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‘Vol.73, n 02, Fevereiro de 2009 Doutrina Revista LT". 73.0268 PRINC{PIOS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1. Com o reconhecimento do seu carter norma- tivo ea reafirmagio da sua funcéo orientadora da Criagio, interpretacdo e aplicagdo de regras juridi- Eas, 08 principios passaram a ocupar 0 muicleo do ‘ordenamento juridico, conduzindo, na seara do di- reito processual, ao que pode ser denominado neoprocessualismo, sto 6, a0 direito processual cons- tituido, fundamentado é legitimado por principios. Este ensaio tem por objetivo contribuir para 0 estudo dos principios do direito processual do tra- balho e sua signiticagdo na atuacdo do legislador dos sujeitos do proceso. 2. Principios sio diretrizes fundamentais do ondenamentojuridico, impositivas de deversser € Grientadoras da eriago,interpretaglo eaplicagéo de regrasjuridicas. F de Clemente, citado por Paulo Bonavides, sus- tenta que principio de dieito ¢ 0 pensamento Uiretvs que dominae serve debase 8 formacio das isposigdes singulares de Direito de uma institu ie jurdica, de um Codigo ou de todo um Dizelto Fostivo" Karl Lars considera principio as ideas Gietivas de um ordenamentojurdicoexistente ov possvel © Ronald Dorin afrma que os princip- EStenunciam “uma razso que conduz o argumen- to em uma ceta dizegdo".” Dat a afirmagio de que principis indicam uma directo a ser seguida. Observa Ricardo Labo Torres que os principios -cqneretizam valores moras econduzem a elabo- ‘fo interprtagio e aplicasso de regres jurid Gao" Para Karl Laren, “es prneipos contém pre tia deci sobre os ulteriores valores que hi que we tcontrare que se tem de considerar dentro do marco asinalado pela decito previa, que deve dar Satisfacio aos principios” Segundo Luts Roberto farses, os principios “identilicam Valores a se- fam preservados” © Garciade Entra y Pernndez Rodrigues afirmam que os principios “expressamn ceilores matriais basios de im ordenamento (¢) Clabes Lucio de Almelda ¢ Juiz do Trabalho no TRT da ‘eres Regito. Mestre eam Ditto do Trabalho pela PUC/SP. ‘outrande om Dire Proceesual Cot na Faculdade de Direito SURG. Professor Universiti. (1) Curso de direita consttucional, p. 256 (2) Dececho justo, 38. (6) Levando os dieitos asi, p41 (a) Tratdo de dreito constituconalinanceto trbutilo¥ pas (5) Derecho ust p. 3. (@)O dive consttuchnal en ftvidade de suas normas, p29. Cleber Lticio de Almeida (*) juridico, aqueles sobre os quais se constituem Como tal as conviegdes ético-juridicas de uma comunidade”.” Os principios sio, neste sentido, diretrizes que expressam valores." “Humberto Avila assevera que os principios “no slo apenas valores cuja realzagio fica na depen- diénch de meras preferéncias pessoas (.) 08 Bri- pion instituem o dever de adotar comportamen- tek necessirios a realizagio de um estado de coi- Sus ou, inversamente, instituem o dever de efet- ‘aglo de um estado de coisas pela adocao de com- Poutsmentos a ele necessérios” Esse autor assi- Pola que os principios, “embora relacionados a ‘Valores nao se confundem com eles, Os principios Telacionamese aos valores na medida em que 0 es- {abelecimento de fins implica qualificagto positiva Serum estado de coisas que se quer promover”" Aobert Alexy aduz que “principios slo normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida ossivel dentro das possibilidades juridicas e tins exstentes"" Os prineipios constituem, entio, diretrizes impositivas de dever-ser, ou seja, que estabelecem direitos € 08 deveres que Ihe s4o correlatos, Por fim, conforme Aristteles, ‘principio significa a parte de ima coisa a partir da qual pode-se empre- der o primeiro