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Karl Mannheim x DA CULTURA, x o ° _ 2 3 3 n se eles fazer que, enquanto grupo, of recursos materiais. Eles partidos, tanto que os ent sv Aw EDITORA PERSPECTIVA | | que a situagao, & EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO ia 139 86 abdica quando 2. O Problema da ““Intelligentsia’’. Um Estudo de seu Papel no Passado e no Presente 1. © Autodescobrimento dos Grupos Sociais ‘Vivemos numa época de crescente autoconsciéncia. Néo 6 uma fé fundamentalmente nova o que distingue nosso tem- po de outros, mas sim uma preocupagic e uma autoconscién- ‘ia cada vez’ maiores. Qual € a natureza dessa consciéncia contemporinea? Em periodos precedentes, 0 homem vivia numa atmosfera de crengas em que nada o levava a se auto-avaliar. Vivia sem reocupar-se em saber como vivia. Aceitava a fé, 0 conhe- Cimento © a acdo assim como aceitamos a propria vida. O homem de épocas anteriores vivia fora do tempo, sem neces- _sidade de refletir sobre as condigdes de sua existéncia. Para, n6s, @ inteligibilidade tornou-se essencial. Procuramos dar nome no s6 a0 conhecido, mas também’ ao desconhecido. A necessidade de pensar no é por certo nova; mas 0 objetivo anterior do pensamento era apenas a auto-afirmaco e a auto- conlianca, sendo nessa busca de confianga que o homem acei- tava incondicionalmente a si préprio e suas erengas. © pensamento moderno se orienta para outra diregio. Seu, objetivo néo é nem a seguranga nem a reconciliagio com as condigdes de vida existentes. Quem experimenta a mudanga de suas préprias circunstAncias nfo se percebe em termos fixos ¢ definitivos'. Sua visio nunca sé tora com- acta; por.desprender-se de qualquer esauema antes de cris- 1 De tempor cra tempos, perebemas reages leis cra mobile seal por Bete aghast a oun mee ms 70 SOCIOLOGIA DA CULTURA talizar em torno de uma imagem nitida do mundo, A auto- suficiéncia inabalavel também ja ndo pode mais ser um ideal. Bastar-se a si proprio é 0 ideal de uma sociedade firme- mente arraigada ao passo que o tipo representativo de nossa era tem as caracteristicas de Proteu, sempre a transcender © reconstruir a si proprio, impulsionade pelas forcas da reno- vacio ¢ da reforma, © individuo ajustado ao molde medieval procurava reviver um papel velho. O tipo novo, formado de inicio por exemplos individuais a partit da dissolucdo da visio com- pacia da Idade Média, vive-abusca perene de novos hori- zonies. Procura perscrutar cada nova verdade, descobrindo nesse processo a natureza fortuita das situagdes particulares. Enquanto o tipo estacionério aceita cada condica0o como uma ordem atemporal de existéncia, 0 dindmico afasta em sua busca falsos absolutos © dedica:se deliberadamente a0 nivel finito e condicional das coisas. Mas ao aventurar-se além os limites de uma cosmovisio estabelecida ele se defronta @ cada passo com a eterna questao: como atingir e levar a cabo decisdesincondicinais em face de uma existéncin cond A despeito de sua variabilidade em diferentes épocus, 0 homem sempre s¢ coloca questées similares sobre si_mesmo: como pensar-se para agir. Algum tipo de concepcao do mundo e do eu, ainda que no formulada, nos acompanha a cada passo. A pergunta: quem somos? € sempre feita, mas ‘com objetos de permeio. E no confronto com coisas ou situa- .g6es que 0 homem reflete sobre si. Eu ndo saberia o que responder se me perguntassem quem sou ou o que sou; seria outro 0 caso, porém, se a pergunta fosse 0 que Sou aos olhos de A ou B. E através das visdes dos outros que nos com: preendemos a nds mesmos. A questéo decisiva, entretanto, 6 saber quem & esse outro em cujos olhos nos vemos. © que & verdade para o individuo se aplica quase que identicamente aos grupos. Bles também tém um “eu refle- tido”, para usar os termos expressivos de Cooley. A. his- téria das auto-interpretagdes coletivas, que néo € 0 tema deste ensaio, € num certo sentido a propria evolugio da conscigneia, caracterizando-se cada fase desse desenvolvi- mento pela natureza desses outros em cuja imagem 0 homem, se vé. O mais longo desses perfodos se caracteriza pela tentativa de compreender-se face a um Deus personificado, numa relaglo que vai desde 2 situagdo senhor-escravo até a de pai-filho, [Cada uma dessas_relagdes expressava_um paradigma social existente € um conjunto de normas rea garantidas em ltima instincia por um deus personificado..