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ee Etica, técnica e direitos humanos: Ethics, technique and human rights Eduardo C. B. Bittar Resumo: O exame do problema da técnica, de sua ascensao e consolidacao como ideologia do mundo moderno, traz efeitos que devem ser ponderados na dimensao do mundo da vida, efeitos que anulam o potencial emancipatsrio e fortalecem a opressao so- cial. A critica da tecnica como busca de humanizacao é, portanto, parte de um programa de estudos que se radicam na dimensao da ética da resisténcia de uma cultura dos direitos humanos. Palavras-chave: Técnica. Dominac&o. Humanizacao. Abstract: The evaluation of the technique problem, its uprise and consolidation as a modern ideology brings effects that must be pondered within the lifeworld’s dimension, and whose sets aside the emancipatory potential, strengthening social oppression. The criti- cism of technique as the pursuit of humanization is, OC 1 Aula proferida no Concurso de Titularidade do Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Sao Paulo em 02.09.2011. Livre-Docente e Doutor. Professor Associado do Departamento de Filosofia ¢ Teoria Geral do Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Sa0 Paulo, Professor e Pesquisador do Mestrado em Direitos Humanos do UniFieo, Pesquisador N-2 do CNPq. Revi "82 Brasileira de Estudos Politicos | Belo Horizonte | n. 103 | pp. 139-182 | juldez. zou ECNICAE DIRETOS Hn ty Ns eo arches programmes settled in ese jstance from an human of re 2 se fat petite io Por meio desta exposigao, 8 trata de formular algumas uestdes fundamentais para pensar desafios inerentes ag nosso tempoe a condigao humana hodierna. Qual Oresultado do desenvolvimento da técnica numa sociedade produti. a? Quais 0s riscos para a propria existéncia humana, a era do império da técnica? Qual a postura reativa Itura dos direitos humanos perante os dilemas do 0? Ainda, com Heidegger: “Sera a tecnicidade a passagem hist6rica para © término, a derradeira queda do homem na condicao de animal tecnificado, e que, assim, perde inclusive a animalidade origindria que o ligava ai bem oom ou que ela pode ser tomada, antes de , como UL i: i . de fundamento speedy ‘evar algo capaz de servir Se trata, portanto, de col een enistencia? : em direcao a compreender — a técnica em questao, dimensdes da condicao human ‘u impacto sobre diversas da razio pratica, A adverténci a, inclusive sobre a dimensio formulada no texto de Tencia ja se encontrava claramen |a Técnica, de 1939, ond José Ortega y Gasset, Meditacién de Proximos aios se va a d ¢ afirma: “Uno de los temas que ets ventajas, davios y limi as atir con mayor brio es el del sentidd, técnica, como questo a de la técnica” * A questao sobre 4 le nossos tempos, traz consig? uma hn Cenc 1999, p 194 EGA Y GASSET, 2994, pai —" pi visti partir da de uma cu avanco técnic cB. giTTAR TT oe soflexdes conexas, ma Vez que Provoca a que se rie FC nea técnica tem provocado alienacao ou libertacao, gee fem cumprido a funcao de humanizagao ou de dest! AS ociologia do conhecimento e a filosofia critica se tram exatamente nes te ponto onde, quando se trata de on as perdas e ganhos dos avancos da técnica, se torna wsst0 verificar quais sao os efeitos do processo de cons- jo de superlativos ideol6gicos no campo da producaoe de economia, atores inteiramente relacionados ao surgimento damodernidade e a afirmacao histérica do modo capitalista de produgio, e seus desdobramentos em suas posteriores fixes. A sociologia da tecnologia, como ramo da sociologia do conhecimento,‘ tem apontado os efeitos disfuncionais trazidos pela predominancia da razao técnica,’ assim comoa filosofia critica tem apontado os resultados desse processo a patir de uma compreensao da dialética do esclarecimento.* Marx e Engels podem ser considerados a matriz refe- rencial tedrica de ambas as perspectivas de andlise, a saber, dasociologia do conhecimento, e também da propria filoso- —=+___ 5. “Sera a tecnologia um factor de alienagao ou de libertacao do individuo? Corsituiré ela uma influéncia humanizadora ou desumanizadora?” (NIEL, 1976, p. 348), Nestecaso se costuma identificar em Mannheim o surgimento da expressao polosia doconhecimento”. Este trecho € claro neste sentido: “O objetivo catPortante deste livro é procurar um método adequado a descricao pubes Jesse tipo de pensamento e de suas mudangas, e formular os pect Correlatos, método que, além de fazer justica ao carater tinico Melo do fendmeno, abra caminho & sua compreensao critica. O MANN Tae Precuraremos apresentar € o da sociologia do conhecimento +1, NHEIM, 1982, p. 97). Conn 8 He la ciencia es, desde luego, una rama de la sociologta del dicing ee coMto lo son, y también de importancia, Ins de la tecnologia, la Terns oon religisn” (BUNGE, 1998, p. 19). Doderia fierat*0, 0 direito de perguntar: porque é que a tecnologia, que » *oconigrttt © individu e derrubar as barreiras no mundo, contribui No entanns” P2!4 a alienacao do homem?" (NIEL, 1976, p. 353)- to, . * Preocupacéo com 0 aspecto social do conhecimento ¢ uma ton rare 408 Policcos | Belo Horizonte |n.103 | pp. 139-482 | jul/dex. 2011 ETICA, TECNICA E DIREITOS Hung, tos éaconsciéncia que dete, que determina a consciéneja” , vida, mas" ealismo N40 é somente a critica q um critica a0 capi ga critica as efeitos deste sistema amico, ™ c oe este sistem: re a dimensao da propria condigao huma. economico 50" ‘tos percebidos tem sido anuladores, nag se efeit alogica do produtivismo materialista seja deve aan de produzir melhores condicées de vida, na vid ela mest essivos processos de sucateamento da propria sendo ee uinsina A preocupacao fica clara quando, em A existéncia . é | a, afirmam: Ideologia Alema, Marx e Engels afi Demodo geral aniquilou todo elemento natural na medida em que isso é possivel no Ambito do trabalho, e conseguiu dissolver todas as relagdes naturais para transformé-las em relac&es monetérias, No lugar das cidades nascidas naturalmente, criou as grandes cidades industriais modernas que brotaram como cogumelos, Por toda parte onde penetrou, ela destruiu o artesanato e, de modo geral, todos os estagios anteriores da industria. Completou a vi- toria da cidade comercial sobre o campo. Sua condicao primeira 60 sistema automéatico."