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en © GABRIELA NUNES FERREIRA ANDRE BOTELHO organizadores & } DeCabvela Nunes Fei na Btora Hoe (io a Prat ea Comeide do Este pei Pout aurinte Pele brs bo Bacsal Fuge ere “Puurcunef? Pols kus Co Ainolsy | one durtoch’ we. REVISAO DO PENSAMENTO CONSERVADOR Ideias e Politica no Brasil EXTRACAO COPIAS Terly: ltd Bolel! pels ele Nu ves Fama, | Qrnt be De | EDITORA HUCITEC @_Fapesp So Paulo, 2010 SoLaNGs ELSTER CLP Br Cantogcorme Foe: ‘Sena Naloa Etre dees RD me asso enact conseradr ei pts Bell [Nove Fata GcAnis Bote, oases ~ SioPul: Hacker: Fp 2010, 3Eip ih (Peano pltcs- mil: 3) Inca ISBN 978-45-7970076-7 goin | Pi Caer Bet a 100 Pa Ede Apu oui do Eade Sp Pl Thao Meine (plltceno an Sie 11-0036. ‘opp sans bu 3.081) A memirade Gilde Maral Brando 10 | Sumario Capfralo6 ; 147 Corporativismos em perspectiva comparada, Itilia ¢ Brasil ‘entre as duas guerras mundiais Fabio Gentile Sejrunda Parte / PENSAMENTO CONSERVADOR MO FORCA SOCIAL Capitulo? _— 175. José de Alencar: da literatura a teoria politica Ricardo Rizzo Capfnulo 8 | a 206 O sentidodaindustializacto: polttcas econdmicas, mudanga, social ea crise do liberaismo na Primeira Republica Vera Cepéda Capitulo 9 7 233. Proximo distante: ural e urbano em Populagées meridionais © Raizesdo Brasil ‘Antonio Brasil Junior &¢ André Botelho Capitulo 10 | Octivio de Faria e a tragédia burguesa Elide Rugai Bastos a7: Capitulo 11 Sw ome? 311 O mundo portugues criado por Gilberto Freyre: Fandamentor, efeitos e possiidades do fuso-topicalismo ‘nos anos 1950 Simone Meeci Capfnalo 12 | 344 Gustavo Coreo: militante da ordem ¢ da autoridade Christiane Jalles de Paula 381 Sobre os Autores Introducdéo Revendo o pensamento conservador Gabriela Nunes Ferreira André Botelho conservadorismo, alerta Karl Mannheim (1982), nfo deve ser con- ndido com o tradicionalismo. Esse tltimo se apresenta como ‘uma caractersticapsicolégica universal, comum a todos os homens em todas as épocas, de apego quase instintivo a modos de vida antigos, em sgeral como reasio defensivaa tendéncias reformistas.O conservadoris- ‘mo, porsua vez, é uma estrutura mental objetiva, dinfmice e condicio- nada historicamente. Estrutura objetiva, pois se trata de um modo de pensar eagir que de alguma forma transcende a subjetividade indivi- dual, por ser fungo do desenvolvimento da sociedade. Diferentemente do tradicionalismo, quase exclusivamente reativo, o conservadorismo modemo & coerente ¢ reflexivo, pois surge como movimento consciente de oposigo 20 movimento “progressista”, ou 20 pensamento liberal- burgués. Porisso, diz Mannheim, em iltima instincia oconservadoris- moo tradicionalismo tornado consciente. (O pensamento conservador surge e se desenvolve no contexto damoderna sociedade de classes, marcado por seu dinathismo, por suas niitiplas e sucessivastransigdes; como fungio dessa sociedade, no um sistema fechado e pronto, mas sim um modo de pensar em continuo processo de desenvolvimento, E possivel, no entanto, encontrar alguns ‘ragos teérico-metodolégicos estruturantes do pensamento conservador, derivados do problema central que esti em sua origem, na Europa do século XVIII: a oposigao ao pensamento bascado no direito natural Opondo-se a0 contetido daquele pensamento, diz Mannheim, os 12 | Gabriela Nunes Ferreira & André Botetho conservaclores voltam suas crticas aos conceitos de estado de natureza, decontrato socal de direitos unversas do homem, desoberania popular [Nos seus aspectos metodolégicos,o pensamento biberal-burgués €ataca- docm visas fentes: 20 racionalismo daquele pensamento, os conservado- ia, ino 08 conceitos fundamentais léncia dedutiva da escola ba “para combater a renga liberal-barguesa ne apicabilidade universal de todas as inovagées polscas esociais’ (Mannheim, 1982, p. 135), cons- gues uma cha- 10 todes onginicos, versal de todos, os homens também &atacada, através da ideia de indvidualidade. ‘Alguns asp substantivos do pensamento conservador so também ressaltados