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Folha negra

Casimiro de Abreu
Sinh,
Um outro mancebo
Alegre, poeta e crente,
Soltara um canto fervente
De amor talvez! - de alegria,
E aqui nas folhas do livro
Deixara - amor e poesia.
Mas eu que no tenho risos
Nem alegrias to pouco,
Nem sinto esse fogo louco
Que a mocidade consome,
Nas brancas folhas do livro
S posso deixar meu nome!
triste como um gemido,
vago como um lamento;
- Queixume que solta o vento
Nas pedras duma ruma
Na hora em que o sol se apaga
E quando o lrio s'inclina!...
Grito de angstia do pobre
Que sobre as guas se afoga,
Cadver que bia e voga
Longe da praia querida,
Grito de quem n'agonia
- J morto - se apega vida!
Vozes de flauta longnqua
Que as nossas mgoas aviva,
Soluo da patativa,
Queixume do mar que rola,
Cantiga em noite de lua
Cantada ao som da viola!...
Saudades do pegureiro
Que chora o seu lar amado,
- Calado e s - recostado
Na pedra dalgum caminho...
Cano de santa doura
Da me que embala o filhinho!...
Meu nome!... simples e pobre
Mas sombrio e traz dores,
- Grinalda de murchas flores
Que o sol queima e no consome...
- Sinh!... das folhas do livro
bom tirar o meu nome!...

Setembro - 1858

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