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8.2 Curvas de capacidade de geracio 175 8.2 Curvas de capacidade de geragao Nesta segio, desenvolveremos os diagramas de capacidade (curvas de capability) de geragao de poténcia ativa e reativa de um gerador sincrono. Iniciaremos com o caso de pdlos lisos e mais adiante generalizaremos os resultados para 0 caso de pélos salientes. 8.2.1 Gerador de pélos lisos Jé vimos que o diagrama fasorial correspondente ao gerador de pélos lisos 6 do tipo ilustrado na Fig. 8.7 e que as expressdes para as poténcias ativa e reativa entregues na barra infinita sao dadas respectivamente por p= EAM ong ty 2 = HELM cog 5 — z a 176 Ey ov YW “iad P —> |" Ey Q [ v% 1 ‘Figura 8.24: Diagrama fasorial para maquina de pélos isos. Em relagéo ao diagrama fasorial da Fig. 8.24, podemos escrever Ey=Vitind kV, que pode ser rearranjada na forma pov Ex _ VIM jy) MW/MVAr ts te @w) i P= |I\IVeleos(#) i|iVelsen(e) (var) Vel. nimi Figura 8.25: Diagrams fasorial em termos das poténcias. Limite de aquecimento da armadura ‘A corrente de armadura [ provoca aquecimento dos enrolamentos por per~ ‘das Ghmicas (ralZ[?, sendo ra a resisténcia da armadura). Apesar de a Te- Sisténcia no estar sendo considerada explicitamente nos diagramas fasoriais fe nas equagdes correspondentes por ser, em magnitude, muito menor que 2 Curvas de capacidade de geragio at reatancia sincrona 2, (ou reaténcia da armadura), ela tem um papel impor- tante no comportamento térmico da méquina e pode ser a responsdvel pela limitagdo da poténcia méxima fornecida em algumas situag6es de operacio como veremos a seguir. A Fig. 8.26 mostra a regio de operagio vidvel da méquina quando o limite de aquecimento € imposto: no caso, por estarmos considerando a tensio terminal V; da barra infinita constante, a situagio de aquecimento méximo corresponde ao caso de corrente de armadura maxima, que também significa poténcia aparente (MVA) méxima, conforme indicado na figura, (Mw) Minas! (uvar) o @ Figura 8.26: Limite de aquecimento da armadura (corrente de armadura méxima) Limite de aquecimento do enrolamento de campo ‘Além do enrolamento de armadura, o préprio enrolamento de campo, alojado no rotor da maquina sincrona, pode estar submetido a sobreaquecimento de- vido a perdas dhmicas (ri, sendo ry a resisténcia do enrolamento de campo ig a corrente de campo). © limite de aquecimento do enrolamento de campo aparece na Fig. 8.27 como um segmento de circunferéncia com centro no ponto O! e raio EyVj/x,, sendo Ey 0 valor correspondente & mixima corrente de campo i, No caso ilustrado na figura, para fatores de poténcia baixos, 0 limite imposto pela corrente maxima de campo € mais restritivo que o limite imposto pelo corrente méxima na armadura. Sendo que o contrério ocorre para fatores de poténcia maiores (mais préximos da unidade). O Angulo dim representa a situagao de transigdo entre os dois casos (limitago por corrente de campo e por corrente de armadura). Limite de potoneia primaria Existe uma limitagio imposta & poténcia priméria que o gerador pode receber da turbina. A poténcia mecinica no eixo da méquina é dada por 79, Prec 178 Modelagem de Geradores Sincronos (var) Figura 8.27: Limite de aquecimento do enrolamento de campo (corrente de campo maxima). sendo T 0 torque e 9 a velocidade angular (2 = 2xf/p, onde f 6 a freqiiéncia, 60 Hz, ¢ p o mimero de pares de pélos da maquina) Esse limite esta indicado na Fig. 8.28 na forma de um valor maximo da poténcia ativa gerada pela maquina. Dependendo das caracteristicas da maquina, esse limite poderd ser mais ou menos restritivo que o limite imposto pelo aquecimento da armadura. No caso particular ilustrado na figura, esta- mos supondo que, na regio de fator de poténcia préximo & unidade, o limite de poténcia primaria é mais baixo que o limite de aquecimento da armadura, Em algumas turbinas hidrdulicas, por exemplo, a vazio maxima e a pressio da égua (altura da queda) limitam a maxima poténcia mecinica no eixo da mAquina. Notar que o limite da fonte priméria s6 afeta a poténcia ativa, pois a energia liquida associada & poténcia reativa é nula, e, assim, em média, € a0 longo do tempo, a energia elétrica fornecida ao sistema é igual A energia mecinica fornecida ao eixo, descontadas as perdas. (Mw) o catvar) Figura 8.28: Limite de poténcia na turbina. 