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Capitulo 13 Matrizes e Determinantes 13.1 Matrizes Em muitas situag6es, particularmente em Economia, as idéias envolvidas costumam ser expressas por uma ou mais equacdes. Quando tais equagdes so numerosas, a representacio com matrizes constitui uma forma adequada ¢ simples de representé-las e de resolvé-las. A teoria de matrizes foi introduzida em meados do século XIX, sendo 0 matemitico inglés Arthur Cayley (1821-1895) um dos pioneiros neste estudo. Chamamos de matriz toda tabela de mimeros dispostos em filas horizontais (ou linhas) ¢ verticais (ou colunas). Se a tabela tiver m linhas e n colunas, dizemos que a matriz & retangular do tipo (ou de ordem) m x n (Ié-se m por n). As linhas si numeradas de cima para baixo e as colunas, da esquerda para a direita. Os elementos de uma matriz sio geral- mente representados entre colchetes, e a indicagio de uma matriz € feita por uma letra maitiscula do alfabeto. Exemplo 13.4 1 1 4 |é matriz do tipo 2x 3, z 1 0 —4|é matriz do tipo 3 x 2, 6 -6 e-[2 ole matriz do tipo 2 x 2. Os elementos de uma matriz costumam ser representados por meio de uma letra mini cula do alfabeto afetada de dois indices: o primeiro indicando a linha, ¢ o segundo, a coluna A qual pertence o elemento. —/ 326 PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES fi | : 27 1 | Assim, na matriz. temos: 6 4 0 ay =2 ay Observacdo No lugar dos colchetes para a representag’o de uma matriz, podemos utilizar os parén- teses ou duas barras verticais de cada lado da tabela. Assim, so validas as representagdes 1 4 1 4) oo |! 4 . 1 6 76 7 6 Matriz Quadrada Chamamos de matriz quadrada toda matriz em que 0 mimero de linhas é igual a0 niimero de colunas. Ao ntimero de linhas (ou de colunas) damos 0 nome de ordem da matriz. Por exemplo, uma matriz de ordem 3 pode ser indicada por 4) ay a3 a ax a3 43) G32 33, Em uma matriz quadrada, os elementos aj; tais que i = j sio chamados elementos da diagonal principal. No exemplo citado, tais elementos so aj), ay) € a33. Os elementos a,; tais que i+ j = + 1 (em que n € a ordem da matriz) sto chamados elementos da diagonal secundaria. No exemplo estudado, tais elementos so: a3, az € ay. (Figura 13.1.) Figura 13.1; Diagonal principal e secunda- ria de uma matriz. on on, jogonal principal diagonal secunderia Matriz Nula E aquela em que os elementos sao todos nulos. Assim, [3 ° °| 6 matriz nula tipo 2 x 3, 0 Ogre [ a °| € matriz nula de ordem 2. a CAPITULO 13 — MATRIZES-E DETERMINANTES 327 Igualdade de Matrizes Duas matrizes A ¢ B do mesmo tipo sdo iguais quando seus elementos correspondentes (aqueles com o mesmo par ordenado de indices) so iguais. Isto é, se A e B sio do tipo mx n, entao A= Be, © 86 $e, a5 = bys Wr VS, em que a,, € um elemento genérico de A, e b,, 6 um elemento genérico de B. 30 32 Matriz Simétrica e Anti-Simétrica Exemplo 13.2 Chamamos de matriz simétrica aquela na qual os elementos dispostos simetricamente emrelagao & diagonal principal sao iguais. Isto é, A é uma matriz simétrica se aj) = aj; Vi, Vj. Exemplo 13.3 6 2 10 Amatriz! 2 4 —7 | é simétrica. 