* 2. Techné, dearte e técnica, a instrumentacaoe tecnica, e praxis, de acao e interacao, a labor e producao . Aor igem etimolégica do termo técnica é grega, mas isso ca enilica que 0 que os gregos conheceram como teclné uso conservado na semantica do termo “técnica” em seu Partir da modernidade. A techné, entre os gregos, te aafirmed deles 2% vida Preoc leuma con ocestante desde o pensamento de Marx, que seria ofundade moderna socio) ee conhecimento, como afirma Bunge: “En reali extoznda por Ka ee enociniento no es creacién de Mannheim. Fucen rn, sistemstica, por Emile Deon Engels, y cultivada mucho despite Dh he oe Pe MARX; ENGELS, 2001, p Sane J" (BUNGE, N MARX; ENGELs, 1998, p. 71, Revista Bra era de stud ee Politicos | Belo Horizonte jn 103 | pp. 139-182! mw pc. are a 1 wee 18 we atid de uma competéncia do conhecimento diversa oe pacidade instintiva (phuyjsis) ou do Mero acaso (tyche), aserva F leidegger, em seu texto Die Frage der Technik <0 do sentido do termo, entre os gregos, engloba as ae desdea criagao arquitetonica atéa pintura ea escultura, a gexando de designar aquilo que permite ao carpinteiro ium navio ou a. um agricultor arar a terra." Os gregos rs distinguiam com nitidezo sentido de técnica (tecliné) ede acao (praxis), e isto porque a techné conduz a producéo (pcitiké) e praxis significa exercicio da virtude deliberativa ih nesis)." A exceléncia humana, portanto, nao esta na tecnica, mas esta na virtude, e o dominio da virtude é 0 dominio da razao que age e nao o dominio da produgao. Em 1140a, 15 da Etica a Nicémaco, Aristételes deixa a distingao bastante clara: “Com efeito, ao passo que o produzir tem uma finalidade diferente de si mesma, isso nao acontece com o agit, pois que a boa acdo é 0 seu proprio fim”.™ Os gregos também ja haviam identificado que a ques- tio da liberdade (elewteria) tem a ver com a forma como se administra a relacao com a esfera do labor e do trabalho. E que, em tese, a técnica contém um potencial de libertacao do labor. A propria escravidao se justifica, e isto éclaroem Arist6teles, enquanto os instrumentos nao cumprem por si Ss suas fungdes; se obedecessem a ordens ou sé antecipas- ®ma elas, como as estdtuas de Dédalos ou os tripodes de oe 1 fevord ions from fe Greek. Technikon mens that vc belongs 6 techn, (emst obser uo things respect to the meaning of Eis word. One's techie ste sne nt only for fhe activities and sls of the erafsmen, Wut as fe sl mind and ihe fine arts, Techn belongs 10 bringing-forth, t0 poiesis: “Digs Piece” (HEIDEGGER, 8.» P- 13). sn te Indo, pois, 0 produzir e o agir, a arte deve ser uma ques! mama e nao de aghns eer certo ccrtido, 0 acaso eaarte versam sob 2° i095" (ARISTOTELES, 1140a, 15, p. 14). Tame: “Loge, come Ores aes. arte é uma disposicao que se ocupa de produzit© 4 ciocinio” (ARISTOTELES, 1140a, 20, p. 144)- a7 ‘OTELES, 11406, 5-10, p. 144. Meggge— Basie ETICA, TECNICA E OIREITOS uy, oT An a _ aa tecedeitas tecesseM POF Si meg, seas POPTAS ogsitariam de escravos (oyga, 9 os senhores nia eretwn otite tots despostais otit, - poisarchitel st es esta a revelar quea tear © argumento de ibertrio da dimensao do labor, ¢ na siti uM sentido sua justificativa quando a técnic® a dominagao ere da libertacao humana. aé colocad menos conheceram o termo fechiné, e, mais do gy, isso, conheceram a exceléncia (arethé) da técnica, NO esplen. dor da estética de Fidias, na harmonia das citaras ouna Capa. cidade de encantamento da kartarsis produzida pelo teatro, | noentanto, nao conheceram 0 assombroso desenvolvimento técnico que hoje coloca 0 proprio homem na berlinda dos tempos. Pode-se até mesmo dizer, com Walter Benjamin, que 0s gregos “[...] foram obrigados, pelo estagio de sua técnica, a produzir valores eternos”. Nesse sentido, a beleza torna-se também um fruto da techné, e por isso, a techné era capaz de traduzir harmonia, proporcéo, equilibrio.” Mais ainda, se 08 gregos viam na técnica um potencial de libertagao, como se pode explicar que a técnica tenha se convertido em um instrumento de dominacdo? Para compreender isso é ne- porn fog bieencier quea historia ocidental esté marcada veoniea” fy 7 tet necessario identificar que o term Algo mage . © com a entrada na modernidade digna de grande ater ae histérico, poe Seid feciait¢ que os modernos a on eam eee Hes ae ergam. Se os antigos conhecera™ HefestoS, 15 ARISTOTELES, 1253b-1254a, 1, Essa perda 6 regi Tegistrac c aw i wt technloy sone ae ia Por Heidegger: “There was a time whet it wan forth truth in the name thi to th e techné. Once that revealing (HEIDEGGER ct, rane" of radiant appearing also was called te here was @ sip. ; Cn’ techng, ag the Bringing. forth of te true int He wel Rs, p. gq). POlSIS of the fine arts also was called Revita slera de a “tudos Politicos | Belo Horizonte [n. 103 | pp. 1391821 wee punvo® BITTAR us é,ela sempre foi considerada algo de auxiliar da phijsis, quseiae uma ere mana pened na forma de co- peiement© para lidar com 0 arte ato €0 mundo natural, ea inguiram, como forma de conhecimento, de epistémee de apt, optaram por glorificara esta ultima, Por isso, pode-se dizer, bd continuidades e descontinuidades entre a técnica antiga ea técnica moderna, a par do fato desta ser derivacio daquela. Aquela ndo tinha condigdes de se desgarrar, mas esta janao depende mais do homem sendo como de um ins- trumento. A techné se torna a raz4o dos novos tempos, com os modernos. Na modernidade, detonaram-se as condicdes para converter a techné na sophia de nossos tempos. O abandono daautonomia da sophia e sua escravizacao a techné constréi uma historia erodida na capacidade de oferecer, aos proprios individuos, autonomia. E nesse sentido que Heidegger se refere a técnica nao somente como instrumentagao da acao, mas, sobretudo, como um modo de visdo de mundo: “O que éagora vai sendo caracterizado pela dominagao da esséncia datécnica moderna, dominaco que se apresenta ja em todas as esferas da vida, através de multiplos sinais que podem ser nomeados: funcionalizacdo, perfeicao, automatizacao, burocratizacao, informagao” ct disti 3. Técnica e modernidade: o império da técnica Ficou no tempo a ideia de que a técnica traz ao ho- men, inevitavelmente, libertagao e possa ser considerada ° aminho para a emancipagao humana. Depois de exaustivas ts S de seus descalabros, se pode considerar wencida ° aiomane que informava o pensamento de Bacon, quando lava; Pois 3 bis de fato, os beneficios dos inventos podem estender-se 2 © © género humano, e os beneficios civis alcangam aps B HE DEGGER, 2006, p34 rsa ™ ios Po 1103 | Pr 2.2011 iicos | Belo Horizonce |. 