o leitor Jembrar que o médulo de resisténcia & flexio ¢ obtido pela divisfo do momento de inércia pela metade da altura da com lados a (1 — 8), € em dois paralelogramos mm,n,n © seco, Cortando os cantos, o momento de inércia diminuiu . O momento de inércia da segdo reduzida, em em proporgdo menor do que a altura. Assim, o médulo a0 eixo z, é realmente aumentou. 5.3 TENSOES DE CISALHAMENTO J4 se viu que, quando uma viga sofre flexdo por cargas transversais, surgem, em geral, um momento fletor, M, ¢ uma forga cortante, V, nas segdes transversais, No Art, 5.1, determinou-se a distribuigdo das tenses normais decorrentes do momento fletor; neste artigo, vai-se investigar a distribuicdo das tens6es de cisalhamento. Fig. 5.10. Tenses de cisalhamento em viga de segdo transversal retangular, £ melhor comegar com 0 caso mais simples, o de uma viga de se¢ao transversal retangular, de largura b e altura h (Fig. 5-10a). Neste caso, é natural admitir-se que as tensOes de cisalhamento, 7, sejam paralelas 4 forga cortante, V, isto é, paralelas aos lados verticais da segdo transversal. Como segunda hipotese, admite-se também que a distribuigao das tensdes de cisalhamento seja uniforme ao longo da largura da viga. Estas duas hip6teses possibilitam a determinagao completa da distribuigdo das tensdes de cisalhamento que atuam na segdo transversal da viga. TENSOES EM VIGAS — 101 Cortando-se um elemento, mn, por meio de duas segGes transversais adjacentes e de dois planos parale- Jos ao plano neutro, como aparece nas Figs, 5-10a e b, de acordo com as hipéteses levantadas havers distri- buigdo uniforme das tensdes de cisalhamento verticais, 7, na face vertical do elemento. Ja se sabe também pela discussao sobre tensdes de cisalhamento, feita no Art. 1.9, que as tensdes de cisalhamento num dos lados de um elemento so acompanhadas por tensdes iguais na face perpendicular (Fig. 5-10b). Assim, haverd tensdes de cisalhamento horizontais entre as fibras horizontais da viga, bem como tensdes de cisalha- mento transversais nas segdes transversais. Em qualquer ponto da viga, estas tensGes complementares tém 0 mesmo valor. A observagdo acima, a respeito da igualdade das tensOes de cisalhamento horizontais e verticais, leva a uma conclusdo interessante, considerando as tensGes de cisalhamento no topo e na base da viga. Admitin- do-se que 0 elemento mn, visto na Fig. 5-10, esteja no topo ou na base, ficard evidente que as tensdes de cisalhamento horizontais deverdo desaparecer, porque nao hd tensGes na superficie externa da viga. Portanto, 4s tenses de cisalhamento verticais,, também desaparecerdo ( y = + h/2). A existéncia de tenses de cisalhamento horizontais em vigas pode ser demonstrada por experiéncia sim- ples. Tomando-se duas barras retangulares iguais, de altura h € colocando-as juntas, sobre apoios simples, Fig, 5-11a, e solicitando-as a flexio por meio de uma carga concentrada P, se rifo houver atrito entre as barras, l @ | () Fig. S11. fa flexdo de uma seré diferente da outra; cada uma sofreré compressfo nas fibras longitudinais superiores € tracdo nas inferiores © a condi¢ao serd a indicada na Fig, 5-11b, As fibras longitudinais inferiores da bama superior deslizarfo em relagdo as fibras superiores da barra inferior. Numa barra iinica, de altura 2h, haveré tensdes de cisalhamento ao longo do plano neutro, em magnitude capaz de impedir o deslizamento visto na Fig. 5-11b, Devido a essa resisténcia ao deslizamento, a barra tinica de altura 2h é muito mais forte do que dduas barras separadas, tendo cada uma altura h. Ja foi visto que as tens6es de cisalhamento vertical, r, em qualquer ponto da segao transversal é numeri- camente igual & tensao de cisalhamento horizontal no mesmo ponto. Esta diltima tensao pode ser calculada pela condigdo de equilfbrio de um elemento pany, (Fig. 5-12a), cortado da viga por duas segSes transver- sais adjacentes, mn e myny, a distancia dx uma da outra, A face da base deste elemento é a superficie inferior da viga e estd livre de tensGes, Sua face superior é paralela a superficie neutra e afasta-se