8.2 Curvas de capacidade de geragio 179 Limite de estabilidade ‘A maneira mais simples de se impor o limite de estabilidade € por meio do Angulo de poténcia méximo permitido, Sax Uma limitagio natural j4 foi vista anteriormente, inclusive em relacdo ao anélogo mecinico: trata-se do limite de 7/2, ow seja, o ponto de poténcia maxima para méquinas de pélos lisos. Este tipo de limite est ilustrado na Fig. 8.29 para duas situagdes distintas: ponto O' dentro da regidio vidvel de aquecimento da armadura e fora dessa regido. Nos dois casos, 0 limite de Snax = 7/2 aparece como uma linha vertical, sendo que, no caso de O! ficar fora da regio de aquecimento vidvel, o limite de estabilidade é inoperante. A Fig, 8.29 também indica outras situagdes nas quais 0s limites de estabilidade sao impostos na forma de uma margem angular em relagio ao Angulo méximo teérico. (oy) (var) Ses Figura 8.29: Limite de estabilidade imposto como um valor méximo do angulo de poténcia (nargem angular) No caso de o limite de estabilidade ser imposto como uma margem de poténcia em relagio A maxima poténcia tedrica (poténcia correspondente a0 Angulo 6 = 7/2), as curvas limites correspondentes passam a ter a forma ilustrada na Fig. 8.30. Nesses casos, o Angulo maximo varia com o nivel de excitagio do gerador: quanto menor a excitacéo menor o angulo possivel. Notar que, em termos da curva P—6 ilustrada na Fig. 8.31, quando a excitacio cai, cai a magnitude de Ey e, portanto, cai o valor maximo de poténcia tedrica; como a margem ¢ especificada em MW, isto equivale a aumentar a porcentagem da margem em relagio ao pico de poténcia na medida que cai a excitagio. Limite de excitagéo minima Ainda em relagao & Fig. 8.31, a diminuigao continua da corrente de excitacao ig nos levaré a um ponto no qual o valor de pico correspondente & 7/2 se 180, Modelagem de Geradores S (nw) LE s|Mil/ze oO o ° (Mvar) Figura 830: Limite de estabilidade imposto como uma margem em relagio & méxima poténcia teérica 2 © Sinaz Sma Figura 8.31: Bieito da margem de estabilidade em poténcia no valor de Sar. ‘urvas de capacidade de geragio 181 igualaré & propria margem imposta, ¢ a curva P — delta passa a coincidir com © eixo da abscissas (capacidade de geracio nula). Isto sugere que existe uma limitagao adicional que deve ser imposta ao valor da corrente de excitagao. A este valor minimo #'" corresponde o limite indicado na Fig. 8.29. No plano da poténcia (P,Q), a limitagao de excitagdo mfnima aparece conforme indicado na Fig. 8.32, (Mw) o o (Mvar) Figura 8.32: Limite minimo de excitagao. Limite de poténeia fonte primer) Corrente maxima de se armadura (aquecimento) Mw Corrente méxima de armadura (aquecimento) Limite de estabilidade \ ee Excitagio minima Excitagio méxima (aquecimento) MVAr Regio viével Figura 8.33: Curva de capacidade de geragio. 182 “Modelagem de Geradores Sincronos Curva de capacidade para a méquina de pélos lisos Combinando-se convenientemente todos os limites discutidos anteriormente em uma tinica figura, resulta finalmente a curva de capacidade de geragio dada ha Fig, 8.2. E claro que 0 caso mostrado foi convenientemente escolhido para mostrar o efeito simulténeo de todos os tipos de limites considerados. Em casos préticos, pode ocorrer, entretanto, que alguns desses limites estejam inativos por serem dominados por outros limites mais restritivos. Mesmo assim, a curva tem o mérito de dar o aspecto geral das limitagées de geragio de uma méquina de pélos lisos. 8.2.2 Curva de capacidade: gerador sincrono de pélos salientes [A Fig. 8.34 ilustra a ligagio de uma méquina de pélos salientes ligada a uma barra infinita. O diagrama fasorial correspondente esté ilustrado na Fig. 8.35, yy r sistema, Ey v [ Figura 8:34: Modelo classico para maquina sinerona de pélos saientes ligada a sistema tipo Darra infinita. a . ilea-a9)e Figura 8.35: Elaboragéo da curva de geragio da maquina de pélos salientes. Em termos desse diagrama fasorial, temos: By =Vit jrala+ ital 8.3 Exercicios 183 Mw Poténeia aparente nominal Poorbina 6 \ErllMal Mvar APG +2) en CHE) (HE 0) 2) sen(25) VPC Figura 8.36: Blaboragio da curva do geragio da méquina de pélos salientes. As expresses de Pe Q sao: P=|Eyl\Ve| sen(8)/2a + 31Vi[(1/2q ~ 1/24) sen(25) 1B IV4| c0s(6)/-ra-+ SIV IP(0/2— ~ 1/24) cos(28) — 31Vi(*(1/aq + U/aa). que pode ser reescrita conforme segue: By = Vit jal — j(ta-ta)lq V- Em termos das poténcias, podemos escrever finalmente: aq '|VlEy = 27' MIM + IMAL — jaa — 20) (Villa MW Feta expresso permite redesenharmos 0 diagrama fasorial na forma indicada na Fig, 8.36. A partir desse diagrama e seguindo basicamente 0s mesmos passos do caso do gerador de pélos lisos estudado anteriormente, poderemos Gesenvolver a curva de capacidade de geracao para o gerador de pélos salientes.

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