Você está na página 1de 19
O Pescador que junca Pescava Nada “Texto llustragbes de Raffaello Bergonse AMBAR® doin Fapel SA fa Mansel Fito Azee, 33 ~ 410031 PORTO Tele 22651 400 = Fa 28617407 Deepa er isos: fa da Gane 664 268594 PROR VELHO “ele 219 498 40 = Far219 405287 mat eosaracpe ‘Dies serades desc com leslie vigor cole WADE PAPEL (© 207, Tere asics de Rafe Bergonse (© 2007, Amar ies no Pagel, A ‘ede: Outre de 2007 epee 58/4 Papas, imprest seabemente Anbar Poe Distrbuio: Soaron= Sa iid di abogn. $A. unde Campelde 1858 — 1070025 Usbos “elf B00 2089/13 81 6 ~ Fa 396 81 mal: encomendes@rodtinronpt epreduco itera, tl ou parcial sem aavtriaco presse do eitor— ‘nupi de breve vansngaes de abats passin comune Alguma-ver ouviram falar naquele pescador que nunca pesciva nada? Podem encontri-lotados 8 das, li a0 fando do pontio. E aquele velhote de rostoenmugado, sentado num banquinho, com uma cana muito comprida e fininha nas maos, ¢ tum balde 20 lado. Reparem como ele mal se rmexe, com os olhos perdidos na agua. Reparem: também que hi sempre um sorrso muito level nos cantinhos éa sua boca Passou-se uma coisa ccm ele que gostava de vos contar. Hé muitos, muitos anos, em ele sinda um) vem, a evisa de que mais gostava na vida era ir pesea. Pescava 10s rios e no mar, pescava em riachos e ribeiros, albufeiras, lagos barragens, pontées e praias. Pescava das rochas, em jguas de fandos de areia e de pedra, limpidas on turvas. Nao interessava se chovia ou fazia sol. Sempre que podia, ld estava ele com a sua ‘ana, Com-um gesto répido, atiava a linha para agua, ficava a espera que algum peixe abocanhasse 0 seo, com os olhinhos fos pagucla boia colorida, que andava para cima ¢ para baixo com as ondas. 6 havia um problema: é que munca apanhava nad Na verdade, nessa altura, houve uma vez, uma 5 vez, em que apanhow qualquer coisa Foi neste mesmo pomtio, mama tarde de sol. De repente a bin desspareceu, e quando ele comegeu a paxar a linha, havia qualquer coisa a remexerse debaixo de dgual ‘Um peixel’, pensava ele, de pé, a recolher a linha, com 0 coracio ans saltos, a medida que os segundos passavam. Dadgua safu entio um pequeno peixinho prateado, retorcendo-se. O pescadar olhoa para ele de perto. Ero um peixinho joven, Erm pequeno de mais. Segurando-o.cuidadosamente pam niio o magoar, devolveu-o & Agua. Eh nio compreencia o que ele sentia cuando estava ao pé da gua, quando olhava com muita atencio para aquela boiazinha’ ‘que podia desaparecer a qualquer momento. Eh nfo compreendia a sensago de estar sozinho em frente Aaquele mar sem fira, que is vezes era anil e transparente, e a8 -vezes sombrrio e cheio de segredos, debaixo de um eéu de chuva gaivor, _ > aa A mulher nio compreendia aquela sersacio de mistério que (6 pescador sentia quando ficava quieto a olhar para a agua, fosse num rio ou no mar, sabendo que a qualquer momento, podia ser jé, algum animal daquelas profundezas misteriosas podia abocanhar o seu isco e dar um puxio na Tinka. Ah, como o seu coracio saltaria quando isso acontecesse! Bas os peixes sio uns\bichos dificeis de compreender. Talvez 0 isco nfo fowe o nellor. Ow a linha fosse muito grossa, ov o arzol muito grande, ou boia muito pesada, ou talver 0 peixe no tivese fome. Podia ser que a maré tives muito cheia, ou \muito