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O que (de fato funciona ALGUMAS TECNICAS DE ESTUDO AJUDAM A ENQUANTO OUTRAS SO NOS FAZEM PERDER TE?. ENDER MAIS RAPIDO, PO. COMO DIFERENCIA-LAS? UMA REVISAO INEDITA DE ESTUDOS MAPEOU DETALHADAMENTE OS MELHORES CAMINHOS PARA ADQUIRIR CONHECIMENTO por John Dunlosky, Katherine A. Rawson, Elizabeth J. Marsh, Mitchell J. Nathan e Daniel T. Willingham todos de ensino costumam focar no as- sunto a ser estudado — como equacaes de segundo grau, elementos da tabela perié- dica ou conjugagdo de verbos. Aprender 0: AJTORS como assimilar conteddos, porém, é mais importante que JOHN DUNLOSE «professed puicopa do Universidade Extadual faavi RDU rhe ep ts absorver oconhecimento e traz beneficis por toda a vida. Grimms unrest HARE] Mann eprtenonenmaes —_Além disso, descobrir maneiras mais eficientes de nos ataaubtag ewes da Unveniade De MITCHELL]. apropriarmos de diferentes saberes acelera 0 proceso Wecerantiodson BAniEL EwuINCmntrneiooetncs de aprendizado e, mais importante: permite a retengio ‘ds Universidadeda Vigin de infor mages — € ndo somente por alguns dias, B Hé mais de um século, psicélogos, pes- quisadores cognitivos e educadores desen- volvem e avaliam as mais variadas técnicas usadas para estudar, como releitura, grifos no texto e resumos. Algumas estratégias triviais de fato ajudam a melhorar 0 desem- penho de estudantes, enquanto outras S30 ineficazes ou até surtem efeito, mas tomam tanto tempo que terminam sendo pouco adequadas. No entanto, essas informagoes nem sempre chegam a educadores, estu- dantes ou @ qualquer pessoa interessada em ampliar seus conhecimentos. Indmeros professores nao tém acesso a técnicas de aprendizagem testadas cientificamente, que poderiam auxilid-los. E, consequentemente, muitos alunos deixam de usufruir do pré- prio potencial. Aliés, nao ¢ dificil encontrar estudantes recorrendo a préticas que, além de ineficazes, podem comprometer o rendi- mento escolar. E provavel que a extensa—e, nao raro, d vergente — producto bibliografica sobre esse tema mais confunda que ajude as pessoas a identificar métodos priticos e vantajosos. Para enfrentar esse desafio analisamos as dez técnicas mais utilizadas, em pelo menos 700 artigos cientificos. Focamos nas estratégias mais simples e eficazes e entrevistamos os préprios estudantes a respeito dos méto- dos usados com maior frequéncia por eles. Recomendamos somente técnicas que atendam a alguns critérios fundamentai ser itil em diversas condigdes de aprendiza- gem (permitindo, por exemplo, que o estudo ocorra tanto isoladamente quanto em grupo); auxiliar pessoas em diversas idades e com variados niveis de conhecimento e habilida- des; ter sido testada em sala de aula ou em outras situagbes reais. Além disso, 0s alunos precisam ser capazes de usar o recurso para dominar varios assuntos e dar provas de desempenho independentemente do teste usado para medi-o. As melhores abordagens resultam em conhecimento mais duradouro e consistente. Por meio dessa selecdo identificamos claramente as duas melhores técnicas. Elas tém a seu favor o fato de que demonstram resultados concretos, continuos e relevantes em diversas situagbes. Outros trés métodos sto recomendados, mas com algumas ressal- vas. Desaconselhamos cinco, incluindo duas estratégias bastante populares de aprendi- zagem, por serem titeis apenas em circuns- ‘tancias limitadas ou por nao apresentarem vantagens evidentes. Encorajamos também pesquisadores a explorar algumas técnicas nao testadas; porém, advertimos alunos e professores a serem cautelosos. UM PASSAR DE OLHOS > Pesquisadores analisaram as dez técnicas de aprendizagem mais utilizadas em pelo menos 700 artigos cientificos para identificar as formas mais vantajosas de estudar, > Alguns métodos de estudo funcionam para diversos assuntos e em diferentes situagdes, o que ajuda a melhorar o desempenho das pessoas em testes e a reter contetidos por longos periodos. Aprender como assimilar conh por toda a vida. ento traz beneficios » Testar a si proprio e alternar perfodos de concentracio e distragao se formas simples produtivas de melhorar a aprendizagem. > Sublinhar e reler: embora sejam dois métodos frequentemente utilizados por ‘estudantes, sfo