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1M. Cecil G, Barbos: Moreira Projet grin, dagramago e capa Aastha Machado Foto da capa Henri Acselrad.Explorasdo madeireta,rodovi PAs, Jac (PA), 1986 Acervo do. texto dest ivo foi adaptado ao Acordo Ortogrtcn dais ingua Portugues, assnalo em 990, que comegou a vigorar em nivel como crime com busca apreeniocindenizaesd oa oa redo Wagner Rerno de Almeida... €.© Rio de Jnces Lamparn Incl bibtiogra ISBN 97 Wagner Berne de 10-905, Capitalismo globalizado e recursos territoriais Fronteiras da acumulagao no Brasil contemporaneo Alfredo Wagner Berno de Almeida | Andréa Zhouri Antonio Augusto Rossotto loris | Carlos Brandao | Célio Berman Francisco del Moral Hernandez | Gustavo das Neves Bezerra Henri Acselrad | Joao Antonio de Paula | Klemens Laschefski Maria Célia Nunes Coelho | Maurilio de Abreu Monteiro Luis Fernando Novoa Garzon | Luis Henrique Cunha Luiz Jardim Wanderley HI @® FORDFOUNDATION lamparna 79 Desregulacéo, deslocalizagdo e conflito ambiental: consideragées sobre o controle das demandas socials Henri Acselrad | Gustavo das Neves Bezerra Da foz as nascentes: a lise histérica e apropriagdo econdmica dos recursos hidricos no Bras Antonio Auguste Rossotto loris Conflitos ambientais Norte Sul agrocombustiveis para quem? Klemens Laschefsk | Andréa Zhouri ‘Mineracao de bauxita, industrializagao de aluminio ceterritérios na Amazonia lia Nunes Coelho | Maurilio de Abreu Monteiro Luis Henrique Cunha | Luiz Jardim Wanderley Maria APRESENTACAO Desde as transformagées da economia mundial apés 0 timo quarto do culo XX, a América Latina, de forma crescent insere-se em uma nova ica mundial dos recursos tert , naturais e sociais. Energia, ‘gua, minério e espago territorial sto conteddos presentes, direta ou indire- tamente, na gama de mercadorias que fazem seus paises atuantes no comér- Oacesso a tais recursos tem justificado, em grande parte, a escolha da localizagao de novos investimentos no continente. A “grande” sgeopolitica, com seu jogo de interesses expresso na arena internacional, seus ‘macromovimentos de cena nos foruns multilater tem sido acompanhada por a¢6es “no terreno": implantagio de redes de infraestrutura, reconversio de insergao crescente de t vidades e alteragao das formas de ocupagio do espaco em fungio da itérios nos fluxos internacionais de acumulagao. No caso brasileiro, esse movimento de expansio das fronteiras da acu- mulagio articula-se com formas renovadas de exploragao do trabalho ~ via flex financeiros, inclusive a partir da especulagio com a terra € 0s espagos urba- aio e reversio de direitos ~, assim como de geracao de ganhos nos. Desde o inicio da liberalizagao de sua economia, o capitalismo brasi- leiro configura formas peculiares de associacio entre acumulagao intensiva ~ via aceleragao do tempo de rotagao do cay « intensificagio do trabalho -, acumulagio extensiva - via expansdo das fronteiras da acumulagao e expropriagio de recursos comunais ~ e dind- micas especulativas no campo financeiro ¢ imobilidrio. Ap6s a crise global de 2008, 0 modelo foi mais uma ver reafirmado: 0s responsiveis pela ago {governamental no Brasil ~ louvados por terem sido capazes de atravessar a ‘urbuléncia sem maiores desequilibrios macroecondmicos ~ ni sequer adotar medidas que promovessem alguma inflexio na tr Ansergio crescente da economia brasileira como exportadora de commodities evemielaborados. Em 2009, as commodities representavam 70% do valor das, exportagoes do pais, enquan estudos do BNDES apontavam sintomas de MINERAGAO DE BAUXITA, INDUSTRIALIZAGAO DE ALUMINIO ETERRITORIOS NA AMAZONIA ‘Maria Célia Nunes Coelho* ‘Maurilio de Abreu Monteiro™* Luis Henrique Cunha’** Luiz Jardim Wanderley**** ‘A-exploragio de recursos minerais na Amazdnia brasileira ~ bem como em quaisquer