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1 A.contingéncia da linguagem Hi cerea de duzentos anos, aida de que a verdade era pro- duzida,e n30 descoberta,comegou a tomar conta do imaginério ‘europe, A Revolugio Francesa havia mostrada que todo 0 voc bulatio das relages sociais, assim como todo o spectro das ins- ‘itigdes soca, podia ser substituido quase que da noite para 0 dia Ese precedent fer ca politica utipica aregra, nfo a excego, centre 0s intelectuas. A politica wtpica deixa de lado as indaga- «6es sobre a vontade de Deus ea natureza do Homer, esonha ‘rar uma forma de sociedade anteriormente desconhecida Mais ou menos na mesma época, 08 poetas romantcos i ‘sham mostrando o que acontece quando J no se pens na arte como imitaglo, porém como wma autocriagio do artists, Eles reivindicavam para a arte o lugar tadicionalmente ocupado na cultura pela religito e pela filosofi, o lugar que © lluminismo hhavia reivindicado para aciéncia.O precedente estabelcido pe- Jos romnticos confers sex plito uma plausibilidade inicil. O papel efetive de romances, poemas, pega teats, quacks, est thas précliosno movimento social dos itis 150 anos dewthe uma plaasibiidade ainda malor, Agora, essas duas tendéncias uniram forgas e alcangarem 4 hegemonia cultural. Para a maioria dos intelectuais contem- porns, as questdes dos fins em oposigio aos meios — ares Peito de como alguém pode dar sentido a sua Vida ou 8 vida de sua comunidade ~sio questies para a arte ou a politics, ow lamas, eno para a religito, a filosoia out a ciénca, Esse des- obramento levou a uma cisto no interior da fosofia. Algune fldsofos mantiveram-se fis a0 Iluminisma e continuaramn a se ‘dentfcar com a causa da cidnca, Eles vem a antiga uta entre 8 ciénca ea regio, a razioe a iractonalidade, como un pro «cesso ainda em andamento que agora assumiu a forma de wma uta entre a razdoe todas as Forgas intaculturas que pensamn a verdade como algo construidoe nfo encontrado. Ess fissofos consideram que a cincia € a atividade humana paradigmtica Insistem em que a cigncia natural descobre a vendade em ver de ‘risa. Enearam a express3o “crara verde” como meramente ‘metaforca totalmente enganosa, Pensam na politica ena arte como exforns em quo a idéia de “verdad” isa uestocad, Ou tos flésofos, percebendo que o mundo descrito peas cgncias fiscas ndo ensina nenhuma lgéo moral ¢ ndo oferee conforto ‘spiritual, concluiram que a eiéncia no passa de uma serva da tecnologia Ess fil6sofosalinham-se com o utopista politico e ‘com o artista inovador Enquanto os fi6sofes do primeizo tipo contastam a “reali dade cintitica concreta” com 0 “subjetivo” ou o “metatrico", 08 do segundo véem a ciéncia como mals uma das atvidades ‘humanas,e no como o lugar em que os eres humans deparam com uma realicade no humana “concteta” De acordo com essa ‘isto, os grandes cientistas inventam descrigbes do mundo que to eis para o objetivo de prover e controlar que acontece, ‘assim como 0s poetase os pensadores politics inventam outras describes do mundo para outros fins. Nao hi sentido algum, orm, em que qualquer dessas describes sea uma representa, cette dBm oo) ‘lo exata de como é 0 mundo em si ses filisofos consideram Intl a préipria ii dessa representa. Houvesse o primeiro ipo de flésafo, aquele cx hers 0 lentista natural, sido sempre o tno, provavelmente nunca teri ‘mos contado com uma dscplina autinoma chamada “filosfia” uma discipline 0 distin das ciéncias quanto oda eologa ou das artes, Como dsciplina dessa nature, ilosfia no tem mais de duzentos anos, Deve sua exisncia as tentaivas dos idealists alemies de por as iinciasem seu hagare de dar um sentido claro | vaga idea de que os seres hamanos criam a verdad, em vez de descobrila, Kant queria consignarackncia 20 mbito de uma ver- dade de segunda categoria a verdade sobre um mundo fenomé= nico. Hegel queria pensar na céncia natural como uma descicio do expirit ainda nto plenamente cSnscio de sua natureza espn tual e assim, clovarao mais alto