ineficazes e tomam muito tempo. > Virias técnicas ainda nao foram suficientemente avaliadas pelos cientistas. Enquanto isso, mesmo em casa. 24 A mertacetro | novero 2013 EE TEE estudantes e professores podem colocé-las a prova, usando-as em sala de aula ou | aa DA ESTRELA DE OURO 1 Autoteste - Avaliar a si mesmo ajuda a melhorar o desempenho Como funciona: Diferentemente de exa- mes tebricos, provas praticas podem ser feitas pelos préprios estudantes fora da sala de aula, Geralmente esses métodos incluem responder 2 perguntas de exemplo no final do capitulo de um livro didético ou treinar a capacidade de recordar por meio de exercicios. Embora a maioria dos alunos evite se colocar a prova, diversos experimentos comprovam que avaliar a si mesmo ajuda a melhorar 0 aprendizado e a reter informagBes por mais tempo. Em um estudo recente, um grupo de estudantes foi convidado a decorar pares de palavras. Em seguida, metade foi submetida a.um teste no qual deveria se lembrar dos vocdbulos apresentados. Depois de uma semana, os pesquisadores solicitaram que todos os participantes relatassem 0 que recordavam. Aqueles que haviam passado pelo segundo teste se lembravam de 35% das onal palavras, enquanto o restante apenas de 4%. Em outro experimento similar, dessa vez com pares de termos em inglés-sualli, os cientis- tas observaram que voluntérios que haviam passado por continuos exames priticos se lembraram de 80% do conteiido; o restante, somente de 36%, Acreditamos que os testes praticos desencadeiam reagdes que ajudam a acessar memérias de longo prazo por meio de miltiplas vias neurais, o que tornao aces- 0 informacao mais simples: evocados com maior frequéncia, os dados inserem-se nas redes associativas que evocam aspectos da membéria, fazendo com que o aprendizado seja fortalecido. Para quem? Pessoas de qualquer idade. Os testes ~ especialmente se forem répidos ¢ frequentes ~ trazem beneficios tanto para pré-escolares quanto para estudantes de me- dicina do quarto ano ou ainda para adultos de meia-idade. Podem ser tteis, por exemplo, para aprender idiomas, soletrar palavras ou memorizar o nome dos nervos cranianos. Ha \dicios de que o recurso da “checagem das informacées” também pode ajudar pacientes com Alzheimer a preservar informagdes por mais tempo. Os beneficios da técnica costu- mam durar meses ou anos. E pratico? Sim. A“checagem" do que sa- bemos requer pouco tempo e quase nenhum treinamento. ‘Como fazer? Durante as anotacdes na sala de aula, a pessoa deve fazer uma coluna em uma das bordas da pagina e escrever ter- ‘mos, palavras ou questdes-chave. Mais tarde, basta recorrer a uma autoavaliagio: cubra os comentarios mais extensos e retome 0 que aprendeu com base nos principais pontos registrados. Depois releia as anotagdes para ver se deixou de fora algo importante. Classificagao: Grande utilidade. Testes praticos funcionam em diversos formatos, para uma grande variedade de conteddos € para pessoas com diferentes idades. Além disso, 0 recurso permite reter informagdes a curto, médio e longo prazo. Aquilo que desejamos reter por mais tempo deve ser revisto mais vezes. 2 Tempo para assimilar - Aprender primeiro, estudar depois ‘Como funciona: E pratica comum entre estudantes acumular tarefas e emendar uma nna outra, No entanto, estudar com intervalos & muito mais eficaz. Em um experimento cléssico, diversos voluntérios de lingua inglesa aprenderam algumas palavras em espanhol. ‘Os voluntérios foram divididos em trés grupos ctiveram alguns perfodos para revisto de con- tetido: o primeiro deveria cumprir a tarefa no mesmo dia; o segundo grupo apés 24 horas; @ 0 terceiro, depois de um mes da aula. Em comparacio aos colegas, os integrantes do Ultimo grupo se recordaram de muito mais termos aprendidos. Em outro experimento, foram analisados 254 estudos com 14 mil par- ticipantes. Os pesquisadores descobriram que aqueles que cestudaram em perlodos espaca- dos intercalados com tarefas se lembraram, em média, de 4796 do contedido, enquanto os que se dedicaram continuamente, de apenas 37%. Para quem? Criancas a partir dos 3 anos, jovens adultos em qualquer idade. Estudar com intervalos ajud aprender outro idioma, memo- rizar palavras e conceitos, além de favorecer o