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A determinagao da freqiiénci Dip meter de ressonéncia de um cireuito LC, dos valores de pequenos indutores e até mesmo a freqiéncia de sintonia de pequenos receptores 6 um problema para a ia dos leitores que nao possuem instrumentagao apropriada. Freqiiencimetros, pontes de Indutancia, geradores de sinais sao alguns dos caros aparelhos que servem para as finalidades propostas; no entanto, existem as alternativas econémicas e uma das mals importantes é 0 Dip meter. Com este simples instrumento podemos fazer tudo o que foi dito e muito mais, com boa precisdo, facilitando assim o trabalho de todos que vez ou outra se defrontam com circuitos de alta freqiéncia. O Dip meter descrito 6 de estado sélido, de baixo custo e com étima sensibili podendo ser montado com faci Um Dip meter nada mais é do que um oscilador de alta freqiéncia com bobinas intarcambidveis que anresenta caracteristicas especiais. Operando li- vremente ele gera um sinal de fre- guéncia conhecida, servindo assim para a determinacao de pontos na es- ala de sintonia de receptores. Entre- tanto, quando sua bobina osciladora se aproxima de um circuito ressonante qualquer (uma bobina e um capacitor) corre um fendmeno importante: quando a frequéncia do circuito se iguala a da eonjunta 1¢ préxima, ocorre uma mudanga de condicées internas que alteram a corrente de dreno do transistor de efeito de cam- po, e isso pode ser facilmente visuali- zado num instrumento. Vesta forma, basta aproximar o aparelho do circuito LC desconhecido e ajustar a frequancia do oscilador in- terno até 0 ponto em que se verifique a alteragao na corrente (acusada pelo ingtrumanto). Neste mamenta lamas diretemente na escala a sua freqdéncie de ressonancia (figura 1). Para determinar @ induténcia de uma bobina basta proceder da mesma forma, ligando em peralelo com ele um capacitor de valor conhecido. De posse do valor da freqiiéncia de resso- nnancia, calculamos facilmente a indu- ‘tancia, conforme explicaremos. © circuito opera com uma tenséo de 9V que pode vir de uma beteria pe- quena, sendo por isso totalmente portatil Daremos instrugdes para que vocd enrole 3 bobinas para a cobertura des freqiéncias entre 1,2 e 25MHz, mas nada impede que novas bobinas am- pliem este alcance pera 100MHz, desde que slgumas precaucdes sejam toma- das no sentido de se evitar pontos mortos nas escalas ou instabilidades. ‘Além dos usos propostos na intro dugéo, 0 Dip meter serve também co- SABER ELETRONICA N® 194/89 Newton C. Braga lade pela maioria dos leitores. Pont Eino| 3 vera PER, mo excelente gerador de sinsis para calibragao de receptoras. ociRcUITO Nos “velhos tempos” das vaivulas, um instrumento muito popular entre 0s especialistas era 0 “Grid-dip Me- ter’, que significa “medidor de mer- gulho de corrente de grade”. Este nome era devido 20 fato de termos uma vélvula triodo, na qual um dos elementos 6 a grade (grid), e que era ligada de tal forma a operar como osciladora de alta frequéncia (figura 2). Quando este circuito era aproxima- do de um sistema ressonante LC, de freqii@ncia coincidente, ocorria uma queda ou “mergulho" (dip) na cor- rente de grade que podia ser ecusada Por um instrumento sensivel. Na versao moderna substituimos & vélvule triodo por um transistor de eteito de campo (FET), e em lugar de tormos uma variagde no corronte do “gate”, j& que num FET sua elevada 2 STS Fiuamento impedincia impede que isso ocorra, temos uma variacio na corrente de drano (0). Ocorre entéo que, a0 aproximar- mos