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MATERIA, IDEIA E FORMA ey Uma definigao de arquitetura ELVAN SILVA : Editora ent + 90040-0- Pato Ale 8S ° Makers aera ay et ae @z:.... Arquitetura erudita e cultura artistica superior ‘A argultetra em por objeto (freee abeiga um ambiente formal para a atvdades do home corm. Sem embargo, « ‘mer dei de abrgo[..] no implica necerariamente 0s modes ‘onscentese ordenados de ensiugio edgpoiglo que cons ‘uem os elementos bisicos daargietra [] A norlo deat qatetura supe (.] um fim predeterminago, ma orgem con tual da qual a expressdo material 3b & 9 proesso que lhe da termo, A materilizaio das ideas preconcebdas depend [1 ima instincin, da tenia priia edo dominio do materi Alsponivel para 9 proceso de trminacio Rex. Marines A arquitetura com genealogia Se existe uma arquitetura sem genealogia, existe também uma com sgenealogia. A esta se tem chamado de weruditan, em oposieto & «verndculay. De um modo geral, quando estudiosos ¢ historiadores falam de arquitetura, esto falando da modalidade erudita. A distingdo entre arquitetura erudita ¢ ndo-erudita, ou vernacula, ndo reside nas caracteristicas dos edificios em si, ‘mas no modo pelo qual ees foram concebidos e executados. Em outras pala. vas, 0 sentido de erudiglo ou nio-crudiglo diz respeito & espécie de co- nnhectmento empregada no processo de producto da arquitetura considerada, Emprincipio, denominamos de erudita a arquitetura produzida por especialis- tas treinados, detentores de um repertério de informagdes—equivale adizer, de um aparato cognitiva — que os leigos ndo logram possuir € que, igual ‘mente, t&m na produgio da arquitetura sua ocupagao principal, se nfo nica; simplificadamente, sera aarquitetura produzida por arquitets profissiondis, Quando falamos em arquitetos profissionais, nfo estamos excluindo, ‘obviamente, aqueles que, sem terem recebido formagio académica propria: © MARTIENSSEN, Rex D, La idea de expacto en la arguitecturagrega. Buenos Aits [Nueva Visin, 1958, p15, 136 fi (eo games omens terecente eect eaten erst el comm ee tis ide ee ira ee cut cae ale, Coco te oe ind oso sores roped racine etn meee Shc ros Satan nies wecicnn erie carter dete he gs See ee Seep ees rar mnt ean een Soe eee ae eee Hise Ss aie Se ia eran untae eto censor ead Sr nem yi Se ee ies ee ete oe fore saree oe nig Wy rc Rac Fulda pings eae Martin ee nip ne as *ROWE, Colin. Maneirismo y argectara medera y ores ensayas, Bercelons: Gustavo Gil, 1980p. 137 mente dita ou © diploma, tinham profirdo conhecimento da profissto, como ‘fo os casos, por exemplo, de Le Corbusier, Frank Lloyd Wright e Ludwig ‘Mies van der Rohe. Por exclusdo, chamamos de nio-erudita, popular ou ‘vernicula, a arquitetra produzida por elementos nlo especalizados, como 0s proprios usuarios, ou construtores de oficio com formapdo escasca epre- ddominantemente empirica. Tal distingZo esquemstica pressupde considerer que existe, obviamente, arguittura produzida por nfo-arqutetos,pressupo- Sigfo esta que, conforme vimos anteriomente, alguns coasideram uma here- dlenominagto especifica para a disciplina que ha menos de ts milénios se designa como arquitetura Historicamente, ou pré-historicamente, o Homo aedficans precedeu 0 arquiteto em dezenas demiléni arquitetra & edificagio produzide por arquiteo de oficio 6 una convensio elitista, que transforma a express3o arquiteturay de substantivo em adjetivo, ‘como sindnimo de excelénciaconstrutiva. No entanto, pode-seassumir que hi diversas gradagies qualitativas para arquitetura, que permanece como subs- tantivo. Assim sendo, a erudigio a que aqui se alude referese a bagagem de ‘onhecimento possudo pelo agente