Você está na página 1de 10

A potica osmaniana:

entre a alegoria e o smbolo


Joseana Paganine Universidade de
Braslia

A volpia com que a significao reina,


como um negro sulto no harm das coisas.
Walter Benjamin, Origem do drama barroco alemo

Jogados em um universo impenetrvel tentamos nome-lo,


teimosamente, cnscios da nossa insuficincia. A nomeao,
ato inteligente, tambm e por isso um ato aflito. Da as
aventuras da linguagem, expresso com as suas contores,
buracos, obscuridades dessa tentativa to desesperada.
Osman Lins, A rainha dos crceres da Grcia

Alegoria da Justia

Alfredo Ceschiatti, Praa dos Trs Poderes

Alegoria das virtudes e dos


vcios
Capela de Scrovegni, Giotto (1266-1337)

Tessera hospitalis
Museu de Arqueologia da Universidade de Navarra, Espanha

Dawn after the wreck, William Turner, 1841

Que voz vem no som das


ondas
Que no a voz do mar?
a voz de algum que nos
fala,
Mas que, se escutamos, cala,
Por ter havido escutar.

As ilhas afortunadas, in Mensagem, Fernando Pessoa

Minerva protege a Paz de Marte (Alegoria sobre


as Bnos da Paz)
Peter Paul Rubens (1577-1640)

A rainha dos crceres da Grcia


Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986

Quem ou que nos salva do esquecimento? Antes, ainda os mais inscientes


dentre ns, sabamos por qu. [...]
Tudo, porm, se movia jubilosamente de um extremo a outro e este voo, e este
lao, e este passo de dana, tinha um nome: nexo. Se inventssemos o
cntaro, tnhamos em mente a gua, a mo, o copo, a boca. A lana? Vede
como longa, enramada e tortuosa. Ali est a minha fome, alm minha
cautela, alm meu brao, alm meu olho, alm minha percia, alm a mquina
quente do animal, vulnervel: isto a lana. Quem se desviaria em lanas que
ignorassem o ato de caar e a necessidade de ferir, fechando em si esta
fbrica agressiva, ento inerte? O animal tombava, golpeado, e isto no
mutilava o mundo: sua morte era um evento, rico de memria.
Agora, erramos orgulhosos e tristes, de ato vo em ato vo, modelando vasos
fechados e cortando lanas circulares, no mais portadoras de aguilho. [...]
(pp. 193-194)

BIBLIOGRAFIA
ADORNO,
ADORNO, Theodor;
Theodor;
HORKHEIMER,
HORKHEIMER, Max.
Max. Dialtica
Dialtica
do
Esclarecimento.
RJ:
do Esclarecimento. RJ: Jorge
Jorge
Zahar,
1985.
Zahar, 1985.
BENJAMIN,
BENJAMIN, Walter.
Walter. Origem
Origem
do
drama
barroco
alemo.
do drama barroco alemo.
SP:
SP: Brasiliense,
Brasiliense, 1984.
1984.
GAGNEBIN,
GAGNEBIN, Jeanne
Jeanne Marie.
Marie.
Histria e
e narrao
narrao em
Histria
em
Walter Benjamin.
Benjamin. SP:
SP:
Walter
Perspectiva, 1999.
1999.
Perspectiva,
LINS,
LINS, Osman.
Osman. Avalovara.
Avalovara.
So
Paulo:
Cia
So Paulo: Cia das
das Letras,
Letras,
1995.
1995.
_____.
_____. A
A rainha
rainha dos
dos crceres
crceres
da
Grcia.
RJ:
Guanabara,
da Grcia. RJ: Guanabara,
1986.
1986.
_____.
_____. Evangelho
Evangelho na
na taba.
taba.
SP:
Summus,
1979.
SP: Summus, 1979.
_____.
_____. Guerra
Guerra sem
sem
testemunhas. SP:
testemunhas.
SP: tica,
tica,
1974.
1974.
_____.
_____. Nove,
Nove, novena:
novena:
narrativas.
SP:
narrativas. SP: Cia
Cia das
das
Letras,
1994.
Letras, 1994.
TODOROV,
TODOROV, Tzvetan.
Tzvetan. Teorias
Teorias
do
smbolo.
Campinas:
do smbolo. Campinas:
Papirus,
Papirus, 1996.
1996.

A Ruined Castle Gateway (1650), Jacob van Ruisdael

Você também pode gostar