02 - SEVERINO, Antonio Joaquim. Como Ler Um Texto de Filosofia

Você também pode gostar

Fazer download em pdf
Fazer download em pdf
Você está na página 1de 38
Anténio Joaquim Severino Como ler um texto de filosofia PAULUS ‘siod ‘9 sey0sop1,4 “¥2199 sou anb opeprfeas ep ‘ausueanalqns {11 sowapod anb ovSeiuasordox epor :ojdure woq oprues umu mbe opewor 9 s09yu0D “sopenus sowesu0sua sou Tenb ou opunur o wos ogSejar essou ¥ aus99U09 anb ojmbeu aqusurerexa ‘apeprfear ep soiadse sossoarp sop oxedsax v oe se.aquoD sourepuaioid jenb e s1uerpour OsStIDayTOS SP apepifepour eum ‘quowyerowepuny “9 eyosory y “SeULIO} SeSIOAIP sens qos ‘sou axua nsixa ap noxtap e9 osst 30d urau ‘sopor aod epezuojea 9 eppayuosa opis eyus: vu eugiodut ens onb oursaur ‘soperSaj1arzd steur sop opts equsy ovu zen] nos aonb owsayy “eo191sTY eIDUgLIadxa ap souR QQ¢ sossou soasou ‘opSeonpo essou ap 2 [eINI|NDO190s PIA essOU Ep artIas -ne aaaasa PouNU eYOsOTY e ‘oLsOIEZITTATD Oss990ad ossou ap sogSeinuy seamur sep sauais029p sodueAEIOS 9 somnoEIsqo opueqygua anb epury “erodosna ovSipen ep exepzoy “em9] -8exq_ apeparcos ep jemand eLOISMY EU aUDIORIP Jas vIPOd OgN “toned Pjo anb ovSeonpa ¥ 9 apepaioos eum ap vMaND ¥ antua oynaur4 © ournur 9 stod ‘orSeonpo eu osuasozd o1uaW -enuaUOD zey as eYOsoTY ¥ “[eIISPII0 wINAIND vp zy “P19 BSSOU ap SoIUE SOUR QOS ap v>I29 “woIssEpp PIDIH BU F] “eoyOSOTY apeprepou! esse qos nIrUD ogSezy[IA19 essoU ap OyTpa op aseq eu ENUODUD 9s anb O3TUD02 2 O99IU919 OIUDWUID9YtOD o por stod “eangjn9 wssap voITOISTY ogSnnsuod v esed urexngiiuos anb se5s03 sredioursd sep uM 105 v[D onb saz1p OUIsoW 918 95-apog “[eIIEpII0 wmNy]N> vu aqusurweosd ze8n] wn nodns0 asdures eyosoyy (r0187-6¥E-Se 846 Nest 2g wos snjnedayeuoype « sq woo'srynedauens ‘002€-2805 (11) Al » £29€-6255 (L1) ¥e4 (ses) o7neg OFS L6O-L1 10 » 622 "ID a>sDUELy eM 8002 Smnva © EL0z ‘opssardwias wp B00Z ‘ORI? ol sminva cwaueqene 2 ozssandu‘opsesoups wabeyuowesoy 9x5 de> ep wobeui, sawues sop oujany ovener> jepoH suapNE ‘opbeuepi005 BBA Come ler um texto de filosofia uma experiéncia intelectual, um exercicio de néssa faculdade de pensar as coisas, de apreender os seus sentidos, de buscar a significagao que elas tém para nés. ‘Mas essa experiéncia de pensar 0 mundo, de buscar conhecé-lo, nao pode ser uma tarefa solitaria. Até porque para pensar, nés ja precisamos estar inseridos numa cultura, ‘ou seja, quando comegamos a pensar, dependemos de toda uma experiéncia de pensamento praticada e acumulada antes mesmo de termos nascido. Ademais, 0 nosso acesso a essa experiéncia acumulada, a essa cultura que nos envolve, dar-se-4 sobretudo mediante a linguagem. principalmente por meio do uso da linguagem que nés compartilhamos com nossos semelhantes todos os saberes e valores que foram sendo acumulados pela humanidade, em geral, e pela nossa sociedade, em particular. E por isso mesmo que as experiéncias do pensamento e da linguagem praticamente se confundem, desde a sua génese, integrando-se dialeticamente, uma dependendo intrinseca- mente da outra. E a linguagem que garante um minimo de objetividade e de exterioridade ao pensamento que, sem ela, ficaria entrincheirado no intimo de nossa subjetividade, o que inviabilizaria toda comunicagao. E assim que, quando falamos de pensamento, de conhe- cimento, de cultura, de ciéncia, de filosofia, imediatamente nos lembramos da educagao. Pelo fato de nao nascermos sabendo nada disso, temos de aprender tudo. E essa aprendi- zagem comega desde nossa mais tenra idade, num proceso que sé acabard mesmo com a faléncia de nossa vida organica mental, com a morte. A educagao é esse proceso total que nos envolve desde 0 nascimento e por meio do qual vamos sendo progressivamente integrados ao nosso mundo cultural. Nesse sentido, ela se da de modo informal e difuso, no seio da prépria vida social. Dai se falar de educagao informal, que acontece no seio da fami- Antinio Joaquim Severino i lia, nos grupos de amigos, nas relacées sociais, nos diversos ambientes em que estabelecemos relacées interpessoais. Mas, ao se tornarem mais complexas, as sociedades criam instituig6es que se especializam em responder por determi- nadas fungées. Um bom exemplo é a escola, que vai entio responder sistematicamente pela tarefa da educacao. Assim, no interior da sociedade, temos a educagio form: Dessa maneira, ao longo de nossa vida, aprendemos infor- malmente muitas coisas por imitaco, convivéncia, interacdes com nossos companheiros; aprendemos a vida, como se cos- tuma dizer. Mas podemos avangar nessa aprendizagem, por meio da educagao formal que nos é oferecida nas instituicdes educacionais, nas escolas. Ai o saber é trabalhado, sistema- tizado, organizado e transmitido aos sujeitos aprendizes, de forma que estes possam integrar-se na vida de sua sociedade, dispondo de um melhor conhecimento de sua cultura. A educacdo escolar prepara-nos com 0 intuito de inserir-nos no mundo do trabalho, no convivio social e na esfera da cultura. Pretende preparar-nos assim para o prdprio exercicio de nossa existéncia, que se constitui exatamente pelas praticas concretas do trabalho, da politica e da cultura simbélica. A educagao e a aprendizagem, desenvolvidas pela me- diagdo do ensino, constituem-se como préticas efetivas de leitura e de escrita do mundo por meio da abordagem dos diferentes discursos que a cultura humana pronuncia sobre esse mundo. Por isso, a educacao é, substantivamente, co- municagao, ¢ a esctita ea leitura, como sistema de signos linguisticos, formas privilegiadas de comunicagio. Por isso, falar de escrita e de leitura é falar de comunicagao e pressupor a intersubjetividade, dimensao gracas 4 qual nossa existéncia se faz mediante um intenso e extenso processo de intercambio de mensagens. A.comunicagao se instaura no seio da espécie humana por meio desse necessdrio ¢ onipresente processo de intercambio de “oeSeurSeur essou wa a emboyos waSenuy] ¥ wo> apeprrerfrurey wssou vu steur as-eiode urafesuow ep ogsuaarde & srenb sou ‘sorrpyomy soxxa; 9p ven 28 opuenb anb op o1xa1 op ovSeoyrposep & vsed vonvurarsis sreur ovS -uaaraquy eu afirxo 99 :o2uyiuOdss oyuaUMpas0;d um 9 OFU SOsYOSO[Y 2 soryHUD!D sorx93 9p eINAI9] v siod “saoSeIUATTO seuing[e soursrodioour anb osrard q “sosyosoly s01xe1 sop PORPUIDISIS emMI19] vu WHaTDTUT 9s anb exed ssoSeauatio seumns[e soquepnasa suaaof sor requasaide v as-oodoxd oyurzayy ausq rms bee omomne “soren] soquazay1p wre “ofoy wr9zey o anb safanbep no ‘sesioo sep opruas o repusasop ap vyare vssou wresapasaid sou onb sajanbe wos ofo]zip umn ap easnq v ‘aloy ‘sou ezed ‘Seiuasaidaz aaap sooyosory so1xa1 $0 49] ‘opour assoc] “SeoLTOISIY| SeIB SE SEPO Wa soqUDISEXO sapEpaI0s sep OLSed ~pared & opuaziocar ‘omaurestuoudeIp ‘9 [eos opor op oF5 ~edponzed y opuasrosar Soqusureotuosouts “o-jnnsuo uressnq suatioy so ‘euvumy efougistxs ep opnuas Q “speprperodurai ep O8u0] Ov oFSnusUOD vu 9 siod “e>rIOISTY BULIOS ap 2 ‘eID ovsuaunp eum qos ‘svossad se sepoy ap ovSedionsed vjad “ean -9[09 BUIOJ ap ¥p as onb oruauMsaaut um ap o1ouI 30d “oI>9dsa ep PuOAsTY EP OBuo] Ov ToNsUOD as opruas assy “eIOUaISIXa eudoad essou ep opauss op aiuowemusurepuny wiesen soja siod ‘euorseonpe ossas0xd ossou wo aumsse so2yOSOTy $03x93 sop eanura] B onb vougizodury e req ‘opor um oulos eueumy emma “[n9 ep souredisnized anb jenb ep oraut 10d ‘Jemapioo ema & opursajoz sou soureisa mby -semmayno se sepor ura a3srxa EIIDS9 ess onb o1qo g ‘eucumy emand ep oAgoe apuesd ossop “eur “ISsIsoeA ‘[eauaurepuny ayzed mansuos EDyOsOTy PILIIS9 y “oduraa op vatsoxz09 waSessed ep o8u0] oF as-urersapzod ‘eja wias ‘onb sopesytuais ap ‘seprata seiougtiad © 9p ‘soxoqes op soxoreur saumyoa ‘yusWesnaiuIs Seprend 9p apeproedes wer stew anb sosoqums seuraists sop ‘o139dsa vad sepejnunse a seprznpoad sagSeoytusis ap oa3938 OULo> eanajno ep ‘apeprueumy ep [ermajn> oars" op ovSnysuoD ep seperSoj1arid seurzoy sep eum ‘oviua ‘9s-euy03 ei1I989 y “eo1u0IstY erouaisTxa ¥ssou ap saQ5tpuoo sep apeparreoaad ¥ 2 oduiai o 12994 ap zedvo vuouiew ap eULIO} BAO EUIN as-opuRUIOI “wIoSeNSUTT bu sogSeoytudis sep a1ueznoxu09 ogSeztjoquus ‘eats98 vad opeauasoadox oSuvae o req “e[ey ep oorGojo1g ov8i9 ‘JermeU odzoo ossou ap apepariesaid vjad 9 onb epezipiSey “e1z9uraur ¥ssou opureSazre293qos ‘oduiai ou reasa 2s [es0 oESso1dx9 v an 9S “opepyeso & woo “e[ey & WoD aitouresIOUNId ‘soOSeoyTUBIS eYoeely ep one vn am 20> ag Texto, comunicagao e leitura De acordo comas premissas adiantadas na Apresentacao, [ff Texto: um conjunto de sig- todo texto é um conjunto de ff nos ling signos linguisticos que codifi- fj ™ um Mensagem. cam uma mensagem. f. um meio codificado, utilizando signos lin- guisticos, pelo qual se viabiliza a comunicacao entre as pes- soas, entre duas ou mais consciéncias capazes de decodificar esses signos. Portanto, é um meio de comunicacao entre subjetividades. i Quando alguém escreve um texto, esta se colocando como um emissor que pretende transmitir uma mensagem para um receptor. A mensagem é pensada pelo autor, codi- ficada mediante signos ¢ transmitida ao leitor, Portanto, a0 redigir, o autor/emissor procede & codificagao da mensagem a ser transmitida; o leitor/receptor, ao ler o texto, procede a decodificago da mensagem do autor, para ento apropriar-se dela em seu pensamento, assimilando-a, personalizando-a ¢ compreendendo-a. Esse € 0 ciclo completo do processo da comunicagio entre os sujeitos humanos. Na pratica da comunica¢ao, porém, os sujeitos humanos sofrem, em todas as fases do processo, uma série de interferén- cias subjetivas e culturais que poem em risco a “objetividade” da comunicagao, impedindo que tanto a codificagio como a decodificagao da mensagem possam ser realizadas. Dai ‘oralqo um sourequasosdaz srenb sop orsur sod ‘vravjed eps seamno a seossod stesmypo 2 sossed ® uropuodsazz09 onb ,,steiuaut sopnaios,, so ORs seiapr no sepuasayewu, sepuRoy, somasuo9 so ef -enSuy] epes ap stesneures8 sexBox se wos Opsooe ap as-opueminnss “wosenur ep [elsoreUr 2 [aAtstA | Ope] 0 Ogs sours no sezaryed sy ‘spiapr no soz1a2U02 so UIOD 9 somsay no spsavped se woo ‘em9] eu SoEID ‘sourepry ‘FOuD] Op aquaU! vu TeIOSNs TeA oIMEOTUAIS afanbe anb opriuss 0 “elas no “Jenar20u09 ope] o 9 anb “opoayusis 0 souponey | | oeeusuntg|¥] soupooey a “(suos so no sexi9] se ‘elas no ‘fex0 oUsIs OU “eUIDUOy © NO 1 io sous, ‘soya2u0) umm Is wo eSarre> oonsInSuy ousts epeD “ssosuownp senp E1009 | wr reAa] osioerd 9 ‘uroBensuy ep sousis sop sourejey opuenb | anb J “soppoysu8is sop 2 sazuesyfiuS1s sop orusuns2qu0> © sonounad :staaru stop voydurt souSis sop omauTTS9qUOD assa 2 13989 10 01x01 0 anb ura enguy e 9994UOd vsioexd 10319] 0 suuissy ‘219 suos ‘soisa8 ‘suaSeun owo> ‘sous ap sodn sono aqueipeur wiquier oprznpoad 39s apod omusumz0p wm seur ‘oonismSuy o81p99 op sourszeien iby -o1xo1 op ovdnposd & vexed opesn oftpo> op ormwop 0 ‘aqustreraqo 9 enaunsd y sordanay fe} ustesuon +] om f+} wabecuay “sa051p paebeal : uo seumg|e raysuaerd vstsoid > 05899 § (BP song 0 “emaio] & zezyeor vexed aN # % S ‘sey Toa] ojed ‘woSesuaw ep % ig ovSeoyrposap ap ostngutis 9 osraau osso203d 0 9 eA] & S Se Some ojad ‘woSesuaut ep osesyrpo> ap ossa>0xd 0 9 eILIDS9 eS soujeqen sop v oiwenbug ‘oxSeorunuros ep east ‘opsevoges ovSerpaur eum ‘oeSeormuos ap ossasoxd op edeia eum ap ‘siod ‘as-e1ex], sopeizod 9 as anb | ap wie8esuaur ep ogSsesytpozap B 9 orxer um ap eam] y yousy FY wabesuaw [] Stes [Y] wabesuay FX] sony oss soxreqe eurerdoxny ojad opeyuasaid -91 wraq res apod eueumy ogSeonmuros ep oss2201d Q “epeoytposap a epeoyIpos aqusurepenbape vfes weSesuow v onb snuesed a sonst sosso sezrumutur ered 242] 2 enb CG BH SOPEPId so1s99 ‘sagSneseid svums]e seiryssa20U WaIEzZey as FR os bre omen oyesolp ep ener un we owes TE WBE ne Levu texto de flofia pensamos uma coisa ou uma relagao entre palavras. E pela mediacao dos conceitos que pensamos e concebemos as coisas €, consequentemente, as mensagens que, sobre elas, os textos escritos ou falados querem nos passar. O conceito representa e substitui a coisa no Ambito da consciéncia subjetiva e é gracas. a ele que podemos, entao, pensar? Mas 08 conceitos, por sua vez, para serem comunicados, precisam também ser simbolizados, mediados, o que ocorre Bracgas aos termos, as palavras. Estas so as mediagées lin- guisticas dos conceitos. Assim, para nés, sujeitos humanos, a inteleccao de um conceito passa necessariamente pela leitura da palavra. Conceitos ¢ palavras formam uma unidade tanto do ponto de vista da légica como da gramatica.? Mas, para pensar, para elaborar suas mensagens, a mente humana nao usa apenas conceitos e termos isolados: os con- ceitos, tanto quanto os termos que os representam, se unem ¢ formam sequéncias chamadas juizos ou proposigées que, por sua vez, unidos, formam conjuntos maiores, chamados raciocinios ou argumentagdes. Assim, um texto é, na realidade, uma mensagem codi- ficada sob forma lingufstica de um raciocinio. A redacao é uma argumentagao correspondente a um raciocinio, cons- truido sobre a base do encadeamento légico de conceitos, + Neste livro, usamos o termofconceito “representagdo” para de- signar o contedido do conhecimento erm nossa mente. Na verdade, 020 é'uma boa pelavra para isso, pois acaba passando a idela de que-o onhecimento ¢ um processo de representagao, Mas 0 conhecimento sso sim, um processo de constmugao, © conceit, o conteido da Tiente, nd é uma foto das coisas, mas o resultado de um complex Processo de construgio. Esta € ama discussso epistemologiea ue nao abe agu. No entanto, desde jy fica um charac de atengao. 