eu sabia-a desde que sou gente escondida entre as saias pretas e os xailes feios de circunstncia a chorar funeral sim funeral no e a lamentar aos lenos fungosos que o mai mal era dos que partiam que para esses no havia remdio. lavava os mesmos farrapos na represa h anos estrangulando as pedras com um esfrego verde resmungando entre dentes contra presidentes de junta engravatados que comparava aos suplentes da bola - sentados e a no fazer um caralho. tinha um campo, terreno de semeadura coisa pequena mais dois ou trs barracos um galinheiro com quatro ou cinco galinhas. volta e meia podava aqui e ali mas as poucas rvores que eu via no davam filho e estavam condenadas aos enxertos de quem no sabe o que fruto to mirradas e to plidas como as espigas em ano mau entregues podrido da semente e alheias ao chegar novo de cada abril. e se eu disser que no tinha eira no tinha filhos
nem tampouco sabia o que era ter homem
e que o diabo carregasse as que os tinham s mos cheias, no minto. e todo o ano era esperar esperar, esperar um maio seguinte em que pudesse dar o nome para a excurso porque raios partam se no tinham mesmo aparecido os trs pastores em frente virgem tocados, palavra de honra, pela promessa de que vinha a coisa ruim se no bradssemos aos cus as cinquenta ave marias e salve rainhas a galope. e era sempre a primeira a chegar ao adro da igreja - pataniscas e azeitonas e broa de milho e o garrafo de maduro prontos e impacientes para os quilmetros de peregrinao sentada a ouvir o tero rosrio de prolas amarrado mo esquerda a passar as contas pressa, como quem no sabe se faltam oito ou oitenta at ltima rea de servio.