103| pp. 139-182 jul/dex.201 FCNICA E DIREITOS sy A Hog tes dram poucas idades, enguay, “ es — ides € Por outro lado, a re sys comanilade ara sempre. Por outrg Ado, reforma ge algun ier dura Pe cumpre sem violencia € perturbacs jiicilment® WT turas e os seus beneficios a Dinguée, razao técnica, que opera acima da Tazig e que se faz instrument Predominante das nizacao de vida, a partir da modernidade, al emancipatrio em processos de ingtry. mentalizacdo do homem e da natureza.” ‘Atécnica moderna comprovou-se uma forma de racio. nalizacio social. No entanto, a racionalizacao aqui é avaliada no sentido weberiano, ou seja, num sentido que se enfatiza que além de conquistas, ha perdas.” A técnica se torna a principal forca de aquecimento do capitalismo emergente” A consciéncia tecnocratica que surge a partir da modernidade nao somente significa a nova forca ideologica a determinar o mundo da vida, e, ainda, também significa uma forma de esterilizacao da politica, e alienacao das massas, mas também uma forma de reducao de toda razao Pratica (ética, direito, Fisto porquea comunicativa, formas de organ esgota 0 potenti eS 19 BACON, 1999, p.96, 0 “Op a eres GBtEsSOt6nicoe cientifico nfo cond inevitavelmente& emancipasio verdade,a exes vat €m conta também a esfera comunicativa, Na tenica Sublinine en 2 Zespeito tanto & razao pratica quanto a ra0 nao quer dizer or Glo dialético entre essas duas formas de racionalidade 2 “Opro izer que elas coincidam” (ARAUJO, 1996, p. 33). gTeSS0 técnico-ciontifice nz,,.4,. », 1996, p. 33). como wn proce entitico nao deixa de ser avaliado, sem ambigiiulade P.39), tacionalizacdo, no sentido weberiano” (ARAUJO, se etUencis shomitplas:a init sole ns 7iamento da acio politica (orient*“? lusts de questoee teenicas) condue a despolitizn ee 4 aoe A mudanca da relagao entze as ett 2.Ofaio Squesiaa ce Politica como simples fendmer Tincipais dona eerie © a ciéncia transformam-se em" 1% tucional” cahtt@lismo intervencionista ese confunde™ (ARAUJO, 1996, p. 38) va Basi lira de Esty dos Pc "icos | Belo Horizonte | n, 403 | pp. 139-182 | Ju! ‘ neirT” 7 punto a araZzao técnica.* A consequéncia imediata éa trans- Pac da consciéncia do agir em consciéncia do fazer, fom do o homo activus se torna simplesmente 0 homo faber. en situada a questao de como se acomodam as forgas de ae "a go da existéncia e da interacao. O trabalho emerge nilegoti8 reinante, a sufocar as demais. ™ A partir da modernidade, a técnica ganha o status de uma logia, quando da técnica se passa a descolar a tecno-logia e a cultura do tecnologismo, sendo que esta mudanca vai mais além do mero acréscimo de sufixos ao antigo termo techné; esta mudanca provoca uma mutacdo que se opera também no interior do préprio sentido destes temos. A propria definicéo antropoldgica e instrumental de tecnologia, mais acessivel ao senso comum, perde seu lugar, para dar assento a algo mais pujante. A tecnologia ganha sua propria independéncia, como ramo de estudo, mas também como fundamento de si mesma. Essa forga e esse status também alimentam 0 processo de sua autonomizagao. Quando se pensa que € possivel por meio dela controlar a natureza, controlar os outros homens, impor condicées de exercicio de poder, a técnica se torna tebelde ao proprio homem, pois ela, “[...] a técnica, no seu ser, ¢ qualquer coisa que o homem nao domina”, como afirma Heidegger nos Escritos Politicos.* De mero instrumento dos intentos antropo- oon a técnica se converte em senhora da prépria ia humana. yitica) aga pa mkgcordo ‘com Habermas, a forca ideol6gica da consciéncia tecnocratica Vina 0 fato de conseguir escamotear a diferena entre eenica« pric, ade eliminar o dualismo fundamental do trabalho e da interacso y 'UJO, 1996, p.38). 7 ao conta tepistrada em Die Frage der Technik, de Heidegger: The current of technology, according to wich it isa means ana untanactivity, cay there ; In 3 Hee ale the instrumental and anthropological definition of technology” HEIDEGGER 300 ). 105 Hung, aL, Se it pnicano NO sentido da techné se opera 1 pel «dade. A ciénci ‘a Este gir? co odernidade A ciéncia moderna, g Visg passagem ee “ atureza, a ascensao da ideologia da cian” . jal da ma instrument eda es nessa Pal Hides Na natureza, mente ng sé ena ciencia da berto para a criacao do impérig da tg XVII, 0 ee a XVIII O século XVII 6 marca, Oe e part Oo termos investigacao (indagine) g ex Pel con nto) O século XVIII é a primeira vez aon conhecimento util vem a se tornar, ef reapeitével, emmeioauma forte ideologia de pr inovacao, avango técnico, invencionismo, Ainve: recebe o status social de conquista, e as conquist. notoriedade e aprofundam a capacidade que a industria tem de producao. Por isso, 0 sistema econdmico € receptivoe se apropria das categorias vindas da ciéncia e das descobertas de mundo modernas. Com isso, quantidade e eficiéncia “|...] tornam-se as virtudes da nova moralidade, q moralidade tecnolégica”, 4 qual se refere Mathilde Niel.” No Técnica e Ciéncia Como Ideologia (Technik und Wissenschaft als Ideolo- sie), de 1968, dedicado a Herbert Marcuse nos seus 70 anos, Habermas, seguindo a tese de Marcuse, afirma que: “Coma investigacao industrial de grande estilo, a ciéncia, a técnica ea revalorizacao do capital confluem num tinico sistema" A questo problematica da modernidade passa ase! ndo propriamente a da razao técnica em si,na medida emque propria revolucao ing, la jo antecedentes da propri VONUCSO Indust: on ssagem em diregao a Modernig, 5’ especialmente na fisica do ade eri na historia tivamente Bressismo, Stigacao it ‘AS Conferem iy ft 6 we modern physical theory of nature prepares the away first not sim ‘echnology but for the essence oman (HEIDEGGER ie 22) “Chronologically speaking, modern physical science Pegi srventheenth century. In contrast, machine-power technology aes the second half of the eighteonth cen tury” (HEIDEGGER, s.4., P- 2 NIEL, 1976, p. 353, HABERMAS, 2001, p. 72, at er ml evista Brasileira de Estudos Potticos | Belo Horizonte | n. 103 | p>? ITTAR ada humanidade envolve uma histéria da técnica, pfatodea razao técnica tornar-se um fim em si mesma, 18 de tudo, tornar-se 0 modo de ser de uma época, a a eninat sobre as demais categoriais existenciais” Do forinonte de ViS0 teocentrado ao tecnocen trado, tem-se uma assagem que determina a linha ideolégica predominante, endo éa da emancipacao humana. O que de fato ocorreu, foindo somente uma incrementagao da técnica em diregao jose aperfeigoamento, mas propriamente uma sacralizacéo gatecnologia.” Ohomem moderno entroniza a técnica. Por go, asua liturgia se devotam exércitos humanos. De sua na- {ureza inerte, as coisas passam a receber vida, e nao as vidas demilhdes que sao vertidas para sustentar 0 inerte. O inerte se transmuta de extensdo do corpo a substituto do corpo. Aideia de Aristoteles, de uma libertacdo do reino da necessidade pela técnica, como categoria substitutiva a da escravidao, parece malograr exatamente onde a tecnologia inverte a polaridade da relagao homem-maquina, para a relagdo maquina-homem. Com a passagem da técnica a tecnologia, a promessa de liberdade acaba se realizando em aumento de opressdio, e a possibilidade emancipatoria da tecnica se realiza paradoxalmente pela escravizagao humana. Nalinha de Mathilde Niel, a tecnologia “[...] tornou-se hoje °novo suporte desta velha mentalidade absolutista e emo- Conal. Assim, em vez de figurar como o meio de libertacdo ‘ke poderia ser, a tecnologia transformou-se em novo meio deescravidao”.