2 Iguaimente, a questso da rlagao entre linguagem ¢ pensame to, entre coneeto e palavra, € uma das mas espiahosas tanto para @ guises como para a eptemologia. As coisas no so simples como aqui apresentadas. Estow expondo apenas algama scferenciag elemencares para 0 entendimenco didatico desse tet uma ver que aio cabe aprofundar sua dscusss0 agi Antonio Joaquim Severino iinet ideias e juizos. A leitura é 0 processo de decodificagao da mensagem, pela captagao e acompanhamento do raciocinio do autor. my © processo da leitura Leitura analitica é 0 proces- so de decodificagao de um texto fl citura analitica ¢ 0 pro- escrito, com vistas a apreensao/ | cesso de decodificacao de recepcao da mensagem nele um texto escrito, com vistas ee 3 apreensdo/recep¢so da mensagem nele contida, Por essa modalidade de lei- tura, entende-se aquela aborda- gem de um texto a partir dos seguintes objetivos: aprender a mensagem global da unidade de leitura, de modo que o leitor tenha uma viséo da integralidade do raciocinio desenvolvido pelo autor, levando-o tanto 4 compreensao dessa mensagem como a sua interpretagao. E a modalidade mais tradicional de leitura, aquela que fazemos quando lemos um romanc: uma leitura do comego ao fim.? Mas, como veremos, os textos cientificos e filos6ficos demandam alguns recursos proprios, diferentes daqueles que usamos na leitura dos textos literdrios, jornalisticos ou coloquiais. E que a ciéncia ea filosofia sao modalidades diferenciadas de conhecimento, usando termos e conceitos em niveis diferentes dos que sao usados na linguagem coloquial ¢ na literatura. > Pode-se falar de uma outra modalidade de leitura, a leitura de documentacio, que & praticada quando abordamos um texto apenas para extrair dele uma informagio parcial. O texto é tomado como luma fonte para fornecer-nos algum dado, alguma ideia, Esse tipo de atividade serve até mesmo de subsidio para a leitura analitica, como se ver nos exemplos que sero trazidos neste manus { e2uaureaza9 ‘oxxay o unsse Jox1097ad OY ‘TOI op o¥Sisodxa B opuryuedurose ‘epryjoosa apeprum ep OIxSi Op HPHIO Dangsay Duin s97EF SOUBAAp ‘soew urd OPUTOSEFEYSG eum wor) *Pooiuose vssod earsussidwos auoureanojo vIMaro] eu ond vied soproozejose 19s uresiood aquaufenauaAa anb soiuod ap opSvoynusp! ap o1agad oyjeqeaa umn ap as-vrexy, 7OIROIIOS S Opoapur *fyasd ns op *OIXSa Op OpHaIwes op worupIOUeT OBA ui 30349] OF Top B UIESTA anb sapeprane op arz9s euin apudoad ~woo edeis essq “01x93 op osuserduros 1oyjour eum ered “eMIp | susurersdosd esa] v vied opsexedaid eum 99-opuezy[var ‘spepsaa vu [9 WOD O1eIUOD TeWIOI 9s ap apepleUY v OD | soner op waeproqe eraund Fam v ous 2s-opsv0rq SSB OUSE BARTS] Ououd cum opuszoy “eIqo ep sopep so sodv ofo] Seoypadonqiq eypy ep vamasoqe eu soayZOsuEN 30s WoAap sopep Sossq “o1UvIpe os-essed ‘sroalssooe a1uaUrfIORy “Te OvIso OBU SETI 9s ‘aqusuretAqG “03x23 o1dosd 0 seyueduioze wreumasos onb sooSeunoyut ap maaed v sopenmeas] ovs soauswiaya sassq “219 BU ~fsap 2s otqnd anb e ‘onb exed ‘ox3989 10 sviougisunoy1o anb wo :02x03 op [e198 opSenaxai09 eum mbe ozey ap 95-eIer], “ousoso 10} anbsod ‘nysans ow1os “fers EzamMIEU ENS ‘ovSNp :oad ens ap apepruniodo v ‘spepreuy ens sesynuapr :07x07 | Op 7e08 Pied o wyw09 wa sera] 9 BARBIE epunias y °ZE Bue vp ojapour o ausojuos soane o vied poyfpiso1q Bgry wu sounzqe ‘oy oss “01x91 OU svisodxa svlapr sep ovSeprony vexed stom o1nur oes sosuawiaja ste1 stod ‘Some op oausuresuad 0 a vigo v “epra ¥ a1gos setagad s2oSeuns0yuT es aodsip yerourepuny ¥ ‘auersqur 1019] ov e1uaplAd O81 uwisse efas Ogu osst anb epure ‘oiaunpusiue nas wo osnur pple pf 02x01 op zome 0 1294UOL “1x53 OP s0InD 0 9 wanb Joges treurunjazd ovd;eurz0juy eum as-aodun “eprndes ug, “€€ euIBed ep oapour o au1s0Ju09 ‘orxa1 o ved wayRIBONGG Pypy bun a1Iqe aAap sOMDT O ‘ox9s Oss] “suaSessed sep ovsesy BERET rs Hm roL omonnye ~BUapr & 9 ovSezteI0] v PIEMT!DeF Oss “03x01 0 waodwOD anb sojes8pzed so sopos ‘sidyy v “9s-urexoumu “emaia] ap apeprun |B epragaq “ezmo 2 edezo eum anus sopues8 onus soyeazarur | 9s-opueatas ‘oduray op orSeiuswiexy exmur qos e219 38 aaap | opu emia] e anb ap opnuas ou “eiuoo wa opeasy| z9s 24a w9q ~wea exa19| & ered JAruodstp odura1 Q ‘ommsse 0 WO 70319] op apeprreyurey ep 2 oxxe2 op apeprfisey x0NaM no orew ep ogSuny ura oprajaqease 32s adap apeprun vpes ap oyteure! { “Bpyn]DUOO JaANIso JOLaIUE e OpuENb gs aIUMBes ¥ as-opuessed ‘souand 40d entay x98 esi22xd emus] v ‘opnasa nas wy sod opuat | fonaaur oxayy wm s9] 1a as opuend “speprun eum su1s0; anb 01x01 op aued vum ‘ogSas eum ‘omnadeo win ‘o[duraxa 10q “panyia] ap apypiun pun swmuyop 2 | crt nny cares opuonb isos ered ea “soragad soqusutsazv[989 SoLreA ap OnTaUTEIUeART O TE 98-1019 “UJ ‘ogSnposd ens ap 0xa1U09 0 ouro> wI9q *01xa1 op OFS -eoyiposap epenbape v wiowutsad onb soyuauts] so ze2yRUIpr 9 oatt9{qo nag ‘orxa ou epHuoD woSesuoW ep oysersdorde eu 2 ogSeoytpooap eu 3917090 wapod anb serougayzoquT sepdrynur se zezodns v zepn{e sou exed ayroureasni ‘Joaypurosasdurr 9 seur | *etip artourerdosd vinira] & eagreiedard asej eum 9 easy [onixay esy pun ajuvipew oanpra] op opsmuodedc, “vapxoyar ovSeroqe[sox ap vdeia <= sovsezneurjqosd ap edera = seanviardiaqt asyjeue ap edeis <= seonpuray astjeue ap edeio <— sqenaxaa asypue ap edeyo <— sse|uassa sedeyo ap vpugnbas eum ap orsu sod as-eztfeax ‘orxay wn ap opnaso op opuenb 211090 owros ‘opnaiuos nas ap ovsuaarde a o1i9um> -9yuoo ap suy ered ‘oxx01 un ap vsnata] ap apeprane y_ voW[oWS Bunya] v o4wd SeZMHOWIP SY mR eyonery =p ovat wn am] ome WHS Como ler um texto de filosofia vamos nos deparar com algumas palavras, conceitos, referén- ‘ cias a autores, a fatos hist6ricos ¢ a teorias que, eventualmente, desconhecemos. Assinalemos esses pontos, transcrevendo-os | na folha de rascunho. Para que possamos entender um texto que estamos len- do, precisamos primeiramente saber a lingua em que o texto fora escrito, a sua natureza e 0 seu perfil: do texto escrito (uma carta, por exemplo, é muito diferente de um artigo cientifico, pois exige a nogao de fatos hist6ricos e de situagdes referidas no texto, além de um minimo de familiaridade com as categorias conceituais utilizadas pelo autor. Se, a0 ler 0 | texto, nés ja sabemos de tudo isso, tanto melhor, uma vez que esta primeira etapa fica dispensada. Mas se permanece | alguma diivida, é preciso, ao término dessa primeira lei-| tura, resolvé-la, esclarecé-la, antes de continuar a busca de compreensao da mensagem do autor. Para isso, a0 longo da Jeitura, mas sem interrompé-la, devemos transcrever esses pontos na ficha-rascunho, sempre indicando o paragrafo em que se encontram palavras desconhecidas, palavras conhe-_ cidas mas com sentido pouco claro, palavras que expressam conceitos especificos, categorias tedricas, autores citados, _ desconhecidos ou pouco conhecidos, fatos histéricos aludi dos, doutrinas a que se fazem referéncia. Terminada a leitura corrida, registrados esses elementos, interrompemos a continuidade de leitura do texto, mesmo que no tenhamos compreendido completamente sua mensagem, € passamos para um segundo momento dessa preparacao. E hora de buscar as informagGes e os esclarecimentos a respeito_ dessas dividas. Tomamos a folha de rascunho e vamos as fontes em busca das respostas. Buscando os esclares entos nas fontes Comecamos na busca por resolver os problemas de lin- guagem encontrados nessa leitura panoramica e que foram Antonio Joaquim Severino iil assinalados na folha de rascunho. As informagGes sobre ter- mos € palavras desconhecidos tém seus sindnimos e explica- ¢6es nos diciondrios da lingua portuguesa (Aurélio, Houaiss ¢ semelhantes). ‘Mas, em se tratando de conceitos novos, mesmo quando a palavra jd nos é conhecida, precisamos dirigir-nos a fontes_ especializadas, tais como os dicionarios de filosofia, de so- ‘Ciologia etc. Consultadas essas fontes, o resultado deve ser transcrito em seu “Vocabulario pessoal”, o seu “Glossério”, conforme o exemplo da pagina Em seguida, vamos buscar as primeiras informagGes sobre (0 autores citados no texto, desde que essa referéncia seja im- portante na exposigao das ideias. Se o autor é citado de forma genérica, nao é necessario buscar suas informagées. Os nomes ¢ biografias so encontrados nas enciclopédias, nos diciondrios especializados, nos livros de historia das ideias ¢ em livros especializados e, agora, em sites igualmente especializados. Caso seja um primeiro contato com esses pensadores apenas ligeiramente referidos pelo autor em estudo, e que nao so imprescindiveis para a compreensao do pensamento constante do texto, basta abrir a ficha bibliografica com as informagdes mais gerais. Posteriormente, 4 medida que cruzarmos com novas referéncias sobre esses autores, acrescentaremos novos dados, ampliando as informagées contidas na ficha. Esquematizando 0 texto Feito esse levantamento, processadas as devidas anota- bes, volte ao texto para uma nova leitura panoramica, agora para terminar a fase de preparagao para a leitura temética. E hora de fazer uma esquematizacao da unidade de leitura. Esse esquema deve ser transcrito na propria ficha de leitura O esquema dé conta do plano, da estrutura do texto, embora nao seja 0 resumo. O esquema ajuda 0 leitor a ter uma visdo geral do texto: a visdo panoramica da unidade. ‘01x91 OP CIO; Sp Sopep Sp Tazed v prep ds OvsUDdIduIOD E \ spaiseibadzoitn 3887 E5sou ‘omtos9 02x01 ou soauasosd somDUIaT SOp s1usurearsnoxa anzed & eAEP 9s JOIN Op woSesuoU UP oxsussidwios & roLaue asey eu OIUeNbUg “oDUTDaYUOD woo epy eu oar ossad0zd uM wIMaTa] ¥ BUIOI onb vp J "EST “HD 8 eopead as onb vjap O1su 0d S onbsod aye ‘eyo v wgqurer as-reprur os1oaad 9 Suisse owsauI ‘sePy “[IOyIp steur asvy v > Seousfeue esna9] ep edeis eunan TAneiardroquy sere y ofa} nas Woo 2 way © wos opUsBopDICE -o1xa1 op ovSejozdzorm 2 opsusoadwos anus urozey somnu onb ovsnyuos v req “wes -esuaul ep ovseaytpooap & Opueqanysod “emar9y ap ossaa03d 0 aiuemp wa11090 seanalqo 9 seanalqns svougroysorur sesmUE ‘oquaurOLaINE OIS{A OUIOD ‘oIUSUTDIUApIAA “S99 sopor vied woSesuow eursew eum sessed rnb ‘oxxei wm 9493989 opuenb Some o anb sodns as siod ‘eonuapr eusioy ap vonvuies astfeue |e xezypear weLioaep sos0u9] so sopoa ‘ordioutsd wg ‘s0stsod sens urs Jojwonur as urs ‘tepey O-opuextep Some o mano tag ap 0310389 o equasaidaz eoueUIa) ast{BUR B ‘to29] op arzed eq ‘orxa1 nas ap orsut sod aprusuen sanb a9 anb opneiuo> o ‘soine op opsisod v viuasarde edeia essq “opi] 03x23 ou EpRUOD woesuaw v ‘eonEUIDIsIs EUTZOY op “epeuTOIT WHSsE EDT ‘opi oax03 op 7UsRABGPY opeureyp ov osst opuapuodsoss09 ‘orxan ov 9392 -2jox IYPITON GIG DAP bu “eSTZIUIS CUAIO; dp Sepenstasi OES SeISOdSST S¥SSq “seo v yp orxa1 O svasodsax sv srenb roINe OF opueamsrod ‘orxes 0 sourayas ‘sagasanb sessa 10d sopemsy Zasifeue wa o1x@r ou @puayap ‘ajuausjenquana ‘ome o seLEpUNdas seiap! seANO aN °s Zenosduso> e aja OWO> Zasaiodiy ens ExSUOWIAp JOINe e OID “y ZeuIa} 0 seayJdx@ No ewa|qoid o JaAjOsal seIUAL oe apUajap anb asa e jenb ‘ewia|qaid of ep soane 0 anb eysodsai e fend “¢ ouones wmboog omonnge zi gorisanb wa #352 ew121 0 anb Jod ‘elas no ‘eD9I09 as anb ewisiqoud 0 jend “Zz 01x81 Op ojUNsse no ewiat © jenb ‘opueje} eysa anb oq “1 ssespaid 9 seionp woq seoisanb ¢ rome oF sounsip ‘opnass wo apeprm ep one op waSepzoqe vAou eum soz¥5 OF ‘onb osst 10d “Tori 6 [saissod aywoUrETUSTE Sieur > ‘DSBy FISD ‘sazaA svainur ‘soorurapeoe 9 sazejoosa saquorqure sossou wry “01x01 ou o1sodxa zo ne op oauauresuad o ‘apepranalqo ap ourx ~PUI 0 UrO9 ‘Topudaide 9 sex1>1{dxo as-vosng “02xa1 op opnai40> © [enb soqes as ap ‘oyueaod ‘95-vaex], resto aonb aja onb © “elas no ‘orxa1 nas ap o1ut sod airusuen sou aja waSestour Tenb s9qes ap voy g oane op ura8esuaur ep ‘foasssod varialqo steur e forsuaasduros ap vosnq ap asey e 9 easy “Pouipuiag SSippuD um zezr[eax v e103 opuesia Or TREO sotunuie> ven mail >pewsis or ‘elas no “orkai nos “9p olaul sod! ayusuen sou ‘>xai ap @peprun ep eamaray epund “38 CUNT ap roy 9 107xa1 op Wed -bpi0qe epunfas Built e spas0id 2p ovSipuos ura souresa ‘opep -n4s9/opl] Jas 01xa1 Op OFSeIed -xd ap asey vsso epeurunzay, 19 “0-opuvznazuts ‘o1xa1 op eiuawi eum, ‘oumsox ouanbad umn 19203 ap sagStpuos uzo v3s9 s0219] 0 ‘o1xa1 © opezpeuronbso 9 vorurpzourd emuip] vaou vsso epenioyy ounseu ousnbed un opuszey mores ep one we] ome BBG Carne Lar um taxte de fllosofia lise interpretativa. E chegada a ' hora de dialogar com o autor, de sitar 0 seu pensamento, de refletir sobre os contetidos de sua | mensagem a partir de referéncias | externas ao texto. Como essas orientagdes de eitura se dirigem aos estudantes, deve ficar bem claro que eles avangardo nessa fase interpre- tativa até onde lhes for possivel, pois a interpretagao de um mensagem a partir de refe- rencias externas ao texto. texto pressupde um repertério de conhecimentos acumulados na Area em que 0 texto se situa ¢ que © jovem talvez possa ainda nao ter. Mas algumas das atividades de interpretagio j4 se encontram a seu alcance. Como visto no capitulo anterior, nessa etapa pode-se adotar o seguinte roteiro: 1. Situacdo do contetido da unidade no contexto da obra de onde ela foi extraida, bem como no conjunto do_ pensamento do autor. Como as ideias do autor, expostas nessa unidade, relacionam-se com as posicdes gerais do seu pensamento te6rico, como elas se inserem no conjunto de seu_ 7” pensamento. 1 "No caso de textos filoséficos, o leitor terd, obviamente, alguma dificuldade para fazer esse trabalho de inserco te6ri- ca. Mas, minimamente, ao ter levantado informes biograficos do autor, ja tera alguma referéncia a respeito. 2. Situagao do autor no ambito do pensamento teérico, na histéria do pensamento de sua area de reflexao. Aqui esta em pauta situar 0 autor no contexto mais amplo da cultura filoséfica, tarefa ainda mais dificil para o estudante. Por isso, ele fard o que Ihe for possivel, certamente contando com a colaboracao do professor. 3. Explicitacao dos pressupostos implicados no texto. | Pressupostos sao ideias nem sempre claramente expostas Anténio Joaquim Severina no texto, mas sao principios que justificam, fundamen- tam as ideias defendidas pelo autor no texto, dando-lhe coeréncia. 4, Levantamento de ideias associadas as que estao presen- tes no texto. Aqui esto em pauta aquelas ideias semelhantes, ‘convergentes ou divergentes com as do autor, que nos sio sugeridas quando discutimos com ele. E hora de comparar, de aproximar posigdes, de destacar diferencas. 5. Formulagao de criticas 4 construgao do texto, bem como aos pontos de vista do autor: criticas positivas € ‘negativas. Nesse momento, o leitor busca formular um juizo critico, tomar uma posicdo, fazer uma avaliagdo da ‘mensagem passada pelo autor. Fssa critica pode ser interna, como a que foca a coeréncia ou a incoeréncia do autor, que avalia a contribuicdo que ele traz ao debate do assunto, a sua originalidade, a sua consisténcia, atualidade, /pertinén- cia etc. Pela critica interna, busca-se saber se 0 autor con- seguiu alcancar seus objetivos, se seu raciocinio foi eficaz na demonstragao de sua(s) hipétese(s), se suas conclusdes esto fundadas numa argumentagao sélida. Ja pela critica externa, pergunta-se até que ponto o autor conseguiu uma colocacao original, até que ponto nao esta por demais in- fluenciado por outros, até ponto sua abordagem é pessoal, profunda, original. Finalmente, o leitor concluira, por sua vez, se concorda ou nao com ele, Essa critica pessoal as posigGes defendidas no texto lido | € uma fase extremamente delicada, pois exige maturidade | intelectual por parte do leitor, o qual precisa dispor de muitos | recursos tedricos, de muita fundamentagao. Por sinal, a forma- | sao filoséfica tem, entre seus objetivos, esse amadurecimento intelectual do estudante. Ao leitor, cabe investir nessa direcao, para que sua experiéncia intelectual se consolide e ele possa apoiar-se na propria experiéncia para comecar a pensar por conta prépria. 