status tipo de verdade ofeecida plo poeta e pelo revalcionsrio pltco. ( idealismo alemo, porém, foi uma solugio de compromis- 50 pouco duradoura e insatisfatéria. £ que Kant ¢ Hegel fre am apenas concessdesparciais em Seu repidio 3 iia de que a verdade esté “dada”, Dispuseramse a ver 0 mundo da cncia| ‘empirca como um mundo fabricado ~a vera matéria como algo construido pela mente, ou com feita de uma menteinsufciente mente cSnsca de seu proprio carster mental -, mas persistram em ver a mente espirito, as profundezas do eu come dotados de uma naturezaintrinseca ~ uma natureza que se poder co- Ahocer por uma espécie de superciéncia no empiric, chama- da flosfia, Iss sigpificava que apenas metade da verdad ~a metade clentifica inferior - era produzida. A verdade superior, a verdade sobre a mente, seata da flosofia, ainda era uma ques to de descoberta, nao de eriagto © que sefazianecessitio,e que os ideslistas nfo consegui- ram contemplar, ra um repidio da propria idéia de alguma cot Be _____camingnia ni sent ou mati, ou mundo ~dtada de uma natueza sinc ser expen orp gue o Weaone confi ia de qu nae tinal tatoos om de de quo pogo eotempoeram ie, de gus mes humans cauavama etc do mun espvotenpora Primes fazer una dite fone de qo Imando ets dado ea de gua vende etd dae Dine gus emo ese, i ma cso nan oa» ar com bom senso, ea maior das can pee any to deca que oncom estadon meas aman Der qu a verdade no ea dada simpleonte dee yon onde no fase, oN verdade queen tse secon te liguas humans equa inguos man che hts mane ‘Averde no pode ota daa - dope ext ndepen dented mere mans porque xi dea mane, eta © munde eae ose dese do und Sa dere do muna podonar ven dais ou ass Omndocmstm oauule vader descr don ses humanos no pe oo Amugstio de qua verdad eve asin cro mundo, «otgado de una eae gue omunde ea its co sae de um se ue ina lingangon propa Se dasa e tena comprende ida dees ingugem no ham fren nado cof chao de que oman pode fae com ques ustique scetamos gue un fe veda deia com aati deg mundo se dil por inca Pri em pease fade ras, haa“ ori pessoa se gitraid de ate ucts orc CE verdad" ea tsa como ionic «Des ou so une esce no jantern ( | ‘come projeto dvino. Entio se dirs, por exempilo, que a Verdade 6 grandiosae prevaleers Essa fusdo¢faciltada quando se restringeaatengto a frases isoladas, em oposigio a vocabulirios. £ que, muitas vere, de amos © mundo decidir a competigio entre frases alterativas| (porexemplo,"o vermtho vence” eo preto ence”, “foio mor domo” e “oi omeéico”), Em casos assim, & ici juntarofato de {que o mundo contém as causas de ser Ito sustentarmos wma conviegdo com a afrmasio de que algum estado no lings co do mundo é, em si mesmo, um exemplo de verdade, ou de {que um estado dessa ordem “toma verdadeita uma convigio", por “corresponder” a ea, mas a coisa nfo & tho simples quan o passamos de frases isoladas para vocabulérios inteiros. Ao ‘considerarmos exemplos de jogos de inguagem alterativos = 0 ‘vorabulivio da antiga politica ateniense versus o de Jeferson, © voeabulitio moral de Sio Paulo versus o de Freud, o jargio de Newton zersuso de Aristteles 0 dioma de Blake versus ode Dry en ~ dificil pensar que © mundo torna um deles melhor do que outro, decide entre cles. Quando a idéia de “descrigso do ‘mundo” se desloce do nivel de frases regidas por critéros em jogos de linguagem para jogos de linguagem completes, jogos entre os quais nao escolhemos com referéncia a criérios, «kia de que © mundo decide quais s6o as descrigties verdadeiras jf rio pode ter um sentido claro. Toma-se dificil pensar que, de a ‘gum modo, ese vocabulirio ft exsta no mundo, espera de que ‘© descubramos. A atengio (do tipo promavide por historiadores intelectuais como Thomas Kuhn ¢ Quentin Skinner) aos vocabu- litios em queas fases io formulas, eno a frases isoladas, fz- nos perceber, por exemplo, qu ato de o vocabulétio de Newton Permits prever 0 mundo mais fackmente que ode Ariskieles io significa que o mundo fale nevetoniano. (© mundo nio