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[BxDOS INTERNAGIONAIS DE CATALOGAGAO A {CAMARA GRASLEIRADO LMR SP Porc (oo) ear gansta na nea Sl Pesert— Carr, S° Merce Late, 16 (Coc eta Best) {Prats Gramineae een LTA I Sin. 1. Gunite :Potigte: Eto erie 48507 CoLeGAOLETURAS NO BRASH. Ccopceue: ve Mara Femandes DIREITOS RESERVADOS PARA A LINGUA PORTUGUESA "SMERCADO DELETRASEDIAOELIVRAMALTDA—* 2008 sacra ata pot pl TOR. prot sn epracutoprc oui! ‘neva road Et Orr ‘Stats pono pret na ‘SUMARIO APRESENTAGAO, PRIMEIRA PARTE, INTRODUCAO. Keely O PAPEL DA ESCOLA ENSINAR LINGUA PADRAO. AMOS AULAS DE QUE A QUEM? 3 NAO HA LINGUAS FACEIS OU DIPICEIS. .. TODOS OS QUE FALAM SABEM FALAR. NAO EXISTEM LINGUAS UNIFORMES . . NAO EXISTEM LINGUAS IMUTAVEIS. FALAMOS MAIS CORRETAMENTE DO QUE PENSAMOS F LINGUA NAO SE ENSINA, APRENDE-SE ‘SABEMOS 0 QUE OS ALUNOS AINDA NAO SABEM? .. . ENSINAR LINGUA OU ENSINAR GRAMATICA?... SEGUNDA PARTE INTRODUGAO...... 2. . 59 ‘EITOS DE GRAMATICA e 63 GRAMATICAS NORMATIVAS «5.0... or) GRAMATICAS DESCRITIVAS ... we GRAMATICAS INTERNALIZADAS. ken 69 REGRAS i Fs a B APRESENTAGAO LINGUA... ReBesnee 14 ERRO..... Site , B ESBOGO PRATICO.......0..03.00 83 Este livro tem basicamente duas origens, ambas um pouco antigas, e sua estrutura as reflete ainda. Ele vem de dois fextos menores que, por sua vez, resultaram de pequenos desafios propostos a mim por outros pesquisadores, Os dois desafios tém mais ou menos a mesma data, ou, éo que importa, ‘a mesma datagio intelectual e ideolégica. Nao ha, entre um € ‘outro, mudanga de posigdo de minha parte, no que se refere aos ‘temas em questio. Alias, minha posig&io em relago a esses temas ¢ mais ou menos a mesma hé quinze anos, ¢ é exatamente por isso que decidi transformar aqueles dois textos em livro. ‘Acho que foi em 1982. No Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, como decorréncia da criago do curso de Letras, isto é, do ingresso de alunos que seriam por hipotese professores de Portugués nas escolas de primeiro e/ou segundo graus (até entio s6 funcionava no Departamento que deu iiistica), vei da necessidade ou nio de haver, no c Linas de ensino de gramética normativa. Até entio, no bacharelado em lingi no curriculo que o curso de no existiam. Supu- iinham estudado \- dez anos de estud mesma forma. ido deveria ser contemplado no fe seminérios sobre a questo, com alunos professores participando de discusses (4s vezes, bate-bocas) bastante animadas. Um dia, num encontro casual, o professor Roberto ‘Schwartz me perguntou em que tipo de discussio estévamos I, no easo do ensino de gramiétiea. Queria saber Poucas palavras, o que alguns de nés pensivamos e diziamos, re nds e nos semindrios. Ele me propés, ent ficasse bom, Estudos Cebrap. Suponho que ele tenha gostado, p. saiu naquela revista, no volume 2, n° 3, de 1983. Cerca de um o organizar seu livro O texto na sala de aula, J. W. Passado mais um ano, em reunides com a equipe da ado & Secretaria de Educago do Estado sago de alguns professo- “Gramitica e politica”, mas numa acessivel aos mieiee da rede, Rodolfo ‘Acho que foi em 1984, quem sabe em 1983. Um dia, 0 professor Mercer, e que, em. primeiro ido, que eu fosse a que ia a Curitiba para dizer que havia uma relagdo importante entre as duas coisas, ‘mas, de qualquer forma, eu esperava surpreendé-lo com met 1e eu imaginava, jé, como resultado de algumas fas conversas com colegas, como conseqiiéncia mumerosos com professores de se~ gundo grau e de faculdades do interior, ¢ também, relevante- mente, de uma posigio politica clara (modestamente, ainda Telacdo & questio, que as principais contribui- a para o ensino da lingua no tém muito a ver ‘ roduco de graméticas melhores na escola (embora isso seja eventualmente de enorme interesse), mas, fundamen- talmente, com a c des diversas dos eliminar preconceitos e de redi © funcionamento real da li insinuando que esse antes, 1e deve ser priorizado na sala surpreender 0 professor Mercer extrait das principais correntes de estudos de linguagem, que eu conhecia de algum ‘modo, um conjunto de enunciados resumidores (quase s/o- gans) eatitudes pedagégicas correspondentes. Um ano depois, ‘ais ou menos, fui convidado a