dela a uma distincia, y,, arbitraria, Nesta face, atua a tensdo de cisalhamento horizontal, c, que existe neste nivel da viga. Sobre as faces mn e myn, atuam as tenses normais 0, produzidas pelos momentos fletores. Atuam também tensdes de cisalhamento vertical, porém como nao interferem na equacdo de equilibrio do elemen- to na direc horizontal (diregao x) ndo foram representadas na Fig. 5-1 2a. Se os momentos fletores nas segdes mn e m,n, forem iguais, isto é, no caso da flexdo pura, as tensdes normais 0, nos lados np e n,p, também serdo iguais, o que colocard o elemento em equilfbrio e anularé a tensdo de cisalhamento 7. 102 — MECANICA DOS SOLIDOS dA Fonts @ (b) cS) Fig. 5.12. Tensbes de cisalhamento em viga de segZo transversal retangular, Considere-se agora 0 caso mais geral de um momento fletor varidvel, representando por M eM + dM os momentos nas segdes transversais mn e m,n, , respectivamente. A forca normal que atua na rea elementar, GA, da face esquerda do elemento seré [ver a Eq. (5-10)]: M) o,dA =? dA A soma de todas estas forgas distribuidas sobre a face pn sera: we if “y dA. @) Bi Do mesmo modo, a soma das forcas normais que atuam na face direita, p17, €: ie (+ aM ay, () 7 I A forga de cisalhamento horizontal que atua na face superior, pp, , do elemento é: 1b dx. © As forgas dadas pelas express6es (a), (b) ¢ (c), devem estar em equilibrio. Assim: 472 (M + dM)y 2 My b dx = ee ie a tb dx i 7 a4 i 7a donde Lyte la), 44 ou, aplicando a Eq. (4-2): Vv pme eal ydA, (5-17) TENSOES EM VIGAS — 103 A integral nesta equacdo representa 0 momento estdtico* da parte sombreada da segdo transversal (Fig. 5-12b), em relagdo ao eixo neutro z. Em outras palavras, esta integral é 0 momento estatico da drea da seco transversal abaixo do n{vel arbitrério y,, no qual se deseja determinar r (quando y, for tomado acima do eixo neutro, a integral sera o momento estdtico da rea situada acima do nfvel em que se esté calculando a tensfo de cisalhamento). Chamando o momento estitico de Q, pode-se escrever a Eq. (5-17) do seguinte modo: \ me ve | Ee | 5-18) oa | (5-18) Para estudar a variagdo de r.com a distancia y, do eixo neutro, deve-se examinar a variago de @ com Y1, porque V, Ie b so constantes. Para a secdo transversal retangular, representada na Fig. 5-12b, a quantidade Q para a drea 0-H no eM) =F " A expresso acima, que foi obtida por multiplicagdo da érea sombreada pela distancia do seu centrdide a0 eixo z, poderia também ser obtida pela solugdo da integral indicada na Eq. (5-17). Substituindo a expressa0 (d) na Eq. (5-18), resulta Vv (h? x(F - vi). (5-19) Este resultado mostra que a tensio de cisalhamento varia parabolicamente com y, , como se vé na Fig. 5-12c. A tensfo é nula quando y, = + h/2e tem seu maximo no eixo neutro (y, = 0): Vk? 3V tain = r= (5-20) onde A = bh é a drea da secdo transversal. Assim, a tensdo maxima de cisalhamento (horizontal ou vertical) € 50% maior do que V/A, a tensdo média de cisalhamento, * Como a tensio de cisathamento, r, varia parabolicamente do topo até a base da viga, segue-se que @ deformacdo de cisalhamento y= 7/G deve variar do mesmo modo. Assim, as segdes transversais da viga, que originariamente eram planas, tomam-se curvas. Esta curvatura pode ser demonstrada, fletindo-se uma viga em que se tenha tragado linhas, tais como man ¢ pq na Fig. 5-13, As linhas tornam-se curvas, com a deforma- G0 maxima de cisalhamento ocorrendo no plano neutro. Nos pontos m,, p,m, €q,, a deformagao de cisalhamento € nula e as curvas m,n, e p,q, permanecem normais as superficies superior e inferior da viga, apés a flexdo, Na superficie neutra, os angulos formados pelas tangentes as curvas m,n, © 7,9, © as secdes normais mn e pq so iguais a deformago de cisalhamento, y= t;n{/G. Enquanto a forea cortante permane- Fig. 5.13, “Empenamento” das secdes transversais de uma viga, devido a cisalhamento, *N.T. Também chamado “momento de primeira ordem”, “Deve-se a andlise precedente, das tensdes de cisalhamento nas vigas, a Jourawski (Ref. 5-7).

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