movimento (.);0 ponto a partir do Gua € pessivel que cada coisa sj, do melhor modo, Giiginad ( aquilo cuja presenga determina em prlgera inslancs 0 surgimento de alguma cose.) [fullo a partir de que anda que nao imanente& coi wanaigo hasce e de o movimento a transformagio Procdiem primordialmente (.); aquilo, em confor- Riclade com cuja escolha deliberada, oque é movido Tmovido, eoquee transformado €transtormado (.) Sgullo a partir de que ma coisa comega a ser co prsenoivel€ tambem chamado de principio da cols POSE assim, comum a todos os principios serem o ptm ponte de partida do qual uma coisa. ou é,o& Fem a ser ou torar-se conhecida” Principio, s- fund Ariss, 0 ponto de partda e fundamento de uma coisa (7) Cars de derecho administrative p.75 {8} Os valores indicam um estado de coisas que é bom e una asa dese|ivels mas imperaiva, Os principos so informa ‘et por sates fencer aiolgice), mas estabelecem o que & ‘Sen (Crdter deonfoldgico)visando atingir um fim deter fad (arsterteleologic) (@) Teoria dos prineiplos, p. 7980. (00) Teoria dos pincipios, p80. {at) Teoria dos diteitos fundamentais, p90, (02) Metafsca, 1012534 a 101308 Revista LTr.73.00/170 Dat ter sido afirmado que os prncipios sfodi- retrizes fundamentals do orderamento jurisicn, impositivas de dever-ser e orientadorss da aig $40, interpreta e apicagdo de regas uridine, 3. Abre-se um paréntese para esclarecer, de for- ma breve, que a formacao historica do conceito de Principio juridico esté relacionada com a questo dos fundamentos do direito." No periodo em que era afirmado gue dirito Positive tinha como fundamento o direito natu. tal, derivado da lei divina ou das verdades priv ‘meiras alcangadas por meio da razio, os principios no eram incluidos entre as fontes do direito, Com © movimento de codificacio e a consegiiente re- ducdo do direito a let posta pelo Estado, vem luz'a idéia de principio como fonte Con- tudo, 0s principios so concebidos como fonte apenas subsidiaria do direito, tendo por fungi0 tunica servir como meio para suprir as lacunas da lei, e deduzidos da propria lei. Ao conceito de direi- to, sob a ética dessa concepgio, é estranho qual. Quer juizo de valor, salvo 0 contido na lei Por fim, no final do Século XX, 0 direito passa a ter como fundamento os valores que informam © ordenamento juridico, operando-se a reaproxi- magio entre direito e valores, o que faz com que 68 principios, como idéias fundamentais de uma determinada ordem juridica, adquiram cardter normative, A propésito da evolucio histérica do conceito de principios registra Paulo Bonavides a existéncia de. trés fases distintas: “A primeira (..)€ a fase jusnaturalista; aqui, 08 principios habitam ainda esfera por inteird abs- trata © sua normatividade, basicamente nula ¢ duvidosa, contrasta com o reconhecimento de sua dimensao ético-valorativa de idéia que inspira os Postulados de justica. A fase jusnaturalistica (..) cedeu lugar (..) a um positivism tao forte, tio imperial, que ainda no século XX 0s cultores soli. trios € esparsos da doutrina do Direito Natural nas universidades e no meio forense pareciam se envergonhar do arcaismo de professarem uma variante da velha metafisica juridica (..). Refere Bobbio que, por volta de 1880, um artigo de Vitério Scialoja mareava o momento culminante da ascen. ‘io do positivismo, mediante uma certa desconfian- ga valtada& equldade a par de extrema erigida confianga consagrada as leis (..). A segunda fase da teorizacéo dos prineipios vem a ser # juspositi, vista, com os prineipios entrando jé nos Codigos como fonte normativa subsidiaria, ou, segundo Gondilho Canas, como ‘valvula de segurange, que ‘garante 0 reinado absoluto da