fala. $6 nés 0 fazemos. O mundo, depois de "os programarmos com uma linguagem, pode fazer-nesssten- tar convicgées, mas no pode propor uma linguagem para fa larmos, Somente outros seres humans sio capazes de fazéto. Todavia, 0 econhecimento de que o mundo no nos diz quejo- 0s lingtistcos fazer nio deve levar-nos a dizer que a decisto sobre qual dele jogar € arbitrvia, nem a dizer que ela €a ex. Presso de algo profundo em nés. A moral nto determina que 08 itériosobjetivas de escolha vocabular devam ser substituidos Por critéros subjetvos, ou que arazSo deva ser substitida pela vontade ou pelo sentimento, Ants, as idéias decritérioeescolha {inclusivea de escolha“arbitriria”) indo vem ao caso quandose trata de mudangas ce um jogo de linguagem para outro. A Euro- a nto rsoleexaceitaro idioma da poesia romantica, da politica socalista ou da mecinies de Galles. Esse ipo le mudanga teve to poun ato de vontade quanto resltou de argument, Ao contri, Europa perdeu aos poucosohibito de usa certas palavras,e aos poucos adauiriu ohabito de usar outras, Como afirma Kuhn em A reoolugio eopercona, nio deci dimos, com base em observacdes telescpcas ou em qualquer jutra coisa, quea Terra no era o centro do univers que 0 con Portamento macroscpico podia ser explicado com base no mo- ‘vimento microestruturale que a previo eo controle deveriamn sera meta principal da teorizagao cientitica, Em ver disso, apés em anos de confusio inconcludente, os europeus se vam fa. Jando de um modo que tomava por certas essas teses entree sada, Uma mudanga cultural desea magnitude ndo resulta da -aplicagio de critérios (ou de uma “decisto arbitrvia), assim como 0s indivduos no se tomam testa ou ateus, ou passam de "um ednjuge ou tm citeulo deamigos para outro, como resultado a aplcagto de critérios ou de atos gratuits. Assim como no ‘pentyl oa ‘devemos buscar dentro de nés crttrios de deciso sobre estas _questdes, no devemes buscé-os no munde, ‘A tentacio de procura citrios € uma espécie da tentasto _mais geral de pensar no mundo, ou no eu humano, como pos suidor de uma naturezaintinseca, uma essncia. Ou sje re sult da tentagao de privilepiar uma dentreas muitaslinguagens| com que habitualmente descrevemos o mundo ou nés mesmce, Enguanto acharmos que existe uma relagio chamada de “adap- tagio ao mundo” ou “expressio da verdadeira natureza do eu”, a qual os vocabulirioe-como-ttalidades possam ser dotados cu carentes, continuaremes na busca filoséfica tradicional de um exitrio que nos diga que vocabulirios tam essa caractersica de Sejdvel; mas se um dia pudermos concliar-nos com a idéia de {que a maior parte da realidade¢ indiferente a nossa descrg des dela, ede que o.eu humano é criado pelo uso de um vocabulé ‘no, e nao por se expressar adoquada ou mnadequacamente num vvocabulétio,teremos ao menos assimilado o que havia de ver adeiro na iia romantica de que a wordade é constrida, e nto cencontrada, © que hi de verdadeito nessa afirmacto é apenas que as linguagns so feitas, endo descobertas, e quea verdade é uma propriedade de entidades lingusticas, de frases. PPosso resumir com uma redescricio daqullo que preten- diam dizer, a meu ver, os revolucioniros e poetas de dois sé- 2s tat go a csi O on ran ae “Scum nt dango ang me mee Tings Scena’ emee Sees ees i, (fain cntanon# war" om vr de apg" o ala Tlotipe pcs ov cms bn wate sen or ‘Siang ented ccna hana clan espa Contgtci wna este $e vislumbrou no fim do sécuo xvi foi que podia er levada a parecer boa ou mi, importante Amportncia, tl ou inti 0 ser redescrta.O que Hegel danerevew como 0 processo polo qual 0 espiito se consclentiza {radativamente de sua natureza intrnseca € mais bem descito como o processo cle as priticas linglistias européias mudarem fem ritmo cada vez mais répido, © fendmeno descito por Hegel consiste em um miimero maior de pessoas olerecendo redescti- «es mais radicais ce mais coisas do que nunca, de jovens pas ‘sando por meia dizia de mudancas de Gestalten esprtuais antes de chegarem & idade