outrasrepidesricas em matériasprimas minerals ~ deve st ‘compreendida em termos materials e simbélicos ¢em suas dimensOes 20" poltcas, econdmicas, sociasefsico-ambientals, tendo como referencias rmudangas em curso quanto aos acessos € usos dos recursos naturais€ 3 transformagbes associadas ao fendmeno da globalizacio comandado pels de Pos-Graduagto em Geografi da Universidad 1 do Conselho Nacional de Desen ‘yolvimento Cientifico e Tecnoldgico (CNPS). rfessor ¢ pesquisador do Nécleo de Altos Estudos Amantnicos da Universidad Federal do Pari (Naeca-UFPA). professor e pesquisador do Programa de Pés-Graduagio em Ciéncas Soca ‘Universidade Federal de Campina Grande (PPGCS-UFCO). sma de Pés-Graduagio em Geografia ista do Conselho Nacional Doutorando em Geografia pelo o de Jani Teenaldgico (CNP4). Capitatismo globalizado e recursos teritorias ‘empresas multinacionais. A combinagao de fatores ~ como riqueza mineral, disponibilidade de energia barata, ou relativamente barata, crescimento da demanda por matéria-prima em escala mundial e vantagens comparativas (ou competitivas, segundo Porter, 90) levou a implantasio de projetos de exploragio mi apai da segund: oder) na organizagao dos espagos regionais e dos espacos vividos. Em termos te6ricos e alianga entre capitais estatais, nacion: ‘io excelentes exemplos das formas historicas e transit6rias pel local e 0 global sio ( dda regiao ao pais e a0 mundo, os projetos industriais de exploragao ‘na AmazOnia oriental foram empreendidos, a partir dos governos (4964-85), em moldes modernizantes,/desenvolvimentistas ¢ autor ‘ais projetos respondiam tanto a determinagses pol 4 oportunidades geolbgicas e materiais, possi ico e econdmico mundial. 1 ‘Tratava-se de projtos mineraispatrocinados pelo Estado na Amazdnie durante os anos 1970 €1980,porintermédio daentio empresa ‘que responde, dese 2007, também pela denominagao de Vale - uma mul sede no Brasil, unida, desde o final da décaa de 1970, por join vent tinacionas ¢em parceris com em ral ou de processamento de minérios na regiio amaz6nica, ade da década de 1970, Em decorréncia, a populagao local engendrou projetos de construgio ou formagio de terrtérios de vida, de trabalho, de producao, de controle/vigilancia, de apropriagao, de acesso € uso dos recursos e, consequentemente, de processos de tertitorializagao, com fortes impactos (mudancas fisicas e sociaise alteragdes nas relagdes de cos, 05 projetos de explorasio e de indus- lizagdo mineral na AmazOnia oriental brasileira ~ como expressio da € multinacionais (Evans, 1979) ~ ito ou pouco)articulados em suas miltiplas redes e dimensbes. Como parte das estratégias de desenvolvimento e de integragio leologicas quanto fando nao apenas a valo- rizagdo dos recursos naturais (bauxita, ferro, cobre e niquel) e do capital nacional, como também a mudanga da posigdo brasileira no cendrio geopo- jos na Amazot [Neste capitulo, tragamos os objetivos de: (1) refletir sobre os projetos ‘minerometakirgicos implantados na AmazOnia oriental brasileira, a partir do estudo sobre a exploracio da bauxitae seu processamento em alumina € aluminio ~ que nos parece paradigmético em muitos sentidos;* (2) examinar 1s dinamicas locais voltadas para criagio de territ6rios, territorializagao Iutas pelo poder, envolvendo os habitantes locais, afetados por diferentes projetos de extrago da bauxita ou de seu processamento industrial ‘Com a chegada das grandes empresas mineradoras a regio amazonica ira, as comunidades (tradicionais ou nao tradicionais) vém ganhando b contetido politico e sio mais conhecidas, hoje, por seus territorios, conquis- tados e mantidos por meio de resisténcias ativas ou processos de territoriali- zagio que alimentam suas lutas (em redes de poder) pela sobrevivencia, pela distribuigao do poder ou pela reprodugdo social (0 desenvolvimento