® Se o utensilio, que teria fungao agregada a pist6rl cgroblema nao é a razao técnica enquanto tal, mas sua extensdo a outras when oe decisto racional” (ARAUJO, 19%, p-39)- felizmente, o homem sacralizou a tecnologia” (NIEL, 1976, p. 353). NII ‘ aie 1976, p.359, Ainda: "Mas, para falar com franqueza: a maquinaria ce preClogia possuem uma tendencia natural para escravizar o homey lpg qe a¥l que se tornem inimigos tao perigosos como o mais inumano capitalismo” (NIEL, 1976, p. 361). Yas "= de Estudos Politicos | Belo Horizonte |. 103 | pp. 139-182 | jul/dez.2011 ETICA, TECNICA E DIRCITOS 190 so da natureza, ganha autonomia e vida Pr6pyj nsao da na Gasset, que: “Noes ya ef yp izer, com Ortega y Gas: Utensil pode-se ae ombre, sino al revés: el hombre queda Feducig ° gue auxilia al ieee ® Por isso, quanto mais se avane, 0g auxiliae de la me dente da técnica para que prossiga , um mundo dependente cla tro-alimentacag 4,07 Mais em directo auto-circulagdo ¢ relro- £890 da propriy técnica, a ideia de liberdade se esfumaca e se Converte em valizar.® algo sie 0, ao empobrecimento do termo grego tecng ‘ce segue o empobrecimento da culturae a fragilizacao da auto. nomia humana ante a possibilidade de reagir ao império da técnica. Essa questo aparece na preocupacéo Soberanamente posta no texto de Walter Benjamin, A Obra de Arte na Erg de sua Reprodutibilidade Técnica, de 1935: “Uma nova forma de miséria surgiu com esse monstruoso desenvolvimento da téc. nica, sobrepondo-se ao homem” * E isto, pois, a técnica nao carrega consigo nenhuma questao espiritual mais Profunda,s a nao ser a exaustao da espiritualidade das coisas. As coisas que perdem 0 seu sentido, em verdade, estaio sendo tornadas algo da ordem do fungivel e, por isso, perdem a sua aura: adime! Oconceito de aura permite resumir essas caracteristicas: ‘oquese atrofia na era da teprodutibilidade técnica da obra de arte é sua aura. Esse processo é sintomatico, e sua si icaco vai muito além da esfera da arte, Generalizando, podemios dizer que a técnica da reprodugiio destaca do dominio da tradigao 0 objeto reproduzido. Na medida em que ela multiplica a reprodugao, substitui a existéncit nica da obra Por uma existéncia serial. > 32 ORTEGAY GASSET, 2004, p.87, 33 "Uma humanidade com UNS com os outros e 1976, p. 358), 3 BENJAMIN, 1994, p. 115, one 8 : eli 35 "LJ técnica em si mesma nao poe questao espiritual algume: "2 4 NA opera, funciona ou nao funciona” (RUDIGER, 2006, P-25) BENJAMIN, 1994, P. 168, xt det We eee ramen posta de homens livres, relacionados criador ‘NEL com o mundo, é um ideal ainda a realizar [..] 36 yc BOTTAR 00 ——.. 11 areenica segue adiante, em seu progresso, corrompen- jdentidade das coisas e tornande a tudo fungivel, até aro proprio home, que se torna ele mesmo despos- pde aura e, por isso, Su: etivel a se coisificar, e, Por isso, guid ra ossatura cadaverica despossuida de sua propria aes er ee de mundo que passa a se condicionar a imnperio da reprodutibilidade a partir de entao: “Nesta, a wate eadurabilidade seassociam tao intimamente como, se roducao, a transitoriedade e a repetibilidade, Retirar Li do seu invélucro, destruir sua aura, é a caracteristica de va forma de percepgao cuja capacidade de captar ‘o semelhante no mundo’ é tao aguda, que gracas a reproducao ela consegue capta-lo atgno fendmeno tinico” 2” Atécnica 6, sem duvida nenhuma, uma forma de inte- rasdo com a natureza, uma forma pela qual a adaptacao do homem ao meio se da para que a propria sobrevivéncia da espécie se torne possivel pela acumulagao de experiéncias ede conhecimentos.* A vida depende da técnica para se conservar e se reproduzir. Em grande parte, é em funcdo e como resposta a desafios naturais que a técnica evolui. Por isso, Ortega y Gasset afirma: “Hombre, técnica y bienestar son, iltima instancia, sinénimos” 2°” A modernidade consente que, de alguma forma, pelo progresso material uma série de modificacées que se dao no espaco do desenvolvimento material abram campo para uma maior capacidade de acu- ular bem-estar e superar anteriores limitacGes existenciais. sive, Engels quem nota que esta éa primeira veona | “ria em que se acumulam condigées de afirmacao de kane _— yy UNAMIN, 1994, 370, Pras py loge " estos son los actos técnicos, especificos del hombre. El conjunto de lnpome teCRH0a, que podemos, desde luego, definir como la reforma que el honsbre YG ace Matiraleza en vista de la satisfaccién de sus necesidades” (ORTEGA RMSET bh p25). TGA Y Gasser, 2004, p. 35, iadetncan — “dos Politicos | Belo Horizonte | n. 103 | pp. 139-182 | jul/dez. 2011 Ene THEME COLO ay Hg 153 - sibilidade de, pela pos ee dos meios, afitmar uma maior Po. humanas para toclos. melhores cor é Marx quem constata com estupefacay Mais ainda ciéncia trouxe 0 dominio da técnica, o do. que, nm enna consentiu uma série de avancos materiais, minio a facultam maior conforto e bem-estar mate. gue, ine ‘ Sendo significou maior justica, maior inclusdg e nem maior bem-estar generalizados social mente, Ainda, se isto 6 uma realidade para alguns paises, nao se trata de uma realidade global. . Fisto se deve ao fato de que a modernidade imprimiu a técnica o seu funcionamento ao modo da dialética do esclarecimento; por isso, ela promete progresso e realiza reificacao, promete liberdade e realiza opressao. Na adver- téncia de Ortega y Gasset," a técnica implica nao adaptacao do sujeito ao meio, mas adaptacado do meio ao sujeito, e esta conversdo que inverte o sentido desta relacao, também marca a possibilidade de, na relacao entre ego e alter, 0 outro tornar-se ele também parte do meio, e com isso, ser tornado tao instrumento quanto os meios da técnica. A instrumen- talizacao das coisas converte-se em instrumentalizacao do Proprio homem. Por isso, se a técnica foi ressignificada, foi para caminhar em direcao a depravacao da relacdo do homem com o meio, que € 0 que marca a identidade do moderno; 0 moderno aqui é sinénimo de desnaturac4o da natureza e de desumanizagao do homem. O que dai surgee O homo fabricatus, a que se refere Habermas.” 