adults, O que os romanticos expressaram ‘como a afirmacio de que a imaginagio € a faculdade humana central ~ ¢ no a razao ~ foi 0 reconheclmento de que 0 tlen- to para falar de manera diferente, © no para bem argumentar, rao principal instrument da mudan¢a cultural. © que 08 ut6- pcos Ua politica imeutram, desde 2 Revolugz0 Francesa, NBO 04 {que uma natureza humana duradoura, com carster de substeato, teria sido eliminada ou reprimida por instituigdessocais"ant- naturais” ou “iracionais", mas que o processo de mudanca das linguagens ede outras prticas sciais podem produzieseres hs ‘manos de um tipo quemuncaexistiu antes. Os idealists alemies, ‘08 revolcionsrios fanceses os poetas romantic tiveram em ‘comum a piida intuigio de que os seres humanoseuj ling _gem Se modifcava — de tal modo que eles no falavam de si ‘como tendo de responder a poténcias no humanas ~ podiam, através diss, tornar so uma nova espécie de eres humanos. A Gifculdade enfrentada pelo fidsofo que, como eu, simpa- tiza com essa sugestio ~alguém que pensa em stcomo auxiiar Xo poet, e nfo do fsico ~ est em evitarainsinuagao de que tal suugesto corrge alguma coisa, de que meu tipo de ilesfia cor respond ao modo como as coisas realmente so. E que esse dis- Acomigincs dingagen curso sobre a corsespondéncia raz de olla justamente a ida da qual meu tipo defilsofo quer selva, aida de que © mundo, ‘ou eu, fem uma naturezaintrinseca. Do nosso ponto de vista, cexpliear o sucesso da cigncia ou a deseabilidade do liberalismo politico, falando em “adaptagao 26 mundo” ou em “expresso da natureza humana, € como explicar por que o épio nos dea sonolentosfalando sobre seu poder dormitvo, Dizer que 0 voc Dulari de Freud atinge a verdade da natureza humana, o que ‘ode Newton atinge a verdade sobre 0s céus, nto explica nada E apenas um elogio vaio, tradicionalmente feito 40s autores cujo Jango inéito consideramos itil. Dizer que nao existe natureza Intrinseca no élizer quea natureza intrinseca da realidad, sur preendentemente, revelou-se extrinseca. F dizer que aexpressio “natureza intrinseca” & tal. que melhor seria nio a wlilizarmes: uma expresso que mais tem causado problemas do que de smonstrado valor. Dzer que devemos abandonar a ideia da ver dade como algo que esté al, espera de ser descabert, no & dizer que descobrimos que ndo existe verdade alguma® Equivale 4 dizer que serviriamos melhor a nossos propesitos deinando de vera verdade como uma questo profunda, um tema de interes: se ilossfco, ude ver “verdadero” como um terme que ustifiea 2 Yandlise”. A “natureza da vertade" é um tema pouco proveito- 0, que se assemelha,nesseaspecto, 3 “natureza do Homem” €3 natureza de Deus” e difere da “natureza do pisitron” eda “na- tureza da fixaglo edipiana”. Essa afirmacto sobre a vantagem ‘decorespondina coma relidade” que “o que chmamos de verdad 30 erage re So "nit adel co alos Sirens omar deel ws sins stotrie” sg arouses de gut Mo ple verse, Beating i tte culos ari. © que se vistumbrou no i do sécul x fo ge qualquer cosa poi se levada a parecer boa om, mportante ‘ousem importncia tou inul o ser redescris. que Hegel descreveu come 0 process pelo qual 0espito se conscetiza _gradativamente de sua naturezaintrnecs & mais bem deco como o proceso de as pris ingulstcas evropeias mudarem em ritmo cadaver mais épido. O fendmeno deseo por Hegel consste em um mimero maior de pessoas oerecendoredeser- Bes mais radicais de mas coisas do que nunca, de jovers pas- sande por mea dizi cde mudangas de esate esprtais antes de chegarem a dade adult. O que os romantics expessaram como a afirmacio de que a imaginagio ¢ & faculdade humana central ~ @ no a raz ~ fio reconhecimento de que 0 talen- to par falar de maneita diferente, e no para bem argument, ro principal instrument da mudangs cultural. © que os ws pos da potinca nturam, desde a Kevotusso Frances, 0 ft «ue uma natureza humana duradouro, com cater de substrata, teria sido eliminada ou repimi po insides socials “anti- atuais” ou “tracionls, masque o proceso de mudench des linguagens ede outras préticas soca podem produziesres hic ‘manos de um ipo que nunc exist antes. Os idealists alemses, os revolucinsies fancess e 0s potas romAntios tveram em ‘omum a pilida intuito de que os sere humnanos cua linga~ gem se medifcava~ de al modo que eles jf no faavam des ‘como tendo de responder a poténcias no humanas ~ odin, através disso, omarse uma nova espe de eres humane ‘Adifculdade enfretada plo fildsofo que como ey, Smpa- za com esta sugestto~alguéon que pens ems como aia do poeta, nto do fico ests em evtar a insinugto de que ta sugestocorigealguma coisa de que meu po de lsat cor- respond a0 modo como as coisas realmente so. F que ese dis Acontingtc inguagen = ‘curso sobre correspondénciatraz ce volajustamente aida da qual meu tipo de ildsofo quer se livraraidéia de que o mundo, (10 eu, tem uma naturezaintrinseca, Do nosso ponto de vst, _explicaro sucesso da ciéncia ou a desejabilidade do liberalisino politico, falando em "adaptaea0 a0 mundo” ou em “expresso da natureza humana”, é como expicar por que 0 po nos deixa ‘sonolentos falando sobre seu poder dormitivo.Dizer que 0 Voea bulitio de Freud atinge a verdade da natuteza humans, ou que ‘ode Newton atingea verdade sobre os céus,ndo expica nada. apenas um elogio vazo,tradicionalmente feito a autores culo jaro is Intrinsecando é dizer que natureza intrinseca da realidade,sut- preendentemente,revelou-se extrinseca. E dizer que a expressio “natureza intrinseea”é tal que melhor seria no a wtilzarmos: 6 uma expressio que mais tem causado problemas do que de- smonstrado valor. Dizer que deveros abandonar a ica 4a Yer- dade como algo que esté ai, 8 espera de ser descobert, nso é dizer que descobrimos que ndo existe veréade alguma?.Equivale + dizer que servisiamos melhor a nossos propdsitos deixando de ‘era verdad como uma questio profunda, um tema de interes ' flos6tico, ou de ver "verdadelz0” como um termo quejustifca 2 Tandlse”. A “natureza da verdade” é um tema pouco provelto- 19, que se assemelha, nesse aspect, 3 “natureza do Homenn” "atureza de Deus edifere da “natureza do pésiton” eda “nae tureza da fixagio edipiana”. Essa afirmacdo sobre a vantagem 2 Nite ci muita conan de“ verde io € uma questo ‘econ oh ai "oge cre eda ‘led, quando ee dor ex rsa a oe tas (Sperevamenonics gg chamaton deans eee ‘Givens tin Nctach «Berd pes de tant de ste ‘ncn storie gin ser oa onde podeversans to consideramos ttl. Dizer que no existe natureza Moma i se relatva, por sua vez, 6 apenas a recomendagio de que de fato filmes pouco desses temas, para ver como prosseguimos Na visio de filosofia que ofereco, nao se deve pedir 20s filsofos, por exemplo, argumentos contra a teoria da cores: ppondencia com a verdade ox a idéia da “naturezaintrinseca da relidade”,O problema dos argumentoscontrrios 0 uso de umn ‘vocabulérioconhecidoe consagrado pelo tempo & que se espera que eles sejam formallados nesse mesmo vocabulétio. Espero se que mostrem que elementos centais desse vocabulirio sio “ncoerentes em seus termos", ou que “se desconstem”. Mas iso munca pode ser mostrado. Qualquer argumento no sentido cde que nosso uso familiar de um termo familar & incoerente, ‘vaio, confuso, vag ou “meramente mota6rico” ests fadado a ser inconcludente ea evtar a questo. E que esse uso final, € ‘ poradigma da fla coorente, dotada de sentido e literal. Tas _argumentos sempre parssitam ¢abreviam as afirmagSes de que |hé-um vocabulirio melhor 8 dispose. flosofiainteressan- te raras vezes é um exame dos prs e contras de-uma tes. Em geral, de maneira implicita ou explicia, é uma disputa entre lum vocabulirio araigado, que se transformou num incbmodo, ‘© um novo voesbulirio, prcialmente formado, que traza vaga promessa de coisas grandiosas Eat ilimo “método” da filosoia€idntico a0 “metodo” da politica utdpica ou ca cic revolucionéia (em contrast com a politica parlamenta ou a eneia normal). O metodo consiste em escrever uma porgio de coisas de maneiras novas, a6 