| ‘A dissipagio dessa cosmovisio unitéria da Idade Média area o inicio da longa busca de uma nova gerantia para 8 SE eee ed novas normas. $6 depois de varias solugses intermediérias @ que o Tluminismo chegou A tao desejada garantia de uma fora ordem: @ Razio. Em retrospecto, pode-se qualificar as normas atemporais da Razio como sendo as regras da fordem competitiva das classes médias, Entretanto, nfo se dove estreitar os limites dessa ordem, pois ela inclui_ as cortes de principes absolutistas © as Durocracias recém- constituidas. ° (© absoluto seguinte — a “Histéria” — surgiu depois da derrota da Revolugio Francesa ¢ da Restauragio subse~ giiente. Foi através da dcificagio da Hist6ria que os opo- ftentes das revolugdes das classes médias conseguiram provar que a Ravfo absoluta por clas entronizada nao passava de ima das possiveis variantes da Razao, todas clas produtos histricos. ; Nao é essa a ocasido para mostrar como nesse passo em retaguarda a filosofia do racionalismo. abandonou ens anscios de absoluto ao conceder-the um cardter tempo- fal, ow ainda como ela retrocedeu a uma concep¢ao mais abstrata e formal da Razio, Mas mesmo com essa, versio Secundéria e formalista, 0° racionalismo nao pode impedir © surgimento de afirmagées novas ¢ substantivas ‘Na medida em que a propria Ruzio so apresentava como fungio da Histéria, novamente se deslocavam as bases da auto-interpretagdo. a nfo. se pode mais defender um ponto de vista em termos de sua racionalidade intrinseca, Sado que s6 a Histéria poderia legitimar — ow invalidar — uma pretensto politica. Nesse contexto, era preferivel ficar com © Weltgeist? ou ser o expoente da préxima fase histérica {que ser um profeta de verdades.fora do tempo. O_pragma- temo. hist6rico sobrepés-se @ revelagio. Enquanto alguns procuraram identficar seu ponto de vista com o veredito tlti- ero da Hist6ria, outros preferiram a sangio da etapa seguinte. Entre as formulagdes destacéveis se encontram: “Cada época esté préxima de Deus”; “A Histéria do mundo é um tribunal do mundo"; e até mesmo: “Deus esté do lado dos batalhdes mais fortes". Tais expressdes, de autojustificagao_hist6riea, procedentes que sio de Ranke, Hegel Marx, configuram-se Eegundo a linguagem do pragmatismo historice, ‘A base da compreenstio ¢ da auto-rcalizagio humana deslocou-se ainda uma vez quando 0 argumento histérico dew lugar a0 sociol6gico. ace ‘A interpretagio sociol6gica sobrepés-se & historica em virtude de sua problemética ainda mais fundamental: qual € > agente dessa mudanca perpétua que cria novas normas © revoga velhas? De quem trata a Histéria? De fato, & claro {que a palavra “mudanga” s6 tem sentido enquanto predicado dle una oragao que estabelece que algo muda, Quando usada 2 Eapirin da peer, (We do 7 como sujeito, a Histéria torna-se uma entidade mitica ¢ in- compresnsfvel que ocupa o lugar deixado pelo Deus criador. Apesar de alguns flésofos da histéria ainda se preocuparem com a natureza da historicidade, o obscuro verbalismo da Yoga pés-hegeliana abriu caminko a uma corrente.de_pensi- mento que pode ser resumida nos seguintes postulados (a) Os homens sio os autores reais da mudanca, © no 2 histéria; (b) As variagSes do “intelecto” sdo as mutagdes do espitito humano; (©) Nio € 2 mente de um individuo isolado que muda, ‘mas as percepgées de seres sociais; (4) A hist6ria do espirito humano expressa as conse- cutivas tens6es e reconciliagées dos grupos. fi nfio se trata mais de substitutivos verbais, mas de] agbes observadas ¢ das perplexidades periédicas do homem. Assim sendo, novamente deslocou-se a base para a a terpretago do homem. Fla na" mais 8e-Vé fio « de tm Deus pOSb-dz Rardo, da Mistora, ou de um Weligelst, ‘mas através da_perspectiva’de seus objetivos sociais. Neste onto, cabe a questo: ndo serd esse panoratia sociolégico outra visio passageira, logo_substituivel por outra melhor? Talvez; mas até agora nenhum outro método superou o socio- légico © nenhuma tentativa mostrou-se mais adequada. De- jvemos notar quo na succsséo de esforcos interpretativos. cada {um 6 mais inclusivo e mais fundamental que o anterior, © | gue cada nova solugo contém ¢ resolve a anterior. Isto é mais vertade no exqlema de rererencie soctoTOgico do que ‘em qualquer outro, a tal ponto que quando a discussdo & livre © aberta a sociologia se toma o campo inescapével de auto- validagio tanto de radicais quanto de moderados ¢ conser dores. Jé no € mais possivel oricntar-se diante do estado atual de coisas sem uma compreensio sociolégica © hist6rica de si mesmo, ‘Quas’pbservagdes ulteriores seguem ao exposto. A. Em cada poca, 0 homens atingem alguma forma de auto-avaliagio mais ou menos adequada ao controle de suas circunstincias. | Si em geral of pioneiros individuais que primeiro adaptam suas concepges uma situacio alte- rada, de modo a restabelecer algum grat de congruéncia entre suas agées © pensamentos. Gradualmente, os outros, que de inicio resistiam as novas propostas, acabam por adoté-las na medida em que suas situagSes também mudam. B. Nao 6 necessério interpretar como sintoma de deca déncia a gradual-substituicio do trago anterior de persona~ pelas-Tovas-tendéncias” tities é lade, OS HOVOS TragOS desenvolvem-se como resposta aunt mundo cada vez mais dindmico, que ao modo de vida rural acrescentou um modo urbano, ao agririo um modo industrial, © ao feudal um modo burocrdtico. 