lei’. Com efeito, assinala Gordilho Cafias, os prineipios entram nos Cédigos unicamente como ‘valvulas de seguran- a’, e nao como algo que se sobrepusesse 2 lei, ou Ihe fosse anterior, sendo que, extraidos da mes- (23) Para cfito de nosasreflxses, fundamentos do disto. slo as rates pelasquais as normas juridica sto de obretiney Dorigatirin Vol. 73, 2802, Fevereiro de 2009 ‘ma, foram ali introduzidas, ‘para estender sua efi- cicia de modo a impedir 0 vazio normative’. O advento da Escola Historica do Direito e a elabo- rasdo dos Cédigos precipitaram a decadéncia do. Direito Natural classico, fomentando, ao mesmo asso, desde o século XIX até a primeira metade do século XX, a expansio doutrinéria do positi. vismo juridico. A concepsio positivista ou hist. rica — escreve Florez-Valdés — sustenta basica- mente que os principios gerais de Direito equiva. lem aos principios que informam o Direito Positi- vo e Ihe servem de fundamento (...). Mas o juspositivismo, ao fazer dos principios (..) metas auttas programsticas supralegais, tem assinalado, via de regra, a sua caréncia de normatividade, es, tabelecendo, portanto, a sua irrelevancia jurfdica (..). A terceira fase, enfim, 6 a do pos-positivismo, ue corresponde aos grandes momentos constitu, intes das tiltimas décadas do século XX. As novas Constituigdes promulgadas acentuam a hegemonia axiolégica dos principios, convertidos em pedes- tal normativo sobre o qual assenta todo o edificio, juridico dos novos sistemas constitucionais” Esse autor assevera que “a teoria dos prineipios chega presente fase do pés-positivismo com os Seguintes resultados jé consolidados: a passagem dos principios da especulacio metafisica e abstra- ta para o campo concreto e positivo do Direito (..); 2 transposigdo crucial da ordem jusprivatista (sis antiga insergio nos Cédigos) para a érbita juspublicistica (seu ingresso nas Constituigdes); Suspensio da distingao clissica entre principios e Rormas; 0 deslocamento dos principios da estera da jusfilosofia para o dominio da Ciéncia Juridi- ca; a proclamagio da sua normatividade; a perda de seu carster de normas programéticas; 0 re didlogo verdadeiro exige liberdade, Sendo sess uma condisio da propria democraciaé para sore cicio de qualquer direito. Por isto, precease I berdade, Liberdade para definie 6 beu objeto (a gto autorizaaatuagio do Poder Judie eas ein conjunto com a dees, initao seu slcarea, apresentar as razdes fins ejuridcas das pretey, Ses manifestadas em juizo,escolher € plodiens a8 provas dos fatos controvertidos: evitesren & Prova produzida pela pare contara ou por de, terminagtojudicialeimptgnarasdeisbesjudioaigs) Uberdade para ojuie Geterminara realengie das Provas necesséris a0 escarecimento des fates bjeto de controvérsia, vali a prove aslo 108 autos e realizar correlagio ehte fates eae, mas jurdicas O dislogo verdadero pressupse,além de iber. dade, condicdes de igualdnde os partes dann dispor de iguais meios para a detesa das suas pee tensoes:igualdade de armas), © dlalogo, Pass oor livre deve ser realizado entre guais. Somme hac vers liberdade onde reinarm igualdade, Pos essa Fatho, processo ¢ igualdade,Igualdade nos een, S08 e meio para apresentagdo pretensbes, sepes {2510s pricipios segundo os gsisnestuma ttl jurdico- ‘al sera confrid sem que tera sto requridae que detente do tera sido itd para responder demand (roma iaer oe actors ¢ nemo iudex sine eo) noe litam hgarantn docs de provocago forma do udiisiaenecciodedicings tere de respon demanda exercico do dito de eles), exigieigs faranindo a partcpasio das partes em todos on atte qte coe ‘em o procedimento inclusive do su ato fea: 0 previmee Sobre a demanda Francesco Camelutsadverte que ‘uc So simplista do process pode levers cer que propenigie abe Faabesedasprovas tudose ruses umalaguce Soe ‘oautor propde suas razbexe suas provare oSemandadoihe opty Fanner ture copgi nooo ace Precimentoexauritia ointercambio da alegagoes come tbe) ‘discussie porque, apresentadon ume outreeerfo ofa aes Dente, podevia deci (.).Aexperenia sas element nero ‘a que no pode ser asim (.