Vygotsky foi o principal expoente da Teoria Sociocultural que enfatiza o papel da
interacção social no desenvolvimento do homem. Esta teoria concentra-se na relação
causal entre a interacção social do indivíduo e o seu desenvolvimento cognitivo. Ou seja, o conhecimento é construído nas interacções dos sujeitos com o meio e com outros indivíduos, e são estas interacções as principais promotoras da aprendizagem. De acordo Vygotsky (1978), o ser humano é um ser social, que constrói sua individualidade a partir das interacções que estabelece entre com outros indivíduos, mediadas pelos padrões da cultura vigente. O desenvolvimento e aprendizagem são processos activos, no qual existem acções intencionais mediadas por várias ferramentas. A mais importante dessas ferramentas é a comunicação, mais propriamente a linguagem, está na base do intelecto humano. Todas as outras funções superiores do intelecto desenvolvem- se a partir da interacção social com base na linguagem. Assim, a inteligência tem origem social e a aprendizagem acontece através de socialização, de forma interpsíquica, para posteriormente haver a construção intrapsíquica. Assim, para que ocorra a aprendizagem, há a necessidade de uma interacção entre duas ou mais pessoas, cooperando em actividades, possibilitando uma reelaboração intrapessoal. Torna-se então necessário definir o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, que consiste na distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. Para Vygotsky, a Zona de Desenvolvimento Proximal é considerada o ponto central da aprendizagem, onde se encontram as funções em processo de maturação. O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal foi desenvolvido dentro de uma teoria que possui como pressuposto que funções psicológicas superiores, exclusivamente humanas, têm origem social e cultural. Quando a mudança cognitiva ocorre, abrange o que é executado entre os participantes e como é executado. Isto é, a interacção culturalmente mediada entre pessoas na ZDP é internalizada, tornando-se uma nova função do indivíduo. Portanto, a interacção dos indivíduos, mediada pela cultura, pode levar o indivíduo a usar técnicas e conceitos aprendidos durante o esforço colaborativo para resolver situações de forma independente. Tendo em conta estes pressupostos, é possível considerar que a utilização de estratégias colaborativas e o uso de tecnologias comunicativas, podem levantar questões pertinentes, bem como, resolve-las através da emergência de novos conflitos cognitivos. A influência de outros indivíduos, actuando como promotores do crescimento cognitivo de si mesmos e de outrem constituem a espinha dorsal da aprendizagem colaborativa. A pedagogia da Escola Nova e a Pedagogia Progressista, juntamente com as teorias cognitivas formuladas por Piaget e Vygotsky, formam, indubitavelmente, as bases da aprendizagem colaborativa. As duas primeiras levaram ao questionamento das aulas centradas no professor, nos conteúdos estáticos e repetitivos e no currículo fechado, para metodologias de ensino centrada nos alunos e na compreensão crítica dos conteúdos, assentes em modelos curriculares abertos e flexíveis. As teorias Cognitivas de Piaget e Vygotsky trouxeram uma nova compreensão do processo de desenvolvimento cognitivo e de construção dos conhecimentos, na interacção entre o sujeito e o objecto de aprendizagem. A aprendizagem colaborativa, por suas características próprias, representa uma resposta teórica e metodológica, proporcionando uma forma de ensinar e aprender que supera o paradigma tradicional de ensino. A ideia de pedagogia progressista surge como sendo uma proposta que engloba os sujeitos na transformação social, além da mera promoção das necessidades e dos interesses individuais dos aprendizes. A proposta progressista, juntamente com o da Escola Nova, aproxima-se bastante da visão de aprendizagem colaborativa, pois insere a educação num contexto que valoriza a experiência de vida e a gestão do processo educativo pelo próprio indivíduo. A aprendizagem colaborativa possui uma forte influência neste tipo de educação na medida em que a valorização do processo de aprendizagem em grupo, pode conduzir à transformação intelectual do indivíduo e, concomitantemente, da sociedade através do diálogo e negociação. Esta proposta assenta num modelo curricular aberto, flexível e democrático, onde as oportunidades de ensino não estão confinadas à escola, nem dependem das indicações um professor autoritário. O aluno é um elemento activo na construção e desenvolvimento do seu percurso individual contudo, está dependente do contexto educativo onde está inserido, que deve criar situações para que este se desenvolva autonomamente.