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Há combinações momentâneas que nos saltam da boca.

Para nós é somente uma


frase. Para quem ouviu, sentiu, é tudo. Um todo que leva à lembrança perpétua em
tudo o que se faz.

A lembrança é uma doença que não nos deixa viver o dia de hoje como se ontem já
tivesse passado.

Combinamos sair daqui a cinco dias, combinamos ir ao cabeleireiro, combinamos um


jogo… Combinações banais para qualquer pessoa, mas para pessoas diferentes.

Pessoas com as quais gostamos de estar, falar, passar tempo. Hoje, não lhe falamos.

A lembrança de quando estávamos, falávamos, passava tempo, mata.

Combinar que quando estamos juntos não existímos para o mundo.

Combinar que falaremos do infinito e do impessoal.

Combinar que não precisamos de pensar, que basta estarmos juntos e livres, em vez
de estarmos juntos e sozinhos a pensar.

Combinar que tudo significa amor, ternura e tempo escasso.

Combinar que não fui eu que não quis. Foi ele que não quis que eu quisesse.

Combinar que conversaremos sem que ninguém saiba para que o mundo não se
aperceba que eu existo e comece a comprar bilhetes para trocar ideias comigo.

Combinar que nunca a quantidade valerá tanto como a qualidade.

Combinar fazer o que quiser, sempre que o quiser.

Combinar…

Ver na minha liberdade a vontade de ser livre também.

Mas a combinação não é isto… Nunca foi!

Combinação pode ser uma função matemática da análise combinatória.


Combinação, da gramática, pode ser a junção de duas palavras sem perda de fonema.
Esta Combinação, é a minha combinação, a nossa combinação.

A Combinação da lembrança que mata, que dói.

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