O documento discute como a família tem se transformado ao longo do tempo em resposta às mudanças sociais. A família tradicional baseada no casamento, reprodução e papéis de gênero rígidos já não representa mais a realidade de muitos, com o aumento de famílias monoparentais, avós vivendo sozinhos e uniões homossexuais sendo reconhecidas. A família continua cumprindo um papel essencial, mas de forma cada vez mais flexível.
Descrição original:
Artigo de analise do cinema de Bergman e a psicanálise.
O documento discute como a família tem se transformado ao longo do tempo em resposta às mudanças sociais. A família tradicional baseada no casamento, reprodução e papéis de gênero rígidos já não representa mais a realidade de muitos, com o aumento de famílias monoparentais, avós vivendo sozinhos e uniões homossexuais sendo reconhecidas. A família continua cumprindo um papel essencial, mas de forma cada vez mais flexível.
O documento discute como a família tem se transformado ao longo do tempo em resposta às mudanças sociais. A família tradicional baseada no casamento, reprodução e papéis de gênero rígidos já não representa mais a realidade de muitos, com o aumento de famílias monoparentais, avós vivendo sozinhos e uniões homossexuais sendo reconhecidas. A família continua cumprindo um papel essencial, mas de forma cada vez mais flexível.
(...) as caractersticas mais pessoais e particulares da vida intima do individuo
permanecem obscuras, somente se tornando sinais significativos quando so remetidas origem no corpo medicamente significante da famlia. Logo a famlia o segredo do individuo (Pster, 1979, p. 22). Dentre os animais existentes e conhecidos sobre a face da Terra, o homem o mais dependente ao nascer. Nesta situao, necessariamente deve ser alimentado, higienizado, aquecido, afagado, enfim depende de outros para alcanar as mnimas condies para manter-se vivo. Porm, tratando-se da espcie humana, no basta estar vivo. Ao entrar no mundo, o homem se introduz em uma organizao social nutrida pelas mais variadas necessidades e simbolismos, o que o coloca em contnua e indefinida dependncia do outro. Mais que isso, se comparadas a uma rede rodoviria, as relaes humanas no so vias de mo nica, pelo contrrio, so um complexo de caminhos pavimentados de parcerias, conflitos, paixes, angstias, contradies, embates e da por diante. Como diria Voltaire (16941778), "O homem entra em guerra, ao entrar no mundo". nesta "guerra" que se consolida a interseco entre o desenvolvimento do indivduo, o grupo social e a forma de produo e organizao da sociedade. O primeiro grupo ao qual o ser humano pertence, convencionalmente denominado famlia, algo muito velho e, paradoxalmente, muito novo. um conceito velho se considerarmos que o homem, invariavelmente, em seus primeiros anos de vida, vai necessitar dos cuidados alheios, e qualquer que seja o vnculo (de consanginidade, de filantropia etc.) que o prende aos adultos circundantes, deve contar com algum ou com um grupo de pessoas que lhe oferea os cuidados necessrios para sua sobrevivncia. um conceito permanentemente novo, medida que a famlia vai se transformando e remodelando-se de acordo com os contornos da sociedade na qual esta inserida. Trocando em midos - reconhecemos que estamos simplificando a anlise - diremos que na sociedade burguesa o sangue e a habitao em comum constituem-se em caractersticas determinantes da formao da famlia, cujos membros, via de regra, so constitudos de pai, me e filhos. A unio entre o homem e a mulher selada como eterna ou at a morte, e sua finalidade principal a reproduo. A manuteno deste grupo realizada pelo pai, provedor financeiro, e a me, provedora dos cuidados domsticos.
Ora, temos que reconhecer que atualmente, no Mundo Ocidental, do qual
podemos fazer afirmaes com certa segurana, esta formatao j ganhou outros contornos. Seno vejamos. Em nossos dias, pelo menos no Brasil, a necessidade tem levado a mulher a se introduzir no mercado de trabalho, o que lhe conferiu importante papel no provimento financeiro da famlia, no sendo raros os casos em que a nica provedora. Tal fato, por sua vez, vem promovendo o afastamento precoce dos filhos do convvio familiar, e assim o processo de socializao da criana est cada vez mais terceirizado (creches, escolas, natao, ingls, informtica ...). Neste sentido, constatamos tambm a necessidade de limitao do nmero de filhos, tornada possvel pelo desenvolvimento de mtodos contraceptivos cada vez mais seguros, o que, por sua vez, possibilita a desvinculao entre sexualidade e procriao. Na perspectiva sociolgica, temos o prestgio crescente dos valores individualistas, que tm favorecido "o viver s". Desta forma no raro mes e pais solteiros ou separados que assumem a responsabilidade dos cuidados com os filhos. Outrossim, graas aos avanos da medicina em relao longevidade, vivemos uma outra situao raramente encontrada em dcadas passadas: os avs (ou mesmo apenas um deles) vivendo s e regularmente (na melhor das hipteses) recebendo a visita de seus familiares. No campo das possibilidades cientificas temos, ainda, a fertilizao e reproduo assistida, que pode favorecer a reproduo sem o menor contato entre os progenitores e, mais que isso, favorece o aparecimento das "barrigas de aluguel" ou do banco de smen. No campo jurdico temos a legalizao do divrcio, o reconhecimento das relaes homossexuais. Enfim a formatao da famlia passa por um precipitado processo de transformaes de toda ordem, e seguir nesta discusso tarefa para um cuidadoso estudo sociolgico, que este espao no comporta. Com estas pontuaes pretendemos, apenas, estimular o debate sobre a instituio famlia, que, apesar de multimilenar, apresenta-se sempre com novas roupagens, em atendimento demanda da sociedade da qual o ncleo, o que a faz sempre nova na forma de constituir-se, na sua configurao e na sua dinmica interior. neste ponto, em nosso entender, que reside um dos pivs da crise de paradigmas que vivemos na atualidade. Cobram-se da famlia responsabilidades que ela no tem mais condies de assumir. Um exemplo bastante corriqueiro em nossos dias a cobrana das escolas quanto participao dos pais nas tarefas de casa dos filhos. Principalmente no Ensino Fundamental, a instituio escolar atribui queles o no-aproveitamento ou o baixo rendimento escolar do filho/aluno. Em geral, delega-se famlia a funo de redentora de tantas e to preocupantes mazelas sociais. E isto amplamente divulgado por todos os meios de comunicao. E mais: em geral conta com a anuncia de grande parte da populao, que no se detm para questionar qual a famlia que temos em mente. Enfim, Psicologia em Estudo rene neste nmero especial alguns estudos que, seguramente, vo nos auxiliar a rever o nosso conceito sobre famlia. Os artigos aqui publicados, resultantes de cuidadosos estudos acadmicos, certamente nos chamam a ateno para alguns dos modernos arranjos familiares e, nesta direo, favorecem a ampliao dos nossos limites de interpretar e analisar a "nova" famlia do Mundo Ocidental, no sculo XXI.
REFERNCIAS Poster, M. (1979). Teoria crtica da famlia. (Trad. lvaro Cabral). Rio de Janeiro: Zahar Editores.