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i ae Fens te ivatmoedacal ——Geatlee Be snc Tam Se te Ee Bn on) ee ee lt Comes aPawAsi. caTALOGACAO.NAFONTE SINDICATO NACIONAL DOS ESFIORIS DBLIVROS.R {On nn deme Windy Gen orp: Mio ode ilies fetta «ee hae * ait ae Satan «COMER ee ein Isa45 010155 un) IS8N8508 1163 msn) chao Inger cane ome ta alo dc adn Er fi, 2006 £ Onin ieetia bocca" carosesseo oh fist $oosn- re so07Ne =? CONCEPCOES DE LINGUAGEM E ENSINO DE PORTUGUES* ‘Joao Wanderley Gerad ere pale cmpr du fe demi pf deg pre eu compan dep ge pcp. cin jenn pad engl doin, Tod pare sere de pei awn om rela co nee. Mons Bucs O bao nive! de uttizagso da tingu Niciezti ds eicitacis que poser sr pon come resultados do que jf nos habicuamos a chamar de “crise doi Sisema educacional brasileiro, ocups aga prviepado o bina nivel de desempenho linghstico demonstado por eudantes na utilzasio da lingua, quer na modalidade orl, quer na madalidade excita Nio fala quem diga que a juventude de hoje nfo consegueexpresar se ppensamento; que, estando a humanidade na “era da comiunicasso", Int incapacidade gencalzads de atcule um jul e straturar lin pilistcamente uma senrenea. E, para comprovar tai afrmagées, oF exemplos so abundances a redagdes de vesibulandos, 0 vocabultio| ds ghia jovems obaixo nivel de leitura comprovivelfacilmente peas busastragens de nossosjorais,revrtar, obras de fegS0, ec. ‘Apesar do rango de muita dssasafrrmagées e dos equlvocor de algumas expliages,énecesiioreconhecer um facts deol, no interior desta, do ensino de lingua poreugucsa al como vem sendo Praticado na quase totalidade de nosas als Reconhecer e mesmo partilhar com os alunos a fracasio nfo ‘significa, em absoluo,responsabilizaro profestor pelos resultados insatisftérios de seu ensino, Sabemose vivemos as condigBes de Baio na doe ae er em "Sir mations om Ge nyt popu sme ae fem sto apt FEE CeaEe Ee trabalho do profesor, expecislmente do professor de primeicoese- fzundo graus. Mais ainda, sabemos que a edueagio "tem mutas ve- ssid rlegada&inércia adminisrtva, a professores mal pagos¢ ‘mal remunerados, a verbas escasas e aplicadas com tal falta de racionalidade que nem mesmo a légics’do sistema poderia expli- car (Mello, 1979) Accitamos, com a mesma autora citada, a "premissa de que pena a igualdade sociale econdmica garance a igualdade de con- digbes para ter aceso 40s beneficioseducacionais", Mas acredit- ‘mos eambém que, no interior das contradigbes que se presentificam 1a pric efetva de sala de aula, poderemos buscar um espago de atungdo profsional em que te delinie um fazer agora, na escola {que temoe,alguma coisa que nos aprosime da escola que quere- ‘moe, mas que depende de determinantes externos as limites da aso da ena pedpea escola "Neste sentido, ar quests aqui levanadas procuram fugir nto da recita quanto da denna, buscando consruiralgumaalerat ‘ade ago, apesar dos perigoeresutanes da complexilae do tema: ensino da lingua matera. ‘Uma questdo prévia: a opeao politica e a sala de aula__ Antes de qualquer considrasio epecfca sobre a aividade de sali de aula, € precio que se tenha presente que toda e qualquer ‘metedlologia de ensinoartcula uma opeio politica que envlve ua teoria de compreenso cinterpretagso da realidade com os mecanis ‘mos uilizados em sal de ala, "Assim, of conteos ensnadas, © enfeque que se dia eles, as cscragias de trabalho com o8 alunos, abiliografia ulizada sis tema de wvaligio,o tlacionamento com of alunos, tudo cores ponders, nas nota atvidadesconcretas de sala de aula, a0 caminho pr que optamos. Em geral, quando se fala em ensino, uma questio| prévia~ para que ensinames 0 que ensinamos, esa conelat: para ‘que a crlangas aprendem o que aprendem?