aprendizado de matematica e musica. E pratico? Sim. Planeje revises periédicas com ante- cedéncia e procure nao adiar essa tarefa. Como fazer? Estudar com intervalos pode trazer excelen- tes resultados. Fazer pausa de 30 dias entre ‘0 momento de aprender algo e recuperar 0 conteiido da meméria é mais proveitoso do que "“descansar a cabega” por apenas um dia, por exemplo. Em outro estudo similar, dessa vez on-line, 0s participantes demonstraram melhor desempenho depois de espagar as au- las, Para se lembrar de algo apés uma semana & preciso estudar com intervalos de 12 a 24 horas. J4 para guardarna meméria contetdos por cinco anos 0 espago de tempo para reto- mar o conteddo varia entre seis e 12 meses. ‘Apesar de parecer improvavel, é comprovado que retemos informagdes mesmo durante longos perfodos sem acessd-las. Caso 0 contetido seja esquecido, a técnica também ajuda a recuperd-lo. O método ¢ ideal para reter conceitos fundamentais que formam as bases para conhecimentos avancados. Classifica¢ao: Grande utilidade. Pratico € simples, 0 estudo com intervalos é eficaz para pessoas de qualquer idade e funciona para os mais diversos assuntos. Talvez a téc- rica pareca estranha por nao ser comumente adotada, mas especialistas garantem que vale a pena experimentar. Ba: Ears Se aeeant SEGUNDO LUGAR. ‘Apesar de muito usadas, ainda nao hd evidéncias satisfatorias da ecdcia das técnicas de “interroga- t6rio elaborado” e “autoexplicacio”, pois nio foram suficientemente: J4 0 estudo intercalado comecou a ser investigado de forma sistematica hd pouco esses métodos demonstram bom potencial. educativos rea tempo. Ainda assi 3 Interrogatério elaborado ~ Movidos pela curiosidade Como funciona: Queremos saber, pro- ‘curamos explicagdes para o mundo ao nosso redor e esse desejo nos move em busca de novas experiéncias que nos enriquecem. Valorizar essa qualidade tao presente nos seres humanos pode ser muito util. Evidén- cias sugerem que incitar alunos a investigar detalhes do quer que seja faclita a aprendiza- gem. “Qual o sentido disso?” ou “Vocé tem certeza?" sao perguntas usadas na técnica de interrogatério elaborado com objetivo de encontrar explicacdo para fatos, Em um {recente experimento que acompanhamos, foi E pedido a voluntérios que lessem varias frases. Uma dela era: “O homem faminto entrou no carro", Em seguida, eles foram divididos em tr€s grupos: 0 primeiro deveria inventar | motivo da agio (interrogatério elaborado); 0 {segundo fo previamente oientado comm uma Fexplicacao, como “o homem faminto entrou no carro para ira um restaurante”; eo terceiro { simplesmente leuas frases. Depois, os pesqui: ® sadores fizeram perguntas referentes a cada aliadas usadas em contextos frase (por exemplo: quem entrou no carro?). © grupo que participou do interrogatério ela- borado respondeu corretamente a 729% das questdes em comparacao com o restante, que nao acertou mais que 37% das respostas. Quando usar? Na hora de aprender Informacoes factuais ~ principalmente se jé souber algo sobre o assunto, o que aumenta as chances de assimilagao. Por exemplo, para uma pessoa que faz um curso de histéria da arte, tem informagoes superficiais sobre 0 tema mas quer aprofundar-se, o método & bastante indicado. Ha registros de que es- tudantes alemaes demonstraram aprender melhor sobre estados de seu préprio pals do que a respeito de provincias canadenses. Acreditamos que o conhecimento prévio per- mite elaborar explicacdes mais adequadas. Os beneficios so ainda maiores para criangas da quarta série em diante até alunos de graduacao. Do ponto de vista cientifico, © problema & que embora nao pareca haver dividas de que a técnica do interrogatério elaborado ajude a aprimorar a meméria, nao se sabe ao certo até que ponto colabora com a compreensao sobre fatos ou mesmo quanto tempo ajuda a manter o conteido aprendido. E pratico? Sim. No entanto, o método re- {quer um pequeno treinamento para se acostu- mar a elaborar as perguntas e demanda algum tempo. Voluntérios que participavam de um grupo de interroga- tério elaborado leva- ram 32 minutos para estudar um texto; ja 0s colegas que ape- nas leram o material levaram 28 minutos. Nao ha, porém, da- dos suficientes sobre quem assimilou me- thor 0 conteddo. Muitos