40 “ sn contrario de Ia adaptacin del sujeto al medio, pues? * Mio al suito” (ORTEGA Y GASSET, 2004 P-3)) 90 $6 pode a, enquanto homo faber, objetivar-se inte 4 “La téonica es tacicn del 2 “Ohomem n: Revista Br sie "2 de Estudos Politicos | Belo Horizonte | n. 103 | pp. 139-18 I yTTAR 13 08" 5 yo 2 oo de tudo, o homem moderno ¢ responsavel por Antes e por desumanizar. Primeiro desenc aoa tornando-a mundo objetivo, res extensa, depois ature ‘7a, porque a dominagao que se estabelece sobre feu estabelece também sobre 0 homem. De tudo 3s cost aura e a alma. Por isso, no vocabulario da Dia- ef 7 Esclarecimento, “Desencantar 0 mundo é destruir 0 K no” A empreitada da civilizacao ocidental se Janca il do de purgar 0 mundo do mistério e desencanta- Iode tudo. Esta razéo que se instala como perscrutadora sominadora, pois age ao modo de um interesse nao por ; nhecimento, mas por dominaca : “A racionalidade técnica I garacionalidade da propria dominagio. Ela é o carater compulsive da sociedade alienada de si mesma”. ; Dessa forma, os avangos da modernidade significam ssavancos de sua técnica, independente e, por vezes, por cima do proprio homem. De mecanismo de superagao da recessidade humana, a técnica se converte em forma de cracao de novas necessidades humanas, a tornar 0 ciclo de dependéncia da técnica um infinito e irreversivel processo de marcha em direcao ao futuro: “Pelo contrario, o homem tec- nol6gico vive num estado de extrema tensao tecnolégica”.® A vontade de controle da moderna sociedade panéptica a que serefere Foucault se realiza por meio de uma perda crescente de controle na medida da propria crescente dependéncia datécnica, A desenfreada busca do mais, a competigao pela aquisigao do conhecimento ultimo, a ilimitada e insaciavel anta a Pela primeira vez e enfrentar as ealizagdes autonomizadas nos seus Produtos, mas pode igualmente, enquanto homo fabricatus, integrar-se nos 2 dspositivos técnicos, se conseguir reproduzir a estrutura da acao a teleologica no campo dos sistemas sociais” (HABERMAS, 2001, ne HORKHEIMER; ADORNO, 1985, p. 20. HORK EIMER; ADORNO, 1985, p. 114. TEL, 1976, p. 356, Sasi "*de Estudos Politicos | Belo Horizonte |n. 103 | pp. 139-182| jul/dez. 2011 ETICA, TECNICA € DIREITOS SHU 4 . eo natural funda controle € Posse 5 nh mana di an Oe : yontade de ¢ pa a capacidade humana de manter coy ordem que es | significa o descontrole total, Por ine trole tot Sen mi ° cla, trole. eioeno e¢ Horkheimer, “O mito converte-se en, °Scla jor é jetivi . pat ea natureza em mera objetividade. O preg, Me reciD . am pelo aumento de seu poder: éa alienacay daquilo sobre 0 que exercem © poder . faq ‘Ailusdo moderna de que a tecnica liberta Tedundoue sua fetichizacao. Dai, sua central condicao para a incremen, tacao dos processos de producao ter-se tornado também um fator de crescimento econémico e revolucao Permanente da hist6ria moderna. No entanto, a mesma historia moderna dag recentes conquistas e avancos registra a nefasta aSSOCiagao que liga e torna circular a relacdo entre tecnologia, Estado e ideologia, e faz com que, em grande parte, se cumpra a historia da modernidade como historia da vontade de poder.” A potenciacao do poder pela técnica traz também consigo os grandes paradoxos experimentados ao longo da modernidade. Daj traduzir-se a situac&o historica do homem moderno nesta ambigua e paradoxal condicao: a técnica que liberta éa mesma que oprime, abrindo horizontes para a objetificacao da vida. Essa é a propria demonstragao de que a dialética do esclarecimento funciona no interior da modernidade como motor secreto de uma engrenagem, de uma mecanica subliminar que, entre evolucao e involugse, entre progresso e regresso, consentiu fendmenos com Auschwitz, Gulag e Guantanamo, como analisam Adomoe Horkheimer. Na base dessa dialética, a civilizacao cident! nos levaa experimentar paradoxos cada vez mais crescen'* os homens pag > 46 HORKHEIMER; ADORNO, 1985, p. 24. i ton 47 “Colocando-se a servico do Estado ¢ das ideologias, a een 5% cit comands mais ameacadora. A combinacao de tecnologia Estey ™ cunt Um super-Absoluto que procura dominar 9 mun 8s opositores” (NIEL, 1976, p. 354), ‘ ie Revista Bras vista Brasileira de Estudos Politicos | Belo Horizonte | n. 103 | pp. © pITTAR so ———- His eS deglutem 0 que ha de mais auratico na existéncia, A aque ado esclarecimento continua a operar em seu maqui- sogecontradigOes, onde 0 empalidecimento do humano e esponde aaurora da técnica e vice-versa, & Nummundo que, por conta e risco do préprio homem, muito deixou de ser antropocéntrico, como anunciado a albores da Renasci mento moderno, para se converter emtecnocentrico, quanto maisa técnica avanga, ao longo da pistoria da modernidade, mais a grandiosidade da técnica ge torna espetaculosa, e faz o homem se sentir Ppequeno e impotente diante da poténcia da maquina. Sua poténcia é trcada pela poténcia da maquina, mas a diminuicao do es- forgo do labor humano se torna inversamente proporcional a capacidade humana de realizar 0 espirito do esclarecimento, ou seja, 0 abandono da menoridade auto-infligida a que se rere Kant, aqui citado por Adorno e Horkheimer: “Nas palavras de Kant, 0 esclarecimento ‘é a saida do homem de sua menoridade, da qual é 0 proprio culpado. A menoridade éaincapacidade de se servir de seu entendimento sem a di- nao de outrem’. ‘Entendimento sem a direcao de outrem’ 6 Sentendimento dirigido pela razao”.* A impoténcia humana diante do maquinismo se torna agora a poténcia autonoma *prépria dos implementos e equipamentos. , Essa era do império da técnica funda uma condigao tal mh Possfvel ao homem sobejamente experimentado & domin viv enciar nela mesma a nova forma de legitimacdo eta fon seo, como constata Habermas: Pols aor ttihco “bmetic Produtiva, a saber, o progresso Se ie ‘time, o.Esta n i‘ a tornou-se ° fundamento a a Velha forma d forma de legitimagao perdeu, sem ie ‘e e ideologia” «© E certo que a nova forma de id ¢ HK " 6 AKHEIMER ABER MAS, S, ADORNO, 1985, p. 81. 