crae wm padre de conduta lingistica que tente a geracio em ascensio ‘8 adatéla, com isso fazendlora buscar novas formas aprepriadas cde comportamento nia lingistico ~ por exemplo, a adocio de ‘um now equipamentocientifico ou de novas instituigses socials Esse tipo de ilosoia ni trabalha passo a paso, analisando um Aecoingiocndangugen conceito apés outro ou veriicando hipétese apés hipétese. Fla funciona, antes ce forma holistic e pragmatics, Diz coisss como “tente pensar nisso desta mancira", ou, mais especifcamente, “tent igaworar as quests tradicionais vsivelmente Rites, subs- tituindo-as pelas seguintes questdes novas ¢ possivelmente in- teressantes, Ha nao finge dispor de um eandidato melhor para fazer as mesmas velhas cosas que faziamos quando felvamos ‘da maneira antiga. Em ver disso, sugere que talvee converiha pa- armos de fazer aquelas cose fazer outras, mas nio defend ‘ssa sugesto com base em crtérios antecedents comuns a0 ve- ho €a0 novo jogos de lingwagem. 80 porque, na medida em que a nova linguagem for realmente nova, ais ertérios nto exist, Em conformidade com meus proprios precetos, So ofere- cereiangumentoscontra ovocabulirio que quero substitu Tenta- rei, a0 contri fazer com que o vocabulirio que prefio pares _atraente, mostrando como ¢ possvel uso para descrever ume série de tépicos. Mais especficamente, descrevere, neste capt tulo,o trabalho de Donald Davidson na filogofia da Kinguogem como sendo uma manifestagio da disposiglo de abandonar @ iia de “natureza intrinseca", da disposigio de enfruntar 3 co tingéncia da linguagem que usamos. Nos captules posterior, tentaei mostrar que o econhecimento dessa contnggnci leva a ‘um reconhecimento da contingéncia da conscncia, € que e808, _duas formas de econhecimente levam a/uma imagem do pro- _gress0 intelectual e moral como uma histia de metiforas cada vez mais ites, endo de uma compreensio cresente de como a8 coisa realmente si. ‘Comego pela Filosofia da linguagem, neste primeira capi tuo, porque quero explictar as conseqiéneias de minhas afit= rmagbes de que s6 as frases podem ser verdadeira,e de que 08 seres humanos criam verdades ao constnsirem linguagens com % Conga, ons eared aque enunciat frases. Pretendo concentra-me no trabalho de Da ‘idson porque ele € 0 filgsofo que mais contribu para explorar cssas consequéncia’, A abordagem davidsoniana da verdade combine-se com seu tratamento do aprendizado da inguagem da metéfora, para formar a primeita abordagem sistemstice conteddo”,fazem parte de uma polémica maior contra a idea dle existir ua tarefa ixa ser desempenhada pela linguagem, ‘ema entidade chamada “lingua” ou “a lingua”, ou “nossa lin- ean. tee gua", que estaria ou ndo desempenhando essa tarefacom eficién- cia, Adivida de Davidson quanto & existencia de tal entidade & paralela&s divides de Gilbert Ryle e Daniel Dennett quanto & existncia de algo que se possachamar de “mente” ou "conscién- ca" Os dois conjuntos de dsividas concernem 2 utiidade da ideia de um meio entre eeu ea realidade -0 tipo de meio que 0s ‘ealistas véem como transparente eos eéicos, como opaco, ‘Num artigo recente, com 0 titulo sutil de “Uma bela desor- dem de epitéios™, Davidson procura minar a concepsio das linguas como entdades, desenvolvendo a idéia do que chama ‘de “uma teoria passageira sobre os rus einsrigdes produzi ‘dos no momento por umn semethante humane, Pensemos nessa tworia como parte de uma "teoria passageire” mals ampla sobre ‘© comportamento total dessa pessoa ~ um conjunto de palpites| sobre 0 que ela fri em tal ou qual situagio Tal teoria 6 “pass seine” ponque precisa sr constantemente corrgida, para levar fem conta os resmunges, gaguefos,incorestes verbais, metifo- 5, tiques,espasmos, sntomas psicstcos, flagrant estupidez, tiradas genias coisas similares, Para faciita, imagine que eu cesteja formando uma teoria desse tipo sobre a condulta atual dle um nativo de uma cultura em que eu tena cao de psra-

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