2g “TR61 9p oxquionow wo ‘seudures wo opezieos “emma 9P Ongpseaq Ossox8U0D op exmaoqe eu opEiuosazde oufeqery. 'Sossau6u02 No soxUO2Ua Je1189U@ ap No JeinGneu! ap duge ap eyase1 © opniutied oyuar au anb wa ‘e>tyjod 05s} 10d 22/605 ~epad eongud ap soue sozuen ap oBuo} oe ‘Zan e opis wa} Bey, (1) P2-LL "d'y 0 ‘oduial ossony OP Seo1We!0d OR5a|03 “sB61 ‘soperossy solo;ny eioUpy/za1105 e10uIp3 :0]Ned OBS “pa 6 ‘WeIZ/dwWOD as anb sobiie sai We 49] ap 028 op ennueroduy y :u| « 4a] ap O18 Op eDURLOdU y “OIned “IMIS ‘aqueIpe PI9A as OutoD “susSessed sep opSeztqeoo] & se198y ered “uur od epeusosoxve to “TeuTs -HO ou eisti09 ovu soyesBpred sop opSeiouU Vy “sosTpuE se ‘sosusunposord so ‘sedeia sv opuensour ‘PIN pPAE PIM] ap opporexe umn ‘9[ap anzed v ‘Sowrareg “o1ssoraxo a389 ered eNO] 9p apEprtM out opeutos tof ‘oxreqe oII9SUe £01x91 “oxaI] a1sap orunsse o1rdoxd 0 wos a8r0AN09 ‘op “as assay “az1o14 O[Ned ap OsusUIESUad om aqUEIZOduN FeO ednoo onb “ema[3[ ap 889501 6 BUI owod 103 ap wasEIUeA Pp WiD[e “Toasssaow aimesseq Jas a2 10d ‘01x91 9859 Opryjorsa Joy “ou13q O[Meg ap PHIM ap orx92 uN WO oxSeoNdE ens opuensout ‘orsjos0xo win sezq[¥9x soureA ‘eyosoly ap O1xa1 uN 2p weBeproge v vied sivas sazinamp se sepeiuasaidy buny9] ep o1piowexe wy) +(seonpuioa ‘seoyps8orq) souspuodsoz309 seypy se svsed ova ‘ema1a] essou serpisqns vsed uremazas anb ‘esmbsad ap saucy seu sopersjoo sowuauiz] so feayes8 -O1qiq PyDY eu seuZDsUEN 398 WI2A9P Oss2203d assap OBUO| 08 sepesoqe]s sogxoyor 9 sagseursozut ‘serapr se sepoy, “wigua ‘emyyn9 “esyosoyy “eo1I993 [e198 ovSeursoy ep vary vu oWwoD oESezrfeIoadse ap svaze sessou wo oie) ‘Tenso9ja1ur OsusWITDoINpeUTE Ossou Ered “ORSeUIIOY vssou esed opSerpaur azuvaxodumt wransnsuoo anb sea1S9] sem -sod ap a1i9s eum sou ure aajoauosop vonrfeue vmnaey y opumoucs 2 epuvwsiBoyy some ojad ope20aoxd 9 opemdsut ‘eizdoad F1m109 sod osunsse 0 23qos saya wr or19] Op OS10}s9 wy “Bma19] ep OBO] ov sepestjeue 2 01x01 ou sepepsoge seoEUIO sep oxedsaz e eatsnjouo2 ovxayar eum 3 “eo1pur au10U 0 OUI0D fonb Teossad asaius euin op OeSeIoqula © WD Opmpuo> Toy “BS soonbrus 38 eonypeue wsnaza] ap” OSSSSOIT SHS OPOL, joossed opxaijou ye “o2xo2 ou serpydunr ureoy 98 no Sepesojo> a1usureno1dxo oF3so sepa as eazoduyy osnod ‘seanea -sadsoaur no seorapurea ‘seonupuies s2oasanb zejUeAd] soULapog “ponyeue emui9] ep sedeyo svizpA seu saquasazd as-uresuosua BAN -9[09 ogssnosip v ved no jeossod opxayar © ered sopeyueaa] 308 wrapod anb seursjqord so, *(eveqap umu ‘oupunnss ume ‘ould ‘ose 0 304 28) vana[o2 os -snosip ¥ ered 2 [possad ovxopar e ered seura]qoxd reamed] as, nb ure o1uawi0Ur 0 9 onb OPS7=AIDUA|GOUT Ep CARD e wioAa “va pes sausueuraur 9 ‘ouSeiardroiut ep edeje e epeuruuay, ovsvzyoursiqoud ye eYoroty =p ones wm 19] owe > BF Como ler um texto de filosofia 2) Aceitei fazé-lo agora, da maneira, porém, menos formal pos- sivel, Aceitei vir aqui para falar um pouco da importancia do ato de ler. @) Me parece indispensdvel, a0 procurar falar de tal importancia, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensao critica do ato de ler, que nao se esgota na decodificacso da linguagem escrita ‘mas que se antecipa e se alonga na inteligéncia do mundo. A leitura do ‘mundo precede a leitura da palavra, dai que a posterior leitura desta ‘no possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensao do texto a ser alcancada por sua leitura critica implica a percepcao das relacées entre © texto e 0 contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importancia do ato de ler, eu me senti levado — até gastosamente — a “reler” momentos fundamentais da minha pratica, quardados na meméria, desde as ex- periéncias mais remotas de minha infancia, de minha adolescéncia, de minha mocidade, em que a compreensao critica da importancia do ato de ler se veio em mim constituindo. (4) Ao ir escrevendo este texto, fa “tomando distancia” dos diferen- tes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiéncia existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarizacéo, foi a leitura da “palavramundo”. (5) A retomada da infancia distante, buscando a compreensio de ‘meu ato de “ler” o mundo particular em que me movia ~ e até onde no sou traido pela meméria-, me é absolutamente significativa. Neste esforco a que me vou entregandb, re-crio, e re-vivo, no texto em que escrevo, a experiéncia vivida no momento que ainda lia a palavra. Me vejo entao na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de érvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nés ~ sua sombra brincava e em seus galhos mais déceis 8 minha altura, eu ‘me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. (6) A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sétéo, seu terraco =o sitio em que me achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele | Antonio Joaquim Severino 2G ‘mundo especial se dava a mim com 0 mundo de minha atividade per- ceptiva, por isso mesmo como 0 mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras’, as “Ieituras” daquele contexto em cuja percepcao me experimentava e, quanto mais 0 fazia, mais aumentava a capacidade de perceber- se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais uja compreensao eu ia apreendendo no meu trato com eles, nas minhas relagdes com meus irmaos mais velhos e com meus pais. (7) Os “textos*, as “palavras” , as “leituras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos passaros ~ 0 do sanhacu, o do olha-pro-caminho-que-ver, 0 do bem-te-vi, 0 do sabia; na danca das copas das érvores sopradas por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovées, reldmpagos; as aguas da chuva brincando de geografia: inventands lagos, ilhas, rios, riachos. Os “textos”, as “pala- vras", as “letras” daquele contexto se encarnavam também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos; rna cor das folhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores ~ das rosas, dos jasmins -, no corpo das érvores, na casca dos frutos. Na to- nalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos: © verde da manga-espada verde, 0 verde da manga-espada inchada; © amarelo esverdeado da mesma manga amadurecendo, as pintas negras da manga mais além de madura. A relagdo entre estas cores, 0 desenvolvimento do fruto, a sua resisténcia & nossa manipulagao e 0 Seu gosto. Foi nesse tempo, possivelmente, que eu, fazendo e vendo fazer, aprendi a significagao da aco de amolegar. (8) Daquele contexto faziam parte igualmente os animais—os gatos da familia, a sua maneira manhosa de enroscar-se nas pemas da gente, 0 seu miado, de suplica ou de raiva; Joli, o velho cachorro negro de meus pais, 0 seu mau humor, toda vez que um dos gatos incautamente se aproximava demasiado do lugar em que se achava no mundo e que era seu “estado de espirito”, 0 de Joll, em tais momento, completamente diferente do de quando quase desportivamente perseguia, acuava e ‘matava um dos muitos timbus responsdveis pelo sumico de gordas galinhas de minha av6. (9) Daquele contexto - 0 do meu mundo imediato ~ fazia parte, por outro lado, 0 universo da linguagem dos mais velhos, expressando as suas crengas, 05 seus gostos, os seus receios, os seus valores. Tudo ‘esan6nuiod en6ul! ap sossajoud oplua naw op ‘epeps0rei aloy aie ‘opSel0qej09 e wWod ‘3sse)> Wa ey aNb soLx—I Sop EDAD oPSdaDIad eu jeiuausyiedse eu ‘eISeUIB osin> opewley> op ounje oWo> ‘anb Wa oder 0 oworas ‘eonpid ens ap serene opuinyasuoD WIL Wa o1BA 3s 43] 8p Ole op eDueLOdu! ep e211 ogsuaaiduloD e anb wa ‘apeprow yur ap ‘eougasajope eyulwi ap “e!>ueju) eyujw ap eruaLiadxa ep sier -uaWepUn, So]UBUIOUL ,J8}-31, 2P 0510459 81S9U OPUeNUBUO (91) ‘epuanb aa enuo2ue-21 Wanb ap euBaje e w0> ‘21Ua}U0> ese> e raxiag ‘ayUaUesop -epIND Nanjonus au ‘ese> ep ‘saioAIe Sep ‘oBYD op opules ‘epeLodio> aq ap no esuew ap sewey> owmso> na anb apepnes ewn ‘oe1uz "eDUEsUL yu ap so>uaR suanO/ SO — S0DUO.N SOSsOIB so aDeIqe asend ‘@Pep/NDYIp WAS se-peyuorey “e>UEJU! EYUIW Ep SBIOLU sep sewn januodUue-21 ‘P] ‘opusze} In} ajap anb ,eimye},, ejed opsuBasdwioD eyujui @ nap as anb opunuy osjawuud — opunus owsaw © 22 & jpuaide 2 [8/24 uo ‘fepue ‘3d ap snd aw anb wie oey> owseW) ou fasiy ‘2seU @puo ese> e Ja1ISIn OPS0WA epuNyoid WOD ‘oduuiay OdNOd PHY (ZL) } ‘opunuseunejed, ep eunya/ @ 104 exnefed ep || @unye] e ‘ej wWO> “opunU op , ema}, @ WO> eunydny EWN No2yUBIS Vewef ‘eSuaTUaS ep ‘asel Ep ‘esnefed Ep exMyo] e ‘ej WIOD (91) ‘ed snaw ap oyjeqen 0 nopunyoide 2 nonuguoD a21uNz ‘opeznaqeyie eneise ef ‘ephues wabeuauioy ewn e10Be osaud wand © 2 ‘nop aul a nies sui a1U—a221 cIUaUIDaLedesep OND ‘soja2U02seA a2ung ap seyn2BIed eyUyODsa e 1eBBYD Oe ‘anb 2 OSS! 10d ($1) 216 naw ‘sojanei6 | ‘o169U o1penb nau 0 10} 0849 Q ‘sied snaUL sop J0/eW opunW op oeU 2 Opunus new op seiAejed WO ‘sexlanBueW sep eiquOs ‘ese> eyUILU 2p jeiuInb op cBy> ou opeznageye inj “aja e ayueuseysodsedns opuep assaniyse as anb obje e12 Oey e/no;Ued opuNW Op ,eiN1/a), ep aIUBUL J femieu einy exneyed ep orseynap vy ‘eineed ep ex eu oprznponul 225 @ faDauioD na anb ‘osouersiu aluaulesoperueoua ap eyun aja anb oe seSuayanbyew ope>yiubjs assany oesuaasdusoD jen anb wos ‘ove/paul! pun nau! op oesuee:dulo> ap e;>UuguUadke eau essEp C]UBWOW 0113) tua ‘aquaurespasd '52/3 W0> Jo} 7 sjed snaul sod opepniesap anb op op ~epnfe sieus ing anb ou ‘ep/asexe 425 ap one; sejduus ojad as-fe20359p EL 02u oujuaw op apep|souina vy ‘seyin2 seSje> ap esyeuo}res wn ‘waUoy RE rs rb omeune we opedioaiue ouluaw wn wiw ap za} opu jejuewepuny aidwas 10} ui anb ‘opunu naw op ,eunvia|, e 4azip arueuodus) 9 seW (FL) “opuinujwp wey saiowia} snau so ‘opuazes 21 aj@p anb , eine}, 8u erpuaiua 0 2 ergedsad soyjow anb wa ‘opunus naw ap ownuy opuewios inj aw anb wa ‘wasod ‘epipaw en (EL) ‘SaJOU Sep Opuny OP>URIIS OU SopeYUgns aquauesouaisiw wese anb a sep sop ex1ezebje eu apepuep eu werpisd as anb sopiny ap o1umnu-wias win ap ogSdasied e ‘seyaqe seyuew seu 4e5nbe aus sod weyeuluiies sownzou sasousay sna SO (2) “_Sa/0paDayueU, soyuuessed Sop ojUe9 0 ef@ WO2 opuaze:n ‘opuebY> asseNn epeaLe PILES epebnipeus e anb ‘assoj as ayjou e anb ‘assessed oduia) 0 anb eneiadsa ‘opaw oudoud naw ou opiyonua ‘anb wa sayiou sep osquia ayy ‘ajanbe anb op sewye sep saanjelad exed euly> soyjaus emey OBR (11) SSej@p E1opeulny anb op eiquios sejad epewsoy sjeu OYNU! Znj EWI) ‘e589 ap onuep soweyun e anb op eLipsaud feu! ‘euppaid zn] ew) “ers zn] opuep ‘oeidusey e ogidusey ap ‘osquio oe esopeujuuny e1en ‘opeunuy Jepue ‘opuia eyuin anb ‘ens eyuliu ap ,saoidusey ap sopspusce, op ei6eu! eunby e ‘@Buo) ap ‘ese> eyujus ap og140d op “eyuedusoDe enewnnso nz segidue sod opeuiwiny) 219 ‘pseu apuo ‘ay>ey op ousieq 0 ‘Soue a}as snow so aquewjanissod aie 'es0 “Seljaoq ap soluepuorsa opue>/pu) no s905e/0 opulpad ‘a}uawenaraquioz opueyjeGseb ‘sedjn> sens ap sop © opuawiab — sesionip stew seuuoy sep Zararede esed oppunsss-swas ep no Ogpunasa ep wieresi>aid sepeuad sewye sy “eDueJU) eyuIU ap coduiai ou ‘soyjan slew sop sesianuo> sep oyalqo aiuaueWLied B79 SoU nua eSuasaid en sepeuad sewye sep opaw naw e o131 ayy ‘saoxeyjau se1sap od0> ou eSuasaid ens e opuenuisuy exobe absewa ‘opueyes oyUsA mb © /£106 o1xe}U09 OU “slueHOdus) aDaed Bu anb obje 3 “eunejed © ey fu epule anb we clusWOW ou ein eDuRLiadke e ‘onarIs9 anb we o1x@) OU ‘oni-as ‘ou-a1 nades aus-WeYULiad ‘ejnow aU anb Wa Jeynojuied opunus o 48) ap o2e Naw! op oesuaaiduio> e opuersng "ua} -2/ aw pf anb e ‘ajuersip enugjuy @ JeUl0}-2s ap 0510/59 ON (01) aeyadsns senbas ejpod oeu na eruaisme efn> ap 2 o1eIpawy) opunus naw op 0 anb sojduse sfeus soxxe}U09 e opeby o: ese =p oper 19] owo> eG Come ler wm texto de filosofia (19) Nao eram, porém, aqueles momentos puros exercicios de que resultasse um simples dar-nos conta da existéncia de uma pagina escrita diante de nés que devesse ser cadenciada, mecénica e enfadonhamente “soletrada”, em vez de realmente lida. Ndo eram aqueles momentos “l- s6es de leitura”, no sentido tradicional desta expresso. Eram momentos em que os textos se ofereciam nossa inquieta procura, incluindo a do entdo jovem professor José Pessoa. (20) Algum tempo depois, como professor também de portugués, nos meus vinte anos, vivi intensamente a importéncia do ato de ler @ de escrever, no fund indicotomizaveis, com alunos das primeiras séries do entéo chamado curso ginasial. A regéncia verbal, a sintaxe de con- cordancia, 0 problema da crase, 0 sinclitismo pronominal, nada disso era reduzido por mim a tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidos pelos estudantes. Tudo isso, pelo contrério, era proposto 4 curiosidade dos alunos de maneira dindmica e viva, no corpo mesmo do texto, ora de autores que estudévamos, ora deles préprios, como objetos a ser desveladas e ndo como algo parado, cujo perfil eu descrevesse. Os alunos nao tinham que memorizar mecanicamente a descricao do obje- to, mas aprender a sua significagao profunda. Sé aprendendo-a seriam capazes de saber, por isso, de memorizé-la, de fixé-la. A memorizaco mecénica da descricio do objeto nao se constitui em conhecimento do objeto. Por isso é que a leitura de um texto, tomado como pura descricao de um objeto e feita no sentido de memorizé-la, nem é real leitura nem dela, portanto, resulta o conhecimento do objeto de que 0 texto fala. (21) Creio que muito de nossa insisténcia, enquanto profes- Soras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-niimero de capitulos de livros, reside na compreensao errénea que as vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, nao foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua uta as voltas com extensas bibliogratias a ser muito mais “devoradas” do que realmente lidas ou estudadas. Verdadeiras “licbes de leitura” no sentido mais tradicional desta expresso, a que se achavam submetidos em nome de sua formacao cientifica e de que deviam prestar contas através do famoso controle de leitura. Em algumas vezes cheguei mesmo a ler, em relacées bibliograficas, indicagdes em torno de que paginas Anténio Joaquim Severine mil deste ou daquele capitulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas: “Da pagina 15 a 37”. (22) A insisténcia na quantidade de leituras sem o devido aden- tramento nos textos a ser compreendidos, e néo mecanicamente