10 -7 9 Chamamos de matriz anti-simétrica aquela na qual sao nulos os elementos da diagonal principal, € opostos os elementos dispostos simetricamente em relagao a ela. Exemplo 13.4 Oo 5 6 A matriz} 5 0 10 |é anti-simétrica. -6 -10 0. Matriz Diagonal Chamamos de matriz diagonal toda matriz quadrada cujos elementos que nao perten- cem & diagonal principal valem zero. Isto é, uma mattiz A € diagonal se a,j = 0 para i # j. Exemplo 13.5. Sao diagonais as matrizes 200 01 o/e[3 °| 00 3 328 PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES £ SISTEMAS LINEARES Matriz Identidade Chamamos de matriz identidade toda matriz quadrada cujos elementos da diagonal prin- cipal valem 1 e 0s elementos restantes valem 0. Uma matriz identidade de ordem n é indicada por I, Facmplo £3.6, As matrizes identidade de ordem 2 e 3 sao dadas por: 100 -[} *Jene 0 1 o| oo 1 Transposta de uma Matriz Seja A uma matriz do tipo m x n. Chamamos de transposta de A, e indicamos por A',a matriz cujas colunas so ordenadamente iguais as linhas de A, isto é, se aj; é um elemento genérico de A, ¢ b,; é um elemento genético de B, entdo bj; = ay Vi, Vj. Exemplo 13.7 23 4 2 579 . A matriz transposta de A = [ ] éa matriz A! = 3 TI. 9 S Observemos que, se uma matriz A é simétrica, entio A = A‘, SY 1, Escreva em forma de tabela a matriz do tipo 3 x 2 tal que a; 2. Escreva em forme de tabela a matriz A de ordem 4 tal que =[h ici “0, se i#j 3. Escreva em forma de tabela a matriz A de ordem 4 tal que 1, se i>j y=) 0, se i=j -l, se i 2), 0 determinante de M (det M) é a soma dos produtos dos elementos da I# coluna pelos respectivos co-fatores. a CAPITULO 13 — MATRIZES EB DETERMINANTES 339. ab cd Tal resultado coincide com a definigao particular dada anteriormente. Exemplo 13.19, “Ay ++ Ay, =a-(-1)?- |d| +e-C1)3- |b| =ad-—be. Exemplo 13.20 ax by +Ay + B+ Ag +6 Ag, a Loft mlec|s m| zp z Pp yr p — azn ~ bxp + bzm + cxn~cmy iyp + cxn + bem — emy ~ azn — bxp. Tal resultado coincide com o obtido pela Regra de Sarrus. Exemplo 13.21 =3-Ay)+0- An) +0- Ag +0- Ag =3- Aq. poe 6 1 : 9 eoou BREN Como segue-se que 3476 oe 01 2 3/72 2-6 0149 Exemplo 13.22 1211 14 3 f 00 alah Ant 2A #3 +A 4-day 432-5 143 2101 21 1 211 00 2/-2-/0 0 2\43-J1 4 3 143 32-5 3.2 -5 32 5 002 = 20-2 -(-2)+3-(-48)— 4. (14) =-176 Observacé a) A definigao dada chama-se por recorréncia, pois ela define precisamente 0 que é determinante de matriz de ordem 1 e, em seguida, por meio de co-fatores, define deter- minante de matriz de ordem 7, em fungao de determinantes de matrizes de ordem (n— 1). — 340 PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES a Assim, sabendo-se calcular determinantes de matrizes de ordem 1, podem-se calcular determinantes de matrizes de ordem 2; sabendo-se calcular determinantes de matrizes de ordem 2, podem-se calcular determinantes de matrizes de ordem 3, e assim por diante. b) Notemos que, no determinante do Exemplo 13.22, o cdlculo foi trabalhoso em virtude de no existirem zeros na 1? coluna da matriz. Tal trabalho pode ser atenuado com o impor- tante teorema que veremos a seguir. feorema 13.1 (Laplace, Pierre-Simon, matematice francés. 1749-1827) O determinante de uma matriz. de ordem n (n > 2) é igual & soma dos produtos dos elementos de uma fila qualquer (linha ou coluna) pelos respectivos co-fatores. Exemplo 13.23, Para calcularmos o determinante #11 6 4 of, 000 ae podemos escolher a 34 linha para o desenvolvimento (€ a que tem mais zeros). De acordo com 0 Teorema de Laplace, o valor do determinante € NOE 211 2-Ay=2-}6 4 0|=2-(26)=52. O67 Portanto, s6 tivemos de calcular um co-fator em vez de quatro se usdssemos a definigao. 