0 pioneiro tornou-se figura central nessa trans formagdo, pois cle a aceita tal como é € est sempre disposto fa rever sa posigto numa ordem em mudanga’, Nesse esfor- Go, a sociologia revela-se melhor instrumento porque su2s| hipoteses de trabalho, em comparagio com outras, sio mais inclusivas © mais adequadas as circunsténcias, A hipdtese’ de um mundo regido por uma autoridade vingativa era ade- ‘quada a uma situacdo na qual a natureza produzia os clemen- tos essenciais & vida. A dependéncia aos caprichos da chuva fe do vento acha-se adequadamente expressa numa Welt- ‘anschauung que tem por base o destino ou um Deus implacé- vel. E atuando sobre a agricultura que a tecnologia comega a substituir 0 destino. A passagem da enxada ao trator marca © setraimento acelerado do dominio do impredizivel, e nesse processo torna-se cada vez menos relevante a suposigo de ‘uma vontade inescrutavel e todo-poderosa, Nesse novo esta- ddo de coisas, de nada serve buscar uma sinopse que reconci lie as idéiag que o homem tem do mundo com suas perplexi- dades crénicas. Neste ponto, o-agricultor prefere um plano detalhado de ago antes que uma concepgio tranqiillizadora do cosmos. Os critérios para uma-adequada_auto-avaliagio também mudam ag nivel da organizacdo social. | Uma sinopse geral ‘que harmonize pensamenio €-tomportamento social s6 se aplica a uma, sociedade estruturalmente simples © relativa- mente estavel) Na medida em que as relagdes sociais se pautam_pela_conformidade, obediéneia © reciprocidade, "a hipétese de um plano preordénado representa o maximo pos sivel de orientagdo ética,. Mas mesmo uma sociedade em transformagio, com uma populacio densa especializada, no pode funcionar sem um plano de trabalho, compreendido ‘ho menos por alguns, capaz de explicar e orientar os mini mos detalhes dos necessérios desempenhos.\ Se_hoje_nos_ pergunfamos quem ¢ o que somos, ¢ que pretendemos_redes: ‘cobrir nosso lugar na ordem social existent Nossa época caracleriza-se no s6 por uma crescente | autoconsciéneia como também por nossa_capacidade—de /~ rminar_a_natureza concreta__dessa_conseiéncla: viveimos um tempo de existéneia—social consciente. Este processo| do auto-esclarecimento comecou dé Daixo para cima, Certa- mente, as. classes-médias dispunham, desde seus_primérdios, de algum tipo de orientacio sociol6gica e pode-se, de certo modo, detectar vislumbres sociolégicos no pensamento poll- 5. A cate repeto, ver a stnervgher de David Rigman sobre a denarii ox fnotsthea Padbpns © savored, gemmeanad pesnaldage “Yes te ida pele outros, [te Lonely ios, New Hare, ete tae pPipetn, tol. "Debate m4). Ee Aas Se tico no patriciado que governou as cidades-estado da Renas- cenga. Pode-se dizet 0 mesmo das chancelarias dos. estados territoriais, assim como nao se deve esquecer a significacio sociolégica de escritores da Restauragio como Maistre, Mas € 86 no pensamento do proletariado que a perspectiva socio~ légica tornou-se globalizante. © proletariade foi © primeiro grupo a propor-se uma auto-avaliagao sociolégice consistente © a adquirir uma consciéncia de classe sistemitica _ A-consciéncia.social. ja nfo. é mais_privilégio do prole- utariado; ela aparece também.nas-classes superiores ¢-so"desen- ‘olve mais € mais’ em. todos.os_tipos de grupo, inclusive’ ‘aqueles com base nas diferengas de sexo e idade, Qual seria entio a origem tipica da consciéneia de grupo? {Ela comega com a tenttiva dé um grupo de avliac sua Pasi, |¢fio_numa_situagao nova. As mulheres, nesse sentido, for- mam um grupo relativamente novo. Nao é nem por moda nem acaso que o questionamento da posigao da mulher, dos jovens © dos velhos tem-se proliferado como nunca. Cada tum desses grupos procura redefinir sua posigéo na sociedade, © a0 fazé-lo € forgado nao s6 & auto-avaliagio mas também 8 critica das interpretagdes existentes. AS mulheres. accit vam a defini¢ao que os homens davam de seu papel; mais que isso, elas acostumaram a ver-se como os homens as. viam, A consciéncia dese fato é quo marca o inicio.da consciéncia grupal_fominina. | Uma definigio coletiva, tal como a inter- pretago dos homens sobre-as-mulheres, néo-é-apenas-uma mera hipétese ou uma teoria.substituivel,-mas-é-a~prépria fonte de hibitos e agdes coletivas. "Portanto, na_medida em que um grupo critica sua definiggo-decretada por outso,_cle passa criticar sua propria relagdo com esse outro grupo, Basta lenibrar a pega de Ibsen A Casa de Bonecas, que pela primeira vez na literatura moderna apresenta 0 confronto de duas concepgées de mulher. (Uma nova auto-avaliacio, tal como a atingida por Nora na peca de Tben, raramente tem éxito sem a confirmagao de individuos movidos por propostas andlogas € colocados em situagées andlogas. ) O mesmo ocorre, mutatit_mutandis, com a juventude alema. Ela produziu um arsenal de teorias filoséficas, rea- gindo todas & concepsdo corrente de juventude engendrada Por uma geragio anterior. Na visio anterior, a juventude era definida a partir de um papel derivado, como estigio preliminar 4 maturidade. E precisamente essa colocagio que as vérias proclamagdes da juventude.alacaram_ao_aficmar.o valor