varia, ox 0 vento estivese a sopra pura 0 laloertado, (0 importante é que ele mio desanimava munca, e quase todos os dias Ii ja, a seguir|s0 trabalho, ox antes do ‘trabalho, confurme Ihe dava mais jeito, Lert ee Agora leiam com muita atencio, porque voots nfo vo acreditar no que acabou por acontecer. Certa madrugida de Outono, 14 se ouviram no ar as galochas de borracha do nosso amigo. Com passos decididos, como sempre, atravessm 0 pontio até 1é a0 fundo, © mar ondulava so de leve. Havia massas de avers & distincia, anunciasdo alguna chuvada, ld onde a vista mal aleangova. (© pescador colocou tim belo camatio descaseado 0 anzdl, ‘Sentiu o vento ¢ o cheiro a magesia. Com um movimento ‘vépido com a cana, fez a bdia saltar por cima da sua cabeca e iraterrar na égua, laa frente. Lé ficou dla a saltitar para cima para baixo com as andas. Passaram-se ah ‘De repenie, a pequena biia desapareceu, Elolhou com toda aatengio para a dgua. Mas ldapareces oatra Nee. F desaparecen denovol Sentin um terive puxdoma Alguma coisa tinka mordidop isco! (© nos amiga levantoa-se, com aa pemas a tremer e o: olhos esbugalhados, Puxoa ¢ puxou a linha, @ 5 medida ques linha era recalhida ele consegaia dicemir alguma coisa grande ¢ eccura quase 4 superficie da dgua, Entretantn, otra pescado que andzva ali pertn vira mado @ i estava ao pé dele, entusiasmada, pronto a andi-lo a trazer para terra o que quer que fosse que ai vinka, Ler” Giro essere ner ee ee eee erie eee eee nen eee ee | ‘viajado para outras paragens, ¢ alimentara-se nos vastos Cee ee Ms em er homem iu. Depois, segundo o seu instinco, vokara pata Peete ete er eee Re ogee 8 Ce Me ee Pe ee etn eee eee ec eee ee eee cee ere) Pee eee toe A maioria das pessoas ao acredita que o peixe era 0 mesmo que ele apanhara antes. “O peixe no srescia tio répido”, talvez digam, ou “Quais gio as posibilidades deo mesmo peixe voltar aquele local passados tantos meses, e de ser spanhado a histria parece-me um pelo mesmo pescador? grande disparate! Tém razao, Nao é m provavel. Mas ex sei que era o mesmo peixe. Saher porqué? Peano es et ead open lee ee pe ti peed ac cia pect ae a ples de fermen da a, di ca ‘Também estava presente quando ele 0 apunhou de nove. Mal olhet para aqucles clhos escuros uma vex mais, soube que era o meimo bicha, Podem acreditar ou no, ‘woot é que sabem. ter” Giro ee ere eee eect cee Ce ee eed eee oe ee ee ee ee eee eee $6 nunca percebi como & que durante tanto tempo nfo ee Cee eens ac ee. Tomer ee eee eon eee Afinal)/@ assim na pesca, mas também em mutas _outzas coisas a 1A pory segui-Ihe 2s pisadas. Tenho um pequend pateoy @/@.e0isa desde ‘que mais gosto ¢ de sair de manhcedo, e ir para @ man : Apamho sargos, sifis, robalos, silemas, abrotens, lls) By ourros. E sempre que apanho um desses habitatas) ‘oceanos, sinto aguilo que animou e anima a todos BE) pescadores, aquela alegria que niio consigo descrever apenas comp ‘gli oor Pa cotmus ian a. nio tenho sorte (o que acontece muitas vezes), ats gostamos, lembro-me di historia do meu psi, € da ighe que aprendt com ele ie ath hol Ct fuido nic corre da melhor maneita logo nunca devemos desist. Se. alguma coisa boa acaba sémpre ele que o gue é mesmo importante no é ‘do bem logo a primeira. FM esa = ver ficha tenia

Você também pode gostar