} ofa de oataque ea topone “anfgmaren cv undo quenemsenpt se brea ‘erdade que a reflesto descobrecom laidadee ques capeatney anfirma com seguransa” (Sistema de dvelto pidcesed odes Mpa) (27) Sobre » liberdade das partes anota Francesco Cerca ue “as pares devem ter iberdade para contapor sence oke prova&prova A pate solves para deed ram inconveniente para tute do eu Inesease Aireito processual cil, v IV p. 174195), Vol. 73, n202, Fevereiro de 2009 mentos ¢ provas. O tratamento igual das partes. pelo julgador possibilita a formagao de um juizo imparcial a respeito das pretensdes manifestadas fo processo. Tratar igualmente as partes é também, estar aberto aos seus argumentos e criticas pars, com elas e considerando a sua ética sobre as ques. tes de fato e de direito, alcangar a norma ade- quada para o caso submetido 3 apreciacio do Po- der Judicidrio e constitui exigéncia do real acesso a justiga e & defesa dos direitos assegurados pela ‘ordem juridica. 8.3, Principio da simplificagao das formas ¢ procedimentos © processo € destinado a realizagio concreta do direito ameagado ou lesado e nao constitu um fim em si mesmo. Por essa razio, ao lado de facilitar 0 acesso aos érgios do Poder Judiciério, impde-se que formas e procedimentos sejam simplificados, ara possibilitar a efetiva, adequada e tempestiva solusdo do conflito de interesses submetido a0 Poder Judicisri. A simplificagao das formas ¢ procedimentos favorece a participacdo das partes na construgio, da decisio judicial, além de contribuir para a efetividade da ordem juridica. Este principio fundamenta a autorizagio para @ reclamagéo e defesa verbais e limitagao dos re- quisitos da petisao inicial (simplificagao da apre- sentasio das pretensdes das partes em juizo), a ‘psio por procedimentos marcados pela oralidade (que resulta na maior proximidade entre 0 juiz e a5 partes, concentracdo dos atos processuals em audiéncia e publicidade dos atos processuais), bem como a dispensa de rol prévio de testemunhas (simplificagso do procedimento probatério), por exemplo, Esta diretiva fundamental complementa a an- terior, uma vez que a facilidade de acesso & defesa dos direitos decorrentes da relagio de emprego exige a facilitagio da atuacdo das partes em juizo, em todas as fases do procedimento. 8.4, Principio da celeridade ou da proibigdo de dilagdes indevidas na tramitacio do processo Em todos os ramos do direito processual é marcante a preocupacio com a répida solugio dos conflitos de interesses levados a0 Poder Judicia rio, por ser essa uma necessidade primaria da so. ciedade. Com o proceso do trabalho nao €e nto pode ser diferente. A natureza alimentar de que geralmente se re- vestem os créditos resultantes da relaclo de tra balho, em especial do trabalho subordinado, im. dea célere solugao das lides trabalhistas. Dilagdes Indevidas no tempo de tramitagao do processo, notadamente do que envolve crédito de naturezs entar, Viola, inclusive, a garantia do devido Proceso legal. Oamplo acesso a justica, a simplificagio de for- ‘mas e procedimentos exigem, como complemento indispensivel, a rapidez na solucdo dos conflitos Vol.73, n® 02, Fevereiro de 2009 @-a auséncia de dilagées indevidas na tramitagio Go processo, como forma de reduzir o tempo en- tre a lesio ou ameaca de um