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BIOLOGIA CELULAR E HUTT EL Deets TECHOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM CAPITULO 1 BIOLOGIA CELULAR E MICROBIOLOGIA Nao hé como negar que depois do estabe: lecimento da Teoria Celular, por Schleiden € Schwann em meados do século 19, 0 estudo da constituigio dos seres vivos ganhou um avan- ‘co sem igual. Nova énfase s6 voltou a ser dada quando Watson e Crick propuseram 0 modelo da molécula de DNA em 1953. Em linhas ge~ ras, a Teoria Celular diz que: + Qualquer ser vivo, seja unicelular ou pluricelular, é formado por célula: + A célula é a menor unidade ‘morfofuncional que forma o ser vivo, ou seja, 6 a menor unidade com forma e funcées definidas; TECNOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM Grasse Marcos David Muhipointner * Toda célula 86 pode se originar de outra ccluia que ja existe Isso significa que seres Vivos so podem se originar de ‘outros seres vivos. Assim, se quisermos entender os mecanis ‘mos para a manutengio da vida, fundamen- tal conhecer os meios pelos quais as células atuam. Chamamos de metabolismo celular a0 cconjunto de reacées quimicas que ocorrem no interior das células. Mas as reagées quimicas s6 ocorrem quando ‘duas os mais substncias ou fons reagem entre si. Dessa forma, a célula precisa ser capaz de VOLUME i Internalizar as substancias ¢ fons necessérios, bem como colocar para fora aquilo que nio pode permanecer no citoplasma. E essa fun Glo, de controlar o transite de moléculas entre 0s meios intracelular e extracelular, é desem- penhada pela membrana plasmatica. Visao Geral das Membranas Plasmaticas Cada érgio dos varios sistemas fisiologicos apresenta fungOes especficas, determinadas palo tipo de tecido que o forma. O neurénio no val se comportar como uma hemacia, da mes- ma maneira que um osteécito no realiza a fun- lo de um pneumécito. Contude, a membrana plasmatica dessas células apresenta os mesmos constituintes: uma bicamada de fosfolipidios & proteinas integrais e peniféricas, ‘Como os meios intracelular e extracelular precisam manter concentracées diferentes en- tre 0s diversos solutos existentes, a membrana plasmatica mantém constantes essas diferentes ncentragées e receber sinais quimicos desses dois meios. Além disso, as organelas citopias- méticas também so separadas do conteido Intracelular por suas préprias membranas, seguem o mesmo padrio bilipidico-protéico. ‘As membranas das organelas citoplasméticas Ini so apenas “divisérias” para essas onganelas. Hé eventos importantes para a manutencio da vida que ocorrem em certas membranas, No caso das micocéndrias, por exemplo, em sua membra- na.ocorrema fsforilacio oxidativaeo transporte de elécrons. Essas estruturatintraceluares estio ‘envolvidas com virias atividades metabdlcas: + sintase protélea: complexo de Golg) reticulo endoplasmitico rugoso, ribossomos (mesmo no sendo ‘membranoso); * sintese @ estocagem de DNA: nicleo; * sintese de ATP: mitocéndrias + metabolizacio e desintoxicacio de Jompostos, regulacio da concentragso de Ca“ reticulo endoplasmatico; * ancoragem de organelas, movimentagio de organelas e substincias, sustentacao da célula: ctoesqueleto (microtibulos e rmicroflamentos): Essas so algumas das organelas citoplas rmaticas,talver as mais citadas mais bem es- tudadas. Contudo, hd ainda outras estruturas funcionais como canais de passagem de ions e moléculas de relative peso molecular, recepto- res na membrana e no citoplasma, vesiculas que se fundem 4 membrana para liber u contetido, transportadores internos @ centenas de proteinas com fungées das mais variadas. Figura | Célula animal Principais organelas citoplasmaticas Constituigao das Membranas Plasmaticas ‘Tanto as membranas internas como a mem brana plasmatica tém constitu sendo formadas por lipidios, proteinas e car boidratos. Mas ha que se destacar que as pro- porgées entre esses constituintes mudam en- tre of varios tipos celulares, de acordo com a ddesempenhada, Lipidios da Membrana Plasmatica