por Nisbet (1980) com base na anise da obra de seus principais expoentes. Estmturado como reacio ao Thuminismo € as grandes transformagées impostas pela Revolucfo Frances e pela Re- volugio Industrial, 0 conservadorismo valoriza formas de vida ede orga nitzagdo social passadas, cujas raizes se situarn na Tdade Média, & co- mum entre os conservad portincia dada &religio;avilorizagao es intermedifrias situadas entre o Estado ¢ 0s individuos desonganizasio social visto como consequéncia des mudangas vividas pela sociedade ocidental. ‘Sco pensamento conservador,na sus origem, desenvolve-se como teagio as maltiplas transigdes vividas pela sociedade moderna ociden- tal, e tem como trago uma valorizario do passado ¢ dc suas formas de corganizagio sociale politica, € interessante observar de que forma(s) esse pensamento chega ao Brasil. A avaliagao do passado colonial pare- ‘ce seruma questio-chave, e espinhosa, que. pensanento conservador brasileiro deve enfrentar. Como valorizar formas passadas de organi- ‘2agio social e politica em paises como o nosso, que 9 existem enquanto Revendo o pensamento conservador | 13 tais justamente a partir do rompimento com o passado, por meio da situagio colonial no pés-independéncia, tanto em tezmos politicos, com ‘a permanéncia da monarquia encabegada pelos Bragangas, quanto so- cioecondmicos, com a perssténcia da escravidio, do latifinctio, daagri= cultura de exportagio. Se, de um lado, 0 pensamento conservador no Brasil inspira em parte no conservadocismo europeu, de outro ado, os nossos conserva~ dores devem lidar com as transigdes © continuidades vividas pela sociedade brasileira ao longo do tempo, muito diferentes das que esto. sa raiz do conservadorismo clissico, Em grande medida, as caracterist- cas, ambiguidades ¢ enfientamentos do pensamento conservador bra~ sileico,vislumbrados nos artigos reunidos neste volume, tém nessa dis- ups asua origem, Axrevisio do pensamento conservador brasileiro constitui cer- tamente tarefa coletiva, ¢ fo apenas de um pesquisador. No caso da tem em mos, atarefa foi assumida pelo grupo de da Fapesp (Fundagio de Amparo & "Linhagens do pensamento politico- social brasileiro” em desenvolvimento no Cedec (Centro de Estudos de Cultura Contemporinen) Além pesquisadores com os ‘quais os integrantes do grupo vém desenvolvendo dislogo em diferen- tes runs se untaram ao projet desta publicago como convidados,é0 caso de Christian Bdward Cyril Lynch, Christiane Jalles de Paula, Ri- catdo Rizzo e Simone Meucci. A participagio desses pesquisadores veio somar forgas para su- perar os desafios que o grupo do projeto tematico se propés a revisio do pensamento conservador, pela qualidade dos seus trabalhos, péde ser assumida de modo zinda mais plural. Esse €um ponto central da ‘presente publicagdo, Mais do que a perspectiva teérica ou metodolé- ica, para nfo falar de interpretagées substantivas, o que unifica os , femos ainda o trabalho de Fabio Gentile “Corporativismos em ‘perspectiva comparada Ilia e Brasil entre as duas guerras mundiais", O problema ¢ abordado com base na obra de dois dos mais importan- tes pensadozes da crise doliberlismo ¢ do mito do “Estado Novo" na primeira metade do século XX: ojrista italiano Alfredo Rocco, o prin= cipal teérico do corporativismo fascist totalitiro eformulador da es- ‘rutura juridica da Carta del Lavoro 1927 (o documento central do corporaivismo fiscista)e Oliveira Vianna, socislogo eurista brasileiro, ‘e6rico do corporativismo autoritério e colaborador na elaboragso da CLT (Consolidagio das Leis do Trabalho ). a ; 18 | Gabriela Nunes Ferreira & André Botetho nova compreensio programaliteririo, queéa corliterdrio de Alencar nada ¢ ale José de Alencar: da literatura Ricardo Rizzo em . parexerplo, 0s iaar dio matéria& reflexion p ladae indicam uma tentativadeletura da sociedade que apareceri como suposto sociolgico da sua teoria politica. Analisan- cdo passagem da literatura teoria politica eo entrelaramento entre os niveis mais geral