deixam de usufruir do proprio potencial por nao saber como estudar; outros tantos recorrem a praticas que, além de ineficazes, podem prejudicar o rendimento cognitivo v BB capa Avaliagao: Utilidade moderada. A téc- nica é valida para diversos assuntos, mas nfo tanto para temas mais complexos. Sem , conhecimento prévio Em muitos casos, as sobre determinado melhores estratégias contetdo, o aluno nao chegam aos alunos terd beneficios limita- implesmianteipe dos. Ainda é preciso simplesmente porque acumular mais pes- os professores nao as quisas para validar a conhecem, e raramente o material oferece orientacdo eficdcia do interroga- t6rio elaborado para sobre formas de estudar diferentes situagoes e informagoes. 4 Autoexplicacdo — Partindo do que ja se sabe ‘Como funciona: Os estudantes devem produzir explicagdes sobre o que aprendem por meio da revisdo de processos mentais com perguntas do tipo: “O que essa infor- magio me acrescenta?” ou “Como isso se relaciona com o que jé sei?”. Da mesma forma que o interrogat6rio elaborado, a auto- explicagao ajuda a somar o novo conteddo ao, conhecimento prévio, privilegiando associz Ges que facilitem o encadeamento de ideias Para quem? O método traz beneficios tanto para pré-escolares como para estudan- Isso nado funciona! As técnicas a seguir foram classificadas como de baixa utilidade porque sio ineficazes ou apresentam beneficios apenas para alguns tipos de aprendizagem e durante curtos perfodos. Na hora de estudar, a maioria das pessoas opta por reler e sublinhar determi- nado assunto ~o que além de no trazer resultados toma o lugar de estratégias mais liteis. Outros métodos mencionados abaixo demandam muito tempo. Confira: Sublinhar Destacar, circular ou marcar o material é pratica comum entre estudantes. Embora seja répida e simples, a técnica no provoca mudangas positivas no desempenho. Estudos controlados demonstraram que esse método ‘do foi eficaz nem para estagiarios da Forca ‘Aérea dos Estados Unidos (USAF, na sigla em inglés) nem para criancas e alunos de gradu- agdo em diversas dreas como aerodindmica, hhistéria da Grécia antiga ou geografia da Tan- Ania, por exemplo. De fato, a estratégia pode prejudicar no desempenho de tarefas complexas. Um recente estudo demonstrou que sublinhar reduz a capacidade de fazer inferéncias (por melo de associagbes) em livros de histé- ria, Acreditamos que esse recurso chame ‘a atengdo para partes isoladas em vez de favorecer conexdes entre temas. Além disso, uma vez que 0 texto esti grifado, em novas leituras tendemos a nos apegar a0 que ji i destacado, deixando de lado pontos que poderiam ser bastante importantes. ‘O que fazer: Sublinhar o material de estudo pode até ser it no inicio, desde que o conted= do destacado seja transformado em cartes de memoria e conceitos-chave que facilitem a elaboragdo de autotestes. Além do mais, a maioria dos estudantes exagera na hora de ‘marcar informagdes, confundindo as informa- (des destacadas. Esperamos que futuras pes- Quisas apontem maneiras de aprimorar essa pratica to corrente e ajudem a desenvolver critérios mais eficazes para selecionar os tre: chos essenciais tes universitdrios. Ajuda a resolver problemas matemiticos e jogos de raciocinio Idgico, como quebra-cabecas, além de auxiliar na compreensao de textos narrativos e favorecer ‘ouso de estratégias complexas para o xadrez, | porexemplo. A autoexplicaco também ajuda criangas pequenas a entender ideias basicas a aprender padrées e légica numérica. Resumindo: a técnica aprimora a meméria, resolucao de problemas e compreensio de maneira geral — uma lista impressionan- te de resultados. A maioria dos estudos, porém, aponta efeitos de curto prazo: nao se sabe se a duracio se relaciona com 0 Revisdo, Embora reler as informacées seja um dos mé- todos mais utlizados, ndo ha comprovagao de ‘sua eficdcia para a maioria das pessoas. Em uma pesquisa recente na Universidade Har- vard, 84% dos alunos de graduacio afirmaram tero habito de revisar livros ou anotagdes na hora de estudar. A estratégia no requer treina- ‘mento, demanda pouco tempo e demonstra beneficios em testes de meméria e de comple- tar espacos em branco. No entanto, ainda nao se sabe até que ponto seus efeitos dependem