a bobina do circuito oscilador do “Dip moter” de um citcuito ressonanto LC, hd uma forte queda na corrente de dreno, ou um "“mergulho" do ponteiro Indicador do Instrumento usaco. ‘Seo instrumento for dotado de um capacitor variavel e um jogo apropria- do de bobinas que permita cobrir uma ampla faixa de freqiiéncias, ele se tor- na um instrumenio de exteema utill- dade na determinacao de frequéncias de ressonancia e, de modo imediato, no célculo de pequenas induténcias, © circuito que descrevemos faz justamente isso: 0 transistor de ofeito de campo BHZ4 ¢ ligado como oscila- dor Hartley, onde LX e CV determinam 2 freqiiéncia de operagao. A reali- ‘mentagao vem através de C2 @ pols- rizagdo de comporta (gate) 6 propor- sionada pela rasistor RI Para detectar as variagées da cor- rente de dreno ligamos um microam- perimetro de 0-200nA (aproximada- mente) em conjunto com um poten- ciémetro de ajuste, que permite colo- car facilmente 0 ponteiro no centro da escala na operaao normal ‘Ajustando entdo CV podemos che- gar a0 ponto em que ocorra a coin déncia de freqiiéncias entre & Dip m« tor 00 cirouito LC analicado, quando entéo a corrente de dreno cai, fazendo 3 Dip moter com que @ tenséo em M1 suba com uma forte defiexio do ponteiro do instrumento. Este deflexéo ocorre no sentido de haver uma queda da tenso indicada, j4 que @ ponte é equilibrada ‘com um valor positivo do lado do cur- sor de P1, Temos entao um verdadeiro "mergulho” do ponteiro do. instru- mento quando a ressonéncia é encon- trada. ‘A operagio acima de 30MHz en- contra dois tipos de problemas que fexigem habilidade do montador: 0 primeiro se refere as bobinas, que de- vem ter poucas espiras com um mini- mo de capacitancias parasitas. O se- qundo ests no valor de CV1, que eventualmente deve ser reduzido. As- sim, para estender o alcance para 100MbHz, por exemplo, devemos tam- bém alterar o limite inferior da opera- 80, que deve subir para algo em tor- Ww Ue SMH. MONTAGEM Nea figura 3 damos o diagrama completo do aparelho. Observe que se trata de circuito bastante simples, pois poucos compo- nentes so usados. No entanto, como se trata de aparelho que opera em gUéncias elevadas, alguns cuidados worn a disposigao das peges s30 im= portantes no sentido de serem evita- das capacitancias parasitas ¢ instabili- dades. Na figura 4 damos a placa de cir- cuito imoresso. bastante simples. Na figura 5 temos 0 aspecto interno da montagem, com a disposic¢ao dos ‘componentes numa Patola de aproveitady de un fora de uso, ¢ seu valor nao é critico, ois em sua fungao & que feremos ¢ calibrago de escala, Variaveis com ca- paciténcias maximas na faixa de 190 @ 300pF podem ser usados. Na verdade. voc@ néo deve se preocupar com 0 4 SABER ELETRONICA N° 194/89, Dip meter LISTA DE MATERIAL QI - BF245 — transistor de efeito de campo (Philips) Mi = 0-200). A ~ microamperfmetro B1-9V—bateria Lx—bobinas ~ ver texto (CV — varidvel de 2 segies 200+ 290pF = ver texto C1 - 220pF - capacitor cerdmico (€2— 10aF — capacitor cerimico C3 — 100nF — capacitor ceramico RI — 120k ~ resistor (marrom, ver- rmelho, amarelo) R2 ~"tk ~ resistor (marrom, preto, vvermelho) 3 — 470 ohms — resistor (amarelo, violeta, marrom) valor exato das capacitancias extremas deste componente, pois ensinaremos ‘como fazer a calibrago do aparelho sem levar em conta este fato. Basta que 0 variével seja do tipo usado em radios de ondas médias antigos, com duas secdes e eixo fino para fixagBo do botéo, que o problema esta resolvido! R4 ~ 220 ohms — resistor (vermelho, ‘vermelho, marron) RS — 22 ~ resistor (vermelho. ver- ‘metho, vermetho) PI ~ 10k — potenciémetro com chave SI — interruptor simples (conjugado a PL) Diversos: placa de circuito impresso, caixa para montagem (Patola Ref. 15), conector para bateria de 9V, soquete noval para valvulas, plugue de 9 pinos, tubos de papelo para as bobinas, fio esmaltado 28AWG, knob para 0 po- tenciémetro, knob para o varivel, sol~ daste instrumento 6 um microamperi: metro do tipo usado como VU em aparelhos de som. Seu valor no é cri- tico, podendo ter fundo de escala entre 100'© 300A. Até mesmo umn miliam perimetro de 0-ImA pode ser usado com a troca de P1 por um potencié- metro de 22. Este potenciometro pode Incorpo- rar 0 interruptor geral, como no pro- t6tipo, facilitando assim a utilizagao do aparelho. Os resistores sio de 1/8W com 10% de tolerancia e os capacitores sao to- dos cermicos de boa qualidade. Para 1 podemos usar 0 BF245 ou ainda o MPF102. No caso do MPF102, entre- tanto, a disposicio dos terminais é di- ferente, o que deve ser previsto na sua colocagao na place. Para um capacitor variavel de apro- ximadamente 210pF de capaciténcia maxima damos as bobinas com as fai- xas de freqiéncias cobertas, mas, co- ma podem haver tolerancias, os valo- es s80 aproximados. A calibragem exata serd explicada mais adiante. Todas as bobinas (3) so enroladas em tubos de papelo de 2om de did- metro. com comprimentovariando ‘entre Z ¢ acm (conforme o numero de espiras). encaixe no Dip meter é feito por meio de um soquete noval e base correspondente de 9 pinos, do tipo uusada para vélvulas. Na figura 6 mos- tramos pormenores da construgso de uma destas bobinas. sina 9 6 en ere s8tBhe “Ee 6 Na tabela 2 seguir relacionamos 0 nimero de espitas e a faixa de fre- giiéncia coberta pela correspondente bobina. Veja que as bobinas possuem tomada central e so enroladas com fio eamaltado 28AWG. Faixa (MHz) Espiras 0.5018 45 +45 1505 22422 4az w+ ‘SABER ELETRONICA NP 194/ ee Dip meter Para chegar aos 40MHz a bobina pode ser de 7+7 espiras, no entanto, dependendo do variével, podem ‘ocorrer pontos mortos na sintonia, ou seja, pontos sem oscilagao. O variavel deve ser de capacitancia maxima da ordem ude 8opF para este caso. O ‘mesmo se dé no caso de uma freqiian- cia de 80MHz, em que temos aproxi madamente 4+4 espiras. Na construcdo da bobina o fio es- maltado pode ser mantido firme cam a utilizagdo de cola ou mesmo cera de vela. Para a conexéo da bateria usamos um conector préprio. A fixagéo pode ser feita com a ajuda de uma braga- dlrs. No variével fixamos um knob que permite a colocagao de uma escala tri- pla (ou quédrupla, se voc enrolar 4 bobinas!, Esta knob & do tino eneantrade em radios transistorizados, onde um pe- aco de acrilico transparente com uma linha vermelha serve de referéncia para 0 ajuste das freqiéncias deseja- das. CALIBRAGAO Esta 6 a operacéo mais delicada da montagem, exigindo do montador a disponibilidade de um racaptor de an- das médias ou curtas que cubra a faixa de operagio do Dip meter ou entéo um freqdencimetro, Daremos 0 procedimento utilizando © receptor, ja que com 0 freqiiencime- uy v trabalho € imediato. Comece colocando a bobina que cobre de 0,5 a 18MHz aproximada- mente (dependendo do seu varidvel mesmo de pequenas variagdes de va- lores dos componentes. podem ocor- rer boas diferencas em relagéo a esta faixa, mas vocé vai descabrir isso com facilidade). Ligue seu receptor na faixa de on- das médias e feche todo o varivel do Dip meter. Coloque o receptor a uma distancia de uns 30cm