001, p. 80. CHCA TECNICA O08 ny, Ny 16 rocesso de dominagio ¢ de conti, tece 0 Pimpedindo © proceso de ot ; gsidade de adaptagdo a técnica ¢ fie ore alimentata pola mercadurizacig gy Pe venta rc ia tecnocratica se desenvolve © se Teproduy Mopac impedimentos, afinal cla ape como independentemente de alia a Ine ance no interior do proprio sistema oncom arma bra | sgaria a importancia da técnica e da ciéncia? Porisso, Quem nega ue pratica se infiltra profundamente na cons, are oe social e obtém “[...] a lealdade das massayr er ineio “Ll de compensag6es destinadas a sai pecessidades privatizadas”.” Por i $0, @ Sensacdo hodierng 6a de que vivemos as incongruéncias da modernidade e por isso, nos encontramos na angustiante condicao entre sucumbirmos a técnica ou superarmos suas mazelas jé his- toricamente colhidas, de Auschwitz a Hiroshima-Nagasaki de Guanténamo ao Iraque. Nao se trata de abominar a técnica e de nela verificar qualquer valor escatolégico, mas de perceber que a técnica afasta o homem de si mesmo, e por isso, estende muros en- tre a compreensao estupefata da gnose e o simples acionar de um botao. A técnica dessensibiliza os individuos de sua Tesponsabilidade, ao distanciar 0 encadeamento entre atos € consequéncias. A era da técnica instala o bestial entre 0s homens, pois com a mesma leveza com que o polegar move © mouse do computador, também se aciona o sistema que destr6i cidades inteiras, A técnica libera a barbarie e desafa a civilizagao enquanto a emancipacao se vé estagnada come Projeto irrealizado; A consciéncia tecnocratica é por um lado, menos ideol6st® ° Als todas as ideologias precedentes; pois, nao tem o poder 5 8 Fy abe (001 P81. Também: “A fim de ajudar as sis ae felicids, de imediatanee idade de ouro, Prometess posse dos MATER Quea tecnologia produs” (MIEL, Op ISS: a robustece” de produca, S pela neces humana. E pela logis mcios tt a det 2 Brasileira de Estudos Politicos | Belo Horizonte | n. 103 | PP. 139-1871 ‘ 7 aera — = 00 t alizagao dos de .s, Por outro lado, a ideologia de fundo, um tanto Vitrea, jnteresse' inante, que faz da ciéncia um feitico, é mais irresistivel e hoe a icaiice do que as ideologias de tipo ae alacao das questdes Nao 86 justific de oe eee, deletniniada Blelbe w reprime a necessidade tT ARTIS YOR BSHG Ue ones classe, mas também a interesse emancipador como tal do género humano. at Apreocupacao, portanto, com relacao aos efeitos desse esso sobre a dimensao do mundo da vida Parece ser ve demanda uma anélise mais detida, 4 antigo, jé que com | fuscagio que apenas sugere falsamente a ro uma of @.0 interesse parcial | algo 4, Técnica, mundo da vidae desumanizagio Asociedade moderna, uma era dominada pelaarmacéo (Gestell}, no sentido heideggeriano,® converteu © potencial enancipat6rio da técnica em formula de Opressao econdémica pela burguesia, e é esta transformacao que operou a conver- sio de seu sentido de liberdade em castracdo. A moderni- dade, portanto, passa a significar uma era histérica em que Sesgolamento da experiéncia é canalizado pela dimensao dotrabalho e pelas exigéncias do mercado, a partir de onde adimensao da técnica, como produto do trabalho, Passa a determinar: as demais instancias da existéncia. A mudanca bic operada permite a reducéio da existéncia ao labore one da mais vasta concepcao de techné, tal como wn tv Telos antigos. A sociedade moderna, capitalista e tom relay faz com que ° “modo ter” assuma a dianteira esting a0, ‘Modo ser’ , @ passe a presidir a carruagem Pobema em direcao 4 definicado dos rumos da histéria. O hy cians esta no uso da técnica para abreviar 0 esforco na Guintess, Por fim asofrimentose padecimentos fisicos, mas Mecinica de deseu sentido da propria historicidade Saat a dirigir a mecanica da historia. tg es 2001 GER, 9 ETICA, TECNICA DIRETOS Hy i, MaNos Pata a - medido pela medida da técnica, as as a nto, a técnica éa medida de tog re dito de Protagoras. coisas, CO Ee como fruto do artificio humano, Para Oquese salsa o humano. A propriedade da tenia doxalmente, XP" cidade de colocar-se no lugar do natural Nao é em termos dicotémicos que se enxer, Jacao entre tecnica e humanidade, por simples Teciproca sem termos dialéticos, onde um determina g jonando relagoes de tensao e contradi¢go que sao inelimindveis NO interior da sociedade Produtivista e consumista contemporanea. A técnica é excludente enquanto for feita excludente; a técnica serd emancipatoria quando for colocadaa servico da emancipagao. Isso porque a questo da técnica nao pode ser vista isoladamente, ou fora da totalida- de social, o que envolve as relagdes de produgao e as forcas produtivas em jogo em dado momento hist6rico, como na tradigao marxista se costuma apontar. A técnica pressupée relagdes historicas e sociais que a fazem ter este ou aquele sentido. E 0 sentido atual se esgota em seu uso ideoldgico como forma de manutencao do sistema produtivo capitalist Por isso, 0 problema nao esté no progresso da técnica pelo aprimoramento do conhecimento cientifico, mas na servil- zacao da ciéncia aos interesses preponderantes da técnica utilizada como dominagao. . ; Ademais, a critica aqui realizada procura focar as dis- paridades entre o progresso material alcangado, fruto 4 hao ‘ave said de atendimento a necessidades meitos csi ge a dignidade humana. Apesat et sho acessivei em, eles nado servem a todos, € m nolo como implemen ee 0 problema nao esté me sro etd no apossames nt Para a existéncia humana ew do raciocinio nto da técnica sobre o homemy i lumano em pensamento tecnoce™ edo humano. arel exclusao, ma: outro, impulsi 1 oe gitar amet e autonomizagao da stéenica sobre 0 natural e gee oA técnica ganha in lependéncia com relacao ao ese sobrepoe a ele e a natureza. ne aed cibercultura, o problema da absolutizacdo alot da técnica é ° de que seus processos se transmitem a m por produzira tecnificagao da vida, gerando a de- ae riagao do homem deseu Proprio auto-entendimento, or nte a experiencia compartithada e construida simbo- jcamente permite de Brut, # COnaIsAO humana, no entanto, andoela € reduzida a condi¢ao puramente laboral, numa a edade administrada pelo poder burocratico e pelo poder scqndmico, 0 proprio mundo da vida se amesquinha para dat sobrevida aos interesses imediatistas de dominacao. Nasociedade da informacao, a vulnerabilidade a técnica se ializa ao extremo, e se trata de um passo sem retorno. Quanto mais se dispde da técnica, mais se torna necessaria atécnica. A técnica, por isso, se integra ao quotidiano da sida, e assim a ela se integrand, acaba por vincular todo o cdo de vida que dela depende, de modo a que se passa a depender numa escala em cadeia como nunca antes. Desta forma, ela foi tornada o nucleo da existéncia. A nulificagdo da existéncia se processa a cada novo aango de nossa era tecnocratica. Por isso, ndo se pode, de Taneira alguma, afirmar que a tecnologia liberta, tout cort; hede-se dizer que a tecnologia tem libertado alguns homens, sem hordas de seres humanos desprovidos de acesso Como meio de manté-los retidos no siléncio do inacesso me provimento da vida, eaos meios desenvolvidos sinomaee oque significa, especialmente na socies nee de comnts apartamento da esfera do diloge pro ie cn sponta ty e mobilizacao social pela esfera publics, Aes ‘a Habermas. , Vida mee a complexa e rica experiéncia do mu} ‘4 a ser invadida por determinantes extern indo da as, sis- era ¢ tudos Politicos | Belo Horizonce |v 103 | pp. 139182 julldet. 