~ ¢exquccida em bene Ficio de discusses sobre o como ensnar, © quando ensinar, © que ‘nsina, et. Precesme, no entanto, que 2 resposta ao “para que” deck eferivamente ax dicetriaes bdsices das reepostas. (Ora, no caso do ensino de lingua portuguesa, uma resposta 20 “para que” enwolve tanto uma conepeao de lnguagem quanto um postursrelaivamente educagso Uma eoutra fam presents na riculagdo metodolégia. Por isso sto quests prévas. Atenho-me, ‘qui, a consderar a questi da concepsio de linguagem, apesar dos Ficoe da generaliasSoapressa. Concepgdes de linguagem Fundamentalmente, tre concepgées podem se apontadat: + Alinguagem 62 expr do pensament: essa concepsio ime 1a, basieamente, or estudostadiionais. Se concebemosalin- {puagem como ta, somos levados a afrmagbes—correntes - de {qe pessoas que nfo conseguem se expres nfo pensar, «+ Alinguagem ¢inraments de comanicapa xa concept igs aa teria da comunicaco e ea lingua como cio (conjunto de Signs que e combinam segundo regs) capa: de transmits 20 ‘meeptor cera mensagem, Em lio dditicon,€ concep con- fei nasinsrugies 20 profesor as inuoduges, nosis, em- bora em gel ej abandonada nos execs gmat. + Alinguegem és forma de interagae ais do que posibiltar ‘uma trnsmissio de informacSes de um emissor um receptor, A linguagem évisea como um lugar de interag3o humana. Por ‘meio dela, osujeto que fila pratica agbes que ndo conseguira leva &ctbo, a no ser filando; com lao falanve age sabre 0 jovinte, constituindo compromisios e winculos que no preexisiam 3 fala. Groo modo, es tbs concepgdes cortespondem is ts grandes, correntes dos estado inguticos: ‘+ a gramitica tradicional; + ocstruturalismo eo transformacionalismo: * alingnstia da enunciagto, A diseusio aqui proporta procurard se sinsar no interior da ter xia concepsio de linguagem. Acredito que ea implica uma pos tura educactonal diferencia, wma ver que situa linguagem como ‘lugar de consiuigao de relagessoias, onde os flantes se tor~ nam sujeitos. A interagao tingiistica A lingua 6 tem existncia no jogo que se jogs na sociedad, na imerlocugio.E€no interior de seu funcionamento que se pode po ‘ura estabelcer as regras de tl jogo, Tomo um cxerplo Dado que alguém (Pedr) dij outro Jos) uma pergunta como: “Voc foi 20 cinema onter?", al filade Pedro modifies suas rela cs com Jos, eabelecendo um jogo de compromisos ars Jed, 8 hf das posibilidades: esponder (sim ou nio) ou pér em ques. so 0 dirito de Pedro em Ihe digit tal pergunta(fazendo de conta ‘que nfo ouviu ou respondenda “o que Voce tem a ver com iso?) No primeiro caso difamoe-que José acitou o jogo proposto por Pedro, No segundo cso, Jost nfo aeitou o jogo pbs em sucsie o réprio dirito dejogar asumido por Pedra Escudara lingua é ento, recat detecar os compromisios que «tiam por meio da fale a condiges que devem ser preenchidss por tum flante para falar de cera forma em determinada sagan conor, rade incerasio, Dentro de tl concep, ji ¢ insuficiente fazer uma tpologia te fees afimativas, inerogaivas,imperativase opaias a que scamos habituados seguindo mantis dditcon ou geamdtios es Tae. Noensno da lingua, nesta perspective muito mas importer. ‘e estudar as elagdes que se consttuem ente os sujctos no momento «em que filam do que simplesmenteestabelecerclasifeagSes dene. ‘mina os tipos de entencs. Asemocratcagto daescola 20 jogat-nos dretamente no estudo dali. tagem em funcionamento, também nos obriga a uma posi, ‘avala de aula, em relaio is variedades lingusticas. Refieon ag Problema, enfrentado cotdianamente pelo profesor, das varied des, quer sociais, quer regionaie. Afinal ~dadas a diferenga di letise dado que sbemos, hoje, por menor que ssja nossa forma 0, que tis variedades correspondem a dstinas gramitcas como agie no ensino? Parece-me que um pouco da sesposta& perplexdade de todos aqueles que, de uma forma ou de outa, esti envelvides com ovate, ‘ma escoar, em relagio ao baito nivel do ensino contemporinc, pode ser buscado no fato de que a escola hoje nfo recebe spenatslence Provenientes das camadas mais beneiciada da popula, A democraizagio da escola, ainda que fas, touxe em seu bojo ‘utr clientlae com el dferencas dali bastane