do Dip meter e va girando sua sintonia até captar o si- nial do oscilador na forma de um ’so- pro” ou leve chiado. Eventualmente pode ser um apito, se houivar cainei- déncia de freqiiéncia com alguma es- taco local. Neste ponto vocé tem a primeira referencia de freqléncia para sua es- ala. Se nada for captado, deixe o va- riavel do receptor na frequencia menor da faixa de ondas médias (520kH2) ¢ vé abrindo 0 variével do Dip meter até que 0 sinal seja captado. Vocé tem entéo a nova referéncia para sua es- cala. Veja que & conveniente, antes, sa- ber exatamente qual € o angulo de giro de seu variével e ja deixar prepa- rado um papel para a marcagao dos valores {figura 7) Na localizagéo do sinal do Dip me- ter importante tomar cuidado para do marcar a froqiiéneia de uma osei- lagao harménica, ou seja, um miltiplo da freqiiéncia original, o que pode re- sultar numa escala errada, O sinal fundamental 6 0 mais forte, captado em todo 0 giro do varisvel do ip, quando entao podemos ter a pro- dugao de diversos sinais. A partir do primeiro ponto encon- trado na escala, podemos ir gradual- mente encontrando outros, tomando o radio como referéncia, Assim, no caso da faixa de ondas médias, bastara entao levar a sintonia do rédio para 800kHz e ajustar o Dip até que o sinal seja captado. Marca: mos entdo 0,8 na escala correspon- dente. Fazemos isso com freqiléncias de 1; 13 e 1,6MHz ou até onde a bobina al- cancar, pois conforme vimos, podem ocorrer variag6es em funcéo dos com- ponentes usados. © importante para o montador que, uma vez feita esta ca- libragéo, ela seré valida para sua bobi- na e ele nao terd mais necessidade de um rédio para saber em que frequén- cia esté operando o circuito. Se terminarmos a taixa do receptor, sem que todo o varidvel do Dip esteja aberto, devemos passar 8 outra faixa do receptor para encontrar novos Pontos. Procademos do mesmo modo com 8 outras bobinas, sempre tomando ‘como referéncia as frequéncias sinto- niizadas no receptor, nas faixas de on- das médias e curtas, dal a necessidade de um receptor que tenha o maximo de taixas e devidamente calibradas. Para saber co cou receptor oaté ro mente calibrado voc8 pode se bast por estagdes conhecidas que sejt sintonizadas com facilidade. uso Como gerador de sinais ba: ajustar a freqiiéncia na escala, com bobina que cubra @ faixa desejada, depois aproximar o Dip meter | aparetho no qual se deseja fazer e inj $30. Um elo de acoplamento pode s improvisado, conforme mostra a ura 8, no caso de circuitos de men sensibilidade. 8 (72 OU ESPIRAS SOBRE Ly Ey Para determinar a indutancia ¢ uma bobina ou freqiiéncia de ressc nancia de um circuito LC proceda ¢ seguinte forma: ligue um capacite cerémico de 100pF em paralelo com bobina, no caso de se desejar sabe ‘sua induténcia; no caso do LC, deix como esté. Aproxime o Dip mater da bobina ajuste 0 potenciémetro pera ter um indicagéo do instrumento no meio d escala aproximadamente, Coloque uma bobina no Dip mete de acordo com a freqiiéncia em que s vspera_@ ressonancia. V8 glrando variével até notar uma brusca movi mentagdo da agulha do instrument (queda). Neste momento basta ler freqdéncia de ressondncia. No caso da bobina. use a férmula: seguir para calcular a indutancia: 2a VOC onde: C & 2 capscitincia, om forad (100pF = 100 x 10°t#F) F a freqiiéncia lida, em Hertz La indutancia, em Henry (H) Obs.: se o ponteiro tender & deflexas em sentido oposto ao esperado, in verta as suas ligacdes. 1 SABER ELETRONICA N° 194/8

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