Assim, se considerarmos a fibra nervosa ve- mos que ela & constituida por 80% de lipidios que atuam como um isolante para a passagem ée potencial de acio, enquanto que a membra- na interna das mitocéndrias - metabolicamente mais ativa — possui apenas 20% de lipidios Os lipidios da membrana plasmatica s0 mo séculas grandes com uma extremidade hidrofl ca.e uma cadela hidrofobica Isso significa que a cada 6 insolivel em égua ea extremidade tem snidade pela 4gua. Por essa caracteristica, tals moléculas sio chamadas de anfipatie Cabegs Figura 2. Fosfolipidio, o lipidio mais abundance na membrana plasmat Biologia celular € microbiolagis Essa bicamada de fosfolipidios & a principal responsivel pelas caracteristicas de permeabi- lidade passiva das membranas. Como veremos mais a frente, os transportes através da mem brana podem ser agrupados em transporte ati- vyo (com gasto de energia direto ou indireto) transporte passive (sem gasto de energia). 3 fosfolipidios que mais encontramos membranas plasméticas 80 os que contém colina (lecitinas e esfingomielinas). Depois, en- contramos os amino-fosfoipidios. Além desses, temos o colesterol, que atua na manutengio da fluidex da membrana plasmitica, uma vez que cle funciona como um “tampio" numa faa in termediaria da bicamada fosfolipidica. As mem- branasficariam mais fuidas na presenca de alco- 6is © anestésicos, que se lgariam ao colesterol Os gicolipidios sao formades quando uma molécula de esfingosina se liga a carboidratos Muito embora eles no sejam abundantes nas membranas plasméticas, desempenham fun- vitais para a manutencio da vida, pois Aagem como receptores ou antigens, uma vez que a parte do carboidrato faz protrusio para © meio extracelular. Eles atuam principalmente como receptores ou antigenos. Proteinas da Membrana Plasmatica Quando estudamos as proteinas de membra- na, temos um outro universe de informagées Em fungio disso, cabe-nos atentar para aquelas mals caracteristicas nas membranas plasma ‘as. A principio podemos classificar as protel nas em integrais ou intrinsecas e periféricas ou crinsecas. Essa classificagdo & feita com base na facidade de extraf-ls da bicamada, Essa composigio prot ples ou complexa. Se culo sarcoplasmatico ferenca nas proteinas presentes. Contudo, se pegarmos as membranas mais ativas funcio- rnalmente, poderemos encontrar mais de 100 tipos de proteinas. Em torno de 70% das proteinas de membra- na sao integrais e esto tio fortemente ligadas 4205 lipidios que sé com uso de detergentes elas podem ser separadas. Tais proteinas integrais incluem as diversas enzimas de membrana, pro- teinas transportadoras, receptores para hormé- nios e outras substincias quimicas, glicoprotel- nas (como as do Sistema ABO e Fator Rh) Glicoproteinas so compostos protéicos com ramificagées laterais de carboidratos ‘mantidos por ligaces covalentes. Assim como Exterior Otigosacarideo Proteins Glcoprotena iret Proteina pentereas Integral ‘ocorre com os glicolipidios, as glicoproteinas estdo localizadas na face externa da membra- ra, voltadas para o meio extracelular, ‘A membrana plasmatica € assimétrica na distribuigdo de suas moléculas constituintes. Na membrana das hemacias a camada exter: na € rica fosfatidiclina, enquanto que a face interna da membrana é rica em lecitina e fos- fatidilserina. Alem dessa diferenca quimica, nas hemécias percebe-se também uma dife renga elétrica, uma vez que a fosfatidilserina tem carga negativa. No que diz respeito aos glicoipidios e as glicoproteinas também existe assimetria, visto que esses componentes s6 se lencontram na parte externa da membrana. Protene poiterca Glcalipideo Fiottica couds hidrofobicas Figura 3 Estrutura da membrana plasmatica.Bi-camadsa lipoprotéica, associada com ‘outras moléculas presentes nas partes interna e externa da célula TECNOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM VOLUME Organized Amir Inacio da Nobrega logia da membrana As membranas apresentam uma fisiologia complexa se quisermos estudar cada caso em particular Iss0 