e contextual em que seu pensamento se estrutura, Rizzo vai demonstrando como José de Alencar preocupou-se com 0 problema da integrasio social que nascia com a agonia da escravido. ‘O tema da transigfo volta no artigode Vera Alves Cepéda,embora referido. outro contexto ¢ outras questées. Em “O sentido da industria Iizagio: poiticas econdmicas, mudanga socal ea crise do iberalismo na ‘Primeira Republica’, Cepéda rediscute Primeira Republica tendo em vista que na década de 1930 ocorreu no Brasil uma mudanga ideolégica profunda e muito sign sustentavam a vocapio agri vencionista de defesa ede perspectivas inte substtuigdo crise da hegemonia politcaliberal da ‘eda teoria das vantagens comparativas (suporte da economia primétio- exportadora), surge a centralizacio e protagonisino do Estado ea acei~ ‘ago daexplicagio econémica do subcapitalismo como oeixo que orga~ niza e dé sentido A modernizago em curso. Para xesponder a pergunta crucial do trabalho — como este processoideoligico sc dou? —a autora privilegia andlise da produgio intelectual da época, com o propésito de explicar a mudanga semaintica que ocorre por denére do diseurso das politicas de protecio a0 café em rota de ressignificago A comparagio entre volta no artigo de Antonio Brasil Juniore André Botelho, que rediscutem a transi¢o do rural ao urbano Revendo 0 pensamento conservador | 19 tagées do Brasil de Oliveira Vianna e de Sérgio Buarque de wos autores de “Préximo dstante: rurale urbano ema Po- 1ovimento analitico que aque- rurais da sociedade brasileira ‘flex sobre osentide que o izagio, que ento comecava-se a Contextualizando ainda mais de urbanizacio e que as inovagies associadas i modernizagio capitalista¢ de que os anseios mais difusos de progresso materiale cultural do period pudes- sem vira se realizar num vazio de relagdes sociais, Porisso, esses ensaios cextremamente sensiveis A maneira pela qual a urbaniza~ 40 ¢ os regimes agririos preexistentes forgosamente interagiram na , 1981, p. 169) Mesmo quando, diante da caéticasituagio do imediato pés-in- dependéncia, se pass a encarar mais positivamente a cstabilidade que teria existido durante o dominio espanhol.e portugués, nfo se chega a defender abertamente a ordem colonial, Mas ironicamente, « novi or= ganizacio politica coexiste, mais do que na Europa, com a estrutura 1 pias, o cor angen de Blo mgee gue e ates disso, v 80 | Bernardo Ricupero econ6mica socal anterior, baseada na produgio em grandes proprie~ ‘daces rurais, onde se utilizar formas de trabalho extraeconémicas, como sescrvidio ea encomienda. Mesmo assim, reticéncias que normalmen- teaparecem quando se lida com o passado colonial ea independénci «stdo na raiz de muitas das dificuldades de se caracterizar 0 conserva~ dorismo latino-americano. ‘Um exemplo notivel dessas dificuldades se encontra na obra de Francisco José de Oliveira Vianna. Ao mesmo tempo que considera que o latifindio teria sido, durante a colénia, o principal instrumento de adaptagio do colono europew ao ambiente americano, ele 0 vé, depois daindependéncia, como principal impedimento 3 obra de unficasio nacional, que entio se imporia. Em poucas palavras, 0 jurista lumi- nense considera que sio dois objetivos diferentes presentes em mo- smentos varados da histéria brasileira: na coli, se tratara de se adap- tar 0 meio, no pés-independéncia, seria preciso estabelecer uma rnacionalidade, Naverdade, autores que, diante de um mundo em profunda trane- form: tam com nostalgia parao passa, como os conservado- ras ena América Latina, Um delesé ercebe no pr6ptio tom dos seus traba reo patriarealismo;o'pessimismo cresce quando passa da and- formagdo da familia patriarcal em Casa-grande € senza, para sua decadéncia, em Sobrados e macambos © Orden progress Nessa perspectiva, pretendo neste texto, partindo da an obras de Oliveira Vianna ¢ Gilberto Frey, indicar ceros dilemas pre- Sentes no pensamento conservador brasileiro. Mais especificamente, interessa-me verifcar seo conservadorismo no