2 27. Calcule os co-fatores de todos os elementos da matriz § 7 - Le Exercicios 26. Caleule os co-fatores Ap; € Azg da matriz Haw ana eEe bun unc eee 28. Calcule os determinantes: 2 | 201 2000 303 1 | ) {1 20 0 )/5 10 0 ft | 713 30 4 “13420 "la 21 2 4-1 2 -4 2166 3°11 -1 3.132 21 0 2 0401 »fo 2 3 0 lo 212 M34 4 1 0131 03 4-1 Capitulo 14 Sistemas de Equacées Lineares 14.1 Definigéo e Resolucdo Consideremos um produto cuja equagio de demanda em certo mercado seja p + 2x = 110; suponhamos que a equagao de oferta seja p —x = 20, Cada uma dessas equagdes é represen tada por uma reta. O ponto de equilibrio de mercado é o ponto de intersecedo dessas retas € € dado pela solugao do sistema formado pelas duas equagaes, isto é: p+2x=110 p-x=20. Observemos que cada uma dessas equagdes é caracterizada por ter cada termo uma tinica incdgnita elevada a expoente um, e 0 segundo membro é um termo numérico. Equa- ses com essas caracteristicas costumam aparecer em diversas aplicagdes na area de Economia e Administragao. Dessa forma, passaremos a estudar, neste item, os sistemas de equag6es com as referidas caracteristicas. Equagdo Linear Chamamos de equagao linear nas incégnitas x), x5, ..., %, toda equacao do tipo yxy + 9X2 + 6. + gkg =, em que dj, >, ..., dy S40 ntimeros quaisquer chamados coeficientes e b é um mimero cha- mado termo independente. Sistema Linear E um conjunto de equacées lineares nas mesmas incégnitas. Exemplo 14.1 x-2y+z x+ 2y 43: fae €um sistema linear de trés equacdes com trés incégnitas. Me PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES a Excmplo 14.2 xt2y+2=0 Bx-yez € um sistema linear de duas equagdes com trés incégnitas. Exemplo 14.3 é um sistema linear de trés equagdes com duas incégnitas. Chamamos de sistema linear homogéneo aquele cujos termos independentes sao todos nulos. E 0 caso do sistema do Exemplo 14.2. Solugao de um Sistema Linear Chamamos de solugdo de um sistema linear toda sequéneia de ntimeros (0%), 0... que, colocados respectivamente nos lugares de x),.X2, ....%,. fazem com que todas as equa- Ges fiquem sentencas verdadeiras (isto 6, igualdades numéricas). Exemplo t44 No sistema © par ordenado (5, 2) € solugao, pois 5 +2=7€ sentenga verdadeira 5—2=3 sentenga verdadeira. Porém o par ordenado (3, 4) nao € solugo, pois 3+4=7 € sentenca verdadeira 3-4 =3 6 sentenga falsa. Classificagao de um Sistema Linear Dado um sistema linear, se cle tiver pelo menos uma solugio, diremos que é possivel; caso contrario, diremos que é impossivel (ou que suas equagdes séio incompativeis). Se o sistema for possfvel e tiver uma s6 solugdo, chamaremos 0 sistema de determinado, Se o sistema for possivel ¢ tiver mais de uma solugdo, chamaremos o sistema de indeterminado a CAPITULO 14 — SISTEMAS DE EQUAGOES LINEARES — 343 Em resumo: ~ Determinado _— Posstvet << Sistema —— Indeterminado — Impossivel Exemplo 14.5. O sistema xty=10 2y=6 86 admite a solugio (7, 3). 6 possivel e determinado, poi Exemplo 14.6. O sistema -y=0 2x-2y=0 € possivel e indeterminado, pois admite as solugdes (0, 0), (6, 6), (-10, -10). em que oré um ntimero qualquer. Exemplo 14.7. O sistema xtyel +y=2 éclaramente impossivel, pois nao é possivel encontrarmos dois ntimeros cuja soma seja | e 2.40 mesmo tempo. Exemplo 14.8. O sistema éimpossivel, pois a tiltima equagao nunca ¢ satisfeita. Observacao Todo sistema linear homogéneo € possivel, pois admite sempre a solugio nula (0,0, ...,0). Exemplo 14.9, O sistema homogéneo 2x + 3y4+5z=0 x+6y-z=0 admite a solugdo (0, 0, 0). 