auiénomo de ser jovem. O impeto social desse movi- mento omanelpaCGe-WIVER’ da Revolugio Industriel, que ofereceu oportunidades sem precedentes a mocos adaptaveis © com espirito de inicitiva, de preferéncia a homens mais velhos, com idéias fixas e hébitos de trabalho estabelecidos, © PROBLEMA DA “INTELLIGENTSIA’ 1% Na sociedade estével dos camponeses € artestios, os adultos © os velhos — guardities da tradiciio — sio os intérpretes piiblicos da ordem social que eles construfram em seu préprio favor, ao paso que a sociedade industrial valoriza cada vez mais’ a juventude e deprecia o saber acumuado‘. (Seria interessante investigar se a uiilidade decrescente dos grupos de mais idade necessariamente debilita seu papel ideol6gico. Para responder a essa questi, teriamos que estabelecer quais, configuragies intensificam a atuagdo social das geragoes mais velhas €, consegllentemente, quais situagdes favorecem os jovens. "A dinimica da Revolugao Industrial 6 apenas um dos diferentes fatores.) Nom sempre a consciéncia social coincide com a « dencia dos prapos, aja visio que a reagto consent danica social € um fendmeno moderno. \ Como ja foi fiato,- esta € tuma caracteristica de totfos os estratos © nfo apenas do proletariado, apesar de sua autoconseiéncia ter sido 1 primeira e a mais marcante dessas manifestagées. O fato de que tais aspiragdes s6 tenham tido éxito em nossa época pode ser atribuido 2 varias circunstincias, mas é evidente que, nha medida em que € dominado por outro, um grupo aceita pel que Ihe€ imiposto como um Tato natural. ~~ QDSs Tatorsd tornam possi yutoconsciéncia social. Primeito, algociedade contemporiinea des uma, gra de variedadé de controles S tuir..o..poder coercitivo. ehguanto garantia primordial de sul io’,) Segundo, a sociedide contempordnea assumiu. une” grande parcel controle educacional e distiplinar antes’ exercide pelos_grupos priniarios € organizagoes comunitarias ~~ Examinemos o primeiro fator. Se nos perguntarmos por que os conflitos de classe da Antigiiidade ou os subseqiientes aantagonismos entre mestres € artesdcs no originaram a cons- 1 Vole & pena citar sma interemante obseragfo de Max Weber com rex pete, aed "2A dade one aa da home, Oy selon ‘arn howorifico eon comuntiades excinivaienteilenadin_ pearl, pela ‘inven pla Tet ‘conucudindea uy aprada. Dado sed eonbectmerta dx {rip vee, $9 oars mat ice dat pass «bus Pace Iitwli de que is “dcctes tomadat no “corctat. Ta. ‘enaepeatoas de Pvc conte: smi: ee femimena fo corte, ON prestige fstvo, Ede enquante a vat’ considervclncnte 2 ackgadlr onde o-alimerto Stator ven ne prety eomedersdor wm Sn.” At eres eres ‘T fane doe eller om seleie aoe ue ao. em Idade, ler 1 man tn cen ae fsene fee no pretest veo, O Ini,’ ade posite Tenndo "adler eagrnda™ eciname ‘Por ome silva Conderata sempre ue east & ade |FRisrmee”" SEE" poo 'ver mbes’ oberrogde_ de kincsLry “nuvi sobré "uae do joven sense, “The Socgiogy of Barent'Yeuth Confit, mer in Soclogral fino, "460. 10. pb 525555) 5 David Risman desceve ui etdsip avancado do, prose que asta une Confunt dntesladoaado de" propor de Pro, “eds 4m dos uns hte Dam eoneauir iter procs tide como conriiog ets, Intefeses outlet Gulios "Jena de Tiger male tretae®, "(ihe Lonely Crowd, Carden Cl, 76 Ee eee Se Soe cigncia de classe, teremos que estudar as circunstincias se- gundo as quais a sociedade industrial viria a produzir traba- Thadores livres © associagdes contratuais livres. © éxito no_ mercado livre competitivo cigncia Continua da mudanga social, A necessiria adaptacao a essas mudaTigas’ exige reagoes tiediatas ¢ juizos mrs dentes, livres das ilusdes convencionais ow mitolégicas. individuo compelido a viver de seus expedientes e das opor i) tunidades do momento j4 nfo pode se sentir comprometid com um modo de vida prescrito. O efeito imediato des novo estado de coisas ¢ uma racionalidade crescente, primeiro no comportamento econémico, depois em situagdes. deriva das ¢ finalmente na conceituagao dos proprios intoresses. (Nessas situagdes o homem aptende a orientar-se_ segundo seus, proprios pontos dé vista ¢ a abrir mio de ideologias tradi eionais nao"pertinentes. Esse € o primero passo para assumindo um carter coletivo quando individuos em posi¢io anfloga descobrem seus denominadores comuns ¢ chegam & definigéio comum de seus papéis.’ As ideologias de grupos assim criadas pautam-se pelo desprezo aos sentimentos tradi- cionais ligados ao sangue, lagos regionais ou honra de casta. Q segundo fator que favorece de_grupo. ima_pessoa_nluma_aimosfera a_moderna_pritica de educar_u soclalmente neutra, cuja no_tipo tradicional_de. bia 9 surgimento de uma orjentacdo grupal_nova, dependent, | J4 se tem observado com freqiiéncia que o artesfio nao podia adquirir uma consciéncia de classe propria, mesmo na época de seu declinio econdmico, enquanto vivesse com a familia do mestre. )Essa situagtio comum de grupo primério de mestres © artesios ou aprendizes perpetuava tanto a lealdade dos iiltimos 2 guilda como suas esperancas de atingir a posigdo de mestre de offcio. E precisamente essa situagdo que bloqueou a emergéncia daquele ressenti- mento de classe que levaria o proletariado 2 sua concepgio de sociedade a partir de si proprio. A evolucto de uma consciéncia de grupo feminino apresenta claras analogias. Ela comecou no momento exato em que as mulheres reali- zaram suas vocagées profissionais, orientando suas carreitas segundo a situagio competitiva do mercado. ) Esse fato marcou o inicio do conflito entre a interpretagao tradicional © patriarcal do papel feminino as vis6es de si apresentadas pelas mulheres trabalhadoras. Resumamos os argumentos apresentados até este pont 1. As idcologias cocxistem_em_inter-relagio_antag6- nica._‘A forma extrema desse antagonismo consiste fos pres “SUPOSEGS ndo-verbal:zados e no esquema de_pensamento ten- dencioso com que! os. grupos dominantes inibem «formic ee ee eee ee _de_uma_autoconsciéncia independente por parte dos estritos subordinados., Dado que estes no” encontram um escape adequado para seus impulsos sociais, usualmente recorrem auio-repressio © & sublimagao, para usar a terminologia freu- diana, em contraste com a liberdade dos dominantes, capazes de reagir segundo suas préprias autoconcepcies. Esse meca- nismo também atua na relagdo entre os sexos na medida em ‘que uma sociedade dominada pelos homens assegura a estes ampla margem de liberdade de expresso, enquanto confina @ conduta feminina a rigidos preceitos de adequacio. se deve confundir o controle masculino da expresso femi com a proposigio mais geral de que & impossfvel a vida grupal sem algum grau de inibicdo, /A questio é se-um_grupo cria -suas_prprias inibjgdes-ou deve aceiticlas de-outtas.. + 2. Uma tendéncia importante da sociedade moderna (Sobre a qual se insistiré mais no ensaio subseqtiente sobre Democratizagdo) pode se ver no fato de que cada_grupo tonde a desenvolver sua prépria perspectiva 6 a descngajat-se rintepretacao piblica da ordem existent 3. Esta é também a razio do conhecido mas pouco explicado(fenémeno de_quea-democratizacio, em sua_pri- ‘meira etapa, no produz igualdade/nem unidade universal. de_ pensamento, mas acentua as divergéncias.entre grupos.) Na verdade, testemminhamos 0 crescimento continuo do naciona~ lismo, ¢ ndo do cosmopolitismo®. O proceso democritico, que reforga a capacidade geral de autodcterminacio, integra Primordialmente aqueles que vivem situagdes comuns © des- perta a conscigncia grupal em escala nacional antes de ex- pend-la a uma dimensio global. | Nesse sent'do, 0 naciona- lismo 6 um fendmeno paralelo a0 feminismo © a0 movimento da juventude alema, “> 2. Esbogo de uma Teoria Socioidgica da “Intelligentsia” “2, © surgimento da intelligentsia marca_a_tltima_fase_do ccescimenta da conseltacla social, A Vueligentsa fo 0 timo © © proceso, democritico tem caiondo ex mesma manifesto. dee «fim dx Mande Milla camo. send pelo" dseansivimentg™ dean exons fava, Soin Fantini" wats provindae, "etl ade "com" ato Er saat cits dete Wcovlvinents atm cnreasto adoro pent de eta feces), settr crnor "Depok dat crenter”Intercona, "que Bint Cede SNF Sino XY. aoe mtpeeste como wu cto femme Sin fmn's€ deve a0 fc e's eter Tanga rae eves SSN lati tn Seema ol, a ede VacinTnical de Ques scale XV fof eminantcmente vim século alemo deve emo 7 Segond ccnai! ee fol sale dtr ie ‘e universal dn “aporea” da Tiade” Melia" (onmo, Qecaente eer dentchen Kon, ad” Beriinetprig, 12h V_ thy 188. IR teaunda tng ‘do proce” demoerteg, iiciada’ ne pertodo da Revolues France spe {stimu ‘a feutsliae. soe Retadoeterkonai eigide overnite como" vactnatama, meruenteidcokgiy "do. Tiumintmo, News ova fue, o'naionallameexpundiasedo dmbito eps) 30 nacional, em aspects fi ciura tomo. polices 78 SOCIOLOGIA DA CULTURA grupo a adotar o ponto de vista sociolégico, pois_sua_posi- fo na divisko social dO ifaballio niio The propicia_acesso direto a nenhum segmento vital ¢ alive da sociedade. O ga- inete recluso ea dependéncia Tivresca s6 permitem uma isio derivada do processo social. Nao é por acaso que essa ‘camada ignorou_por tanto tempo o cardter social da mu- danga, E os que finalmente se mostraram sensiveis 20 pulso Social de seu tempo encontraram o caminho para uma apre- ciagio sociolégica de_sua propria _posigéo bloqueado pelo. proletariado, Tal fenémeno nfo decorre nem de um acidente, nem de um projeto. O. proletariado ja havia aperfeicoado sua pré- pria visio do mundo quando os setardatérios entraram em cena, ¢ aquela visio do mutido tinha os mesmos efeitos hip- néticos de ideologias anteriores usados por grupos dominan- tes para impor-se a estratos subordinados. Era natural que © proletariado se colocasse no. centro de sua visio do mundo. ‘Todos os grupos aue buscam uma otientagdo social comegain por uma interpretagfo da sociedade que os enfatiza, ctiando assim uma parcialidade-que-s6-se-corrige num nivel mais el yado de reflexio.