deste texto se deu em duas escalas relacionadas. Pri- (edoresto do Brasil) na ‘meira, no ambito da insergao da Amazénia economia brasileira e na “economia mundo” (Wallerstein, 1974). Segunda, no contexto interno da regio ou dos locais nos quais as dinamicas de \s20 e de lutas (em redes) pelo poder ocorrem. Neste estudo, realizou-se uma andlise documental de depoimentos colhi vistas-chave, bem como de observagdes realizadas nos trabalhos de campo desenvolvidos pela equipe de pesquisa na Amazdnia oriental brasileira nos ‘iltimos trinta anos. territor Situac3o contemporanea da bauxita, da alumina e do aluminio Em 2006, a reserva mundial de bauxita era expressiva. Segundo dados forne- cidos por Martires (2006), do Departamento Nacional de Producio Mineral 2 Paradigmitico nos seguintessentidos: de mudaneas na lgislacio brasileira que per ‘aformagio de joint ventures de diviso de poderes entre empresas unidas por oint ven -egovernos federal e estadual; ede reversio de decisdes por parte do das populagées locas. Captaismo globalizado e recursos teritoriais (DNPM-Pard), 0 Brasil ard), o Brasil respondia por 35 Bt, ou 10,6% do total das reservas mundiais, atras da Austrilia (7.2 Bt ou 23,6% do total) da Guiné (8,6 Bt ou ust Brow 3, D) ine ( ssn ats al npatci nds belinda tt Noe ppt on sp oa Mineragao Rio do Norte S.A. (MRN), uma joint ae 2VRD (Vale), com a Companhia Alumina do Brasi eee 3 Junorte) € 0 Paragominas; joint venture Albras ea mul srry, aa norte-americana, pr anata eee ia da Companhia de Aluminio do M: hd (Alumar) ¢ do Projeto Jurut. rial Antes da crise financeira de meados de 2008, as commodities minerais apresentavam altas puxadas pelo crescimento dos paises da Asia, da Amé ‘ s rica do Sul e do lo Sul e do Leste Europeu. A bauxita estava entre o: é cotados, além de ferro, eee ibio, cobre ¢ outros. cram China, Japso e Core Os principais compradores cee A demanda por bausita continuava clevada nte. A produgio mundial aument = tou surpreendentemente pen ee passando de 178 Mt/ano (2006) para 194 Mt/ano (2007), ‘ a a iy Brasil respondeu por 127% da produgio mundial. jina em 2007 alcangou 63,3 Mt/ano, ior ide 2006, A producéo mundial de aluminio em ee Es aan 337 Mt/ano no ano anterior, 0 que ig da produgdo dos smelters, prt também no Brasil ena Réssia ae exportagées brasileiras de bauxita aumentaram 9.4%, 53 Mt, em 2006, para 58 Mt, em 2007 enretanto,asvendas crescimento mais expressivo por causa da alta d 3 igiu 38 Mt/ano contra icou um aumento de 13%, resultado wente na China (28%), na India (279%) € ee. ° 1a do"délar, 24% (USS 1 :ilhdes para US$ 240 milhdes). O produto destinava-se aos a coal it: milhoes de toneladas. ndustiaizagio de alumni e teretérios na Amaz®nia Mineragao de bas rembro de 2007, 0 crescente mercado periodo correspondente a 2006 ¢ set jl como grande no voltou a confirmar mais uma vez.0 papel do Bras ;mas minerais ¢ agricolas. Ja acarretadas, a transna- exter exportador de matérias-pri Diante da globalizagao e das mudancas por ¢! clonalizagao das empresas de extracio mineral aumentou, bem com» 5° ampliou a demanda de produdo mineral de transformasio primaria, isto €, ao de matérias-primas com origem em paises perifercosricosem | A internacionalizagio aexportagé como tem sido 0 caso do Br ta estavaassociada recursos minerais, das empresas com origem nos pafses da periferia cap! le fusio, aquisigao ou unto ( quanto ao crescimento das tanto a mecanismos dé ventures etc.) com empresas ou grupos de empresas estrangelras demandas e ao acesso d poupanga externa. abora a erescente expansio econdmica contemporanea das €on® “re commodities tivesse aparenterente,o mesmo estilo docrescimen'o no somente 0 conteido, mas também a atagio do 1 dos atores sociais do setor da pro- “Amaz6nia oriental haviam mudado mias de natureza coloni