direito e a sua repa- ragio ou protesio, Para atender aesta diretriz fundamental, deve ser favorecidas as medidas dispostas ao enfrenta- mento dos riscos decorrente da demora na con- Cessdo de tutela jurisdicional a0 direito deduzido fem juizo, entre elas as medidas de urgéncia de fhatureza cautelar, antecipatéria ou autosatistativa (medida de urgéncia que satisfaz imediata, defi- hitiva e irreversivelmente a pretensio da parte, tornando dispensével a propositura de qualquer dutta agko ou 0 prosseguimento do processo em que for deferida, que é determinada com esteio em Agnigdo sumdria, em juizo de verossimilhanga € no poder pera de urgincis conferido a0 je Tos arts. 273, § 72, e 796 do CPC, para garantia da tempestiva, adequada e efetiva tutela do direito Sssegurado pela ordem juridica, em situacso de ‘urgencia extrema e em que o ndo-acolhimento da pre- tenado da parte resulte em frustragio irreversivel do seu direit). [A celeridade ndo deve significar precipitacio. (© que se exige do juiz € a firme atuacio no sentido de evitar dilagdes indevidas na tramitacio do pro- esso e, tanto do juiz quanto do legislador, a fixa~ Gio de prazos atendendo ao que seja estritamente ecessdrio, respeitando, porém, a complexidade do ato a ser praticado (art. 775 da CLT). Nao ha como exigir um processo instantaneo, mas constitui Genegacio da justiga 0 processo eterno. E esta a diretriz que informa o art. 765 da CLT, que impée ao juiz velar pela rapida solusso do SPaflto, e conduiz fixacao de prazo maximo para f realizagao da audiéncia no procedimento sumarissimo, por exemplo. 8.5. Principio da interpretagio e aplicagao das normas em sentido favorével a solucio definitiva do conflito de interesses ou da facilitacio do aces- s0 a0 direito, [A facilitaglo do acesso a justica e a simplifica- ‘glo de formas e procedimentos nao produzirao efei- fos coneretos se forem criadas dificuldades a solu- {Bo definitiva do conflito de interesses apresentado Ao Poder Judiciario e a0 acesso ao direito. {A funcio primordial dos 6rgios da Justiga do Trabalho’? a ndequada,tempesiva eefetiva satis- {oto do ditto asegao pela oem ria 6 va cumprta, devem interprelare aplicar as nor- pe urldlas processunis deforma a facilitar a olu- Go do mérte da demanda ea satstagi do dirito Scconhecido na decisio judicial ou titulo exeeutivo Entajudicias A efetividade da tutela jurisdcional So pode sey apenas formal (a solugde do conflito de iRteresse, cumprinclo que seja substancial (8 protesio do direto vilado ou ameacado) ai sero direito processual do trabalho infor- mado pela condusto do processo 2 resolucio do Therito da demandae & plenasatisiagao do dieito ixbuide em sentenga judicial ou titulo executivo extrajudicial Revista LTr. 73-0275 Esta diretriz pode ser facilmente percebida na disciplina que a CLT conferiu 4s nulidades. Com tielto, a estabelecer que somente haverd nulida- Se quando dos atos inguinados resultar manifesto prejutzo a8 partes, que a nulidade somente seré Redlarada mediante eportuna provocagio das par- tes salvo quando decorra de incompeténcia de foro, que # nulidade nto seri declarada quando for polsivelsuprira falta do ato ou repeti-lo e que Pnkilidade de um ato somente contagia 0s atos posteriores que dele dependam ou que dele sejam Eonsegilencin, por exemplo, a CLT aponta no sen fido de que deve ser prestgiada a soludo do mé- Fito da demanda ea satistagdo do crédito ceconhe~ Uido em juizo ou objeto de titulo executivo extrajudicial 86. Principio da prioridade da tutela especi- ca sobre a tutela pelo equivalente monetério [parte merecedora de ttelajursdicional deve ser ghrantide 0 gozo do direito tal como asseg- fade pela ordem juridica (direito im natura), ten {Ips fatela espectfica prioridade sobre a ressarc\- téria pelo equivalente monetario, O dizeito nso pode eixar de ser gozado in natura pela ausén- Fou inoufleiéncia de meios judiciais que per- fnitam a sua adequada satisfagao. Quem tem di- feito 3 tutela jurisdicional nao pode ser prejudi- ado pelo processo Em razio desta diretriz e para cumpri-la, im- pae-se 8 criagio de instrumentos aptos & adequs- Ai protegio das situagbes de vantagem estabelecidas pela ordem juridica em favor das partes de uma Felagio de trabalho, ‘Aludido prine‘pio realga a importincia da tu- tela inibitGrn (0 juiz deve agir para inbiroilicito tno apenas pata reparar 05 danos que dele de- Sorram)e das medidas de urgencia (diante de wma Situagio de perigo, cumpre sejam adotadas medi- das suficientes e adequadas ao seu enfrentamento). (© principio em destaque informa a autorizagio para hconcessio de medida liminar nas reclama~ es tabalhistas que visam tornar sem efeito rans. ferencia ou a reintegragao de dirigente sindical aiastado, suspenso ou dispensado. Essa autoriza~ Sho implica, inclusive, superagdo do dogma da {mposeibilidade de execucao respeldada em Cognisio sum ou da correlagao necesséria en tre execucio forgada e condenagso. 87. Principio da livre indagasio da verdade 0 direito nasce de fatos (atos praticados ou eventos ocorridos), que as normas juridicas apon- fam como aptos e suficientes para 0 seu nasclmen- {0 Yatos corstitutivas do direto). Por outro lado, Salem fatos que impedem a constituiglo do di- feito, extinguem ou todificam o direito constitu do {fates impeditivos,extintions e modificatvas ou txtntivos do direita). Com iss0, 0 acolhimento da pretensio manifestada pela parte na ago ena defe- EXpressupoe a demonstragao da veracidade dos fabs que ‘as fundamentam (pressupostos féticos ds pretensio). Revista LT. 73-02176 Consoante assnalam Georges Ripert fn Boulanger, “um direito permanece sem valor se no se chega a estabelecer sua existéncia”.™ Logo, um direito Permanece sem valor se ndo forem criadas as condigbes necessérias para a demonstracao da verdade dos fatos de que ele decorre. Daf a importancia para as partes da demons- tracdo em juizo dos fatos controversos e a raz40 pela qual a elas é assegurada ampla liberdade em ‘matéria de prova. A prova funciona, para a parte, como condigio de possibilidade do gozo do direito assegurado pela ordem juridica, sendo a liberdade de prova uma exigéncia do processo justo e de- mocritico, Contudo, a justa solugio dos contlitos ¢ a reali- zacio concreta do direito assegurado pela ordem juridica também interessam a sociedade. Por conta desse interesse social, ao juiz é conferida liberdade para determinar as diligéncias necessérias a0 escla- recimento dos fatos relevantes para a solucao do conflito de interesses (arts. 765 e 852-D da CLT), O processo serve ao direito e no as partes ou 20 juiz, Anote-se que, assim como o juiz, as partes no devem se contentar com a denominada verdade formal ou processual (aparéncia de verdade fornecida pelos elementos de convicgio carreados aos au tos), devendo perseguir a verdade real, substancial ‘ou material (a correspondéncia entre os fatos ale~ gados e 0s fatos ocorridos). A dificuldade de al- cangar a verdade real ndo é suficiente para que as artes e 0 juiz deixem de assumi-la como parime- tro de atuasio e finalidade do proceso. 88. Principio da justica e equidade das decisoes. processo judicial deve ser justo e conduzir a uma deciso justa, como decorre dos arts. 38, Le 5%, LIV, da Constituigdo da Repiiblica™ ¢ resulta do fato de que, como assinala Jesiis Gonzlez Pérea, “o direito a tutela jurisdicional é o direito de toda Pessoa a que se lhe faga justiga”.