A minha viso a heracliteana, a guerra no pode nunca deixar de existir, o que pode,

quanto muito, a guerra em sentido estrito (guerras entre pases, conflito armado posto
em aco etc..). O que normalmente se quer em substituio guerra uma espcie de
paz forjada, aparente, a questo que a paz no de maneira nenhuma a ausncia de
guerra.
A paz in se no possvel, ou s possvel na medida em que imposta (da mesma
maneira nscia que a guerra imposta), ou seja, com base na supremacia de um ponto
de vista desptico sobre o outro e isso to mau como a guerra. Impor um oposto (pares
de opostos constituem a realidade, a vida) sobre outro, o bem sobre o mal, a paz sobre a
guerra ou que os nossos juzos morais normalmente aconselham, uma desvirtuao
das coisas.
A vida no sermos todos bonzinhos e trocarmos entre ns carcias sensuais (como
disse o nosso professor relativamente ao reiki) e vivermos todos felizes como se nada
fosse, a vida de uns faz escravos, de outros homens livres e uns podem tornar-se nos
outros e vice versa, inconstante e imprevisvel porque acenta nesta luta constante entre
contrrios; obviamente que o bichinho sedentrio ocidental (e no s!) habituado ao
conforto do sof e (aparente) segurana e previsibilidade da vida para a qual trabalha
como um escravo, no quer saber nada destas coisas destabilizantes! Ns queremos
que o mundo seja inundado de paz, e vamos cantar pela paz e vamos acender a velinha
para que os extraterrestres vejam as nossas velinhas e essa trapalhada todauma
cegueira terrvel e uma fuga constante vida.
Aceitar o sofrimento, o desconforto, o conflito para que convivam to bem como a
felicidade, a adequao e a paz em ns o que me parece de relevante, ou seja, sentar-se
no cho de vez em quando (uma ode autonomia, porque estamos sempre dependentes
de uma cadeira qualquer), comer menos de vez em quando (e no a abundncia ridcula
de comida em nossas casas acendo a velinha e depois vou para uma orgia
gastronmica), ter um momento sozinhos de vez em quando, cultivar a paz de vez em
quando, porque a partir de ns que a paz cresce e se alastra e no a partir de pontos de
vista tericos (ironicamente o que este texto, mas eu tento praticar, a preciosa praxis
grega), nem de ajuntamentos; e esta paz est sempre inerente ao conflito, sempre,
sempre, sempre a paz bovina para as vacas e nem as vacas se escapam ao conflito.
A guerra o pai de todas as coisas e de todas ele soberano at ao momento em que
tudo isto se dissolve, nem paz nem guerra, nem tu nem eu.. mas isso j outra histria..