aentuadas, De "epente, no dams als sé para aquels que pertencem 4 nota ge o social. Representantes de outros grupos esti seta aos barcos ‘scolares. E les flam diferent iabemos que forma de ala que foi leva categoria de Mngua ala em a ver com a qualidade incrinseca dea forma, Fato ise. £08 (econémicos politicos) deteminaram a “legs” de ums forma como 2 lingua portuguesa. As demais formas de falar, que no ‘omrespondem 3 forma “elec, so todas postas num mean saco ‘ualfcadss como “ertOneas", “dseleganter, “inadequadas para a Entretano, uma “varicdade linghistia ‘vale’ o que Yale’ naso- cledade o seus alints, isto, vale como reflex do poder da sto. ‘dade que cles tém nas regis econdmicasesciis. Esa alrmagso valida, evidentemente, em termos interno quando confrontanon varedades de uma mesma lingua, eem termov externs pel pretigio as linguas no plano internacional” (Gaere, 1978) ‘A teansformasso de uma variedade lingiistica em vatiedade “cult” ou “padro" etd associa a vitios fatores, entre ot quis Gnerre sponta + a associagio dessa varedade & modalidade escrita: + a asiociago dessa varedade a tradigio gramaccal; * a dicionarizaio dor sgnos dessa varicdade, * a-considracio des variedade como poreadoa gina de uma tudo cucu ede uma identdade nacional, Agora, dada a situag defato em que estimos, qual podeia sera attude do professor de lingua portuguesa? separagio care a fora defala de seus alunos ea variedade lingstica considera Spada cvidene.Sabendovse que tas diferncas so revladoras de cuted fetengas ¢sabendo-se que a "lingua padrio" resulta de uma imperigio ‘cial que desclasifica os demas daletoe,quala posture aseradonada peo profesor? ‘Dominar que forma de falar? Parece-me que simplesmentevalorzar as formas dialetais cons eradasnio cults, ma lingsticamente vidas, tomando-as como o objeo do proceso de ensno, € desconhecer que “s comesar do hivel mais elemenar de lagSes com o podet, a inguagem const ' arame farpado mais poderoso para bloguear 0 aceso a0 poder” (Ganexe, 1978) ‘Como aponta Magda Soares (1983), “de um lado hé os que preteniem que a escola devarespeitare preservar a variedade lin- {ilstica das clases populares, esua peculiar relagfo com a lingua- fem, consideradas to vida efcientes, para comunicago, quan fo 2 variedade lingisticasocialmence privilegiada. Ness 0, a ‘Scola deveria assumira variedade lingistica das lasses populares ‘Como insrumento legitimo do discuss escolar (dos professore, dor alunos edo material didético) Por outro lado, hi os que fi- mam a necssidade de que a8 clases populares aprendam a usar a ‘arledade lingstica socialmente privlegiada, propria das clases ominantes, © aprendam a manter, com a linguagem, a relacio| {gue as classes dominantes com ela mantém, porque a posse desa Saiedade e dessa forma espcctica de relagio com a linguagem & Tnstrumento fundamental e indispeasivel na lua pela superaco dda desigualdades soca" ‘Mais préximo segunda posgfo, me parece que cabe ao prof sor delingua portuguesa er presente que as atvidades de ensino de ‘etiam oportunivar aos seus alunos 0 dao de outa forma def Taro daleto padtio, em que signifique a depreciagio da forma de far predominance er sua aia, em seu grupo social, et so por (que ¢ preciso romper com o bloguco de acsso a0 pode, ¢ 3 lingu- fom € um de seus caminhos. Se cla serve para Bloquear~ € dso ‘inguém duvide, eambém serve para romper o blogucio. ‘Nio estou afirmando que por meio das aulas de lingua pores _guesa se procesaré a modiicado da etrurura social, Esto, to € Soment,qetendo dizer que o principio “quem nio se comunica frumbies" nao pode servir de fundamento de nowso ensno:afinal ‘nosos alunos comtinicam em seu dialeto, mas rem se trumbicado (Que nfo € fei, Ee claro que exe “se trumbicat”nio se deve ape- ‘Seo objetivo ds aula de lingua portguessé eportniza odo rinio do dialeto padrie, devemos acrescencar outra questio:

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