do nivel de conhecimento ou da habilidade individual de cada estudante. Além disso, as evidéncias de que o recurso fortalece a compre- ‘ensio ainda precisam ser mais bem explora- das. E provavel que o estudante experimente os beneficios da técnica a partir da segunda leitura apenas pelo efeito da repeticdo, mas nao é certo que as informagbes sejam de fato retidas. (O que fazer: Nao desperdice seu tempo: em ‘comparagio com outras estratégias mais ativas, ‘como interrogatéro elaborado, autoexplicacao e testes préticos, a revisSo de contetido por meio da leitura fica muito aquém das expectaivas. + Outras trés técnicas de estudo (menos utilizadas) no demonstraram resultados po- sitivos em nossa avaliagdo: sobre o método “textos e imagens”, ainda nao hd evidéncias, ,além de demandarem muito tempo. Concordamos que o habito de conden- sar textos ajuda a identificar os pontos princi- pais de determinado assunto mas, por outro lado, tende a excluir temas considerados sem ‘muita importancia. No entanto, ainda nao é possivel medir a utiidade da técnica, jé que cada estudante desenvolve um modo particu- lar de aplicé-la: quantidade de informagées, legibilidade e organizacao do material nao tém padrio definido. (© método de palavras-chaves utiliza ima- gens para aprimorar a capacidade mnémica, Por exemplo, um estudante que esta apren- dendo a palavra francesa dent (dente) pode aproveitar 0 som similar em portugués para construir uma imagem mental do préprio objeto que se relacione com o termo. De fato, o recurso demonstra alguns resultados positivos no aprendizado de idiomas, em terminologias médicas e na definigo de pa- lavras, embora nao haja evidéncias de que os ganhos permanegam por muito tempo; no final das contas, 0 esforco de ctiar palavras- chaves parece nao superar os ganhos, Ja técnica de textos e imagens onenta.a iar figuras mentais a cada paragrato ldo. Es- tudos revelam resultados pouco consistentes em relagao ao método, mas isso nao impede que professores lancem milo desse recurso grau de conhecimento prévio da pessoa. E pritico? Ha controvérsias. Para muitos parece surtirefeito, mas realizamos um expe- Fimento com alunos da 9 série e percebemos que estudantes inexperientes tendem repetir ‘© que ja sabem em vez de produzir explica- ‘goes. Além disso, outras pesquisas apontam que a técnica aumenta de 30% a 100% a demanda de tempo na hora de estudar. Avaliac&o: Utilidade moderada. A auto- explicacao funciona para diferentes assuntos @ pessoas, de diversas idades. Acreditamos que futuras pesquisas poderdo estabelecer a duragao dos efeitos e indicar se as pesadas demandas de tempo so compensadoras. 5 Estudo intercalado — Misturando magas com laranjas ‘Como funciona: Estudantes tendem a estudar em blocos: terminam um tema ou uma questio para entdo passar para a préxima. Pes- quisas recentes, porém, apontam os beneficios da prética intercalada, um método que alterna diversas informagBes ou problemas. Em um recente estudo, universitérios aprenderam a cal- cular 0 volume de quatro formas geométricas. Em seguida, foram divididos em dois grupos: © primeiro deveria calcular cada forma antes de passar para a tarefa seguinte (estudo em blocos), e 0 segundo fazer todas as operagdes ‘a0 mesmo tempo (estudo intercalado). Depots de uma semana, todos os voluntérios passaram por uma avaliaglo. Aqueles que intercalaram as figuras foram 439% mais precisos em suas respostas. Acreditamos que o método permite 30 I mentee I novembro 013 que as pessoas comparem diferentes tipos de problemas e encontrem a melhor maneira de resolvé-los. Esse processo também pode ser faclitado pelo fato de que quando desfocamos a atenco e nos voltamos para outra atividade, a0 retornarmos & anterior acessamos uma rnova forma de ver a questo, o que favorece a elaboragao de solugdes criativas. ‘Quando usar? Na hora de resolver pro- blemas semelhantes. Colocar questdes lado a lado ajuda a perceber diferencas entre elas. Jd estudar em blocos (agrupar itens de acordo com a categoria) pode ser mais eficaz quando 08 exemplos so pouco parecidos, o que deixa as semelhangas mais acentuadas. (O estudo intercalado parece favorecer mais aqueles com maior conhecimento sobre de- terminado assunto. Os beneficios, entretanto, variam