se evidencia por causa da fi siologia de cada érgio do corpo humano. figado, por exemplo, apresenta funcoes far- logicas, digestérias, de controle cardia co,manutengéo dos componentes do sangue, producio de proteinas, entre outras. Se con- sideramos @ neurénio, sua atuacdo fisiolégi bem mais restrita que a dos hepatécitos « isso se reflete na funcdo que a membrana vai exercer para a cde modo geral, podemos assumir que a membrana plasmatica atua como uma importante barreira de permeabilidade entre cextracelulareintracelular, selecionan- do, de modo ative ou passivo, os componen- tes que podem entrar e sair da célula. Existe uma relagio muito evider de dat substincias nos lipidios e a capacidade Portant e entre a solubilida Jes compostos hidrofébices, insold ‘em agua, mas ¢olivels nos lipidios, atra- vessam livremente a membrana plasmic: justamente pelo carter lipidico que ela apre- e microbiologic 21 senta, E 0 que ocorre com os fcidos graxos, hormenios esterdides e anestésicos. AS subs tincias hidrofiieas, aquelas que apresentam afinidade pela agua, encontram certa dificul- dade para penetrar nas células por causa do seu tamanho e de suas caract cas. Assim sendo, essas subs ser transportad: transporte ativo ou a difusio facilitada Para exemplifcar o que estamos tratando con- sidere o gis oxigénio. Tata pequena, solivel em muitos solventes niio-pola res. Esse gis € capaz de passar pela membrana, difundindo-se facimente pelas moléculs lipid 2s, Ja glicose, uma molécula bem maior que © i oxigénio, que nio é solivel nos lipids, 56 ‘capaz de penetrar na célula por causa de protet ras na membrana que faclitam esse process de uma molécula Osmose A osmose & 0 meio de trinsito de substincia mais simples que existe. Consiste no fluxo de agua, através de uma membrana semiperme- ‘vel, de um meio com baixa concentragio solutos para um meio de maior concentracao. igura 4 Esquema da Osmo: Esses meios sio chamados de hipoténico (baixa concentracao) € hiperténico (alta con- centragio). Chamamos de membrana semiper- medvel, pois ela permite a passagem da Agua e indo dos solutos. Isso significa que a égua tem transito livre entre os meios extra ¢ intracelular. Contudo, dependendo do volume que entra na célula, a Célula se incha demais e a membrana pode se romper, provocando a lise celular. Se a quanti dade de agua que entrar na célula for suficien- te para causar esse rompimento, 0 conteédo celular extravasa e a célula pode morrer. Isso + =p HEMACIA >. Soluao hipoténice — acontece quando a célula esté numa solucdo hipoténica, que, para equilibrar as concentra- des de dentro e de fora da célula, ela acaba absorvendo agua demais. Por outro lado, se a célula for colocada numa solucéo hiperténica, ou soja, numa so- lugdo em que a concentracao de solutos é maior do que dentro da célula, ela vai perder grande quantidade de agua para o meio ex- terno. No caso dos eritrécitos, por exemplo, caso eles fiquem numa solucio hiperténica NaCl 1,5% eles vao murchar, ficando com aspecto enrugado. rmurcha ‘caulnio A gua en Figura 5. © esquema mostra o que ocorre com as hemécias quando colocadas em solucées de diferentes concentracées Depois disso, 2 célula pode ser recolo- cada numa solugio isoténiea, isto é, com a mesma concentracdo de seu interior, que a agua volta a entrar e ela vai adquirir sua forma original. Se a célula nao tiver morri- do, podera recuperar suas funcées normal- TECNOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM mente. Isso é especialmente importante em acidentes com hemorragia. Uma vez que 0 plasma pode diminuir seu volume, as células ‘mais sensiveis podem murchar Quando a volemia se restabelece, as células poderdo voltar a funcionar. VOLUME Amir Inacio da Nobrega Organized i Difusio Passiva ‘Quando falames em difusdo, estamos tratan- do de um tipo de transporte pela membrana em ‘que no ha gasto de energia. E um tipo de trans- portaa favor de um gradiente de concentracio, tem que as moléculas se difundem pela membra- 1a simples mente porque de um lado