— nivel. esse: que-se-atinge através. da so- ciologia do conhecimento, Os estratos subseqiientes, portan- to, tiveram que haver-se com a ideologia arraigada do proletariado antes que pudessom compreender-se a si pré- prios. | Esse proceso é paralelo ao de emancipacéo do proletariado das ideologias aue anteciormente impediam sua conscigncia de classe. No momento em que comegaram a buscar sua orientagdo sociolégica, setores esparsos da intel- ligentsia passaram a interpretar-se dentro do quadro de re- feréncias que o proletariado criara para si. Tsso explica_a repentina queda da auto-estima da_inteligentsia; seu velho orgulho deu lugar & subserviéncia ‘A attogincia anterior do intelectual pode em parte set explicada pelo fato de ter ele sido, por tanto tempo, 0 tinico intérprete-acreditado do mundo. ‘Tal prerrogativa justifica- vaslhe a pretensdo de um papel importante, ainda que sua atuago fosse posta a servigo de outras classes. A histéria da intelligentsia esté repleta de exemplos de sua auto-impor- tiincia, desde a imperlosidade das camadas sacerdotais ¢ seus rivais, os profetas, até os poeias Taureados do Humanismo, | os visionArios hist6ricos do Muminismo ¢ os filésofos roman- ticos que ditavam o Weligeist. Nao se deve, & claro, ignorar a longa Tuta pelo reconhecimento que aleou escultores, arquitetos e pintores do nivel de artesdios e servos respeitada posicio de artistas, principalmente desde o fim da dade Média e da Renascenca. Estes foram, entretanto, excecdes. Assim como alguns pintores de patronos bem postos nfo se esqueceriam de retratar-se em algum canto de uma pintura (© PROBLEMA DA “INTELLAGENTSIA” 79 alegérica, alguns fil6sofos também se_teservaram_um_nicho preferido em suas Weltanschawung. Mas a {6 do erudito em | Sua propria misséo 56 dura enquanto ele detém x chave dos \ j | segredos do universo, enquanto cle € 0 Sérgio pensante de ‘outros grupos. Sua presuncZo se esvai diante da, iva. i i} i io do mundo de outro grupo. O servilismo de alguns mo- dernos intelectuais independentes decorre de uma sensacio de impoténeia que os invade quando cles — feiticeiros de cconceitos e reis do dominio das idéies — séio desafiados a estabelecer sun identidade social. Descobrem entdo que nfo || tém nenhuma, ¢ é disso que tomam consciéncia. ‘Temos que reconhdcer a impressionante consisténcia | com que @ proletriado reinterpretou o universo social. De- | vemos perguntar, por outro lado, em que medida esse novo ponto de vista impds A intelligentsia uma auto-apreciacio inadequada c estranha, Passemos entiio a0 exame do aparato | conceitual que Marx elaborou para as necessidades de uma classe social, ‘A) Qual'é 0 eixo de-uma-sociologia proletiria? # uma sociologia de classe que opera com_apenas-uma categoria so- | \ Giolégica: a classe. Dentro desse estreito esquema de refe- | réncia um fendmeno é ou de classe ou nio. Esta técnica de prejulgar um tema vem sendo empregada a fim de minar a autoconfianga do oponente, confrontando-o com uma alter~ | nativa dentro da qual ele nio pode afirmar-se, Usando uma analogia: uma mulher forgada a ver-se segundo a alternativa de dona de casa ou prostituta nfo seré capaz de associar-se ‘a nenhum dos papéis adicionais que o movimento emancipa- Gionista tornou possiveis. Este € um dos métodos mais sublimados, ¢ ao mesmo tempo menos angustiantes de formar uma ideologia. Nao { se trata porém de um estratagema calculado, mas de um método que confunde 0 oponente precisamente por brotar/ de uma auto-afirmagio agressiva e irrefletida. O préprio pro- Ietariado ja foi no passada objeto passivo desse mesmo método de controle ideolégico. | E assim_os intelectuais, pouc-dados ao pensamento sociol6gico, acabam por. colocat-te diante da) °\. aiternativa classe.cu-nio-classe.para_afinal_descobrir apenas “Sua prépria nulidade;-pois dado que néo sejam_uma classe, certamente deveriam ser uma nfic-entidade socigl: "Essa abrupta perda de autocerteza seguiu (dois tipi 0 primeiro foi a Gcolha) feita_pelos intelectuais_que. se| ~~ uniram aos partidos opecirios. Nao se tratava de uma aliangal entre iguais, mas de uma disposigao autodestrutiva de desem-| penhar 0. papel de funcionétio proletério, do mesmo modo] gue alguns predecessores seus defenderam a causa das clas-) ses dominantes de outras eras, | 80, SOCIOLOGIA DA CULTURA | ©-egundo caminh® teve em Scheler seu melhor exem- | plo. Sem qualquer vacilacao, Scheler-adetou as mais radieais redefinigdes de seu tempo e — como se guiado por um de- | ménio — passou de uma filosofia religiosa e histérica para | uma orientagfo socio ‘endo experimentado o impacto das foreas sociais sobre o pensamento, Scheler caiu vitima de tum nihilismo intelectual, ¢ quase no fim de sua vida conc2- } bet um livro sobre “A Impoténcia da Mente”. lg ,O-pensamento socolénico io conduz necesaviamente intelligentsia a0 derrotismo ¢_&.subestima. Para localizar-s¢ numa orden cambiante, € preciso estar pronto para sha donar interpretagoes impostas e pensar a_partir