Brasil, ao adotar uma postura ambigua diante da colénia e da independéncia, se afasta da atitude dominante no conscrvadorismo clissco, de valorizar passado. Nessa orientagio, as obras de Oliveira Vianna e Gilberto Freyre podem nos se iteis em razio de srem ilustrativas de visoes diferentes sobre 0 passado colonial e 0 spendéncia brasileiro, Acredito, Porém, que a ambiguidade do jurista fluminense diante dos dois mo- ‘entos é mais representativa do conservadorismo brasileito do que a vlorizago da colonia pelo sociélogo pernambucino, © conservadorismo dif Portanto, quero de certa mancira,avaliar sco conservadorismo no sim como o liberalism, pode ser considerado uma “idea fora dolugar" (Schwarz, 19924). Se for esse o cao, talvez se possam perce ber novas possibilidades para a tese das “ideias fora do Ingat’. Isto é ‘no 66 o liberalismo mas outras ideias produzidas na Europa estariam, “ora do lugar” no Brasil, Nessa perspectiva mais ampla, o mais nteres- sante nfo so tanto as coincidéncias entre, por exemplo,o conservado~ servadorismo brasileiro, mas suas divergéacias. ‘am para as nudangas que referéncias intelec- ambientes sociais.” Aambiguidade de Oliveira Vianna diante do passado Oliveira Viana é um autor que, de maneira eral, valorizao pas- sado. Na verdade, até 0 iealiza, ao sugerir,por exemplo, que a coloniza- 0 do Brasil ei ialmentetealizada por fidalgos provenientes dos ramos mais ustres da nobreza portuguesa. Mas, ainda mais impor ‘ante, colonos deorigem plebeia teriam posteriormente realizado a obra que entio se impunha, de adaptaczo ao ambiente, raduzida na “rura~ lizagio da populagao colonial” (Oliveira Vianna, 1978, p.31). Ouse} contra aorientagio centripeta dos primeiros colonos se chocaria a ten- déncia centrifuga do meio americano, 8 qual colonos vindos posterior ‘mente teriam sabido se adaptar. Oprincipalinstrumento de' espécie de pequeno mundo em ormismo rural" seria o latifiindio, prevaleceria a vide postion, como Open Vianna Wandeiey Gu © problems no libero — pretenses aco [insconl ~e es iio uensior es 3 io xX, x 82 | Bernardo Ricupero sendo comum afirmar-se que precisa- pélvora echumbo, Atraisiam pratica- mente tudo que a colonial, como que reunindo vias, indistria, comérco, et, Os grandes dominios exercesiam, portanto, uma ‘verdadeita Fangio simplificadora sobre o restante da sociedade, anna chama de quarto século snhores rurais st encontrariam, no Poracaso, quase ausentes da adn a colbni, que sera reser- ‘vada quase exclusivamente a metropolitanos. Apenas a transmigragio da fami real portuguesa tetia posto fim a esseisolamento. A nobreza nativa se confrontara, entfo, com outros dois grupos: os mercadores pportuguess, enriquecidos pela abertura dos ports, eidalgos, também lusitanos, vindos com a familia eal. Entre 1808 e 1822, ce disputar a primazia politica. Os pro trios rurisbrasileiros se comportariam como uma arstocracia fu +a plenamente adaptada a0 meio, os mercadores portugueses como uma burguesia que, apesa da origem reno, se encontrarano Brasil da histéria brasileira, os grandes Vianna, jf que cla seria a nica classe com verdadeira base na sociedad brasileira, Noentanto, abandonada a atistocracia da tera, seria incapaz de dar inicio & obra: nacional. Dela no poderia provirsolidariedade social, os caudilhos que a comporiam formando cls, que lutavam entre si, Como resolver o problema? Se a aristocracia é incapaz, por conta propria, de estabelecer a unidade nacional, ela teria de vide fora, da Corea, Isto é para criar anagio, a Coroa, com que filtaria os elementos provenientes de nobreza da terra mais capazes de contribuir paraa teeta. © conservadorismo dificil | 83 ‘Consequentemente, a avaliagio de Oliveira Vianna sobre o lati~ findio se modifica de acordo com o momento hist6rico que analisa, Se na colinia,o identifica como principal instrumento para a adapta 5 depois da Indepen- tics, a autossuficiéncia, passa aavé-lo como impedimento mais ério para a tarefa de unificagéo nacio- ‘nal que enti se imporia. ‘Antes