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144 FINANCIAMENTOS PARA O PROJETO 6.1. CONSIDERAGOES iNiCiAIS A execuc3o de um projeto dependeré fundamentalmente dos recursos dis- poniveis interna e externamente a empresa. O capital proprio que a empresa colocaré no projeto é um elemento impor- /tante para a determinacgo do investimento total que pode ser feito, uma vez que | muitas instituigdes s6 emprestam até certos limites deste capital proprio. Nestas condicdes, @ disponibilidade de recursos internos e/ou externos po- derd limitar 0 tamanho do processo que se pretende implantar. Além disso, o en- dividamento excessivo (possivel apenas se 2 empresa jé possuir um patriménio adequado) pode acarretar um risco financeiro elevado, com a possibilidade de / comprometer a viabilidade do projeto. Isto ocorreré porque os recursos externos exigem uma remuneracdo fixa e preferencial, pois so recursos que nao partici- pam do risco comercial associado ao empreendimento. Qutro aspecto importante da deciséo de financiar 0 projeto-diz respeito a0 custo do capital para a empresa. Este custo esté associado 20 custo dos recur- sos préprios (ages ordinérias e recursos préprios gerados internamente, como lucros retidos, depreciagdes acumuladas etc.) e a0 custo dos recursos de tercei- ros (ages preferenciais, debéntures e empréstimos). SO sera interessante execu- _tar_08 projetos cuja rentabilidade seja superior a média ponderada destes custos, “isto €/ a0 custo do capital para a empresa. Isto significa que 0 custo do capital & um importante elemento para a selegao do projeto que sera escolhido para a im- _Plantacao. Neste capitulo tratar-se-4 apenas dos recursos obtidos através de emprésti- mos, uma vez que so as fontes mais relevantes de recursos para projetos indus- triais. Deve ficar claro, entretanto, que a otimizacao de estrutura financeira e a conseqiente minimizacao do custo do capital para a empresa sdo fatores que de- vem ser considerados quando se tratar de uma andlise mais refinada e/ou quando cada caso particular assim o exigir. 6.2. FONTES DE RECURSOS 6.2.1. Preliminares j; Para que © projeto obtenha crédito ser necesséria a existéncia de algumas /precondigé jeve ter_garantias reais, aportar uma parcela preestabe- lecida de recursos préprios, demonstrar que o projeto é rentavel e que esta em / condigdes de atender aos compromissos a serem assumidos,-Esta ultima cont ico. diz respeito 8 capacidade tinanceira do projeto, ou seja, 4s receitas previstas de- vero (pelo menos) cobrir os custos varidveis (de producdo), os custos financei- ros (juros) e gerar recursos de caixa suficientes para devolver o principal 6.2.2. Caracter(sticas que diferenciam o aporte proprio dos recursos de terceiros / Os empréstimos vencem em datas prefixadas, quando devem ser restitut- dos, sendo que os direitos dos credores tém prioridade sobre os direitos dos pro- prietérios no_caso de uma eventual liquidacdo. O pagamento do servico da divi da (os juros) pode ser considerado como custo fixo, uma vez que o mesmo no depende da eventual existéncia de lucro. Ou seja, o empréstimo nfo participa no fisco_empresarial associado ao projeto. A grande vantagem do empréstimo, em termos de projeto, € que os juros apresentam o efeito fiscal de poderem ser considerados como custos, isto é, diminuem o imposto de renda a pagar. Por seu lado, a menos que seja feita uma sociedade com durago limitada, © capital préprio nao tem data de vencimento. Os acionistas tém direito 4 remu- neragdo pela participacdo no risco empresarial, 0 que se traduz pelo controle administrativo do empreendimento e pelo recebimento de uma remuneracéo média maior 6.2. Fatores a serem considerados na selecdo das fontes de financiamentos// O ponto de partida para a andlise dos recursos a serem aplicados no proje- to é a determinacdo do volume total de investimento a ser feito e 0 correspon- dente cronograma de desembolsos durante a implantac%o. Com esses dados, se- r possivel a busca e selecdo das fontes de recursos capazes de satisfazerem as necessidades do projeto. Como existe certa rigidez na oferta de fundos no Bra- sil, © proceso de selecdo da estrutura tima de financiamento acaba restrito a Poucas opeées. Mesmo assim, existe a necessidade de fazer um compromisso en- tre 0 que a empresa espera conseguir de recursos e as condi¢des que os draaos fi nanciadores acabam impondo. Os fatores mais relevantes s8o os seguintes: a) Compatibilidade A empresa deve procurar adequar os fundos as aplicagées previstas, Como as aplicagées no projeto sao divididas basicamente em ativo fixo e em capital de giro {excluiram-se outras aplicages como as aplicadas em pesquisa, por exem- plo), tem-se que 0 ativo fixo e o capital de giro préprio devem ser financiados com 145 recursos préprios e empréstimos de longo prazo. Isto deve ser assim porque es- tas aplicacBes tém retorno mais lento na operacdo normal da empresa industrial, no sendo vidvel seu financiamento com recursos de curto prazo, que so nor- malmente muito mais caros. Ja uma parcela das aplicagdes em capital de giro, sobretudo aquela devida a variagdes aleatorias e/ou a financiamentos normalmente obtidos dos fornece- dores, deve ser financiada com recursos de curto prazo. A Figura 6.1 ilustra o que foi dito. VALOR, (s) CAPITAL DE | | EMPRESTIMOS DE GIRO CURTO PRAZO EMPRESTIMOS DE LONGO PRAZO CAPITAL PROPRIO. es IMPLANTAGAO OPERAGAO EO: Figura 6.1. Consideragoes a serem feitas na selegdo das fontes de financiamentos. b) Risco A existéncia de um conflito entre risco e remuneracio é o que explica, em grande parte, as diferencas de rentabilidade observadas. /Desse modo, observa se a remuneracdo crescente que vai desde o capital obtido por empréstimo, pas- sando pela debénture, até o acionista da empresa (sendo que a acdo preferencial, em tese, recebe menos lucro que a ago ordinéria): A existéncia de remuneragéo diferenciada em fungio da fonte de recursos obriga a empresa a procurar estabelecer um conveniente balanceamento entre as fontes, para minimizar seu custo de capital. Em termos financeiros, define-se como risco primério 0 risco associado & possibilidade de que o fluxo de caixa gerado pelo projeto nao seja suficiente pa- ra pagar os juros e as amortizagdes das dividas (bem como os juros devidos as debéntures e 0s dividendos obrigatérios dos acionistas preferenciais|. O risco secundério diz respeito possibilidade de que os acionistas possuidores de aces ordinarias nao sejam remunerados. c) Rendimento Este fator esté intimamente relacionado com o anterior. A necessidade de remunerar 0s diferentes riscos implica que a rentabilidade do projeto deve ser adequada. O mesmo pode ser dito da estrutura financeira da empresa, que deve 446. ser favoravel/ / ) Controle A prioridade, por parte do acionista ordinério ou dos empreendedores que forheceram 0 aporte préprio, em manter o controle do projeto limita a capacidade da empresa para obter recursos adicionais.Asto ocorre porque, caso o grau de en- dividamento seja muito elevado, os credores podero querer interferir na empre- sade modo que seja.garantida a restituicdo dos empréstimos. e) Flexibilidade Ss >

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