produto da forma arqitetbnica, «ao modo " Paradoxalmente, os nativos pertencentes as elites dirigentes do pais em questi, procurando identificarse com uma idéia equivocada de progresso, ‘tomnaram-setendentes a desprezar a prépria tradigdo construtivae preferiam a arquitetura modema ocidental — que os profissionais europeus de bom gra- do trocavam pela arquitetura vernécula. ‘Tal episddio ndo é excepcional. Em determinadas circunstincias, atra- igdo vernicula oferece perfeitos exemplos de congruéncia, domesmo modo que a arquitetura erudita incorre, em muitos casos, no defeito da falta de habitablidade, Sdo intimeros os casos em que obras assinadas por renomados arquitetos apresentam sérias deficiéncias quanto aos aspectos funcionais e de habitabilidade. Que o digam as «caixas de concreto armado» e as veaixas de vidro» que sto simbolos venerados da modomidade arquitetonica. Tal reali- dade é discutida inclusive no dominio da imprensa nio-especializada, A arqui- ‘tetura erudita dos palais c outros edificios governamentais de Brastlia, por ‘exemplo, costuma ser citada como paradigma da inabitabilidade, Invariavel- mente, a falta de congrugncia entre uma obra de arquitetura erudita e seu ‘contexto éjustficada como um tributo & arte ‘Sabemos que «As histérias da arte e da arquitetura nos transmitiram a conviceao de que a arquitetura é uma arte». Caracterizar a arquitetura como, arte é um procedimento accito,c¢ssa aceitabilidade decorre do sentido amplo ‘que se atribui a expressao carten. A rigor, ha poucas atividades humanas que ‘do possam, incidentalmente, ser qualificadas como arte; como sitetiza Dino Formaggio, «Arte & tudo aquilo que os homens chamam arte. Isto ndo é, como PS TURNER John EC. Housing by people. Towards autonomy in building emsronment ‘London: Marion Boyar, 1976. p14. SHUAA, Rall. drgultetura poids, So Palo: ersoctva, 1993. p XP 139 slgumas pessoas poderiam supor, uma simples nota de abertura, mas antes, talver.a nica definigdo aceitavel e suscetivel de verficagio do conceito de arte» 2” Numa aparente redundancia, se estabelece o fato de que o voeabulo «arte» cobre um espectro semantico muito amplo, sem que isso signifique am- bigiidade ou confusio. Como observa o fldsofo Jorge Coli, todos sabemos ue «..a Mona Lisa, que a Nona Sinfonia de Beethoven, que a Divina Comé- ia, que Guernica de Picasso ou o Davi de Michelangelo sto [..] obras de arte. Assim, mesmo sem possuirmos uma definigao clara logica do con: to, somos capazes de identificar algumas produgGes da cultura em que vive- 0s como sendo arte».™" Na realidade, devernos nos dar conta de que o ter- mo arte designa dois eonceitos principais, afins mas nlo inteiramente coinci Abstraindo as questdes relativas & artisticidade do objeto, ha toda uma torizagio sobre o fendmeno antistico que tem como nicleo a personalidade e, ‘atividade do assim chamado artista. Essa teorizago tem um oculto substrato| ideotégico, que 6a suposigo de que os artistas constituem uma coletvidade superior, com direito de reivindicar prerrogativas existenciais nlo extensivas ‘80s mortais comuns. Esta concepeoelitista ndo existiu sempre: «A partir do século 17, sociedade européia comeya a classificar com 0 letreiro de carte» 0 ‘mesmo tipo de atividade que hoje em dia nossa sociedade também agrupa sob este titulo, Antes deste século, éiadubitavel que o sistema de classificacio foi distinton 2" Parece-nos recomendavel iniciar esta andlise justamente pelos ele- ‘mentos etimol5gicos ¢ seminticos eavolvidos pelo conceito, Sabemos que 0 ‘vocabulo cartes, que tem correspondentes semelhantes em quase todos idiomas ocidentais, inclusive alguns de origem ndo-latina, deriva da palavra