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Tente imaginar a vida sem cronometragem.

Voc provavelmente no consegue, ordena o tempo da maneira que foi


treinado para fazer: enumera dias, meses, anos...
Mesmo ao seu redor, a natureza ignora a cronometragem.
Pssaros no esto atrasados, ces no checam o relgio, tigres no se
preocupam com aniversrios. S o homem mede o tempo, s o homem vigia
a hora. Por causa disso, s o homem sofre de um medo paralisante que
nenhum outro ser aguenta: o medo do tempo acabar.

O tempo tem uma boca imensa. Com sua boca do tamanho da eternidade
ele vai devorando tudo, sem piedade. O tempo no tem pena. Mastiga rios,
rvores, crepsculos. Tritura os dias, as noites, o sol, a lua, e as estrelas. Ele
o dono de tudo. Pacientemente ele engole todas as coisas, degustando
nuvens, chuvas, terras lavouras. Ele consome as histrias e saboreia os
amores. Nada fica para depois do tempo. As madrugadas, os sonhos, as
decises, duram pouco na boca do tempo.
Sua garganta traga as estaes, os milnios, o ocidente, o oriente, tudo
sem
retorno. E ns meu neto, marchamos em direo a boca do tempo.

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