da célula ha uma concentracéo maior do que do outro lado. Considere um recipiente com uma membrana que permita a livre passage de moléculas entre ‘os dois compartimentos. De um dos lados ha uma quantidade muito maior de moiéculas que do ou- tro lado, Quando esse sistema ¢ colocado para funcionar, percebe-se um fluxo automético de moléculas do compartimento mais concentrado para 0 outro, menos concentrado. Esse transito cocorre até que as quantidades de moléculas se- jam idénticas nos dois compartimentos. Quando isso ocorre dizemos que essas solugdes esto em equilorio e que atingiram um equilbrio estacioné- fio, ss0 ocorre porque a distribuicio do solvente tende a ser uniforme por todo © soluto. Assim, podemos considerar esse transporte de dentro para fora da célula, ou no sentido inverso, A difusio ocorre simplesmente por um mo. vimento térmico aleatério das moléculas, de- nominado movimento browniano. Nome dado em homenagem ao botinico Robert Brown, que em 1827 observou esse movimento aleaté- rho em grios de pélen suspensos em gua. Figura 6 A figura mostra um recipiente com uma membrana semipermedvel, que permite 1 passagem do solvente. Em alguns casos pode permitira passagem de solutos TECNOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM vierobiotosia 23, Difusao Facilitada {Aus facitada & também conhecida como transporte facitado, pos a substnca em trnsto se cfunde através da membrana plasmaticagracas A ajuda de proteia carreadora especticalocalza- dana propria membrana so é, 0 carregador faci- laa difusdo da substanca para o outro lad. opens Figura 7 Difusio faciltada, Uma proteina transmembrana tem a funcéo de faciltar a entrada de uma determinada substincia quimica na célula AA difusdo facltada difere da difuséo passiva através de um canal aberto, que nada mais do que uma proteina transmembrana. Esse ca- nal aumenta a velocidade de transporte, porém até um certo limite, o que mostra que, mesmo em concentragées elevadas, 0 soluto nao val ser transportado em toda a sua totalidade. Quando © soluto néo 6 todo transportado para dentro da célula, dizemos que 0 transportador atingiu seu ponto de saturacéo. VOLUME Amir Inacio da Nobrega Organized i ‘Apenas em concentragdes muito baixas ob- serva-se um aumento na velocidade de difusic. Quando essa concentragio de soluto vai se ele- vando gradativamente, percebe-se que a velo- cidade de penetragao nao aumenta mais. Isso sugere que a ligacao do soluto com seu transpor- tador atingiu o limite. E quando todas as molécu- las transportadoras esto mobilizadas, a veloci- dade de penetracio nao pode mais aumentar Transporte Ativo ‘Até agora vimos transportes que ocorrem de modo passivo, ou seja, a favor de um gradiente de ‘concentracio e, por isso mesmo, sem nenhum gas- to energético. A célula no produz nenhuma molé- cula energética que possa fazer 0 transporte contra esse graciente. Isso significa que néo existe nenhu- ima forea contréria 20 movimento das molécuias. Entretanto, no transporte ativo, as substdncias io transportadas contra um gradiente de concen- tracio. Existe uma forga contréria 20 movimento, {que pode ser quimica,elétrica ou ambas. Essa for <2 56 € vencida com gasto de energla sto &, a cé- lula é obrigada a quebrar a molécula de ATP para ter a capacidade de vencer essas forgas contrérias, Nesse tipo de transporte destacamos 0 transporte ativo primério e o transporte ativo secundéri, ‘Transporte Ative Primario E um tipo de transporte que ocorre de uma regio de baixa concentracio de soluto para uma regiio em que 0 soluto esti. em maior concentracao. E para que isso ocorra, 0 pré- prio transportador deve ter uma atividade en- zimética para hidrolisar uma molécula de ATP {adenosina trifostato). Quando ocorre a hidré- lise dessa molécula, héliberacio de energia ¢ © transporte pode ser feito. TECNOLOGIA RADIOLOGICA E DIAGNOSTICO POR IMAGEM one Por exemplo, quando a Ca" ATPase do retiu lo sarcoplasmatico (RS)! retira dois fons Ca’? do

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