Estado e das formas de comportament dugio de mercadorias (commodities) na jente. izagoes da produgio do aluminio ou os des fnio s6 aconteceram, timidamente, restritos dese cabos de alumi envolvimentos das cadeias completas do alumi quase to somented Alubar Cabos ~fabrica de versal cena desde 1999 ~ em razio da auséncia de uma eco- nio instalada em Barcat ‘somia de aplorerario expressiva(ou de voetcada consunidonsit escala snte-vidvel (Coelho ¢ Monteiro, 2002) economicame! Modernizacao do desenvolvimento e papel do Estado: lutas simbélicas e teérico-discursivas ram elaborados e implantados os projetos de explorago brasileira foi marcada por debates teéri- do na indugéo da modernizagto, do ‘A época em que fo dda bausxita na Amaz6nia orient «os intensos acerca do papel do Esta Capitalismo globalizado e recursos erritorias desenvolvimento ¢ também dos diferentes modelos econémicos voltados (ou nao) para os paises periféricos ao mundo ja desenvolvido. £ também um periodo definido pela busca de um novo padrio de insergao do Brasil no cenério geopolitico ¢ no capitalismo mun izando a Amazonia ‘oriental como fronteira econémica ainda nao inteiramente explorada. Por fronteira econdmica, entendemos as éreas novas de incorporacio a econo- iia, onde sio estabelecidas as atividades econdmicas promissoras de acordo com 0 modelo capitalist infraestrutura logi cas e econdmicas e novas inst 1. relagdes em redes técni- ges viabilizadoras da economia nacional ou regional/local. ‘Nos anos 1940-50, o debate girou em torno do crescimento econdmico, or meio do planejamento ¢ intervencao estatal, para alcangar a moder- nizagio. Por desenvolvimentismo, entendemos “a ideologia de superagio sbreza e do atraso br: leiro por meio de uma industralizagao plane- + uma ideologia comprometida com 0 “projeto econdmico de consti smo industrial moderno” que se encontrava em curso lanejado, visando a alterar suas internacional do trabalho, e forneceram infraestrutura, subsidios e incentivos necessérios & tansformacio industrial. Tudo isso alimentado ou justificado pelas perspectivas tedricas de desenvolvimento econémico, divulgadas e defendidas pelos tedricos da Comissio Econémica para a América Latina e 0 Caribe (Cepal). Ainsuficiéncia de know-how ede capital para investi levou economistas do porte de Roberto Campos a defender a participayao/do capital estrangeiro ‘no desenvolvimento da economia brasileira, bem como alteragées na taxa de remessa de lucros para o exterior. Assim, entre 0s anos 1950 ¢ 19700 capital estrangeiro, o capital nacional e a participacao do Estado, também como ‘empresirio nasatividades produtivas ede infraestrutura, passaram a formar © tripé que sustentaria 0 desenvolvimento econémico do pais (Evans, 1979). 4780 de aluminio eteritérios na Amaz6nia Mineragae de bauxita, ind 'As discussdes tencionavam principalmente a exploracio de recursos ener- géticos e minerais, dependente de grandes somas de capital Entre as polémicas da época, destacavam-se a quebra do monopolio estatal, o estimulo as parcerias entre capital estatal e nacional e a necessi- dade de nova regulagio das remessas de lucro ~ a primeira dirigida, princi- palmente, para o petréleo eas duas tltimas, para a mineragio. A parceria ddas empresas estrangeiras ficou restrita a uma participagio menor, inferior 450%. Entretanto, para a remessa de lucros para os paises de origem, houve levacio da taxa anteriormente estabelecida. Projetos territoriais e escalas locais ciaisestabelecidas expressas nos territdrios das empre- Asrelagbes socioespas as a cada escala considerada: sas ou dos grupos soci local ou global. Enquanto no(s) territéri ais a manifestagao das dinamicas do capitalismo global, nos te «dos moradores locais hi uma expressio maior das relagdes entre empresal sureza ¢ na sociedade. Porém, mesmo