de acordo com 0 contetdo: aprendizes de Algebra, por exemplo, demonstram melhor desempenho com ouso do método. Segundo re- cente pesquisa, estudantes de medicina também ‘semostraram mais habilidosos para diagnosticar doencas cardiacas depois de aprenderem a in- terpretar eletroencefalogramas. No entanto, outros dois estudos com alunos de cursos de idioma estrangeiro nao apontaram ganhos com ametodologia. Ainda assim, aestratégia pode ser uma saida interessante para pessoas com grandes dificuldades em matemitica. E pratico? Acreditamos que sim. Uma pessoa motivada pode facilmente estudar de forma intercalada sem qualquer instrugio. A técnica também pode ser usada por pro- fessores em sala de aula. Os alunos devem se concentrar em um problema (ou tema) a ser resolvido. Em seguida, novas questdes devem ser colocadas ¢ relacionadas com 0 assunto anterior. Embora leve mais tempo do que estudar em blocos, a técnica traz resultados valiosos. Avaliacdo: Utilidade moderada. O estu- dointercalado ajuda a aprimorar 0 aprendiza- do, a retencdo do conhecimento matematico ¢estimular habilidades cognitivas de maneira eral. No entanto, ainda hd poucas pesquisas cientificas sobre esse método. Ainda nao se sabe a0 certo em que medida a técnica ¢ mal empregada ou se de fato no apresenta resultados consistentes. Futuras pesquisas poderdo explorar essa questio. O mais importante é querer saber Por que estudantes ndo usuffuem dos métodos mais eficazes de estudo? E provavel que nao tenham contato com os melhores recursos e, lem muitos casos, os proprios professores no 0s conhecem, Raramente o material oferece orientagao suficente sobre o uso, a eficicia ow as limitacoes das diferentes formas de estudar desde 0s primeiros anos escolares. Mesmo as instituigBes e os educadores que enfatizar contetidoe pensamento criico tendem a debcar de lado métodos que ajudam a absorvé- -los. Acreditamos que essa atitude pode até favorecer 0s alunos durante os primeiros anos, ‘enquanto do supervisionados de perto. Mais tarde, porém, quando nao contarem mais com se apoio, podem surgir diversas dificuldades. Alguns pontos ainda precisam ser mais bem investigados, como a idade mais adequada para comegar a usar determinada técnica ou a quanti- dade de treino necessério para que cada exercicio setome eficaz. Por enquanto, as abordagens mais, bem-sucedidas podem serincorporadas as aulas para que estudantes tenham a chance de usufruir desses recursos. Por exemplo, ao mudar detarefa, © professor pode solicitar aos alunos um teste pritico associado 20 assunto anterior e logo em seguida thes dar um retorno de desempenho. Intercalar problemas relacionados e reintroduzir conceitos-chave, dstribuindo os assuntos duran- tevirias aulas, também sao técnicas bem-vindas, E fundamental ainda que o professor favoreca entre os alunos 0 questionamento a respeito de rnovas informacées, Obviamente essas técnicas no sd0.a solucio para tudo. Somente pessoas interessadas er aprender conseguem usuftuir de seus beneficios, No entanto, esperamos que esses métodos aju- dem a potencializaro desempenho na sala de aul, nahoradefazerumtestee até mesmona vida, moe PARA SABER MAIS. Improving students earning with fective lamin technique: promising rections from cognitive nd educational psychology Pychoogal Scere nthe Publ Interest da Assocasaa da en Picola (APS, na sila em ingles), wou paychologcalscence org Intreaving helps students distinguish among similar concepts D. Robre er Educational Pycho- logy Review, vo: 24," 3, igs. 385367, setembro de 2012 Using spacing to enhance diverse forms of learning: review of recent research and impli tions for instruction, S. K: Carpenter, N.|. Cepeda, D. Rohrer, SH. kang eH. Pashler em Educational Prychology Review, vel. 24, m3, pags. 369-78, seternbvo de 2012 ‘When is practice testing mos effective for improving the durability and efclency of student learning? KA. Rawson e |. Dunlosy, em Educational Paychology Reve, vol 24,3. pig 419-435; setembro de 2012 ‘Tenbenefits oftesting and ther appicaons to educational practice, H \Roedige AL. Putnam 5M. Sma em Phy of Lamina tuto, a 35 Cogent Cao por ose P Mestee Bran Ross Ace ress, 2011, zn

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