fro ponto de vita — como afide deve fazer agua grupo at &_possivel azeraliangas-politicns, mas-consciente_da prépria ter ficado claro que a intelligentsia nao é de modo algum uma classe, que ela nao pode formar | im partido’, © que ela € incapaz de realizar age ais tentativas estavam Tadadas a0 fracasso,(pois a acto po- litica depende basicamente de interesses ‘comune. de que ccarece a intelligentsia mais do que qualquer outro, grupo. ser-mais-alheio-a-esse-estrato que a menta- 0. do governo, uum agitador politico ou escritor descontente radical, um clé- Tigo e um engenheiro tém poucos interesses tangiveis em comum, Hi mais afinidade entre o escritor “proletério” proletariado do que entre o resto dos tipos intelectuais men- cionados. E do conhecimento ¢ pe lado, que os renegados fi da ati cia _reagem de modo diverso de outros membros de seu pr6- prio estrato menos favorecidos socialmente. de seus pr6- prios interesses de classe distintos, os. intelectuais introduzem fem sua vocagAo intelectual_uma_motivacdo especial © 77 atitude particular que o socislogo néo pode deixar de iden tificar. ¢ | A intelligentsia € uma camada intersticial; e a sociologia » proletaria, centrada que em torno dos conceitos de classe. | partido, néo podia deixar de atribuir a esse agregado sem ca- racteristicas de classe o papel de satélite de uma ou outra das classes © partidos existentes. Tal concepeo naturalmente es- conde as motivagdes pecutiares do intelectual e & capaz. de pa- | ‘ralisar sua auto-estima, E compreensivel que o politico faca pouco uso das peculiaridades dessas existéncias politicamente indefiniveis, pols ele lida com tangentes claras que unem ou dividem as pessoas. Pode permitir-se pensar em termos ex- clusivamente politicos ¢ ignorar agrupamentos politicamente 2, Fara ums andlie. de, ais tentative na Eran, ver a star, Gelli nemote in “woetnen Framer "Manigun, 1922 eapecniaente © Cape VE tent "Cai -Der Sata der geen afer i drach, Seen ae ne ee Br invelevantes, © soci6logo, por outro lado, é um diagnosticador de fondmenos sociais e sua tareia ¢ ade diferencia. > Pode-se resumir as Cat do seguinte modo: ¢ tum agregado situado_enits-< nao acima das classes, © membro individual da intelligentsia pole ter, particular de | classe, e em conflitos reais ele pode alinfiar-se_com_.um_ou ‘ito partido politico, Mais ainda, suas posicdes podem reve- | lar uma clara posigo de classe." Mas além e acima dessas aliliagdes, ele 6 motivado pelo fato de que seu treinamento 0 (@gulpou para eneaar problemas. do-momento-a-partrde as perspectivas e nfo apenas de uma de_controvérsias. Dissemos que cle estd & para enearar 0 problems de su époct apart de | x niais'de uma tinica perspectiva, ainda que em diferentes. tle poss etiar como paride e alabarse Como uma cay | se. |Seu equipamento adquirido tora-o mais instével.que-os. | outros. O memb intelligentsia pode mais facilmente | mudar seu ponto de vista ¢ esté menos rigidamente engajaclo | rum Indo do conflito, pois ele é éapaz de experimentar conco- mitantemente varias abordagens conflitantes da mesma coisa Essa propensio pode ecasionalmente entrar em conflto com of interesses de classe da mesma pessoa. O fato de estat exposto a varias facetas da mesma questo, assim como seu acesso mais facil a outras interprotagées da situagao, de um Jado fazem com que o intelectual se reconhega numa érea mais ampla de uma sociedade polarizada; mas de outro, essas | mesmas, condigées fazem dele um aliado. menos digno de |) Conianga que elguém cus esolhas se referem a una slog | menor das varias facetas sob as quais a realidade se apresenta Em termos de experiéncia politica, os intclectuais sentem-se menos compelidos pela pritica do voto partidério consistente ol, da defesa inalterével da mesma posicéo. “Ct ple sat ai oom plificagdes expedientes co funcionsrio-partidério ou de uma fcciologia de classe, ainda que se possa pereeber una cons- cigncia comum desses fatos aparentemente elusivos na distine ‘elo comumente feta entre pessoas “cultas” e “incaltas”. Para © senso comum, essas duas categorias aparecem tao diferen- ciadas socialmente como as categorias empregador © empre~ gado ot rico pobre. © mesmo fato & também expresso pela autoconsciéncia ainda mais desenvolvida com que as pessoas diferenciam sua falta de cultura de sua falta de meios. Tais diferengas nfo se tormam evidentes num quadro de referencia sociol6gico centrado no conceito de classe Convém a esta altura reafirmar que Gs intelectual? no ee ee eee m_mais_dotados que outros grupos_para_superar fo5_engajamentos_de_classe. Em anilise anterior strato, usei o termo “intelligentsia relativamente des-, ‘eomprometida” (relativ freischwebende Intelligenz), —que | aecitei de Alfred Weber, sem pretender sugerit um grupo completamente desligado € livre das relagdes de classe. ‘O eplteto relativ nfo 6 uma palavra_vazia. A expressao sim- plesmente alude a0 fato reconhecido de que os intelectuais — nlio_reagem