me- ‘morizados, revela uma visdo magica da palavra escrita. Visdo que urge ‘ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro éngulo, que ‘se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a pos- sivel qualidade de seu trabalho, ou néo, com a quantidade de paginas escritas. No entanto, um dos documentos hist6ricos mais importantes de que aispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas paginas e meia, (23) Parece importante, contudo, para evitar uma compreensao errénea do que estou afirmando, sublinhar que a minha critica 4 ma= gicizacao da palavra nao significa, de maneira alguma, uma posicao pouco responsavel da minha parte com relacao & necessidade que temos, educadores, e educandos de ler, sempre e seriamente, de ler 05 classicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos no texto, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos ‘nossa pratica enquanto professores e estudantes. (24) Dentro ainda do momento bastante rico de minha experiéncia como professor de lingua portuguesa, me lembro, téo vivamente como ‘se ela fosse de agora endo de um ontem bem remoto, das vezes em que me demorava na andlise de textos de Gilberto Freyre, de Lins do Rego, de Graciliano Ramos, de Jorge Amado. Textos que eu levava de casa € que fa lendo com os estudantes, sublinhando aspectos de sua sinta- xe ~ ligados ao bom gosto de sua linguagem. Aquelas andlises juntava comentérios em torno de necessérias aiferencas entre o portugués de Portugal e o portugués do Brasil (25) Venho tentando deixar claro, neste trabalho em torno da importéncia do ato de ler — e ndo é demasiado repetir agora ~ que meu esforco fundamental vem sendo o de explicitar como, em mim, aquela importancia vem sendo destacada. £ como se eu estivesse fazendo a “arqueologia” de minha compreenséo do complexo ato de let a0 longo de minha experiéncia existencial, Dai que tenha falado de momentos de minha infancia, de minha adolescéncia, de minha mocidade e termine agora re-vendo, em tracos gerais, alguns dos | ‘eougwieBay-en1U02 opSe ap evewey> rswel anb o ered o}YaWNASU) WNU as-1inynsuo> pod ‘opSeziuebio ap 2 opSezjiqow ap seayyjod aquaulerep seaneid seu89 e opnisiqos eperosse a op no oeSeznaqeye ap ossa201d winu ‘2s-opuep ‘apepiyeas ep e211 eunyjay e anb opauas aisou 3 (LE) “epupbipuy ens ep ajuasesip opsuacsduso> ewn ‘seSysnfuy sep are} wa e1syere opsisod wa sazan se ‘saiendod sodnub soe enewyiqissod opunus op e2nuo souaw JoUaIUe ,e1Nye), eP e2N449 Sle! ,LINHIa}, €159 (OE) ‘exmeyed ep esnyay ep saiue ‘opunw op Jopaiue ,einya), ep , eine}, euin saieindod sodni6 soe enewigissod seias2u09 sagSenyis ap sagseluaseidas ap oqun|uo assa ‘opuny oy “opunus op sopewoysuen ‘ouewny oyjeqes op no eaneid ep opsusaidio> ejad ‘esnyn9 e 9 anb op e2nUD opSdes/ad e eneyinsas ./21N}f3], NO OBSe>4IpoDap elNd ap sepeDyIpOD saO5eNys ap oJUn{uo> WN wioa sopueznaqey|e 50 Jeyesep SoUleAPLUN}SOD ‘e2/UBIOUI OBSEZHOWISUS ens ap ogu a opsusaide ens ap ossa2aid 0 eyed ‘soja e ‘saseyndod sodnu6 Sop Je10 einejed ep ‘e}11359 ap eULIO, We ‘oBSnjONAp ep salUe ‘seyy “ese> ewin opuinsjsuo> ‘ojdusaxe Jod ‘souraspad ap odnuB win ap e ‘eaugioid opSequasaidey ewnu euuasu as ‘o/dusaxa sod ‘ojo [a esnejed v (62) “epepijead ep s205e) -vasaidai ops anb ’s295e2y/p09 ap OW/eYD @ eAeeY> anb ou sepLIasU! ‘s9ja e weneyon ‘siodeq ‘werzey saseindod sodni6 so anb opunw op esnyja] ep seaene WweyUIA sou se/3 “opunu ap sepines6 ‘onog op sesnejed Se WISSe ENep SOU JeINqeD0A OsJaAIUN ap eAeWIeYD anb op esinbsod \y yopeonpa op epuguadke ep ogu a jepuarsixe epuatiadxe ens ap oe5 ~e2yJUBIS ep sepeBaLe> 1A useLseAEq “SOYUOS snas so ‘seoSe>/pUIAIa sens se ‘sagSeyainbu) sens se ‘sojesue snas so ‘waBenBuy jear ens e opuessaidia ‘saseindod sodni6 sop JeInqed0n osianiun op 4in weuanap opseznaqeyje ep eweiBoid 0 sezjueb10 anb wiod sesnejed se anb we opnsisu) eyuar aides anb jeq “oeseznaqeye ap ossasoid op ‘ww e1ed ‘srenuaa sopadse sop win 3 o21WeUlp ojuaUIAoW 2253 (32) ‘a]uansua> e2npid essou ap serene of-puuojsuen ap ‘ezip 1anb ‘oy-@nainsa—1, ap No , o}-2n21959, ap EULIOY eL189 uN Jod sews opuNW op eine] ejad eprpazaid seuade 3 oeu exejed ep eungjay e anb 18zIp 8 U4} SOWN9pOd “wipJOd ‘esjauleus eUNB|e aq “sowezey aap anb omonas wunbooe omens ing) ep spree oWSaW ‘opuNu op Iny eV/p esnejed e anb we ojuaWL “Moy ‘@iuassid aidwies g1s9 opuNu Oe exnejed ep a euAefed @ opuNUL op ojueunow aise ‘ewiDe HajaJ au anb e esodoid eN “ajanbep eins) ep apepinujuos e ery. esap enya} e 2 exAejed ep esnyrel e ascuuas ‘9pareid opunw op exmaj e anb e aus-ouyay “faiBesuo> a anb e oesez -pageyje ap eysodoid e esed ‘e3uawia}uenbasuod ‘2 49) ap Ole Op er; opsuaeiduios e exed war anb op5e2ylubis ead “jan ap e1se3sob ‘oon 1S8U SazaA SUPA opuayal “wi9J0d ‘olUOd Wn ¥ ‘ossaDaud a1sap apepre/d wo ep oy/sodaid e ‘soluaWioW sa}UaJa,Ip We ‘opmyanuasep oyus) ab © auqos ‘exoBe a inbe ‘sjeus seBuoje aw oLspssarausap O18/5 (£2) ‘BiopeUD ejase) ens ap ayUaWOW WN aye war Jy “opueznageyje 0 aiqos no eed 1opeonpa ojad evaj 10s apod ou webeuou e753 ‘/e10 opssardke ep eY,9s0 ogssaidxs ep WaBelUoW! © no opSeuD e 9 osseznageye y “e15Ue> Jal ap ‘aluaWaiuanbasuo> ‘3 exaue2 sanal2se ap WEquIe) Seu ‘e}3Ue> J8zIp ap ‘eIaUeD e Joqa2ied 9p “ejaue> & unuas seuade ogu ap Zede> nos ‘wpi0d ‘ng “eIUeD JazIp a eyaue> e sagazuad ap “elaue? e suas ap zede> 9 o1aqesjeue o ‘nia OWOD “opiqazied 9 opnuas 18/0 0 aluawujequan Jessaidxa ap sazede> oes 2 opnuss 012/90 0 waga2ied ‘013/40 0 wa1Uas ‘sopap so anua oyuar anb 0 wo e10Be 052 owio> ‘oVa/go win ‘ojdusexa Jod ‘waiebad oe ‘opueznageye 0 ojuenb sopeznaqeyje 0 o1Ue} ‘epepian ey “webenBuly exsap eumye] eu 2 e125 WaBenbuy) ens ap oe5nnsuOD eu apepIiges -uodsay ens e 3 apepinneln ens e Je;nue Jopesnpa op epnie e 1919p e2yIU6}s opu ‘e2i69Bepad op5ea1 sanblenb wa 211030 OWso> “opeanps op epnie ap se11ss829U a9 ap o1e4 O “oUalns nas O ‘opueznaqeyje OU ‘wa} opSeznages/e ep 0553901 0 4OPeLD O1e a OJUWDEYUO> ap Oe eqUenbua ‘oupiu0> oad ‘sopueznagesje Sop ,seIzer, ayuauiessodns se5aqe> sesmejed sens wio> ,opuayue,, assoy Jopeznaqesje Ossao1d {n> wo oujsuz “Senay sep no seqeys sep ‘esaejed ep ound oulsus oe opSeznaqeye e sznpai assapnd oeu waquie) anb Jeg -ny-o}-1-3}-€) Sop ‘ng-09-19-39-eq Sop e>1Ue20UU OPSeZLOUIaLU ap oYjeqedt Wnu au-sefeBua Jonyssoduuy eves wit e1eg sopeU> Oe Win OWIOD ‘OUNSaLL OSS] J0d ‘o}UaL -payuod ap 022 Win a o2;/0d O18 WIN OWO> soYNpe ap oBSeZnaqeyle In audusas anb Jewuyeos atuessasequ) a2aied au auawijepiul (92) 'soue sunBje ey soynpe ap ofSeznageyje ep oduie> ou zy anb ejsodoid ep sjequaa sojsedse oyesol) =p erst wn v2j owe BBB Como ler umiexto de flonofia (32) Concluindo estas reflexes em torno da importéncia do ato de Jer, que implica sempre percepcao critica, interpretacao e “re-escrita” do lido, gostaria de dizer que, depois de hesitar um pouco, resolvi adotar © procedimento que usei no tratamento do tema, em consonancia com 2 minha forma de ser e com o que posso fazer. (83) Finalmente, quero felicitar os idealizadores e os organizadores deste Congreso. Nunca, possivelmente, temos necessitado tanto de encontros como este, como agora. 12 de novembro de 1981 Paulo Freire gle Gxercicio de leitura analitica Como vimos anteriormente, uma atividade de leitura de texto, para fins de conhecimento ¢ apreensio de seu contetido, como ocorre quando o estudamos, realiza-se por meio de uma sequéncia de etapas essenciais: = etapa de anélise textual; = etapa de anilise tematica; = etapa de anilise interpretativa; = etapa de problematizacio; = etapa de problematizacao e reflexao. Antes de comecar uma atividade de leitura, € preciso delimitar a unidade de leitura, ou seja, definir a extensio do texto sobre o qual se vai trabalhar. No nosso exemplo, essa unidade sera a primeira parte do livro de Paulo Freire — A importancia do ato de ler em trés artigos que se completam -, parte que tem por titulo “A impor- tancia do ato de ler” e que se encontra da pagina 11 4 24 do livro. Pela nota de rodapé, somos informados que o texto foi escrito como uma comunicagao que o autor apresentou num congresso sobre leitura, realizado em Campinas, em 1981. Tra- ta-se, portanto, de um texto destinado a uma exposicao oral. Ant@nlo Joaquim Severino Sil Comecamos numerando, a lépis, todos os paragrafos que compéem 0 texto. Isso facilitaré a localizacao ea identificagao das passagens. Essa numeragio jé a fiz quando da transcricéo do texto, antecipando essa tarefa. Nossa unidade de leitura conta com 33 paragrafos. Os niimeros serio usados para indicar as referencias que sero feitas ao longo da leitura. Feita essa escolha, abre-se uma ficha de leitura com a referéncia bibliografica dessa unidade, conforme modelo a seguir: FREIRE, Paulo. A importancia do ato de ler. In: A importncia do ato de ler om trés artigos que se completam. Colecao Polémicas do Nosso Tempo, v. 4. Sao Paulo: Cortez/Autores Associados, 1982, p. 11-24 Esquema Introducgéo Justificativa da presenga do autor no congresso e do procedimento ue sequiré, bem como antincio da ideia basica de sua fala 1. Sua vivéncia pessoal e seu contexto histérico: 1.1. na infanci 1.2. na adolescéncia, 1.3. na vida profissional. 2. 0 sentido do ato de ler no ambito do processo de alfabeti- zacdo. Conclusso Nova justificativa do procedimento e felicitacdo aos organizadores do evento. Resumo O autor se propae a falar sobre a sigificacao e importnca do ato Ge er, sobretudo no ambito do processo de alfabetizacS0. A ideis fundamental que defende ¢ ade que a litre dalingvager eserta deve ser precedida e impregnads pela leiturahivéncia do mundo. _enguanto contexto de exten, descevendo sua éxperénciapes- ‘oa, mostrando como em varios momentos de sua vida foi “lendo" ‘0 mundo e aprendendo a ler ao mesmo tempo. “OqUBIDTUT JON9] Ov aruAprAa ov; unisse elas ovu oss! anb epure ‘oxxa1 op o3usuNpusIua Ou ounur epnfe ef rome o ra994uOD ‘soure5ayuos o OvU EpUTE anb opuodns ‘autaay png 9 wranb ‘oses ou oinD 0 9 wanb ssouresiperd anb ap oxSewsoyur esounsd & opueiueas] sour -200uI09 ‘oRSeBrsoAur ap o1auTOUI asso ered OpuEsseg dome 0 sages seesouMolUC BEBE “svisodsox sep eosnq wa Ssaiuoy se nos 2 oytosex eYoy eYUTU OB>g “seprANp sessop onadsax v soqusurpare[zsa a sagSeumsoyur se seosng ap eIOy, q ‘ovSvredaad vssap o1rsurour opunfas um pred souressed 9 ‘areSesuow ens aqaurez[duro> oprpussrduso> eqar as oBU anb oursaur ‘03x93 op opnasa ap apepmurjuos & sowradwoszaquT ‘soqusuraya sasso sopexisiSox “epizsoo vinai9] B epeuTULay, “apep “sors eum ‘soaqUOD v OFU EpuTe WoNb ered ‘opueaosns so1xa1 assau sepensydxo seias9N09 sepeuap1009 sens we} ov anb osrzoasry o1ey win ye sta +(¢7 §) soxnpy ap opSv2naqnip 2p visodoud ens ¥ as-210y03 autoag Ojneg “emMAye e109 Y “(OE §) «Pastfeary,, (TE §) eojuguiasay-e1U0> OBSe,, “(6z §) ,eBoJoanbre,, “(pT §) wisteuoroes, serarjed se wigquiea 2 ‘sazoa selva opesn *,09H1D,, Oatielpe 0 ouros ‘orxa3 ou erouBizodum Ja2 wreIUDI -ede :omanbi10> op aiuazaytp opruss ua sepesn urs.ored ‘sunwio9 vroquia “epute sezmo “(p §) ,opunureravjed,, ow103 ‘oxe[> ou Ov OpHuds uM 421 wWapod sexAEfed sexNO (07 §) S!aeztmorosrpur, “(2 §) .reSojowe,, vrAvyed v epure sad9qU02 Ogu souressod onb u9qurer oyuodng “opewry aBi0f ‘sourry ouryioery ‘ofsy op sury ‘oxdorq o172qTI) ‘sontojisesq sozome sungje pure e1D “suosessed sens 2p seumye seSsojor vied vy19 anazy ojneg anb — (T¢ §) rosur ~€1D 9 (ZZ §) xxeyy — sazOpesuad somo stop v seIsugI040r ERR os mec omen wasarede ‘01x91 op o8uo] oF ‘aonb oviua eieIsuOD g20,, ‘oyunoses-eysy eu auIOU nas a20UR OFIUD fepure eSayuOD © ou go0a anb sodns soure, -asias,y ojnpg osed ou Sone op apepnuspr visdosd & 9 opSeSepur esounsd essony “uremuosus as anb urs oyesdered © opueoipur aaduras ‘oyunoses ap eypy e exed soiuod sasso Feo. 9sueN souMsAep “e|-gdurosaIUy Was seu “eINII9] ep OBUOT ov ‘ossr veg some op ureSesusur ep oxsuaarduI09 sod easNq, B aenUMUOD ap sare ‘yj-gooze[9s9 “¥]-gajosor ‘eIsI9] vITOUT ud essap ouruiig) ov ‘osisaid 9 “epranp eumsje avoueutiad a8 se “epesuadsip voy edeio esrounid vssa sroyjow o1ues ‘osst opm ap souraqes ef sou ‘01x01 0 39] oF ‘9g “TyIad nas a vzamyeu ens ‘orL1989 F359 O1xa1 0 anb wo eNBuy] e oe nos © 9 wanb saqes sourestoard ‘opusy souresso anb 03x01 0 19p -uaquo ered ‘oufeqen aisop aused exrountad eu oxp ourop) oie ordord o 9 vsvSinut © ayusureyz99 anb ovSeSepur esrounsd y ‘oyunoses ap eyDy. eu so-opuaaazosues ‘soimod sasse afeutssy “soui29yu025p anb seria v 9 sosroasty sory & ‘sazoane v seIougzazO3 ‘501 ~feuod ‘svzavyed seumsje woo sou-owesedap ‘oxa1 0 uNTsse soxr0010d oy ‘some op ovStsodxa e opueyuedurose “epryforsa 2Pepiim ep epissoo v9] eum J9zey OFIUa SoWASp ‘aiUaIy essou & OYtMOser ap eYDY EUIN WOD No OUZapeD LN WOT) sreoaiuooe essod eajsuaasduroo aiuaureannazo exmatay eumn anb ered soproaze|2so sos wresooid atuaupeniuaas anb soiuod ap ovSeoysuapt ap o1agad oyfeqen um ap 9s-eiexy, ‘o1xaiu0> 9 opoxur [yz0d nas ap ‘o1xa1 op voruysourd ogsiA eum sone] ov rep ap ormmaUT © wanssod anb sapeprane op args eum opusarduio> ede ess “opnaiuos nas 9p ovsussidwio> soyjour eum ered ‘exp siusuerdord ema v ered opseredaid eum 9s-opuezieor ‘epepyaA eu ‘9[9 WOD OrINOD seMIO3 9s 9p apepreUY v wOD “oaxei op wiodepioqe erioumd eum © OFIud 9s-2pas0Ig ponugiowod ounjro] oarouded OM) EE vyosoy PP eel m9] ome pee BEBBSE Come ler um tento de fllosofia Em geral, os préprios livros jé trazem alguma informa- 40 sobre seus autores. Nao € 0 caso do livro de onde foi retirada essa unidade de leitura. Talvez as editoras que o publicaram nao tenham dado essa informagao por julgarem que Paulo Freire ja é muito conhecido. Mas supondo que ainda nao 0 conhecamos, ou 0 conhecamos superficialmen- te, € possivel encontrar mais informacées sobre ele. E hora entao de recorrer a bibliotecas fisicas ou eletronicas, Entre as fontes impressas, os livros sobre histéria da educagao brasileira ou de filosofia da educagao. Nos catalogos im- pressos e digitais das bibliotecas, buscando-se pelo nome do autor, é possivel encontrar indicagées de fontes biograficas € bibliograficas sobre ele. O resultado dessa rapida pesquisa deve ser transcrito na ficha bibliografica. Nao se trata de esgotar toda a biografia do autor, no momento; trata-se de levantar alguns elementos iniciais para se conhecer 0 autor do texto. E sé isso que deve constar nessa ficha biografica. Futuramente, vocé poderd acrescentar outros elementos, caso volte a estuda-lo. Ja existem muitos trabalhos sobre Paulo Freire, desta- cando-se, em nossos meios, o volume organizado por Moacir Gadotti, Paulo Freire: uma biobibliografia (Sao Paulo/Brasilia: Cortez Editora/Instituto Paulo