latina ars, Cujo significado nio coincide exatamente com aquele que hoje atribuimos & expressdo. Cicero, por exemplo, o empregava para designar uma certa mancis rade proceder, a habilidade adquirida através do estudo ou da experifacia, uma caracteristica de competéncia na realizacio de determinada atividade, ‘Nesta acepeo, a arte no é apenas 2 produgio de objetos destinadas a contem- plagéo, Retrocedendo um pouco mais na histéria, nos depararemos com a pa- lavra grega fee/me, que tem uma significagio mais ampla, Comumente, techae se raduz como ofici, habilidade, arte, cidncia aplicada, Sabemos que -»Platd nfo tem nenhuma teoria da che, Como sucedefrequentemente, uma palavra que finaliza em Arstteles como um termo téenico cuidadosamente 2'FORMAGGIO, Din, drt. Lishos: Preseng, 1985. p.9. COLL Jorge O que ¢ are. So Paulo Brailnse, 1982 8. TAYLOR, Roger El ari, enemigo del pueblo, Barcelona: Gustavo Gili, 1980. pt, 40 ,€ cero qe os sibios prepos io conce. diam ao conhecimento da arqutetura uma condiga intelectual comparvel 3 cigncia ou a Filosofia. Ariséele, indretamente classifica ¢ afcio do arcitektonarquiteto) como atvidad essencialmente pica, o-specultiva ce notorétic;oarquitetode Aristteles € um artficeformado na ativdade ‘do canteiro de obras: «Com efeito, as coisas que temos que aprender antes de poder falas, aprendemes fezendo; por exemple os homens tomar-eargu tetosconstruindo tocadores de lira tocando esteinstrumenton°® estas circunstincias,fazendo uma excegio entre tantos domini " Assim, a obraarquitetOnica, na sua modalidade erudita tenderda refle- ir 0 fato de que o conhecimento da arquitetura é um componente de um sistema cognitivo mais amplo, que compreende inclusive as concepgiesfilo- séficas dominantes. A respeito, Peter Cook observa que «Se bem que a arqui- tetura ¢ essencialmente uma das artes priticas, se desenvolveu no passado, paralelamente i arquitetura, uma tadigo flos6fica que as vezes se antecipa. val produgdo contempordnea de edifcios».™ "Ha estudos interessantes sobre o tema. Erwin Panofski, por exemplo, tem um conhecido trabalho no qual examina as possives relagoes entre aar- quitetura gotica e 0 escolaticismo, verficdvel nos séeulos 12 © 13. Como esclarece o autor, essa correspondéncia se basearia em uma certa atitude men- tl que teria afetado tanto a arquitetura gética como os sistemas de pensa- ‘mento que se desenvolveram desde Sao Boaventura e Alexandre de Hales até ‘Sdo Tomas de Aquino. Segundo Penofsky, haveria uma correspondéncia en- tre 0 principio da wransparéncia, aribuido & arquitetura do alto gético, ¢ 0 Principio da manifesiatio, que regia a ata escolastica.™ Tal nogio, todavia, Io deve ser exagerada, Sabemos que as manifestagbes atistioas podem go. zar de certa autonomia ¢ certa auto-referéncia conceitual em relagao a cam os coznitivos que Ihes séo alheios. (Com respeito a arte classic, por exemplo, diz-se que ndo é necessara- ‘mente um reflexo de um pensamento externo — filoséfico ou de outro géne- ro —, mas expressio de um universo préprio, uma parcela da realidade; as- sim, de acordo com esta concepsao, \Ninguém poderd afirmar do Partenon que ¢ «resultado» do pensamento pitagérico, ou da Rotonda de Pallado que coresponde a um determinado “mbito filoséfico, ja que por si mesmas estas obras definem uma série de valo- es que no pertencem a nio ser 20 proprio «sistema artsticon— o Classi- cismo— do qual derivam.?™ No entanto, mesmo reconhecendo essa autonomia e a existéncia desse «aaniverso proprio, verificamos que é peculiar & arquitetura erudita 0 desen- YRONCAVOLO, Maes. Laciod. Barclona: Pads, 1988. 