201) ETICA, TECNICA € DIREITOS Hy MAN, ¢ . der econdmic a jer burocratico © do pode NOMICO, que do pode e se reproduz, por exceléncia, na ba r ecias simbolicamente Tepresentadag, experienc oespaco da interacao Comunicatiys er mabormas menciona a questo da Cficdcig reenica e da ciéncia modernas, discute amicas, temica: * espace a crestam ' da troca de razaoinstrum d Por isso, quanc lo desta ideologia di sua capacidade de . | cociar a autocompreensao da sociedade do sist (1 aire asiocomtunicativa e dos conceitos da interacio sin, referencia . a mediada, eemsubstitui-lo por um modelo ease paar medida, aautocompreensao culturalmente determin owes mundo social da vida € substituida pela avtoccisfiay y..2xistencialismo” (HEIDEGGER, 1973, p. 351). wal bre USE, 1976, p. 113, Ainda: “O nascimento co pensamento soci desenvolvi ropeu, tradicao que tem 8 gy ‘olyimento do humanismo europeu, a luming tals Profundas raizes na Grécia antiga, na Renascenca eno "mo" (SVITAK, 1976, p. 37 ern exudes Policos| Belo Horizonte | 103 | pp. 139-182] jul/dez. 2017 ETICA, TECNICA E DIREHTOS TIC TEA ORES Hi — SANs Marx, humanismo compartilhado, ali a antes teoricas, pois, na verdad,” Jo Jove rent na obra 5 cor . is 5 a iv ou Fo proprio humanismo (humanisy. in ro rg dficay , . D tor eget como I pes wnranestto)» APSA de ter sido dos mat to, é anterior ao Proprg 10 enascimen vai além do Renascimento:4 im como + ma linha invisivel que liga © gnouth autgs 0. nes ‘deia do homem vitruviano de Leonardo Da Vines crat ° aid ee ‘ocialismo de Marx, em sua critica a Sociedade a oma linha invisivel que exala a preocupagio eo haa e sua condicao. A Fumanitas é este fio invisivel ng historia a reunir concepgdes tao diversas em toro de um mesmo objetivo, desde a paideia dos gregos até a humanitas de Cicero e Varrao, passando pelo trivium e quadrivium dos medievais, ao unanesino dos renascentistas italianos, a cul- tura dos hommes de lettres do iluminismo francés. Por isso, se Marx nao fundou o humanismo ocidental, conferiu-lhe, no ntanto, uma feicdo muito particular e, nesse sentido, distinta do individualismo burgués, de modo a ser, exatamente por isso, de grande valia para a filosofia critica. Oembate do pensamento critico coma tecnificacao da existéncia ecom o mundo do trabalho é uma clara derivacéo reativa do processo moderno de quintessenciagao do pro- gresso e da forma capitalista de fetichizacéo do mundo do trabalho.* O que se percebe na critica da tradicdo marxistaé exatamente a preocupacao de superar a ideia que identificae Sire ea servilizacao humana num Sakae homema que torna a ferramenta o senhor do p a instrumentar a dominagao de classes. Ness° 7 na Reneconncte dentro dela tradicién occidental el humanisnro no 59 "Los 0, aunque originalmente se refieraa él” (GONZALEZ, we Af alors bes Modertos producen, en sintesis, la paradéjice inners et econo-crdt rene tts, Particularmente mar fa en las amenazas tec it que borran la fundamental distincion entre medios 3° Propiantente humana’ (GONZALEZ, 1996, p. 30). mantis forma Renasciment© aste sentido, U ei 9-182 Revista Br ‘silerade Estudos Politicos | Belo Horizonte | 103 | PP-' oc 8 BITAR ——____» a técnica estivesse vertida para o favorecimento da ica, a tecnica seria um instrumento de quilibrio social & nao de dominagao.” Por isso, 0 Proprio rabalho, fonte de criagao e de protecao da vida humana, da vorma como € explorado, se torna uma fonte de reificagado a propria vida e de opressao social" e, com isso, de desu- manizacao." m” Seo homem € 0 foco de atengdes ao longo do Renas- cimento ocidental, numa etapa seguinte, a técnica se torna a imperiosa forca de atragao da propria definicgdo das coi- as como sao. Por isso, € ao longo da modernidade que se percebe a ascensao do homem como fonte do humanismo flosdfico, ou seja, da ideia de que o homem é a medida de todas as coisas, bem como do humanismo histérico, que reine, desde o século XIV, diversas concepgdes em torno dos ideais de cultivo da humanitas.® Os largos anos que nos separam das primeiras declaragdes do século XVIII foram suficientes para demonstrar que mais avancamos no plano da tecnica do que no plano da realizagao dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Por isso, se a modernidade nasce ——— “Miss, acima de tudo, a tecnologia deveria contribuir para tornar mais amistosas as relagdes sociais ¢ induzir a justica e a igualdade sociais” (NIEL, 1976, p. 351), “Marx, e especialmente Lukacs depois dele, insistiram com energia no Catdcter passivo que o desenvolvimento da reificagdo impée a vida e a0 Por isa de homens olive le taretasinctmedave P35), san pan dea Sino srimnt isco ier rdongacio da vids humana” (NIEL, 19 7 horcens a tecnologia em geral, sem quaisquer qualificagces Gontmuctiaatn peentee tpartetnslipioe i oseete acca so sua in prc naa are Iogear ete esp © pressupde este outro, a saber, rumanidade (Inimanitas; humanity: humanité; humantay inant), oque é humanidade? Ora, humanidade ¢ destin, comum, do qual nado se pode livrar cada um dos ino’ dons que vive neste mundo, fato que por si s6 demani, 2 administragio das necessidades mundanas denine ta exera do mesmo ids comum. Esta reciproca dependencs coexbtencial etd a fundar por si mesma a logiea do pox oes que tornam possivel o fazimento disto que se chang gmundo subjetivo, que mantém sua estrita dependénea g@ mundo objetivo e se estrutura na base da politicdeds Eimundo social. Nesse sentido, gana relevo a mixima fe Cero: “grande é a forca da humanidade” (“Magna est vis Rmariatis") A humanitas nao é um formal etribe ae ser humane, mas um traco de sua identidade de cer terreno e, "Ponsavel pel, Seautor da historia da uma soc a formacao de sua propria histéria; ornar, PrvPria historia e nao instrumento historico da 0 ¢ Parte da luta emancipatéria nos quadros 'edade tecnificada, 8A giea ttRiSMo é, no fundo, uma forma de atuacao ét Xtra da agp ontenle a sistematizacao dessa compreensd0 z ’Ponsabilidade que nos cerca, a nos ligara tudo SARTRE Te es ‘Pct Faron nlp HT] ogicamente, a morada 6 etimologicamer oho. ea ots. Sea ‘proprio destino do homem, como afinny mem, 00 at arater do homem € 0 seu destino” - f thos Herat an’) renunciaractica significa renuncigr amo destino. Aculturado humanismo se eaizayee seu Pere formas de atuac3o que procuram incentivar con meio de for gg avalte sobre o homo bestals, eit por. ae am somenterealiza sua PrOpria auto ident ainda ohomem humano realiza oseu daimion ealizaosey Jeena, cuida da sua morada (éthes).