Freire/Unesco, 1996). Para abrir nossa ficha, podemos consultar 0 Diciondrio de edu- cadores no Brasil: da Colénia aos dias atuais, publicacao da Editora UFRJ e do INEP. Af hé um verbete sobre ele, escrito por Celso Beisiegel, do qual tiramos os primeiros elementos para a ficha biografica. Como se trata apenas de um exemplo, sao colhidos ¢ transcritos apenas alguns elementos gerais sobre a vida e a obra de Paulo Freire. Mas ela fica aberta para acréscimos que se fizerem relevantes ou necessérios. Toda vez que obtiver novas informacées sobre 0 autor, o aluno retoma a ficha e continua a preenché-la. Antonio Joaquim Severino Siti PAULO FREIRE* Paulo Reglus Neves Freire nasceu em Recife, em 19 de setembro de 1921. Iniciou sua atividade profissional como professor de portugués no Colégio Oswaldo Cruz, em Recife. Em 1946, diplomou-se em Direito, mas logo abandonou a advocacia. Em seguida, atuou como diretor de Educacdo e Cultura no Sesi, e como prafessor de Filosofia da Educacao na Escola de Servico Social. Foi posteriormente indicado como professor efetivo de Histéria e Filosofia da Educacao, na Universidade Federal de Pernambuco. Participou da criacao do Movimento de Cultura Popular do. Recife, na gestao do prefeito Miguel Arraes. Dedicou-se a0 trabalho de aifabetizacao de adultos, criando uma metodologia propria que aplicou fem suas experiéncias no Nordeste. © gaverno militar inaugurado pelo Golpe de 1964, por motivos ideolagicos, interrompeu todas as iniciativas esse campo e Paulo Freire foi preso e levado ao autoexilio, Paulo Freire esteve entdo circulando pelo mundo, tendo passado pelo Chile, onde escreveu uma de suas obras fundamentais: Pedagogia do oprimido. Esteve também nos Estados Unidos e na Suica, sempre lecionando, fa- zendo palestras e consultorias no campo educacional. De volta ao Bra em 1978, foi professor da PUC de Sa0 Paulo e da Unicamp, tendo sido escolhido como Secretario da Educaso da cidade de Sao Paulo pela prefeita Luiza Erundina, De sua extensa producao escrita, registram-se os livros Alfabeti- zasdo @ conscientizacao (1963), Educagéo como pratica da liber- dade (1967), Pedagogia do oprimido (1970), Acao cultural para a liberdade e outros escritos (1976), Cartas a Guiné-Bissau (1977), Edu- cago e mudanca (1981); A importancia do ato de ler (1982). Fonte: Dicionério de educadores no Brasil, p. 893-900. * Modelo de ficha bibliogréfica. Nela, vio sendo acrescentados todos os elementos levantados sobre o autor, eo leitor pode guardé-la em seu fichario pessoal. Toda vez que obtiver novas informagaes, 0 aluno retoma a ficha e continua a preenché-La. ee eee Bum 8 1apasoxd op OBSIPUOD td SOUFEISD ‘soLYssasau UTEIZE as anb soauaunid9z2]959 So sopor sowsango anb ef ‘opepmsa JOpt] 495 B 01x01 Op oESesedard ap asey esso epeuTUZTa], 01X24 Op VoUyWa} asijyuv op eso) AEE ‘apepiun ep varus ~groued ovsta e :03x93 op [e408 O"STA BUM 301 B JONeT o epnfe euronbso Q“Oiise1 0 9 OBA “Orxa: Op eITANSS Ep ‘oUR|C Op 2 | Biko yp vurNbsa 6 emu] op wypIg vladord eu oussUEN 498 aap vuranbsa assq “eny19] ap apeprun vp OpSezieuronbso Bun 38205 ap EIOYy “OrxeI Op vonpuIas eanai9] v vied oBSeI Sedoad op asty B TeUItiaS! Sp OIMIUT oO WioD vi0Te “worETEION Sed Biiii9] eAou BUN vied onan OP d4fOK “SooSeIOUR seprAap sepessavoid “esinbsad 9 osuauTEIuEAS] 9589 SOTaG ‘eypy e xerjdure v opour ap ‘sopep soaou sourazeauassa138 ‘a1 OMe s9sso 91q0s SEIOUDIDFOI SPAOU SOUTTENUOSUE anb eprpout & ‘squsurrO}Io1I0q “stes98 sreur sogSeuTIOFUT se WIOD voyyId ONgIq EYDY & maqe e3seq ‘o1xa1 Op azue3sUOD oWUTestAd Op oxsuaarduros & ered sroaspurosardum soja opuas ou a | Toane ossom ojad soprisjos ousuresra81] seuade sazopesuad \sassa wio> oreiu09 oxsutrd um vies ose> ‘sopeztersodsa SOA] Wa 9 SeIOr sep EIIOISTY ap sozaN] SOU ‘sopeztEIsadsa SoHpuOPIp sou ‘seipado[isue seu sopemuosua ovsas sey -ex801q 2 sawou snas ‘sopesjnarp s1ueiseq oiuauresuad 2 pra ens waa anb sootssepp sazopestiad ap wioSe 2s-opueresy, rome op oses ou ow1o> epasorg “19s1uDID 9 xu; ‘OSeD a3sau ‘sopeno saroine sono ap as-seuNxorde 9 ossed ounx -9ad 0 ‘stenaraou0> 9 seonsinSuy sagasanb se sepesadng 921 'd “eyesBoyaigo(g ewin ‘asfaxy o7ned “moped '}>) ‘opezueWiNY 195 ap ‘Opow WN @ OpeDijUBis Wn OBUa ay)-1ep 9 OpUNUI o JeIe4 -o-opueULHO} -suen ‘o}-pz1uewny 9 einejed ead opunu 0 sepunuead ‘asial4 ojned exeg OannnweAviva RE rns wb omenye owusuresuad ap eur -aisis win 9p soLsaINF ou no ciUDuHSayUOD ap odure> opeuNNT=rap un ‘ered saiue2jax soanteaytufis sopnaiuo> wig anb sevoS91e2 2 s0112009, 9p onsifox vied uroat2s setjoy seisy “eoREUIDA LYDY ap SO;SPOW (zed ‘eyesBoyqiqorq ewin sauja14 ofneg “IOPED '}5) ‘se>NPUIBOP sapSIDSAId JeJOpe WIS sjeut 9p se opueyesap ‘apepijeas eu Wapanns owoD sesjo9 se Java4u09 exed (0510453 “sesio> se ajue ogdeboualul ap ‘oexayas enunuoD ap apminy eamsog woupy> «SeOnPUIAI SeyDY wis seOsuEN svaavyed sv Wo :osv> ossou ap ojduraxa o ela, 1OLIOqUe OFS ~eqUDIIO BUIIOFUOD ‘OHTEINEDOA, ap [Rossag OUTOPED nas wo oqrosues1 398 ap opea[nsar o ‘sa1uoy Sessa sepEa[NsUOD “2219 ¥1Bo]o1D00s ap “eyosoly ap sorseuoIIp so ouros ‘sepezrpersadsa soquoy ¥ 18inp sou souresard ‘eprooyuoo 9 sou vf erARjed & opuenb oursour ‘soaou sojia2u02 ap opuvien as wa sey “egy op od wmngje se19 o1yssasou 9 ovu ‘sosvo sassayy ‘01x01 o1rdoad ou ‘stde] & “o]-vi0ue 2 Of-119;409 98 9 ‘oproayuos ounuours wn senuOSUD seudde s0j ovIsonb v 3g "418 anus waodo as onb saxred ura [DaIstatp ovu,, voyrusis «[PAPZIWOOIIpUL,, forfINY vsannaoOg ensury ep orreuo IG, ou eisuos owi09 §,,2[0ur od309 win opueniade sedjede,, eoyrasis «Te8ajoure,, ‘ojduraxe ossou ou “unssy “(saIuEyfoUI9s 9 ssreNOFY ‘oygmy) esonZnazod enuy] ap soupuoroIp sou sooswoydxo 9 souruguts snas wigi soprayuoosap sezarprd 9 soustot SQ “mara -gioued vsnq19] wssou sopesuosua wreBenSuy] ap seurayqord SO saajosax 9 ‘epranp wos ‘eIougpraord epungas y swunojod sop opyueas © egos sepiayp opwo.t]. EEE So ce | Bitao segunda abordagem do texto: é hora da andlise temdtica. Ess: a fase de busca por compreensao, a mais objetiva possivel, da mensagem do autor. £ hora de saber qual o contetido ele nos transmite por meio de seu texto, que ele quer comunicar. Busca-se explicitar e aprender, com o maximo de objetivida- de, Como ler um texte de filosofia , © pensamento do autor. Guiados pelas questdes postas pelas diretrizes da andlise tematica (cf. p. 18/19), vamos relendo o texto, perguntando ao autor quais respostas 0 texto da a elas. Vejamos como o texto de Paulo Freire nos revela sua mensagem: 1. Tema texto trata da significacao e da importéncia de leitura, do processo de aprender a ler, particularmente no processo de alfabetizacso. 2. Problema Provocado por uma situago cultural e educacinal deteriarada, na qual @ aprendizagem da leitura, a alfabetizacéo, tende a ser vista apenas como leitura mecanica das palavras, apoiando-se na memorizacso, 0 autor se pergunta como se da 0 verdadeiro processo de leitura e seu aprendizado. 3. Hipétese Aleitura da linguagem escrita é ato de extrema relevancia por ser eminen- ‘temente criador; mas ela s6 serd ato criador na medida em que a leitura da palavra estiver em continuidade com e impregnada pela leitura do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da linguagem formal 4. Demonstracao Com efeito, 1) sua convivéncia, durante a infancia, com 0 espaco do- méstico, a casa (§ 6), com a natureza fisica e vegetal, com os passaros (8 7), com os animais damésticos (§ 8), com as pessoas mais velhas (5 6), as suas vivencias psiquicas, as sensacOes e temores (§12), iam tornando o autor intimo do mundo, cuja leitura ele ia fazendo aos poucos, de modo que, quando de sua alfabetizacdo, a leitura da palavra escrita foi a leitura da “palavramundo” (§ 4). Também a experiéncia da leitura durante a adolescéncia deu-se numa percepcao critica (§ 18), na atividade docente Anténie Joaquim Severine de professor de portugues, quando viveu intensamente a importancia do ato de ler © de escrever (§ 20); 2) Dessa retomada de sua experincia existencial, 0 autor reafirma que a alfabetizacao de adultos ¢ um ato politico e um ato de conhecimento e, consequentemente, um ato criador que envolve educador e educando ‘numa pratica politica comum (§ 26), tudo isso mostrando que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica 2 continuidade daquela (§ 27). Dat a insisténcia em que as palavras usa- das para a alfabetizacio estejan sempre carregadas de significacoes da experiéncia existencial do alfabetizando (§ 28-29). 5. Ideias complementares Podemos identificar duas ideias abordadas pelo autor, que vém comple- ‘mentar @ sua mensagem. A primeira: essa leitura critica da realidade, associada a praticas politicas de mobilizacéo e de organiza¢ao, pode onstituir-se em instrumento de agao contra-hegeménica (§ 31). A segunda: constata-se, em nossos meios, uma magicizacSo da palavra, rivilegiando-se a leitura da linguagem, a quantidade sobre a qualidade. Mas essa critica nao almeja descartar a necessidade da leitura rigorosa, a ser feita mediante discipling intelectual (§ 23). ny Retomando o texte para a interpretacdo A anilise interpretativa, tiltima etapa da leitura analitica, €a fase mais dificil. Mas, mesmo assim, é preciso iniciar- se também a ela, até porque € por meio dela que se pratica a cri- © conhecimento. Enquanto na fase anterior, a compreensao da mensagem do autor se dava a partir exclusivamente di elementos presentes no texto escrito, nesta fase interpretativa, a compreensio se dard a partir de dados exteriores ao text: interpelando 0 autor, discutindo-se com ele. E.a fase da andi tica, é ela que tora a leitura um processo critico na lida com jos 0, ise interpretativa. E chegada a hora de dialogar com o autor, de situar 0 seu pensamento, de refletir sobre os conteiidos de sua mensagem. Burn nlosoqej9 anb z2z1p 1onb ors] “oauaurepuny assop ayy anb ovdeonpo ep eyosoiy eumn 2 eayosory eiSojodonue eum epurE seu ‘ovSeznaquyre ap oporgur un seuade ou ‘unsse ‘n9Ajoa “uasoq] “E1199 apept eu epenbepe epeprrejooso eum wrossoAMn anb mupadury erougze> ap opsipuos eino soymnpe sop oeseanpo P wro> 103 s0rPUF oRSednooaid ens anb zoa wun ‘refndod os “onpa aiqos aiusutesyisodso ‘opSeonps a1G0s v1qo wsUOIXe Pum ura ‘onoyisexq ropeonpe opeuousy “exraag [neg ojreuyroyuco ap edwos mas we 40m op ov50nS meg “TP2x Opunut op o1arauo> ou esnar9] ep woSeztpuazde op oss90 ~ord 0 Ep as outod ‘ferouaysrxa eiougtiadxa eizdoad ens ap o1our Zod opuensour ‘eongaus euros ap ‘some ojad sepeunyeor segstsod sesso souraa ‘opty 02x03 oN “seueumy seossod 27uaUE ~eua|d 398 ap wopadury sou anb es1yjod 9 yei20s “earuqUoD9 oxssoxdo ap sagsemus ap ze1z9qy] sou uressod aqusupentuss anb soyurures opurosng 2 ‘oasouoo ovsejax ens wia se[a a1qos opunsyex 2 se-opuestfeue ‘sopriasur souresso onb ura sivar segsenus © opsuaze opuessord ‘opunut 0 opus} ‘2| ¥ as-9p ~werdy “soutenuooua sou anb ura [eI908-o91203814 03x9IU09 ©P ogsusarde eu epuny as so3xo2 sop eanaia] v anb z9ztp xonb Oss] “opumur op emnai9] ep osu9UreBUopoxd umn 39s Baap sEILID89 sezavyed sep emaiay v ‘elas no“ oprustsdo op eiSoSepad,, v 198 242P TEL “eonsod apeprane owoa epeonresd 20y a8 “ovsez9q] 9P omroumnaasut equa!Ya 198 pod ‘reMMdod ‘rerusura]9 OvSe> jRP? Ess “OwSeznaqeyre op ze[noned wULIOy v qos OUIsoUI 932 ‘opseonps © 198 opod seuuoy sep eum fenb ep ‘opepzaqy] 2p vonpad eum ap estoaud “oABi559 Ou1sy joy ob duATT TOF “tour -04 © Sopseuaire ap opSipuoo essap s1es exed ‘os-rearaqyy exed ouuen1od ‘oprunsdo x98 ap sexrap 2 ovSenus essop aes exe “suouroy soz3no ep orumwop ojed a ovSexodxo vjad epesne> sso OvSenus ‘oyssoido ap ovSenas eumu as-renU02Ua apod WaWOY O ‘3]9 WOD Opsose aq ‘o“Seonps ap orsdasu0D eu TERR res wbv0p omen 2 wowroy op ovSdasuos eum ‘eles no ‘oxSeonpo ep vyosory, bum 9 rrgojodonue eum ‘o]-pruswrepuny ered “naajoauasap atraxy ojneg ‘ovSeznaqeyfe ap oporgur arustoyo wn ap waTy “eH1a4y [LY ap [eUO!DEONpa PYOSOTY e Epo; ap oaJNU O UIA vauaserdaz o1sodxa ibe oiuauresuad 0 ‘ope ozo 10g exo & ze510}91 no reaoUrs{duo9 sod eum anb ‘amuaureragy “eno ¥p ovsusaiduroo ep assopuadap eum ap ovsusasduro> & anb ex1oueul |e ap ExHo] ORSejar BuINU SePEIOUTA OvIS9 ORL SEAL “PoHpuIa} wns ep OvzeI UID Is auIUD 9A ¥ UIQ SED ‘sexINO SEP Pum saquepuedapur ‘seurougine wrelas soynaideo sop seanmin “Soo saured se vxoquia ‘owe “eouyy eu ‘odioutsg 9 gUO], O8S urs roIne ojad eprapoauasep ovSeznaquyle op eIsuaITadxa bum zen ons0721 0 9 ogseznaqeyje ¥ exed xejndod wooi01}qrq ep eoupziodurr e aagos esi9a opnudes opunges G -uraeduios 0 anb sojnudeo stop soxino sop Pura) 0 9 wiaqurer asso siod ‘oxaty OP sompuos oy 0 9 oxseznaqeyfe ep orx=II09 ou eINAIIT y ear Ofne, BP wage BP o;m{Uos ou 9 ‘oual| ou epopiun vp ovSonus \ BBE sonaoz assa opurnges ‘onary ojneg ap 01x01 0 s9[93 ‘oviua ‘sour, seaneGau a sennisod seonuo — s0ane op ejsia ap soquod S08 OwO Wag ‘oH@) Op OBSnUISUOD e SEDAN Bp OBSEINULIO “¢ “oer 0u saquasaid oF}sa anb se sepemosse selap! ap ojuawe\uendy “p ‘ORxaY]a! ap eale ens ap ciuauiesuad op euoAsIY eu ‘o>1u98) qUAWIEsUiad Op OLIqWE OU JOINe Op oBSeMAIS “2 yoane op quauesuad op oun[U0> ou oWoD Wag “epJeNXs 10} ea apuo @P e1qo ep o}x=}U0> OU apepiun ep opnajuc op oBSeMUS “1 sox1a101 a1umas 0 ze10pe apod vdvia vasa orraque ojnasdes ou orsta OW1OD) | HBB Ce ev wm tent de flosofc concep¢ao de homem e uma concepgao de educacao em fungao das quais desenvolveu seu método de alfabetizagao, voltado particularmente para a aprendizagem de adultos. Mas, além disso, foi idealizador, implantador e coordenador de um amplo movimento de educagao popular, tanto no Brasil, como em outros paises do mundo. Sem diivida, o pensamento de Paulo Freire tem uma marca muito grande de originalidade, ou seja, ele nasceu de sua propria experiéncia existencial na realidade historica e social em que esteve sempre inserido. A condigao de opressio na qual encontrou tantos seres humanos 0 marcou definiti- vamente, desafiando e provocando seu espirito na busca de solugdes para esta situag3o. Mas, evidentemente, o autor sofreu influéncias de outros pensamentos filos6ficos, que vo desde o cristianismo e do neotomismo ao existencialismo, ao personalismo e ao marxismo. ‘A marca do cristianismo, além de sua vivéncia de cris- to, faz-se presente por meio do pensamento de Tristao de Ataide, que o iniciou igualmente nos pontos fundamentais do neotomismo de Maritain. Por outro lado, 0 humanis- mo de Maritain completava-se com a contribuicdo do personalismo de Mounier, em sua exigéncia fundamental de afirmagao intransigente da dignidade da pessoa huma- na. A antropologia existencialista contribuiu igualmente para a reflexao