9.120, ™ COOK, Pete dgatectra:plansaninto« accion Bueno aie: Nueva Vib, 1971, plo *'PANOFSKY, Eowin.O Abade Suger de St Denis. In: Signficado nas arter visuis, Sto Paul: Prspesiva, 1979 p.149 et eg **LINAZASORO, Jost Ignacio, El proyecto clésico en arquiecura, Barston Gustavo Gil, 1941 pA. 154 volvimento de contidos temiticos abstratos que podem sor entendidos como elementos superiores do conceito de congruéneia. No caso da arquitetura renascentsta, muito especialmente, na obra do Palladio, se observa exitoso «esforgo no sentido de impregn-la com um contetid temitico abstrato, com aguilo que, na auséncia de uma expressio mais precisa, poderiamos chamar de cantafisica da ordem. A propria autonomia morfoidpica da obra de a- quitetura clissica é uma evidéncia da busca do sentido de ordem. Pode-se afirmar que ‘Uma obra clssica de arquiterura ¢ um mundo dentro do mundo, Esta separa- ade seu entoro pelo preciso de suas partes consicuntese pala forte demar- cagHo de seus limites. Em contraste com o que o rodeia € «completa e totalne tem unidade.”" p A clegancia despojeda e hierética de suas linhas simples, 0 profundo sentido das proporgées e da simetria, a auséncia da omamentacéo supérflua, so atributos constientes de uma arquitetura que afirma ser a ordem um apandgio do mundo civilizado; pois, como nos recorda Kenneth Clark, «Hum proceso de civilizagdo impor ordem 20 caos».?” ‘A arquitetura erudita do modemismo, a0 lado de temas concretos, como a tecnologia, igualmente tem seus temas abitratos. Este fato era accito com naturalidade pelos préceres da vanguarda arquitetOnica. Walter Gropius dizia expressa ointangivel através do tangivel».?"*Qual era aanatureza desse cintangivel»? Para Gropius, noes como o ant-conformis- ‘mo, a democracia, o movimento. Le Corbusier, por algum tempo, deseavolveu ametafisica da miquina,erigindo-a principio reitor de suas propostas. Fazen- do aepologia daquilo que designou como xestética do engenkeiro», Le Corbusier ue «O engenheiro,inspirado pela lei de economia e conduzido pelo célculo, nos pe em acordo com as les do universo. Atinge a harmonian.”™ Estes clculo e economia sio tragos do projeto idealizado da miquina, e Le Corbusier pretende vé-lo simbolizados na forma arquiteténica do século 20, Suas realizagbes da década de 1920 tém uma aparéncia que recorda a fia, cficiéncia das maquinas. Para este arquiteto, 0 contetido abstrato veicula a comorio e faz da construcio arquitetura, que ..tem um outro significado e ‘outros fins que acusar as construgdes e responder as necessidades (..] . A PVTZONIS, Alexander, LEFAIVRE, Liane; BILODEAU, Denis, Elclaisimo en arguitectr {La potica del ordem. Madd: Hermann Blume, 1984. p14. PICLARK, Keanoth, Ciilzapdo, Sio Palo: Martins Fontes, 1980, p117-8, ™ GROPIUS, Walter. érguizcura y planeamienta. Buenos Aites: Info, 1962. 9.79. "LE CORBUSIER. Op cit pXXIK. 155 arquitetura éa arte por exceléncia, que atinge o estado de grandeza platénica, ‘ordem matematica, especulacao, percepsao da harmonia pelas relagSes comoventes. Bis ai o fim da arquiterura 2 ‘A despeito da conviceio de Le Corbusier, 0 contexto intelectual gico deste final do século XX traz outras consideragSes, que retiram da conceituapio da arquitetura como arte aquela indesputabilidade de virios s¢- culos. Podemos perveber, por exemplo, ¢ com muita clareza, que aquela equi- paragio renascentista da arquitetura com a escultura e a pintura no mais se sustenta nos dias de hoje. A Revoluso Industrial transformou radicalmente as relapGes da pritica edificatéria com outras modalidades criativas, pois pri- ‘meira foram incorporados significados sociais e tecnolégicos que sio estra- nnhos a escultura ea pintura. O que as trés modalidades ainda tm em comum 0 fato de serem fendmenos de expressao esttica ‘Mas, de modo anacronico, o préprio Walter Gropius, no revoluciontio projeto doutrinirio da Bauhaus, ainda propunha, na segunda década deste sé- cculo, criar uma estrutura didética que abarcasse, numa unidade, arquitetura, ppintura e escultura, com a tecuperagdo «de todas as artes do isolamento em ‘que cada uma (alegadamente) se encontrava...».