a(s) empresa(s) nacional(is) ou ‘multinacional(is) sofre(m) influéncia do local em suas decisbes. Os atores sociais (empresas e grupos sociais de moradores locais) reagem e resistem de formas diferenciadas as mudancas que variam com a escala analisada. Asins- ses sio definidas de acordo com atores envolvidos, érgios reguladores, problemas e solugées também particulares a cada escala. As estratégias de territorializacio de naturezas variadas sao criativamente elaboradas, respei- tando as escalas consideradas, e podem ser titeis a um ou mais territérios. da(s) empresa(s) verifica-se lizagao Territ6rios em formacao e processos de te’ ‘Ao territério (entendido aqui nao como 0 conjunto formado pelo Estado- -nacio, pela populagio e pelo territ6rio nacional, mas no sentido antro- Capitatismo globalizado e recursos ter pologico, de sistemas sociais e terrtoriais fechad dominio imater séneros) de vida pec ‘mamente a sobrevivénc! , aplicam-se tanto 0 simbélico, quanto o material. Al dos modos (ou 8, € necessirio haver formas de garat Nn atual e futura, de seus integrantes, podendo-se u nao, para isso, contar com auxilio externo. © territério diz respeito as relagées entre poder e espaco (Haesbaert, 1997; Souza € Teixeira, 2009). ‘0 mesmo tempo, oreflexo do trabalho de um grupo soc nein cab ciéncia de si, de sua existéncia social) e de seu peso politico, O grupo social precisa ter peso politico para continuar a exercer seu poder projetado num ome meen para continuar lutando ¢ ainda para assegurar os espacos oan coe portadores de localizagio, posigio geogréfica, Para Raffesti (i ir autono- ima e vegetagio especificos. leritério é um espago especifico (demarcado) que ‘ses marcadas pelo poder: Para Sacks (1986), as teritorialidades humanas pos ser entendidas como estratégiasespacais de dominos dos recursos ‘eregulagao das agées e comportamento de individuos, por meio do controle Trata-se do exercicio dos poderes pela(s) camada(s) soci ‘num determinado periodo. Os territéf aa ae ios, portanto, envolvem relagdes de naga e lutas pelo poder para serém conquistados e mantidos. Para . 6s territ6rios expressam-se pela institucionalizagio das normas le convivio, de conduta ou de comportamento, de produsio de relagdes de Vitinhanga e de seguranca. Os territrios precisam ser permanentemente (eJcriados ou (re)inventados para ter vida longa. - A implantagio de projetos de exploracao mineral e de industrializa- leira levou a superposicio ou & le diferentes economias ou territérios em construgio, que vao desde o(s) territério( frtiees no étnicos. 18) da(s) empresa() até os dos grupos sociais étnicos e Mineracdo de bauxita,industrializagao de aluminio e trrtorios na Amazbnia Na escala local, além dos fazendeiros/pecuaristas, castanheiros, grande «e médios agricultores,extrativistas,identificamos grupos sociais que bus- cam compor territérios fechados, como grupos quilombolas ¢ indigenas (embora possam nao chegat a formar territ6rios inviolados),¢ que, contem- sivo objeto de estudos de cientistas sociais brasileiros. Estes porancamente, mos sao formados por pequenos agri coletada ou cultivada e em volume de producio), pobres ou descapi dos, cuja origem étnica pode ser quilombola, indigena ou de outros grupos tidos como tradicionais. Isto é, muitos desses atores sociais so migrantes jgrantes ou descendentes de migrantes, descendentes de escravos da regio amazénica ou do Nordeste, domi- ltores e extrativistas (em area a pobres ( negros, indigenas ou caboclos, nantemente), antigos ou recentes, sendo que muitos foram atraidos para o local na segunda metade do século XX pela abertura das estradas, pela instalagio de projetos mineradores, agricolas ou madeireiros. ‘Nas dreas concedidas & exploragio mineral pelo governo federal, as 1 ou parcialmente remanejadas para outras