de Paulo Freire sobre a condicao humana, ressaltando-se a influéncia de Kierkegaard, Gabriel Marcel, Jaspers e Heidegger; mas igualmente marcante é a presenga do pensamento dialético marxista. Além de Erich Fromm, Paulo Freire estudou o pensamento de Marx. Encontrando nele elementos substantivos para a construgao de sua sintese antropol6gico-filoséfico-educacional. Atengao!! » Obviamente, para situar 0 pensamento do autor na rede do pensamento universal de seu campo, é preciso que se estude a Aniinie Joaquim Severino SSI partir das fontes primarias e secundarias. Por isso mesmo, esse € um trabalho mais extenso e intenso. Mas ele pode comecar com estas primeiras investigacdes sobre a vida e a obra do autor. Nessa ficha inicial de leitura, sao registrados esses elementos encontrados nas fontes abordadas desde a preparacao da uni- dade de leitura BBL Pressuposios Jé os pressupostos que fundamentam as posigdes defen- didas pelo autor na unidade lida, muitas vezes, podem ser identificados a partir do proprio texto. Como se pode perceber, por exemple, fica claro nesse texto que Paulo Freire pressupoe que o homem é um ser que embora se encontre muitas vezes oprimido, em situagao de dominacdo, 6 um ser livre, capaz de libertar-se e de ser sujeito da historia e do seu destino. Pressupde também que a pratica pedagégica é eminentemente politica, ou seja, capaz de levar 0 homem a modificar suas condigées de vida e as relacdes de poder entre os homens. Pres- supée ainda que, para o homem, a sensibilidade a experiéncia existencial é uma forma intuitiva de conhecimento, talvez ‘mais importante do que as formas racionais de conhecer. Sa0 posiges que, embora no explicitamente trabalhadas pelo autor no texto, ficam implicitas nele, até porque sao elas que fornecem as bases para as ideias claramente defendidas. BB Tdeias associadas O texto é rico em sugestdes para a associagao de ideias. Por exemplo, vem logo a mente toda a proposta do Mobral, outro movimento de alfabetizagao de adultos desenvolvido no Brasil com pressupostos diferentes. Nesse caso, cabe- ria uma comparacio. Igualmente, é possivel aproximar e confrontar as concepgdes de metodologias de leitura apre- sentadas por outros tedricos da educagio, como Ezequiel ‘Teodoro da Silva (O ato de ler: fundamentos psicolégicos gaiueziSojoxsd emmasod eumu opures equoe ovu zoine G guoSezipusrde ep oyusUHAjoauas 9p ou jaded umsye sejo wig, gerugosajope vp 2 vioueyut ep svombysd serougaza se eypequs 9 9a axtary ofneg Owi0> °Z genb 10g ZoonsJod ossavoxd um 9 o¢5e> -npa y goursaur voynisnf as ov5eunye vssa ‘oiaureuonsanb © opurydury govseunzye essa voynsn{ 01x01 op o1m{uos © Goss} BuLIge onb 10d sepy -orxa1 ou soasodnssoad snas ap win ‘soutta our ‘essordxo opseumye essq ‘vonsfod vonezd eum 3 “vorfoSepad 198 10d ‘ea1ZoSepad vanesd v anb ap ovseunye epides eum zvy anory ofneg ‘oyexered omunad ou ef “1 reperdure ogssnosip Pumn ered sopeseasap 198 wopod anb seuzajqord so ovs soupa ‘owxoa assou zey axtazy ofneg anb sagsesojo9 sep smued y “(e1eqep um no orrwurmras tum rez1[eax ‘OSES 0 405 98) PANDIO9 opssnosip e ered 9 [eossad oexayor e ered seura|qosd woxeuea ~9] 28 2p Causu0UI O 9 anb ‘ovSezneura|qozd ap v WIaA ‘e[> & pea] simoureumur 9 ‘opSeioxdraiu! ap edeyo v epeurunray, cpdezyowelqoud my “sepeauourepung urq 29s westoard wigquiea steossad seo1a139 sessou siod ‘oroyfe oyjeqen op ov5 “PHPAR Bu [IOYIP steur arzed e wiaquiea J -asyppuE ep vanatqns voreur & 91403 oxnur 2 [enb ou OyaWOUF UN soUTEIso ‘osst | 70a -tmn epeo ap exsdoad ‘qemoajarur erouatiodxo vudoad ep | ahied v eles *emnoura 9s 20119] 0 Jen oF “ens. vusIper | :ed onno op sned & elas ‘epejnursoy 39s opod anb [eossad | | StuBMOIWUTUID ERIS PUM 9 ‘orULLZOg “a9 10d sepeiuasasde sogisod se o1menb soane op epzoosip anb 0 2 eps0su09 anb \0 res0,09 tea aquoureuy rom] o anb wr oyawow ajanbe 9 Jaiso sey “sowua8izoa1p somuaureuororsod sremuaaa zeSueav ap Oursour as-eren ‘rome um sod sepipuazap sa0sisod sep ovsety “Baw ap steossad svomus ap ovSe[MULIOS E OBSEIaI WOD “p Ounenes winboer omg. ‘sazopeonpa sop oyeqen op 2 vjoosa ep ‘orse> -npa ep joded op aiueisuos ogSerjeavox v ered aauowrepues3 Ingiuos opezuasaide o1uauesuad o ‘eyuT essaNy “voraysd ovSente ens ouqos vonys9 9 wiusie opxayox eu seZopEonps Sop opurixe ‘exrajiseq v wood [enSisep apepaisos vumu oF5 -vonpa ep jaded 0 azqos sagisanb soavs8 voojozax 03x01 assa ‘ome op steuorseonps-csyosoTy sagSisod sv sepor euroIas onb epipaur y ‘orSeznoqeye ep erBojoporsu ep seogroadsa sogisanb sep wig[e OBA 01xa1 ofad sepuso8ns serapr sy “¢ “saze[nSox seyoosa seu OWIsauT ‘e089 ep 2 eIII9] EP OUISUD ap steUOIDIpEN soporgUT sop opSeyfeavay v exed owlsour 91e opumnqrnuos ‘oeSeznaqeyye ap [euoreonpa oyjeqen o ered soqueaz|ox Oru OFS S9Q5v20[09 sens ‘opnuas asson ‘steossad aquaurepunjoid seoreur wi0> ON, “sepniqo sooSeunsojur sep onsiBez ap Ouro uroq ‘opesmbsad eurai op so3u0y sep ovsex -o]dx9 ‘ormsurerueas] ‘oSeaynuapt ap vom393 9p oppuas nos ou epeuio? opuas Ysa eo iby ‘esibsad ap sopeynsoz sop ons!Box ap ojdwe sreur ossaso1d um 9 deSeiusuNS0p V ‘yenuew aasou seasodosd owros ste3 ‘ernaja] ap 9 opnisa ap sepeprane sessou wisse opuerpisqns ‘soquoy sessou woo sowsepr exed sogStauatro seumsye ‘orezary op axed vasou ‘oqusuraAarq ‘1e1 ~uasoide soure, ‘opSeqaums0p B 9 soqUOy seu sepryfo> s905 -euTsojur sep onstBo1 GQ ‘psinb -sad ap apypianp & 9 saucy se 110987 op apeprane visy “o1xo2 nas op oraur sod sessed sou zonb some o anb wi$esuow ep viu0> ovzep sou anb saoseusozur ‘soimeunsazeppso ‘sorprsqns ‘sepetidosde somoy wi seosnq 9 eptisoD vine] essou radwiosra1u! sourestzoxd ‘oxxa1 um ap ovSeiasdroqur a opsusaiduro9 eum seziqeaz vied anb sour, ounj19] 2p ossaz0ud ou ———— vsinbsad yx dee, 7) e1 52 Como ler wm texto de filosofia € uma ajuda preciosa. No processo de leitura, de estudo ¢ de aprendizagem, existe o levantamento e 0 registro de informa- ‘ges, como ficou claro quando falamos das varias etapas da leitura analitica. Além disso, a pratica da documentacao tem outras duas fungdes complementares: a primeira, de ampliar e garantir nossa memBéria, que € um instrumento fragil e limitado, néo conseguindo reter tudo o que tentamos registrar nela; a se- gunda € a eficdcia das operagdes praticas no efetivo aprendi- zado, confirmando o principio de que aprendemos ao fazer. Quando registramos, seja um informe levantado, seja uma intuigdo pessoal, tal ato contribui significativamente para seu entendimento e sua retencao, pois guardamos melhor o que melhor apreendemos. Nas orientages ja dadas nas partes anteriores, quan- do estamos realizando uma leitura sistematica, precisamos levantar ¢ registrar dados sobre o autor do texto, sobre a linguagem que utiliza, sobre as categorias tedricas que adota, sobre outros autores, sobre teorias referentes as areas em que se situam as colocacées do texto, sobre eventos historicos € sociais que contribuem para a contextuagao do pensamento do autos, sobre suas ideias, sobre ideias correlatas etc. Para nossos fins, neste manual, documentar € levantar €, registrar de maneira sistematica os d: agdes ¢ stemét lados ¢ informagdes que registrados esses dados, e usados para a compreensao e inter- Pretacdo da mensagem lida, eles ficam guardados, de modo que ficam nossa disposigao para uso futuro. Portanto, estamos nos referindo, primeiramente, aos famosos apontamentos... Todos os apontamentos devem ser feitos em equipamentos préprios, adequados. O pri- meiro, muito conhecido, é o famoso caderno escolar. Em que pesem as mais variadas destinagdes que o caderno de apontamentos tem tido em nosso meio, ele ndo é um equi- Antonio Joaquim Severino Sie pamento adequado para a documentacao, tal como a suge- rimos aqui. O caderno escolar deve ser usado apenas para rascunho, para anotagées provisérias, para tomarmos notas durante as aulas, palestras, debates e noutras situagdes em que isso deve ser feito com certa rapidez. Os apontamentos definitivos devem ser feitos em fichas apropriadas a serem guardadas de forma organizada, num fichario. Estamos falando aqui, por exemplo, das fichas do tipo monobloco, mesmo as folhas avulsas de cadernos universitarios, desde que soltas, de modo a poderem ser manuseadas livremente, como folhas de papel sulfite. E claro que quando falamos de fichas, apontamentos, ficharios, no atual contexto, imediatamente nos reportamos a arquivos, pastas ¢ diretérios... Tado que estamos falando aqui, referindo-nos ao universo do papel escrito, pode ser transposto para o universo do registro digital. O fichdrio uma pasta, um diret6rio; as fichas so os arquivos. Portanto, quem dispuser dos instrumentas da informatica, pode desen- volver idéntico proceso de documentaco mediante procedimentos digitais, ‘Vamos tratar da documentagao impressa, que pode, em seguida, ser transposta para os procedimentos informacionais equivalentes. ally Ficha bibliografica =e en Destinam-se a registrar informacées, andlises e sinteses a respeito de um texto que se esteja lendo, seja um livro, um capitulo de livro, um artigo cientifico, uma tese, um excerto. Qualquer unidade de leitura. “opuvsijeue ‘so-opuejadzauy Se8opeip ova soja ur09 onb sox0p “psuad soxmno soxmut sod enay oviu9 9 ovSeunxorde esq sez “Purdy¥0 s9oSeynunoy sens wa ouourestied assau xenouad [>ey 2 exduras wou ‘eyosory ep ezameu visdosd vjad “seyy ‘ssoxopar a sasi[pue ‘serpr opueyjnzedui0> ‘oSoyerp asso vsed mfp sou somsaap aonb e serapurtid saruoy “unsse ‘ovg -oiuauresuad ap opSipen essa ‘eueumy esman> PP PLHOISIY EP OBO] OF ‘ueamnNsUOD anb sajanbe ‘soyosory. sourdord sojad sowsosa sora so ops ‘feamano ovseanalqo ouuenbua ‘egosorg ep azuoy jedioursd v ‘opour assoc, ‘opStpen ess9 2oonbumua anb voyosoly opxayer ap erouguad > BUI Opudajoauasop souresa ‘vjap snued e ‘nb oduroa Ousoul OF ‘OESIPEN essou ,reYTMBzoUr,, sourestooxd “OFOSOTY umm ap 03x03 umn 3a] oF ‘anb zaa vum ‘eoyosoTy ORSIpEs e WOD Ordureos01u1 0 2 sooyroads9 soxxay ap vino] ¥ 9x39 OONgTeIP oqusurEUOTe]93 wn asaIUODE ‘feUIS 10g “soauEIOdUIAO> 3 509 =BSE]9 SoFOSoTy So wos seFopeIp souresto01d anbiod vos s31u0} Se 7BYNsuOD aiuisurenuTUOD souresis9xd anbiod fag “ers91eUE essop [banajn9 opS:pen ¥ woo ojdure sreur orsjauoD tam ap op ~PpIsse00u & ands T9ze7 SOU Tea “eyOso[L EU|diosip ep sare{na “Hmo sepeprane sep ouqure ou ‘eyosopy ap soxxa 19 Yosouy wo osmbsad ep sojuo} s\< AGE “eurdiosip epeo 2P seyoy se ered ‘“sioapredas soxo1es e139 as-wropod “em Srv] Joreur ap svised wo> “soauapuodsaz109 somy ap oxoumnu o Woo seypy se Wexteous 98 stenb seu ‘soxia 7 ap seypisazd wos ouusuredinba umn wigs anb sazejoasa saxopeayisse|> sajanbep ‘opmansti09 398 spod oupypy arso ‘opuryey anuoutfeLIore yy 1 “soquaurayuos sop Papeoytudis 9 epeztjeuosiad stew ovdeudosde eum enpiqissod | sexosap vied 39] seuade ap opSednooard & wos ‘oonpuiaisis BREE ts beep omennye | onsrBaz asso ommaujeossad AeIOQE|P OP 01e¥ CG EJOIs9 OY] reqen win Jozvz vied elas ‘opezipuaide ov seista woD eles “eyrunsse esyord onb sterrareur so opuednise ‘saoSeursozut 9p ovbafoo vradoxd ens xeurz0y sauepnasa ov wupiqissod seqjouy wo sopep sensidex 9 sowauejuode seut03 ap wUIIOy LIS eee Joossad ompyay CG Egil “sesaad seurged sv igi anb ‘seimyooxq no stesidsa souzepea ura ou 3 Sseyoy seu soxrosuen 308 wroAap sonuoy sens ap reqUEAd_ aNb Sorpysqns ap soisuresuode so sopos ‘ojdusoxo 10d ‘oypeqeaa wn 19203 exed opuesmbsed saanso ounye 0 opuend -onPqDY, umu vpeztuvfizo 9 epeayrsse> 198 wssod anb vied ‘epesaqvoua stuourEpraap ‘eypy Ua Epensifox 398 oAap vjo ‘yqSisu1 wau Eprimns ‘erapr vu wri os opuendy *ivossad SOTA a8 “SeOTIS1 SETOHSIND Sp > SOIId0UGD ap SowuaiATSSIEDsS apsocq “seur93 92q08 sogSeuts0sMI 9 Sooxayar “sopnase ‘sopnart0s ‘01 ~uoUTTDoIEps9 sensiBa1 v as-eUSep eyDY ap vUOSaILD eIsy eoupUe; CYS I oral] asap soLsque oared ep odwoxe ou sous ouros ‘orxa um ap oayTeue eIMAT9] 9p ossao01d ou fos “euydiosip eum ap no osina umn ap o1x91N09 Ou elas ‘esmbsad ap sopeyjnsar ap onstfor o ered sepesoqepo O8s “e101 Pu ap ‘orxo1 opeuTuarap uM ap ‘var BUI ap Oqwaun1soyuOD zoYjaur o xed sazuEAayar Urel9s vago 9 EprA vind ‘sozoae sop soayesSo1q sauisogur op onstBar ov 26-eus9C] a aBo1g OY] Ei a | HB como ler um texto de filosofia interpretando e comentando seus pensamentos. Sao filésofos | que estudam outros filésofos, dos mais diferentes pontos de | vista, e variados enfoques. Produzem, entio, uma série de outras fontes, secundarias, mas que so mediagGes preciosas, instrumentos muito titeis para que estabelecamos mediagGes com os pensamentos origi- nais. Trata-se de um grande processo coletivo, de um trabalho conjunto. O saber se constréi de forma social, envolvendo a participacao de muitas pessoas. Esse rico proceso de leitura, andlise e debate que vem se conduzindo ao longo da historia, produz um diversificado acervo de novas fontes, que vao dos estudos monograficos especializados a introdugées didaticas, passando por amplos estudos histéricos, gerais, especificos, por periodos, por regi- Ges, por temas; revistas especializadas, que abrigam artigos de alta especializacao, obras de referéncia geral, como as enciclopédias, os diciondrios, os repert6rios bibliogréficos, 0s tratados, os textos didaticos, Assim, no que concerne as fontes disponiveis em nosso contexto brasileiro, escritos em portugués, portanto acessiveis ao estudante, podemos indicar alguns exemplos de cada ca- tegoria de fontes, sem a pretensao de esgotar as informacées. Big Textos classicos Nas tiltimas trés décadas, foram traduzidos e publicados em portugués uma significativa literatura filosofica inter- nacional. Assim, contamos hoje, traduzidos com bastante qualidade, praticamente todos os textos classicos da filosofia ocidental, sem falar de obras das culturas orientais. Nao ha como listar tudo que esta acessivel em nosso universo editorial, mas esse tipo de informagao pode ser obtido por meio dos catalogos das editoras, dos catalogos das bibliotecas, fisicas Aniénio Joaquim Severino Sil e virtuais. De qualquer modo, cabe destacar a colecio Os Pensadores, lancada, ha algumas décadas, pela Abril Cultural, pela abrangéncia dos textos traduzidos, pela qualidade da tradugao e pela apresentacao das obras. Bg Diciondvios eee ABBAGNANO, N. Diciondrio de filosofia. Si Paulo: Mestre Jou, 1970. AUDI, Robert (org.) Diciondrio de Filosofia. Sao Paulo: Paulus, 2006. FERRATER MORA, J. Diciondrio de filosofia. Lisboa: Publicagées Dom Quixote, 1977. HUISMAN, D. Diciondrio dos fildsofos. Sao Paulo: Martins Fontes, 2001. Diciondrio de obras filosoficas. Sao Paulo: Martins Fontes, 2000. JAPIASSU, H. F e MARCONDES, D. Diciondrio basico de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990. By Histérias a ag ae ise ges ABBAGNANO, N. Histéria da Filosofia. 