* Nao €0 afastamento Smumano, masa aproximagao do humano que pode ns bferecer caidas para a sensacio de esgotamento de nossa era (© homem que se apropria eticamente da pergunta sobre s rmesmoese debruca sobre a identidade do humano é aquele tue pode repetir com o comedidgrafo latino do sé. Il aC: Soa um home: ndo considero alleio a mim nada éo que éhumano” ~ “Homo sum; humani nihil a me alienum puto’) E somente a faria indomavel do progressismo que rompe o pct com o aus. O resultado dessa firia ¢ um descr Blamento do ser consgo mesmo, pois, em verdade oes Como casa significa um retorno a propria auto-identidae® ao auto-conhecimento. Etica é a responsabilidade do. me Pelohomem ese entomo,na medida em que ohomem ie pode ser distinguido daquilo que responsabi ieaipor no plano da acéo e dos resultados da acao social. ie A formacao da paideia do homem para a vi ee Parte do programa de uma sociedade para a ont cupasdo com o humano esta acima da preocupas HERACLTO, foo ruiden °%© Ehomoluauses el que cumple su destino dino). Co “Semidola humanity el ethos” (GONZALEZ, 1995, p. 19) 3 TERENCIO, 0 home hb ae LTERENCIO, Ofomem que pun asi mesmo, rides Ses ue sucrigen mais arcaico ethos. me ian Hest eres seta nae “em seprnien set eegarde rsa, eo ean “eran eosin] ao Hoos W1FP onto 8 BTIAR —— 1s uscniea ecom o mundo material” Na linha critica de Erich Fromm, 0 centro da ideia do desenvolvimento de une cultura dos direitos humanos pode ser percebido atravee deum estreitamento da luta emancipatéria coma ties c, ressténcia, que gira em tomo da recusa atornar-se ohomeny unidimensional, que gira em torno de uma concepsao dle tomem perdida na historia e atropelada pela civilizacso tecnoligica. O holismo da consciéncia critica e formadors ssumeacomplexidade do que é humano, para afirmar con: Demécrto que “O homem € um microcosm” =“ Anthrapes mils Kiss" significa primeito passo para o impe. simento da reproducao de ideologias que cumprem o feu kapel no afastamento do homem de si mesmo e, portant, desua propria morada (thos).™ Por isso, "humanism y ice Sunven, en realidad, una unidad esencialmente indisoluble Ellumanismo es ante todo una concepcién étca”m A humanitas no se realiza pelo individuo isolado ¢ decatin’ legitima cultura dos direitos humanos coma praxis “solidariedade social, que faz reconcilianee como au atl uber dea ntepee yovalca aosTuaTabir, gee i mo ee faa a ethos amano SE fete a le de een de fos cnr Sona em fe so wre (GONZALEZ, 1969 ty ‘nt tt hombre reais orm pra toes ls humans. foal lo humano,poteniliz para odes rai IP a ata Br modes ys ora Deven ta” (GONZALEZ, 1956 p 39) 1m = CRI, 825 Diets 01 uma sant gue ‘ls oraet gn tas Converge ein com la paid misma, en tno ® Concannon del hembve" (GONZALEZ 996 3), "ZALEZ, 1956.17, Dee os 4 cs ocala 103] pp 739-182 le. 2007 za. O humanismo socialista 6, por ig sam ae in gen do mrad. ch fetichizagao da mene {Gicagao do mundo da vida. Um contemporines o tatae pov metaisico humanista€critco da alienagsy ‘ae, do individvalsmo e do ontologismo, e enswns pa diletica da historia 0 seu apoio para alata compreeneas dohomemesvacondigio humana. Ainda que o humane, pposmelaisicorenuncie ds tentativasclissicas de afirmaeny tho homem por sue esséncia, continua a vincular a seine Fiedadee a éica como tracos de identidade do exerccio de tima forma ce aga0 que prioriza a Inemanitas, Nao € peloce vazimento do thos que se cumprira este processo de rence ante ao mundo da técnica, que tudo esvazia e que dissolve a teias de solidariedade humana," ‘A responsabilidade ética que esta por detris dos d- reitos humanos hoje é a de desmascarar a mistficacao da técnica € a de indicar caminhos e alternativas no sentido da humanizagao das condigdes de vida, apesar da propria tecnica. Ai esté uma tarefa de humanizacao a ser levada adiante pela cultura dos direitos humanos. Mas, ao mesmo tempo, assim como as forcas emancipatorias estao alocadas no campo do humanismo critico, nao se pode pensé-o sem auxilio da ciéncia e da propria técnica." Numa logica ht- zmanista, até mesmo a propria técnica ganha outro sentido O uso da técnica que nao esteja associado & libertacio ht™ coma nature 8, uma propes 108 Sci liumanisneiqusuatencin sb one como ial inet coumarin unas ai hts eda ol ums aiserastao sear 196 p 13) + - maiz oni com I forma del lhl fo rea hana dese?” (GONZALEZ, 1996, p. 23). amano sin ceca y neutral es inperante a cnc Srigos” (GUNGE, 1986. p18) 05 uns? — nd tenia sea de cdo Pomorie wie ta dead Poca eo Honzonte | 103 9.19921 ousooc erm iiegitimo e dominador,o uso social da técnica gana mantel 8 poiftica e humanamente releventens ‘ence Menecessidades emancipatorias, a técnica tem um amplo srograma de desafios a cumprir com vistas a realizacae dy Rhmano.*” Por isso, afirma Marcuse: "Nas condictes dag Guiedades industriais estabelecicas, nada mais se far ser firque o temor deste estadlio em que o progresso toenice ce transformars em progresso humano: auto-determinacao da via polo desenvolvimento das necessidades e faculares que podem atenuar a luta pela existéncia - os seres humes noscomo fins em si mesmo”. Ha tantas metas e objetivos para aatirmagao dos direitos humanos que nao saberiamos nem por onde comecar; se a técnica se dispusesse a huma, nizagio, sua tarefa, a servico dessas causas, nao se exautiria tiocedo. No centro da ideia de uma cultura para os direitos humanos est a preocupagio com o desenvolvimento de Potenciais humanos obliterados pela sociedade da posse, do individualismo, da concorréncia, da competigio e da logica da acumulagao, Assim entrevé-se no humanismo socialista uma forma consistentee sistematica de recuperagaio do que a técnica so- terra,cujo programa de pensamentoenvolve um necessirio compromisso de salvaguarda dos direitos humanosem suas — WS. lchclog se omar meio em vez de fim, se se poser a0 servo do eye rel, promoversiuma sintexe harmonised entre teinlivifanse se ie fomarsend de nove humana ecriard um universe humano™ (NIEL- we ER h 4 i (nit ae dietssetinca alguns aspects da nova tecnologia: ata eificao Gelade evita reconsruio dost

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