° © proceso deve ser justo, uma vez que, como adverte Aroldo Plinio Goncalves, “se a justica nao se apresentar no processo nao paderé se apresentar, também, na sentenga”."'O processo justo ¢ uma con. digdo para a justica da decisio e um complemento necessério da garantia constitucional de acesso 2 justica, Processo justo ¢ aquele que se desenvolve pe- rante um juiz competente e imparcial, com respei to do direito das partes ao pleno exercicio, em si- (28) Tetado de derecho civil tl p38. (29) ares Freitas ensna que “a Conatituigo, ao gaants que ‘ninguém seré privado da lterdade ou de seus Bens ern dene do processo legal art. 58 LIV), quis assur um procesoyen ‘§2¢ esulladosjustosmeios eine) (Ainlerpretaqhowaiogan Soairata, p29), (00) Elderecho ala ttelajurisdiclonal p27 (G1) Técnica processuale teria do proceso, p. 125. Vol. 75, 02, Fevereiro de 2008 métrica paridade, do contraditério e da ampla defesa eas diretrizes fundamentais do ordenamen. to juridico e informado pela finalidade de, em tem. Po razoavel e sem dilacdes indevidas, realizar con Cretamente o direito assegurado pelas regras ¢ Principios constitutivos do direito vigente! O direito a0 processo justo nao é reconhecido como um fim em si mesmo, mas como instrumen. to para a realizagio da justa solucio do conflito de interesses submetido a0 Poder Judiciério. O rocesso ndo pode ser palco para simples exercicio, da retérica. A vitéria da parte nao pode significar a ruina da ordem juridica. Por isso, as partes e 0 juiz devem pautar a sua conduta pela busca de ‘uma decisdo que seja justa ‘A justica nao é apenas um ideal, mas, como asse- vera Javier Heroada, “o minimo a que todos estamos obrigados nas relacdes entre os homens, E o mini- ‘mo no pode ser um ideal”. ‘A busca pela jusiga ndo implica exigéncin de rensncia das partes aos seus interesses, s,s acdverte André ComtesSpocilea sua submissio 9 justiga/ em favor do respelio & ordem jurtice democraticamenteinstituide. A consolidocto de Estado Democrdtico de Direto pressupoe 0 espe to a0 direito vigente, Lembrese que, consoste Avlstteles, a jstiga "€ a disposigib da slow sre 288 qual elas se tspoem a fazer 0 que é ho, fendo justo “aquilo que €conforme lets i ae, casei orcs, Nsa t0 ntrceecomu todas a pessoas’ Assim fas pee onduz ao bern comum, na medida em que rete tando as regrase prineipios constittives do dre to vigente, asegure "a eada uin 0 que é ses! ™ Contudo, a deciso, para serjusta, deve respe- tar a8 particlaridades do caso concreto, © jisto (2) Ste Tesh coda jut proto gut deen ‘olve com rexpeito aos parimettosfxados pela norma consate ‘ional ¢ pelos valores compartlhadoe pela oleiidnde Ea 9 proceso que se desenvolve dante de tm jue imparell nen feaditrio de todos os interessados em un tempo tasdeet i ‘nuovo artical 11 dela costtuslne eI ghar process in me teria civile: profil general. Rivistatrimestrale a dite Proceduraciilejunhode 2001, ane LV. a3 P38), (33) 0 confronto de argumentose provas tem papel central no process, mas o processo nto se redus a esse coniontss nt {er por finalidade a justasolugto do confte de interne so ‘eto a0 Poder Jciclrio, segundo oe ditaes da onde urd a democraticamenteinsituidn A construsto demoetion ao direito no caso concretondo¢ ui valorem s meso, as sear ' concratizaio dos dietosaseguradce pela ordem rsd 9 decisio €legitimada pelo procedimento que dass ot ace 'co) «pelo eu conto (coerénca coin us repre prncips onstittivos da ordem juries) legitmasae deve oor sen Ser procedimentale maternal Do contri peevalscehdostanae A leghimagto procedimental, corres orsco da dercosstnne

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