14 volumes. Lisboa: Pre senga, 1970, Nomes ¢ temas da filosofia contemporanea. Lisboa: Dom Quixote, 1990. BOCHENSKY I. M. A filosofia contemporanea ocidental. Sao Paulo: EPU/EDUSP, 1975. BREHIER, E. Historia da filosofia. 7 volumes. Sio Paulo: Mestre Jou, 1977/78. CHATELET, F. Historia da filosofia —ideias, doutrinas. 8 volumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1983. CHAUL, M, Introducao a hist6ria da filosofia. S40 Paulo: Brasiliense, 1994, LACOSTE, J. A filosofia no século XX. Campinas: Papirus, 1992. LARA, T. A. Caminhos da razio no Ocidente: a filosofia ocidental do Renascimento aos nossos dias. Petropolis: Vozes, 1986. owio> sev9/61 2 ‘ouenuoD oe aiuaWelexs 1/6e ouessaau B19 anb jasuad ‘epepion ep esinbsad e wo ajuawios ausednoo opjua sefasap sod ‘sews {ews1De oUp Jo} Pf ow0> ‘siaaeygnpur wessoy as oWO> /e) ‘SeL8DU OVINUE wia1as sowiaqes enb ‘saguido sinBas sazan se ouessazeu 3 ‘SSuuM}s09 SOP ‘eiuenb ‘anb exeniesqo onus ey ag ‘sefap sor-se/@} e opyadu0> ‘eus/O4 euinbje ap ‘ew-ofan ‘sous aquerseq oes 1yjoosa anb sojwaulepuny so 95 Je6)n/ essod as anb ap wiy e ‘eimepo} ‘3 ‘opunus ope ap 01505 op ‘Zanjet ‘oB185 Ogu anb ‘sunuio> o2nod OF} a se>!sye}aLU OB) OPS SIOd ‘az We21 }e aNb seOSeypaU SesaUILId SEP SOA-sE|2} ONaP 35 95 OPN (1) ‘ss-ps ‘d "EL61 ‘teamyn> [Naw :o!ned OBS “s1 ‘JOA *,,sa10pesUaY SO, ‘10 If OP ~Bid O1Uag 2 Bungsuin5 °F “pel, “opoisu! op osiN2siq “Y 'S3LuWIS30 ‘TeurSu10 op easuo> ovu ovSezoumu essa anb osduras opuesquis] ‘sopesoumu oF19s soyexBpied so ‘o1usuren3 “eoyosopy speprrepour ep osTu>91 sreur 03x93 wn ap a1ueIp sourenuooua sou vf mby ‘oxapdur0> 2x01 um epure 9 opu ‘oeaua ou famory o[neg ap 0 ‘o1s;a1ax9 onourrid op o1xa1 ov ovSejas wa JOLeur apepmoyip ap nezS umn eauasaide pf anbsod urpqurea seu ‘apepranejuasoidoz vssop opSuny wre opryfonss tog “euxspour eyosoyy ep ovsemSneur vp auusureaneoyrusis edionsed anb ‘so1easaq] 9p orAty axqoq -99 “opoigi op osinasicy op epesnax 9 vpl] pias anb apeprun ¥ “Purspour eyoso[y ep ootssey> o1xo1 uN a1gos B-as-rep ooyosoly 01x01 ap eINI1a] 9p OLDID19x9 opunSas aisy SSNHP] EP O1DJOweXE OuNC Ot B10" BIoUaIOsHOS AAA ZBIDUIgIOSHOS aqrord-eyosopy man ieyOso[id ap omapseIg [EOI YOSo|y/uIOD'sorsaIqos'MALm :SOJOSOTLA SOP OPUN, GESH/SUDyAYAUIOD'soAIDOaF MMM :SEIOPI 9 EYOSOTL ‘odures assap oadsa says sunsty sazows so sopor opuesiuqe ‘eyosoly wo sopezi sausonuy Du sprog soso GR ‘0861 ‘Sorseg sextasz sosToUeL ap ong “pa .p “sor sojad wpoassnys yfosoyy vp Duossty “S12Cl ‘NVWSINH ® 31PUY “ZIOWAA “P6EL ‘Zu0D zo[ned ONS “Yosopry “f "VY ‘ONTAAATS “PLOL ‘SoIseg seaan zon9UeL ap ONY “sjon 7 “Pyosojiy ap ousapoui osind “Y ‘ZIOWAA 2 “Cl ‘NVWSIOH “9961 ‘nof ansayy to[neg ONS “Pa ,Z ‘544 ~Puusjo4d 59034 :vyosoyy ap Somtoupuny W ALNAYOW VIDUVD “T66T ‘TERY soyneg o8g ‘vazosopi/ opSvSr:s2aur v opsvrnu :eyosoty “Vy “[ VHNAD “P86T “da ‘oined OBS “PYoso]Y B OVSnposuy “DY AAISIAYOD “L861 ‘asuayiseag :o[neg OES “Po .2 “PYosojy ap o2I5pq oUSHED O und saoasa8ns :spisoinpouua soo5y *Pyosopy arouse 19" IAVHO “S66L “Pony io[ned OBS ‘wYosoIY v auAKOD “WW INVHO T96T SPH neq OBS “oryosory omsuwsued op sezUII4C “W “I IISNAHOOT seosnpowuc Bg “L261 asnaginat inv OBS “souINJoa Z “vaupsodusaiu0> PYOso]Y VK “UATIAWOALS "9961 ‘saqtOg SUBIEY] :o[ned OBS ‘ssumyoa ¢ “DYoso]Yy HP POISH IW ‘WOOVIOS “1661 “eon so|neg O8s “sipEME sozeleuy :vaupsoduoquos vyosoyyy ¥ “& ‘SANON “L661 TOUpy reyeZ aBs0f :onouef ap ory “wiassuodanA P soasspssos-g4d soc ‘vyosory vp PuUOISIY v OPSpI>NUT “Cl “SAANODUVW eyoseiy =p cme ums] oo a BBE Como lar um texto de flosofia absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor duvide, a fim de ver se, ap6s isso, no restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitavel. Assim, porque os nossos sentidos nos enganam as vezes, quis supor que ndo havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, porque ha homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo no tocante as mais simples matérias de Geometria e cometem ai paralogismos, rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razbes que eu tomara até ento por demonstragées. E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até entao haviam entrado no meu espirito ndo eram mais verdadeiras que as ilus6es de meus sonhos. Mas, logo em sequida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verda- de: eu penso, logo existo, era tio firme e téo certa que todas as mais extravagantes suposicdes dos céticos no seriam capazes de a abalar, Julguei que podia aceité-la, sem escriipulo, como o primeiro principio da Filosofia que procurava, (2) Depois, examinando com atengao 0 que eu era, e vendo que podia supor que nao tinha corpo algum e que no havia qualquer mundo, ou qualquer lugar onde eu existisse, mas que nem por isso odia super que néo existia; e que, a0 contrério, pelo fato mesmo de eu pensar em duvidar da verdade das outras coisas sequia-se mui evidente @ mui certamente que eu existia; a0 passo que, se apenas houvesse cessado de pensar, embora tudo 0 mais que alguma vez imaginara fosse verdadeiro, jé nao teria qualquer razéo de crer que eu tivesse existido; compreendi por af que era uma substéncia cuja esséncia ou natureza consiste apenas no pensar, € que, para ser, néo necesita de nenhum lugar, nem depende de qualquer coisa material. De sorte que esse eu, isto é, a alma, pela qual sou 0 que sou, é inteiramente distinta do corpo @, mesmo, que é mais facil de conhecer do que ele, e ainda que este nada fosse, ela n3o deixaria de ser tudo 0 que é. (3) Depois disso, considerei em geral 0 que é necessario a uma proposicao para ser verdadeira e certa; pois, como acabava de encon- Aniénio Joaquim Severino Sia trar uma que eu sabia ser exatamente assim, pensei que devia saber também em que consiste essa certeza. E, tendo notado que nada hd no “eu penso, logo existo”, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir Julguei poder tomar por regra geral que as coisas que concebemos ‘mui clara e mui distintamente sao todas verdadeiras, havendo apenas alguma dificuldade em notar bem quais séo as que concebemos dis- tintamente. (4) Em sequida, tendo refletido sobre aquilo que eu duvidava, © que, por consequéncia, meu ser ndo era totalmente perfeito, pois via claramente que 0 conhecer & perfeicéo maior do que o duvidar, deliberei procurar de onde aprendera a pensar em algo mais perfeito do que eu era; e conheci, com evidéncia, que deveria ser de alguma natureza que fosse de fato mais perfeita. No concemente aos pen- samentos que tinha de muitas outras coisas fora de mim, como do céu, da terra, da luz, do calor e de mil outras, néo me era téo dificil saber de onde vinham, porque néo advertindo neles nada que me parecesse torné-los superiores a mim, podia crer que, se fossem ver- dadeiros, eram dependéncias de minha natureza, na medida em que esta possula alguma perfeicso; e se ndo 0 eram, que eu os tinha do nada, isto é, que estavam em mim pelo que eu possuta de falho. Mas no podia acontecer 0 mesmo com a ideia de um ser mais perfeito do que 0 meu; pois tird-la do nada era manifestamente impossivel; e, visto que nao ha menos repugnéncia em que 0 mais perfeito seja uma consequéncia e uma dependéncia do menos perfeito do que em admitir que do nada procede alguma coisa, eu ndo podia tird-la tampouco de mim proprio. De forma que restava apenas que tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do que a minha, e que mesmo tivesse em si todas as perfeicées de que eu poderia ter alguma ideia, isto é, para explicarme numa palavra, que fosse Deus. A isso acrescentei que, dado que conhecia algumas perfeicoes que ndo possula, eu ndo era o Unico ser que existia (usarei aqui livremente, se vos aprouver, alguns termos da Escola); mas que devia necessariamente haver algum outro mais perfeito, do qual eu dependesse e de quem eu tivesse recebido tudo o que possula. Pois, se eu fosse 56 e independente de qualquer outro, de modo que tives =p ODISSEID WIN 9 e1GO e553 “soUeDSaq ap oessaidxe 2 oJUaUIESUAd ap R59 0 ejana 8 ‘opo1p op osin2siq op aed eUIn 9 eina!a] ap apeplun y 'SS-¥S “d EL6L ‘IEIMIND JUgY :oINeY ORS “G1 “JON 'sa!Opesuad SO “10D I Opeld O1UAG a BunNgsUIND *F-pesL “oporpW op osiNdsiq "y ‘SaL¥VISA eayes6o: Ng ey>ts ‘oyduraxa ap aazas sou anb viqo e ered voyyi309q1q vq2y eum oxi sowgy ‘o[duioxo ap ojnan v 9s sopeziiaims ‘sun[e ouoIDapas stenb sop ‘9[2 91q0s soquearodur sonsiSox ureisuoo ‘ueursmpy stuaq] ap ‘024/050 -¥ spigo ap oupuosig ou “o[duiaxa 10g “ovisanb ure Oar] 0 a1gos sogdeurz0zu1 seU0IUe soulspod ‘opour uIsaU OG, (922-697 “4 ‘Looz ‘uewsiny 45) opSaup e e1ed seibay 2 (y991) opunus op operen o ‘{z991) wewoy op ‘operen 0 ‘(6791) ewye ep seoxed sv “py9t) eyosoUy ep sordiouud 50 AXLp91) sexysyerauy ssoSeypayy “v€91) opoieW op osundsiq :nano.Nsa "URS eyUes @ eYOSOIY JeUISU ap apepljeuy e WIO> OW}O> 0153 exed avajsuen 3s opuenb ‘eIuoUNeud ap eUIRIA ‘eDaNs eu BOW uewoy 0 aiqos @ opunus o aigos siUaDseu eDu—aD ep soTUBWDEYUO? SOnOU So WoD stewuaUIePUNY sapepIAK sens seyDUCD Japod © opoU ap ‘saseq SeAoU wa e>[syeioU! e Jeve65a) eosng “opuepnise aldules “epue| “OH @U SoUe SOUR essed ‘nesseN ap ODUNeW ap oUDI9X® OU 3s-efebUZ eudosd equo> Jod eyosoy 2 eonreurarew ‘eue>tusade> e215), e epmsy ‘SOUBUSIANIUN saqUaIqUNe Sop 240} 18224 & opueSELIOD WIENEYSA SeySHUI! 50 anb sepuauadsa se ‘assaieiu! woo ‘opueyuedusoze 2 oun opueler ‘soqwuawipeyuos sonou ap einsoid @ as-sod ‘opednbe a osoun> owyjdso ‘seui ‘stanlog we ouauia nosiN> ‘ay>aJ &7 BP eUNSar 0169/03 ou sopmise nas 22} ‘WAX 01ND5 Op s@oueN sopesuad “(0591-9661) s9UIe359q auBy 24go 2 epin ua ‘saimvosaa ouoneg mumboor omeinye ‘Jp exed sourtiqe aonb eoyps801q vypy v ered soursroaax9suen anb a wanfas 9s anb se owros ste sagSeurroyur wo sesypsfo1q sasanuys a]ap sourarex1UOSUA ‘Op -Ppayuod aiueaseq OJOsO[Iy “Oporgue Op Osungsiq] o ‘wadessed iso epesar9 [enb ep vago v a1qos 9 sorreosaq] JUDY ap EPA E auqos sagSeurs0yur seungye sowronbsng ‘owusuLrEURUN|OI Jonpxey esypue weBopacge owounic, SP ‘OIUBWOW OS WIN aja Was JRSISqns Wassapnd OBU anb alos je} ap ‘snaq ap Jepod op sapuadep elsanap 495 nas 0 “sovay ~yad ayuauresjazu) wassoy Ogu anb sezaimeu sesno no ‘se/>ua6i/a2u! sewmnBye oequa no ‘opunu ou sodio> sunbye emey as ‘anb seus ‘e130 ou aja ‘]UINBasu0> Jod ‘anb a ‘sezasmieu senp sessap 01S0dU0> 19S © snag wa opSjaysad ewmn 435 ejpod oeu anb Je sod ranbjn{ ‘oxasep in aquausersayuew 9 eDuapuadap e anb a “ersuapuadep eyunwe}sad o85)soduso> e epor anb opuesap/suo> ‘je10d109 ep equnsip 9 31Ua6i) -a1ur ezaunieu e anb aquawesey> nus uyus Wi OpIayUores 48) ef 40d ‘seus ‘oluawresuad naw we ajuawesiapepien Wassisixa Ogu O1/Ed53) e seep! se anb ‘opnuo> “eBau elpod ogu ‘osjey e1a eneuibet ‘o1uenb opni anb 2 opueyuos ereisa anb assasndns exoquia ‘siod ‘sjes -0d00 @ Stanjsuas SesioD seyiNW ap sel@p! eu Na ‘OSSIp WAIY “Se!aP owas) se159 Yn eL/eWIASA oLdoNd Na anb opep ‘a}9U JNSIKe WeIpod Ogu saqueyjausas ses/o> a eza1s11) @ “e!>UB}SUODUT e ‘epIANp e anb ein na ‘Wiss ‘wensI SeuINO se sepo} anb seul ‘ajau ensixe OBS)a4sadUs! ewin6je 10d sepesiews wesa anb sep ewnyuau anb ap ounBas eres 2 ‘sep-inssod opSjaziad opu no e1a as ‘elap! Janbyenb wus wa eneyre anb ap Sesj0D se Sepo} ap e5180e “erepisuo> eneseq ‘Zede? E12 0 eyUlLs e ojuenb ove} ‘snag ap ezaunyeu e 4204U0> eled “ezey ap oqere anb sojuj20)2e1 so opunbas ‘slog ‘snag wie wesnstxe JeyOU eIpod anb saodiapiad se sepo} 48} wiyua 2 ‘ososapod-opo} ‘a1UBI>sIUO ‘JaAPINU! ‘ourata ‘oyuyus oudosd na wise 49s 2 “ous-1eyje4 e/ges anb 2]Ue}s31 © opor ‘oezes ewisaw ead ‘wi ap 1aqazes eu@pod ‘oujayied 405 Op enediouued jenb ojad o2nod assa poi oudosd wi ap “opiqaray as ces | BREE como ler um texto de fllosofia filosofia moderna, um registro que representa, de forma significativa, a Inaugurag8o da modernidade. Esse livro, cujo titulo completo é Discurso do método para bem conduzir a prépria razéo e procurar a verdade nas, ciéncias, foi publicado em 1637, e destinava-se a ser o prefacio de outro livro, com elementos de fisica, que s6 foi publicado posturnamente, como. titulo 0 tratado do mundo, em 1664. Tornou-se uma obra emblematica da filosofia, € 0 primeiro livro da filosofia francesa escrito em francés, op¢30, ico leitor. Apos fazer consideracoes sobre o estagio das ciéncias e sobre a necessidade de um bom método. para superar o senso comum, coloca a necessidade da duvida met6dica para se condurir 8 descoberta da verdade, coloca a necessidade de uma moral provis6ria. Aplicado 0 método, seré possivel estabelecer alguns fundamentos metafisicos inabaldvels, bem como algumas verdades fisicas, anunciando as conquistas da nova ciéncia (Huisman, 2000, p. 137-139). A unidade escolhida para nossa leitura integra a quarta parte do livro, Nesta passagem, Descartes mostra como chegou a sblida verdade do cogito e quais 0s critérios que prevaleceram para tal, Conhecendo um pouco sobre 0 autor ¢ sobre a obra, facamos nossa primeira leitura panordmica desse trecho. Va- mos anotando as palavras e conceitos que parecem demandar algum esclarecimento, a comecar por aquelas presentes no titulo: discurso, método, razdo, verdade, ciéncia, metafisica, paralogismo, demonstragoes, céticos, Escola, meditagoes. Pa- lavras que em si mesmas certamente ja s40 nossas conhecidas, mas que desconfiamos ter, em filosofia, um sentido especifico. Discurso: no sentido tradicional, nao é uma “simples sequéncia de pala~ vras, mas um modo de pensamento que se opde a intuicao”. (..) “€ um pensamento operando num raciocinio, seguindo um percurso, a seu objetivo por uma série da linguagem, nao apenas “como 0 simples texto, mas como o préprio ‘campo de constituicao do significado em que se estabelece a rede de relagbes semanticas com a visdo de mundo que pressupe" (Japiassu, 1996, p. 74). ‘Método: conjunto de procedimentos racionais, baseado em regras, que vvisam a atingir um objetivo determinado. O proprio Descartes define o Anienie Joaquim Severin SR metodo como “as regras certas e facels, gragas as quais todos os que {as observam exatamente jamais tomarso como verdadeiro aquilo que é falso e chegardo, sem se cansar com esforcos indteis, ao conhecimento vverdadeiro do que pretendem alcancar" (Japiassu, 1996, p. 181). Razao: faculdade de julgar e distinguir 0 verdadeiro do falso (Descartes); capacidade de, partindo de certos principios, estabelecer determinadas relag6es constantes entre as coisas, permitindo assim chegar a verdade, ‘ou demonstrar uma hip6tese; luz natural ou conhecimento de