* Tal propésito envolvia al- guma contradigdo, j& que a vanguarda arquiteténica, na qual Gropius cer- tamente se inseria, se propunha a realizar uma «purificagion da arquitetura. Assim, como resume Steven Connor, «..0s teéricos modemistas da arquitetu~ asso levados a falar das relagdes entre a arquitetura eo mundo modemno, €a arquitetura ¢ as outras artes, de maneira a perturbar a austeridade de suas, formulas essencialistasy 7” Nestas circunstincias, aartisticidade da arquitetura assume uma capaci- dade nova de gerarcerta controvérsia. Raffaele Raja, tratando da inconclusiva problemética do significado da arquitetura, observa que A iia de que hoje o arquiteto¢ considerado um artista desorienta ctranstorma todos aqueles que tem procurado desmistficar,civulgary a tarefa do arquiteto, ‘na enganosa convicgio de que a arquitetra (eo arquiteto) poderiam influir nas relagdessociise politics, determinando as condigdes para um progresso ge- ral da humanidade. Essa era a convieg4o dos arqutetos do racionalsmo euro- ‘peu, depois desmentida pela histria e pela realidade politica ™* Esta divida se relaciona com alguns fatores sécio-culturais que poderi- "Idem. idem. Op. cit 86-7. SS WHITFORD, Frank Bouhavs. London: Thames nd Hudson, 1986. p.11, "CONNOR, Sven. Cultra pirmoderna. S80 Paulo: Loyle, 1992, p60. P*RAIAOp. ct p XIX 156 am ser arrolados, entre os quais a prépria transformagao do significado do termo «artistay,e da importincia que se Ihe concede. No mundo da mecani- zagio, da indistria da tecnologia, a posigdo do artista, conforme conceituado até o século 19, é ambigtla: pode ser a do agente de humanizagao do mundo, ou daquele que se ocupa com coisas initeis. A proemingncia que o artista ostaria de destrutar no seio da sociedade é mais uma aspirago que propria mente um fato, De fato, na emergéncia da civilizagdo industrial, a arte «ainda poderia falar do humano edo concreto, permitindo-nos um deseanso bem-vindo frente ‘0s rigores alienantes dos outros discursos mais especializados, eoferecendo, ‘no coragao mesmo desta grande explosio e fragmentago dos saberes, um ‘mundo residualmente comum» 2” Mas, no final do século XX, isso que se cchama de arte é freqientemente identificado com a incomunicabilidade feito matéria ou expressio. E necessirio deinar claro, no entanto, que essa relatividade da qualifi- ceagdo da arquitetura como artc em nada prejudica a caracterizagto da arqui- tetura propriamente dita. Qualificar ou no um edificio como obra de arte ‘em a ver com a anilise estética do mesmo, com a hierarquia que o mesmo poderé ocupar num relato crtico ou historico, mas nfo mudaré o eariter ins- ‘rumental ou cultural do mesmo. Como afirma Raja, «..admitindo que a ar- ‘quitetura é uma arte e que, como tal, interpretivel sob muitos pontos de vista, varidveis de acordo com a cideotogiay de cada um, é preciso [...] compreender do que a arquitetura se ocupa exatamentey.2O objeto da arquitetura,o tema ddo qual ela se ocupa, nio se altera se a definimos ou nfo como arte; 0 que Podera ficar alterado é o modo de avaliar esse objeto, e de hierarquizar seus aspectos. Algo que diz respeito a estética, enquanto especulago puramente teébrica, ou quase. 2 EAGLETON. Op. ct 98. RAJA. Op. cit pXXVL 157

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