344 PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES B SISTEMAS LINEARES a Regra de Cramer Consideremos o sistema linear de duas equagdes ¢ duas inc6gnitas xe y: ax+by=m cx+dy=n. ‘Vamos resolver esse sistema pelo método da adig&o; multiplicamos a 1* equacio por de a 24 por (-b). Obteremos: adx + bdy = md ~bex ~ bdy =—bn. Somando membro a membro essas equagdes, temos: x(ad ~ be) = md ~ bn. md —bn ad — be Supondo ad — be # 0, teremos x = - Levando esse valor de x na 1* equagio, me ad—be* Lembrando a definigio de determinante de ordem 2, podemos escrever que obteremos para y 0 valor y | am = eral con *=la b ab cd Oo Assim, observamos que: a c * o denominador das fragGes é o determinante da matriz dos coeficientes » simbo- licamente indicado por D; + o numerador da fragdo do valor de x é 0 determinante da matriz. dos coeficientes substi tuindo-se a coluna dos coeficientes de x pela coluna dos termos independentes. Esse determinant é indicado por D,. Assim: D, e x D#0; + o numerador da fragio do valor de y é o determinante da matriz dos coeficientes substi- tuindo-se a coluna dos coeficientes de y pela coluna dos termos independentes. Esse determinante é indicado por D,. Assim: am cn D, ey 2x em que D 0 O resultado que vimos é, na verdade, uma propriedade geral, e é conhecida como Regra de Cramer (em homenagem ao matematico suigo Gabriel Cramer, 1704-1752 ). Tal regra estd estabelecida no seguinte teorema: CAPITULO 14 — SISTEMAS DE EQUACOES LINEARES — 345 Teorema 14.) (Cramer) Consideremos um sistema linear de m equagdes com n incégnitas e seja D 0 determinante da matriz dos coeficientes. Se D # 0, entdo o sistema seré determinado, eo valor de cada incégnita ¢ dado por uma fracéio que tem D no denominador e, no numerador, o determinante da matriz dos coeficientes, substituindo-se a coluna dos coeficientes dessa incégnita pela coluna dos termos independentes do sistema. Seja o sistema xty42z {rsaves Qt y+z=7 Temos 112 D=|1 2 1|=~4 0. Portanto o sistema é determinado. Além disso: 211 912 8 2 1/=-4 711 192 1 8 1[=-8 271 119 1 2 8]=-12 217 Portanto: =. =4 Consegiientemente, a solugo (tinica) do sistema é (1, 2, 3). — 346 PARTE 4 — MATRIZES DETERMINANTES E SISTEMAS LINBARES ns EXECS 1. Resolva os sistemas a seguir pela Regro de Cramer: r y =6 xt 2y=5 ae a {heya o) frye Qayee xty+z=6 d) [tees x+4y+9z 2. Para que valores de m o sistema abaixo ¢ determinado? eye 2ea6 xtmytz Qt yez=3 Sistemas Escalonados. A Regra de Cramer, embora simples na resolugdo de sistemas de duas equacdes com duas incégnitas ou trés equacdes com trés incégnitas, nao é recomendavel a sistemas maio- res, dada a complexidade dos cAlculos envolvidos (por exemplo, um sistema de quatro equa- es com quatro ineégnitas demandaria o célculo de cinco determinantes de ordem quatro). O método do escalonamento, que veremos a seguir, € operacionalmente mais simples ¢ é mais facil de ser programado em computadores. | O método do escalonamento foi desenvolvido pelo matematico aleméo Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e posteriormente foi aperfeigoado por Wilhem Jordan (1842-1899), Consideremos um sistema linear em que, em cada equacio, hd pelo menos um coefi- ciente nao nulo. Diremos que o sistema esta na forma escalonada (ou é escalonado) se 0 niimero de coeficientes nulos antes do primeiro coeficiente nao nulo aumenta de equagdo para equagio. Exemplo 14.10. O sistema linear estd na forma escalonada. Exemplo 14.11, O sistema linear z+2t-w [Earn ro thw estd na forma escalonada.

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