da independencia, praticamente nfo exstria sentimento nacional. Apenas a fidelidade a0 imperador tera evitado a secessio do Brasil, Por exemplo, nas Cortes portuguesas, convocadas depois dare~ volugio liberal de 1820, os deputados brasileiro, como admit o futuro regente Diogo Feiss, comportavam-se mais como representantes de suas provincas do que do pais. A propria independenci s encontrow apoio centro, os caudilhos e a nagio” (Oliveira regulador d sero grande inimigo spareceria como eleme caudilhismo. no da caracterizagio do latifindio, gira boa parte da con troveérsia sobre a obra de Oliveira Vianna, O argumento de que seria necessrio para a Coroa controlar o patriarcado rural parece correspon der tese de Wanderley Guilherme dos Santos sobre o “autoritarismo instrumental”, Segundo ela, a eficicia das insituigdes seria “Fungo da ordem sociale politica envolvente”, Portant,incumbiria “ao poder politico cistente mante,eventualmentecriar evolucionariamente,a ordem que corresponde as preferéncias dominantes" (Santos, 1987, p. 50). Em ou- tras palavras, autores como Oliveira Vianna e, antes dele, o visconde do ‘Unaguai perceberian que seria necessrio adaptarasinstituigBes &rea- lidade social, com o intuito de conservar ou transformar essa tims. Segundo Santos, realismo dos conservadores contrasta com 0 verdadeito “fetichismo institucional” dos iberis. Estes acreditariam que 84 | Bernardo Ricupero iuigSes existentes na Europa ¢ nos EUA para stutomaticamente, numa sociedade conservadores e liberais concordlariam, entretanto, quanto 20 objetivo a perseguir: a instauragio, no Brasil, de uma ordem burguesa anéloga & europeia ¢ norte-americanta. Para impéla, seria nevessério vencer 0 pode dos senor less, neesidade da qual acreditao ator 08 con 3) argumentam que a postura de Oliveira irados principalmente por Richard Morse 30 como uma ds possiveisrespostasd mo~ demnidade. Ao passo que @ Anglo-América teria como que sido funda da pelas revolugdesreligiosaecientifica do século XVI, 0 mundo ibérico teria praticamente ignorado essa duplarevolugo.* ‘Na pare norte do continent, a sociedad seria baseada ma ideia de contrat, livre associagio dos individuos que a com con trastaria com a postura organicista dominante na parte sul, de acordo coma qual, cada grupo social desempenharia uma funglo. John Locke seria um autor paradigmaticn para a Anglo-América, Santo Tomis de Aquino para a Tbero-América, Portanto, mais do que incompatibilidade entre as duas partes do continente americano — protestante e catética —xistiia uma incompreensto mitua entre elas. Carvalho (1993) e Wemneck Vianna (1996) argumentam, assim, «que. prdpria agio do Estado no pés-independéncia procuraria manter antigos valores ibéricos, o Estado continuando a comportar-se de ma- ‘© Brasil acabasse por encontrar “cultura politica ang ppasso que Carvalho (1993) insiste em que 0 modelo ¥ argumento de Mos colaborou na pesquisa sob O conservadorismo dificil | 85 autor de Populagtes meridionais do Brai?“nio era do capitalismo in- dustrial” Isto 6 08 valores desse catdico, fio e neto de fazendeiros, scriam pré-capitalistas, De qualquet maneira, 0 mais importante nessa controvérsia 8 sespeito de Oliveira Vianna e, na verdade, a espeito do pensamento conservador no Brasil € simplesmente deixar claro que se ¢ relativa~ mente fil por-se de acordo em relagio aos instrumentos de aso pol ‘ica preconizados por essa tradigio politica o mesmo nfo ocorte com os valores que aorientam. Gilberto Freyre e o presente como decadéncia na experiéncia brasileira. A cast-gra Jeza, capela, escola, oficina, santa casa, harém, convento de moga, hospe- asia, [..]baneo” (Freyre, 1963, p. 15). Seu predominio pernitira até vincalar a colin brasileira ao feudalism, Ow melhor, o sistema de grande plantagio. relacionados com sua: a0 feudalismo, ligadas a sua autossuficiéncia. ‘Mas junto com acast-grande aparcceriaasenzale, eo escravo, ete. —nio cheparia a se

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