que somos capazes naturalmente, por oposi¢ao a f6 e & revelagao (Japiassu, 1996, p. 229-230), Verdade: adequacao do intelecto ao real; propr podem ser verdadeiros ou falsos, dependendo da c © que afirmam e a realidade Uapiassu, 1996, p. 269). Giéncia: no contexto cartesiano, saber met6dico e rigoroso, conjunto de conhecimentos metodicamente adquiridos, sistematicamente organiza- forma de conhecimento que pretende explicar jade de forma racional e objetiva e estabelecer relagdes universais. e necessarias entre os fendmenos (Japiassu, 1996, p. 43). Ceticismo: concepcao segundo a qual a razao humana nao & capaz de conhecer real, no havendo nunca certeza da verdade de nossos conhe- cimentos. O contrario de dogmatismo apiassu, 1996. p. 41). Metafisica: parte da filosofia que estuda o ser enquanto ser, é a ontologia geral. Doutrina do ser em geral e nao de suas determinacoes particulares Gapiassu, 1996, p. 180). -Paralogismo: raciocinio falso quanto a sua forma légica, mas sem inten¢o de enganar (Japiassu, 1996, p. 207). Demonstracéo: operacao légica que, partindo de proposicées jé co- nhecidas, leva-nos a estabelecer a verdade ou falsidade de uma outra proposicao, a conclusao; raciocinio que permite passar de proposicoes admitidas para uma proposic3o que resulta necessariamente delas Ja- iassu, 1996, p. 65). Escola: forma pela qual, até o século XIX, designava-se a escoléstica, ou seja, ensinamentos de filosofia e teologia ministrados nas escolas eclesiasticas e universidades, no periodo medieval. Constituiu-se pela tentativa de conciliacao dos dogmas da fé crista com elementos da filo- sofia cléssica, particularmente o platonismo eo aristotelismo Uapiassu, 1996, p. 86-87). ‘Meditacao: na filosofia cartesiana, meditar é refletir, pensar, mas a partir da propria interioridade da consciéncia, estudar em si mesmo (Huisman, 2000, p. 137). de dos juizos, que respondéncia entre “opsnjt esnd owisaus 435 apod oss) ‘pny siod ‘oyuos op seosni! sep ‘sesnewayew sagsensuow -2P Sep ‘slansuas sopep sop ose 0 9 owo> ‘epiAnp euInBje Jeuted essod anb op oyjadsas e ojinbe opm, os|ey ow.0D sey!9f -31 nap ‘apepien ep esinbsad e@ Wo opednsoaid nose 35 eenoud -Wod @ 9/9 CWO ‘asargdiy ens ensuoWep Jone e OWUO> “y eyosoIy enou ep oidjouud ostauulid win wise oyuial “oysixa ‘osuad 9s siod ‘ourepepian o.uaWiD24UOD LUN ap apepliqissod e wis aisixa anb enoduio> ‘iesuad ap “iepianp ap oe oudoid Q cewa © 4e31|dx9 No ewalqoid o Janjosas seWUa, oe apuajap anb asa e jend gewalqosd oe ep soine o anb eysodsal e jend “¢ ge se6ayp as eued (opoypus) oyuwe> uinBje aysixg gjanissod 9 oss) anb ues Zapepian @ Je6ay> 2 osouPBUa oUaWIDa4UOD Oo siod 4eiadns Wo> ‘|an\ssod 9 o1lapepian cuaLuDayUO> o as Jaqes was ‘soun6asul Je>y sod soweqese anb oyuawDayuoD 05s0U Wa SoURBUS 2 sowie ap seDuguedKe se selue oS qogisonb wa 4S@ ewia} o anb sod ‘elas no ‘e20/69 as anb ewaiqoid o jend *z “a9 e seGay> as eied opoyaus © ‘oulpepian ojuaWDayU0> 0 9 apeplun ep e196 ews O goqunsse no 2UIa} Nas 0 Jend Zo1xaI assau ‘sayleDsaq opue|ey eys9 anb Og “L sagisanb saunas se rapuodsax 2490p ‘epeutrosut wroq 9 vquaze “eIatay AOU vIsz “03X93 OP EINYUHAI asT[PUL B opas01d svistA woo ‘opeprun ep ezmi19] eaou BUN eIOSe SOMTESE ‘soyapiaduut saras so spo} wapuadap ‘a}aP 2 esoduo> Jas apod ogu ezaimeU ens ‘sagsjajiaduul WASH 08u ‘snaq 9 anb ‘oulepad Jas assaN ‘opdrajsad ap ojuawiesued nau o Jenusap essod wanb ap oylayiad 135 win ap e:sugisna & eupssazad ze} 5 anb sinpuo> & opeSioj nos ‘cyayiaduut 19s WN na opUas ‘oBSiayiad © sesuad ap ore} 0 aiqos opunayay “OUR! asse Jezjes0Ue6 oF Ua HE rms reer onsen ‘opuapod ‘esuad ap oye naw opuaaide anb woo ogSunsip @ ezalep 2 wo> oyuargo anb enuapina ejad opnuese6 9 aw oss) anb ap eyu> nop ‘aquesued Je$ ep eDugisKe eYUIW aUaWijaRedIgnpU 42224U0> oy zepianp ap oyuay seaasuisizeie> senino se sepoy ap anb ef ‘ayues 2 ‘oysheo ‘osuad as ‘oqueuiod “uesuad 0 ‘elas no ‘1epianp ap oye oudoid o ‘Jangugnpu! ewoy as oB[e ‘opr ap ‘opuepianp ‘oparoid wisse opuenb sew! ‘epinnp we sowusLUpsyuoD snauu so Sopa} 422002 & opebuuqo Nos ‘soyuos sop sagsnyl sep a SoDfIFWaIEUI SOILDO!Des sop ‘SopAUaS sop soa sop eDUBLAGK® ead ownsoy “ §) Sowepiaduu saias sop ‘snag e opSeja1 wie “epuepuaded ‘b's (@ 5) snag wa saodiaysadu ap epuasny “e's (p 8) snag :oyayiad 195 wn ap epusisixe ep apepissa2aN °2°s ( ogdiayiad e sesuad ap oyapadus! wawoy op apeprrede> “1's (p 5) ezainjeu ens 2 snaq ap epuaisixa ep opdensuowiag *s (€ 8) ogdunsip a ezasep :epuapina ep [e196 eBay “y 78) ‘quesuad emueisqns woo ezaimeu eyulul 2 Jesuad op ezauary"E §5) Jesanlun epianp @ sesuad ap oye op epuarsisal y “Z. §) soyuos sop sagsny sep esne> sod “E"1 (1 §) eonewiayew! o1uDO!De OU soroKNba sop esne>D sod “2-1 ‘Sopnuas sop souse sop esne> sod “1-1 (18) epIanp ue opm anboloD as enb aByxe apepsan_ep esinbsad y“L §) saodeupaus sens exeBinwip jenb ejad ogzes :oeSnpostul ewonbs3 “voypaSorqiq eyy wu ‘epindas ura ‘soureqaosame so Ef J “01x21 op oumnsaz 0 9 ewLonbsa o zeS0qsa ered exoe ‘opeprun, ep vINgIg] BAOU BUN Jozey soUteA ‘somstBar sassa sora “Soze[D sfew OBIEDY sao apes STEP “OITWOUT assou JPatssod 30j sou apuo aie soy-gpussrdwios se1ua1 9 sue OduNt (0 ‘ore[p sauswreUd|d re2y sou OFU seLTEIpISqns soquO} seu SOUL -ex}U0DU9 anb soausunsazeIs9 sassap OpHUas 0 2s sousdnd001d SOU OFN ‘seatapiiag svq24] Wa SOMasUOD sassa SOWIaTISIBAY oYoseyf ep opkey wn | owe a BEBE Come ler um texto de filosofia 56 que, ao generalizar assim a duivida a respeito de todos ‘05 meus conhecimentos, vou encontrar um elemento que nao pode ser colocado em diivida, que é o préprio ato de duvidar, ou seja, 0 ato de pensar. Posso duvidar de todos 0s contetidos do pensamento, mas nunca do ato mesmo de pensar. Por isso, se penso, posso concluir indubitavelmente que eu existo como ser que pensa. Nao tenho certeza de mais ne- nhuma outra caracteristica de meu ser, que nao seja aquela representada pela capacidade de pensar. E posso admitir ainda que essa certeza me vem da evi- dencia dessa percepcao, que se impde a meu espirito com total clareza e distincao, e que se torna um critério, doravante, para que eu possa avaliar a certeza de outros conhecimentos Como corolério dessa inferéncia, dou-me conta de minha imperfeicao, pois duvidar é uma imperfeicao. No entanto, te- nho em meu pensamento a ideia clara e distinta de perfeicéo, que nao pode obviamente vir de mim, pois sou imperfeito, devendo vir entao necessariamente de um ser perfeito, que precisa existir (pois se nao existisse, seria uma imperfeicao). Esse ser 6 Deus, ser infinitamente perfeito € que, por isso, nao me engana. 5. Que outras ideias secundérias 0 autor, eventualmente, defende no texto em analise? A simplicidade, a unicidade da natureza de Deus. Toda composicao é uma imperfeicao. Ensaiemos agora uma andlise interpretativa, sem a pre- tensao de esgotar todas as possibilidades. Pela importancia da contribuigao cartesiana 4 filosofia, de cuja trajetoria historica € constituigao teérica ele é uma das principais referéncias, seu pensamento ja foi muito estudado, analisado, discutido ecriticado. Coloquemos aqui apenas alguns aspectos, a guisa de exemplo. O professor podera ampliar o leque de informa- Ges ¢ consideragGes a respeito do significado dessa etapa do pensamento cartesiano. AniOnio Joaquim Severine SRA ,- APROFUNDANDO COM 0 PROFESSOR 1. Situagao do conteudo da unidade no contexto da obra de onde ela {oi extraida, bem como no conjunto do pensamento do autor. Esta passagem traz apenas uma pequena etapa do raciocinio de Descartes na grande construcao de seu discurso sobre o método, Mostra 0 momento da necessaria colocagéo da divida metédica Universal, da resisténcia do cogito a essa davida, a generalizacao do critério da evidencia e a necessidade da existéncia de Deus como ser perfeito. Certamente, essa pequena etapa é central no conjunto de sua epistemologia. Nas Meditacoes metafisicas, outra de suas obras, ele retomars esse raciocinio e o desenvolvers ainda mais 2, Situagao do autor no ambito do pensamento teorico, na historia do ensamento de sua érea de reflexo. As colocacdes aqui defendidas por Descartes caracterizam bem seu ensamento, inovador em seu tempo. Camo se pode ver, trata-se do exercicio inicial de uma nova postura ante o conhecimento, da postura critica, pelo que se posiciona contra a tradicao metafisica da escolastica medieval, que assumia uma postura dogmatica, acredi- tando muito facilmente na realidade do conhecimento verdadeiro Annovidade é que 0 conhecimento, para ser declarado verdadeiro, precisa justficar-se em fundamentos slides, postos t40 somente pela razao natural do homem, e no na forca da fé ou da revela- ‘s80 religiosa. Descartes contribu assim, significativamente, para a revolucio epistemolégica que val acontecer na modernidade. Ele € um de seus inauguradores, abrindo caminho para o conhecimento Cientifico(fisica, mecanica) e até mesmo para uma nova perspectiva da filosofia (intelectualismo, iluminismo, idealismo) que passaré priorizar a subjetividade no processo do conhecimento. Por isso mesmo, a filosofia moderna privilegiara a epistemologia, ao con- trério da filosofia medieval e antiga, que privilegiavam a ontologia, a metafisica. Por isso mesmo, Descartes ¢ considerado pai tanto da fisica moderna como da filosofia moderna Por outro lado, a influencia de Santo Anselmo na sua concepeso da perfeicao de Deus e sua repercussao em nossa condicao existencial 6 explicita. Ele retoma 0 famoso argumento ontoldgico de acordo com o qual a perfeicao divina exige sua existéncia real, pois se Deus do existisse, ndo seria perfeito. anb ap essrurozd vu sepeaned ‘esnyo] vp orour s0d wsyosoly ogSeSnsoaut v vzed sopepriqey seuin3]e wo oune o redinbo aquouTeIUDUIEPUNy UresTA SepIazayo fhbe saosequat0 sy ‘opm -S9 Nas wo oIuauTeyaAo1de 2 oyuadurasap soYfauT 191 essod ‘ozead 9 opepySe soreur op wae ‘nb ered ounye o aerstur osofeauea eyes anb & “eoyiusr2-ooneprp ezomaeu ap ‘fema29] -1ur oYfeqen ap svorus93 9 svonysd seumse “qutIUapIAd ‘uzodns sapeprany sesso anb 2 ‘ovSexoqejsos ap 9 oxssnasip ap Sopxoper ap ‘eanara] ap sapeprane wraajoaua eyosoly ep opeztpusade 09 opnaso o anb aiuasoid 101 9 aquez0dut “ene op v[es ap voyfadso vioupasunoz19 Epes wo ‘eiazou09 apeprleuy ens v ¥IUOD Wo opuEAr| ‘eIAIa] epeo wo seraprard omaunzed 9 anb o reypae sossajoxd oF PIOGED “OAT a1s9U seIEIDs9p OUIOD ster ‘sedeIa sesso se~por tod azuswrvtoreSt1qo sessed orspsso.9u s0zey 98 ov apod ‘sepeiuasorde urezoy sozinanp sesso jenb v vied ‘sooyosopy sorxai sop vinary eu ‘onb reazasqo “oyuawyeuy ‘qe ee ee sou souavjog Bgl ‘OUNIe op Jeossad oLeYsY OU epin/aUI 195 e ‘e>yesBONqIG eUDY © e1ed sowosuen 18s wanap sopadse sosianip so aigos opxajjas ap 2 ‘01x81 Op asieue ap cruawiinoW assap sayUeynsal sojUeWIE}9 50 SOpOL, ‘OUISaU 2f9P 210} ap,, O}-epioge oW10> 4 oBN ‘o1uaWDayUO> oUdoud op E>nPId 9 ef oeSe>IIdx epor siod ‘opentide 495 OOD way OgU CyUEUI!DeYUOD O anb owusaUI adaIed ‘9PEPIOA EN “@pepiuewiny efad opesadnsuy enuRUOD ouaUsIDa4UOD op leuawepun, ew|qaud o ‘apepiusapowi ep seysyeuo!e: so24950} SeWIAISIS SOp sagSns1suoD senAsaBNs se a ‘e>!UD9} efad 8 DUD ead sepefasua ‘seonpid 2 sesuigat ‘seysinbuo> sapuei6 se wased an wie sew ‘euiepows waBepioge ens opuesnBneut ‘ogssnosip ens 2u oSuene apues6 wn nojuasaidas sa}se2saq ap ennevignp eimsod GREE es eee omen V ‘aloy aie ouewny owidse 0 opuejadiawu! enuguos a eyosoiy e uo> 22seu anb ayuaveuuiod ogisonb 9 o1uaLuprayu> op opisanb y js0ueo -$8q wo> oBojpp aisap snsed e 4922) sowapod sogdeiapisuoD and ‘x94 2850p eam} eIad sopeno|0> OFS SOU anb sewiajqod sop sun +12 085 ‘sonino anus ‘euewny apepiun e “owuauiDayu09 ap oundas ‘opoiais win ap epuaisixa e ‘o1algo 2 oyains opSejae ‘o>twiaisida cossaoud ou apepiagatans ep opSedioqsed e ‘oueuiny oyuauupa4uo> ‘op aauex[e 0 ‘apepijen ens ap sagSipuo9 se ‘oyuaulpa4uo> op 05509 -o1d 0 "ewepou eBojowissida @ og5eja1 wo> feinBieu 9 anb e1qo un ap aued ze} aja anbuod axe ‘seuse3saq ap o1x0} oj0d sopey!asns 85 o2/69jowaiside odwe> op sewiajqaid so sopoy aquaLerneld dopxaljt essoU esed e0]0> SoU oyxay ass9 seUUa|QOUd stent “epuny as ea anb wio eisyeop1 ogsisodnssaud wUEPING “eONSeIODSE EP 1UALLIDAYUOD op eD4RUa!> Joge e e1ed oyueD aiqy ‘cueWDayLOD Op OFSnsIsUOD e ‘opSej01 wa ean}0 eumsod eu seoneud exn2oud anb wa epipaw eu ‘odusay nas ered eiopenout og5isod ewn apuajag ‘osSewuauin6ie ens eu seunde} opuexap ogu ‘olupoDes nas o ur9q ounu eInanie Join O ‘seneBau 2 sennisod seopyn — soyne op easin ap sojuod soe 0109 wag ‘o1xa1 op ogSnuNsUOD & Se>NUD ap oeSeInwHIO4 ‘seyay inbe sa95e90|09 Sep oxaja1d e sepninasip 2 sepewiores Jas welapod anb seiep! ogs ‘Sawimso> sop apepiauabouaiay e ‘eDuRD ep o2I6o|oporau UAL padoud op exnanisa e ‘snag ap ezaimeu e a euRistea e ‘OIE US ON ‘osunosip ajuasaid ou sejajesed sagssnosip znponu ogu sayse3saq, ‘ovx@2 OU saquasaid o1sa anb se sepe!rosse seep! ap ouaWeLUeADT ulalsis NaS ap ODYIpa Oo sinaisuoo exed sejap opunied ‘a]uauseujuujaid eysne sauesag anb se sagsisod os owsiteu! 2 oW!syenp ‘owssie—p! ‘oLUeUOd ‘apepiiees € wegduso> anb sorafgo sop apepljerouersqns & ‘fea op ‘ousseus 2 euewiny ezaunyeu ep oW'senp Op o ‘onno anjonua ‘Zan tens sod ‘oysodnssaid assa 3 “ojueU/eUoPipUGD Jenbjenb ap a1uap -uadepul ‘oupui6u0 ayusurernjosqe oye win 9 oBxaya1 ep eUIaIUt epuauadse e anb ap oysodnssaid ou opeiode 1eysa sod equaysns 85 95 sauieDsaq ap ope|name wag O81 OIUDODE O “epIANP Was, ‘onx@1 ou SopeDiiduu! soisodnssaid sop opSey>udxg vyosoly 2p opxas won «2] mo Race one mes connor stems BB Como ler um texto de filosofia toda aprendizagem é necessariamente um proceso de constru- 40 do conhecimento e que s6 o aprendiz pode desenvolvé-lo. Mas levando em consideracao 0 estagio em que o estudante universitdrio ou do Ensino Médio se encontra, a intervengao interativa do professor € imprescindivel, como reforgo a esse trabalho de iniciativa autodidatica. COSSUTA, F. Elementos para a leitura dos textos filosdficos. 2° ed. Sao Paulo: Martins Fontes, 2001 FOLSCHEID, D. Metodologia filosofica. 2° ed. Sa0 Paulo: Martins Fontes, 2002 FREIRE, P. R. A importancia do ato de ler. 26" ed. Col. Polémicas de Nosso Tempo. Séo Paulo: Cortez/Autores Associados, 1991 KATO, M. O aprendizado da leitura. 2° ed, Sao Paulo: Martins Fon- tes, 1987, SEVERING, A. J. A importéncia do ler e do escrever no ensino su- perior. In: CASTANHO, M. Eugénia e CASTANHO, Sérgio. (orgs.) Temas e textos em metodologia do ensino superior. 4" ed. Campinas: Papirus, 2001. . Filosofia. Sao Paulo: Cortez, 1994. - Metodologia do trabatho cientifico. 23* ed. Sao Paulo: Cortez, 2007.

Você também pode gostar