O que eu sou hoje como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme atravs das minhas lgrimas), O que eu sou hoje terem vendido a casa, terem morrido todos, estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fsforo frio No tempo em que festejavam o dia dos meus anos Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo fsico da alma de se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafsica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim Comer o passado como po de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!O poeta um fing idor. Finge to completamente Que chega a fingir que dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, No as duas que ele teve, Mas s a que eles no tm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razo, Esse comboio de corda Que se chama corao. Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angstia das pequenas coisas ridculas, Eu verifico que no tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheo e que fala comigo Nunca teve um ato ridculo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi seno prncipe todos eles prncipes na vida Quem me dera ouvir de algum a voz humana Que confessasse no um pecado, mas uma infmia; Que contasse, no uma violncia, mas uma cobardia! No, so todos o Ideal, se os oio e me falam. Quem h neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? prncipes, meus irmos, Arre, estou farto de semideuses! Onde que h gente no mundo? Ento sou s eu que vil e errneo nesta terra? Podero as mulheres no os terem amado, Podem ter sido trados mas ridculos nunca! E eu, que tenho sido ridculo sem ter sido trado, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.