populagdes locais foram t smo dos projetos desenvolvimentistas. A par~ reas geogrificas fora do tir das mudangas sociais e econdmicas ali ocorridas e das transformagbes provocadas pelos movimentos dos atores sociais(incluindo as empresas) cs grupos humanos afetados criaram estratégias de terrtorializagao si sgulares ou comuns aos diversos territérios formados, j6 que uma estra gia pode ser aplicada a mais do que um terrtério. A histéria dos povos, tradicionais ou nao tradicionais, suas origens, suas decisdes, suas traje- aces a organizagdes ou movimentos sociais fora da torias e suas vincul regido comegaram, entio, a ser investigadas. As acdes sociais hegemonicas « contra-hegem@nicas passaram a ser igualmente objetos de andlise, bem como os propésitos eas dinmicas de produgao ede lutas pelo poder desses povos. Nao s6 a confrontagao entre atores socials, mas também as natt= eras das cooperagoes modernizadoras entre atores sociais necessitavam ainda ser examinadas. CCapitalismo globalizado e recursos ter De modo geral, as populagies (sociedades) tradicionais amazénicas ‘inham pouca ou nenhuma influéncia p Em muitos casos, desconhe- cia-se tudo o que dizia respeito a elas: sua existéncia, sua identidade, 0 uso que faziam de recursos localmente disponi seus modos de vida ou de produgio, suas priticas de uso da terra e seus conhecimentos acumulados. As elites amazénicas ou as sociedades urbanas viam, e ainda veem, com hostilidade os grupos étnicos (indios, quilombolas etc) e agroextrat considerando-os partes de uma Amaz6nia remota, ainda incégnita, no civilizada ou mesmo atrasada, Com a implantagao de empresas mineradoras em areas tradicional- ‘mente ocupadas por nativos ou migrantes nordestinos, 0s territ6rios insti- tucionalizados assumiram importancia no processo de dar vis ‘atores no hegem@nicos. Chamou-se a atengao para es territérios organizados, que se contrapunham aos tert lade aos atores, para seus érios das empre- imulando e facilitando a cooperacao entre atores sociais. Os espagos ‘abalhados ou usados e os objetos de demarcagio adquiriram um carater politico de territ6rio, reconhecido num novo contexto de lutas em redes pelo poder, As ameagas aos modos de vida, de trabalho e de producio, assim como 0 receio de que as mineradoras pusessem em perigo a repro- . ‘Sumério mineral: aluminio 2007. Disponivel em: . jo de Impacto Ambiental Porto Trombetas teudo.asp? anni (Mineragio Rio do Nort jo de Janeiro: Consultoria e Engenharia do Meio Ambiente; et géographie indus ites environnementales.. vines po R10, G, A. Délocal centre les contraintes énergét Paris: BHESS, 1994. Tese de doutorado. Copitalismo globalizado e recursos teritrias voxrsn, M. The competitive advantage of nations. Nova York: The Free Press, 1990, Rarresti, C. Por uma geografia do poder. Sio Paulo sacks, R. Human territorlal ‘SANTOS, Boaventura de Sousa. Por que & que Cuba se transformou num problema di il para a esquerda? Cadernos da América Latina, X, Sio Paulo, Clacso, 2009. h SANTOS, Breno A. dos. Amazénia: potenci mento. Sio Paulo: T, A. Queiro SANTos, Milton; sinvEIRA, ML, O Bras inerale perspectivas de desenvolvi- ritbrio e sociedade no inicio do século XXI Rio de Janeiro: Record, 2001, Souza, ML. de; rxtxeia, E. T. Fincando bandeiras, resignificando o espaco: territérids e “lugares” do movimento sem teto, Gidades, v6, 0-9, p. 29-65, 2009. \WALLERSTEIN, I. The modern world system. Nova York: Acaclemic Press, 1974 ‘A mulher que faz a venda, sindnimo de tabuleiro de doces, guarda uma limpada tunicamente para sair noite, nas festas, com a luz, Nao serve para outro mister em tiguidade, Tabuleiro com casa, £ um pormenor que se tornow maquina ps toalha branca, os bolos e doces colocados em fileiras, os que melam, Jonge dos

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