participar de uma mesa redon- la (GEL), e, para a ocasiio, escrevi um texto que chamei de “Para um novo perfil do professor de portugués”. Nesse texto, eu falava de cinco prinefpios itidispenséveis para que 0 en ia matema fosse bem sucedido. Na verda- de, eu queria dizer que eram coisas que todos os alunos de letras deveriam aprender nas universidades, ¢ que isso era bastante facil de fazer. Bastava ler uns dez artigos bem escolhidos. Falei © 08 cinco principios acabaram se transformando em dez. Uma ped de decélogo do professor de portugues, que, eral a Pois bem, esse é o desenvolvimento desses dois textos antigos, apresentados na ordem inversa da apresentaco feita aqui de sua historia. Tal desenvolvimento se deve em grande parte ao fato de que fui arranjando argumentos para defender tais principios em numerosas apresentagdes ¢ discussées que contribuigdo ao desenvolvimento das capacidades de dominio do texto por parte dos alunos é apenas indireta: se diminuir na escola o espago da gramatica, poder aumentar automaticamente odo texto. Além do mais, parece que no da textu: dade as regras so menos claras ou gerais; pelo menos, seu estudo esté ainda menos desenvolvido, embora ja tenhamos ‘boa e numerosa produgdo sobre 0 tema. Mas, niio o tomarei aqui como objeto. Na primeira parte, aquelas dez teses basicas sio apre- sentadas ¢ relativamente justificadas. Na segunda parte, estio expostos os conceitos de gramética relevantes para uma pro- posta de ensino, ¢ seu lugar na escola é, tentativamente, dese- mhado. Quem conhece 0 texto co ie eu o publicamos pela CENP verificaré que algumas passagens permaneceram praticamente como estavam. Espero que ele ainda acredite no {que escrevemos ha dez anos. Qualquer leitor poder ver que se trata de um livro de divulgago. Como disse acima, trata-se de coisas velhas, 6b- vvias, elementares. Sinto-me vontade para publicé-las apenas porque percebo, quando falo sobre esses temas, que, para ‘muitas pessoas, 0 que aqui se poderd ler ¢, ao mesmo tempo, de alguma forma, novo e, além disso, de interesse. INTRODUGAO A primeira parte deste livro apresenta um conjunto de teses correntes em lingiistica, seguidas de pequenas j cativas. Nao se trata de aumentar o conhecimento téenico de ninguém a respeite do portugués. Trata-se de um conjunto de principios, um tanto di as tarefas de ensino cexigem que se compatibilizem conhecimentos dispares), des- tinado mais a provocar reflexao do que a aumentar 0 estoque de saberes. Tenho a conviegio de que, se o conhecimento téenico de um campo ¢ fundamental na maior parte das especialidades, talvez o mesmo nio valha (pelo menos da ‘mesma forma) para o professor de ingua matemna. Mais que 0 saber téenico, um conjunto de atitudes derivadas dos sabe- res acumulados talvez resulte em beneficios maiores, por tazes que, espero, ficario claras abaixo. Inclusive porque, a rigor, sem estas atitudes, sequer seria possivel um conheci- mento de tipo’ 106, um aumento de saber técnico, quando se trata de linguagem. F que este conhecimento 1s também exige rupturas com prineipios que fundamentam 0 tipo de saber anteriormente aceito Uma decisio que considero importante, no dor ensino de lingua materna, ¢ que no se fagam expe Sou absolutamente contrério a transformar alunos em objeto de experimentos com teorias novas. E que, se o experimento fracassa, no se desperdicam amostras de materiais, mas pedacos de vidas, partes de projetos dos alunos, as vezes vidas ¢ projetos inteiros. Por isso, as teses que exporei aqui sio todas obvias. Nenhuma delas ¢ recente, inclusive, Trata- se de aquisigdes bastante sdlidas da lingiistica deste século (até do anterior, as vezes). Se elas ainda precisam ser Porque, por razdes que seria interes: sio dif undidas. De fat descobertas ficas” no dominio das linguas. Ou se divulgam curiosidades anedéticas ou se repétem sempre ape- nas as teses conservadoras e normativas. Fregiientemente, pesquisadores so chamados para falar 4 professores, na esperanca de que aqueles apresentem a estes um programa de ensino que funcione. Em certas circunstincias, espera-se que tal programa funcione sem qualquer outra mu

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