diante_de_determinadas_situagies_de mado tio {20280 como por exemplo os empregados ou os operarios. "Ate ‘mesmo estes “iltimos, “de tempos em tempos, demonstram variagdes ‘em suas reagdes a dados assuntos, mais ainda as chamadas classes-médias; porém o_ menos uniforme 6 0.com- Portamento politico da intelligenjsia, A historia natural deste fendmeno € um tépico deste ensaio ¢ de um estudo anterior Feita essa adverténcia, € de se esperar que os criticos nao Voltem a simplificar minha tese, de acordo com suas conve- niéneias, & proposicio facilmente refutével de que a intelli- genisia seja um estrato elevado acima das classes ou que Possua revelagdes préprias. Com respeito a esse iiltimo ponto; © que eu pretendia demonstrar é que cettos tipos de inte lectual possuem maiores oportunidades de testar e aplicar as visdes socialmente disponiveis e de experimentar suas incoc- réncias. Voltarei mais tarde a essa questio, Como sito Identificados os Grupos Sociaiy > Para determinar a posigio social da intelligentsia devere- ‘mos inicialmente reexaminar os procedimentos socioldgicos que operam exclusivamente com os conceitos de classe ¢inte= tesse_de classe. Mas, antes estabeleceremos as diferengas entre + lasse e Classe consciente’. A primeira designa_a posigiio de individuos © grupos na ordem. soci | J foi apontado ‘rlormente que o termo a social” | 6 mois inclsivo que "posigto potica”. Posto socal um termo geral gue se refere & exposic¢ao continua de alguns indi- | Viduos a influgncias semethantes ou as mesmas oportunidades, | PersuasGes e-restricdes. Um habitat social comum nfo cria necessatiamenté Tnteresses andlogos; por exemplo, a posisio comum das diferentes minorias étnicas pode ser concebida 4 Sdeology an Utopia, Loniese Novs York, 1986, po: 16-48, rad side Spo tint € Utopin por Seruio agulnicsSamieee Cea Galmariey Rio Ge"Fanain,"Eanar kde toes. Ny ES 2 Acolarvisto metodoligic. de Geiger tustante pertinene a ese tee ele cae, canceto orito de tnt, et michael tem es im conceit chistes torna improve quand € derivado de gltaa Ne ym atupy & aplead aout" (asiek, Phendots"Dre ScicNany Ses Sasishoe Vein Susanne tod, 85 (© PROBLEMA DA “INTELLIGENTSIA® 83 cm si mesma, sem Ievar em conta interesses de grupo". “O tetmo “posigo” pode mesmo ser dilatado pata-incluir fené- menos como geracdes e grupos etérios!', Posicto de clasiey por outro lado, implica uma certa_afinidads. do inicresses no interior de uma socledade diversificada_qu ul_pader, prerrogativas diferenciais e oportunidades econdmicas de mode seletivo" Para passar do conceito de posigo ao de classe & pre- ciso familiarizar-se com o cardter posicional do comporta- mento, Compreendemos 0 homem antes de mais nada atra- vés de seu comportamento € motivagoes, o8 quais, por sua vvez, dependem de sua orientagiio numa dada situagio. Fala- se entio de €Ompartamento_posicional)se a conduta de uma pessoa relaciona-se & sua posicao. O termo orientagio_ posi- cional nfo deve ser entendido de modo deierminista, posto | gue uma. dada posigdo permite mais de um tipo de compor- | famento, Ao mesmo tempo, um comportamento 6 posicional | somente se guiado pelos impulsos latentes numa posigao, em contraste com as atitudes de uma crianga ou de um incapaz, que no discernem sua posigio nem respondem a ela. Uma | Posigo temum componente objetivo c outro subjetivo. O | cardter objetivo de uma posigio pode ser definido sem refe- éncia ao comportamento dos que a ocupam, dado que uma posicdo simplesmente existe, a despeito das reagdes que se fenha diante dela, Apesar de uma posi¢io s6 se coneretizar © se tornar discernfvel através do comportamento dos que dela participam, estes podem encontrar-se nela e nio reagir de modo tipico e predizivel. A forma mais importante de comportamento posicional | € aguela orientada unicamente pelos interesses econdmicos | do individuo. Pode-se entio falar de umaclasse)se os indic Viduos atuam uniformemente, de acordo comfy seus interesses e sua posiglo andloga no processo de produeo. Uma elasse consents por outro lado, caacterzase pela tendén. | cia -de-seus membros a agit coletivamente de uma avaliagfo.consciente de sua.posigao.de classe em relaca¢ 4 todos os demais estratos da sociedade. | Posigio de classe, classe e classe consciente constituem trés_nfveis de diferencias precisa necessariamente coincidi ‘Partidos de classe,/sind- 1A eee ote pv de cane «orcs deat fol perce de modo elite oe nee 2 eARne ME Rees cts {loam ‘tyntormat wna clane america déarevada: numa. cine pacleaea Smoneta. "Eparatoinparine rom snes Sania te clases Sele aubjeina'e objets (Fhe Paychtogd of Eee, Imeolvemenia ara out, Toei ps5) Yer 0 ensio do autor “The Problem of Generation”, eb: et 12s wisiog spas de statue e conecton de sttur abe podem vir x aso sepa fos Io en Taos nr uri tm Dye pe 8-005 ver taba Wriactr" ens Caton The Piscean ay eee Ts vty of Dt, pid eat ?) || catos © grupos de pressio sio em geral manifestagies da ter- Antes de passar @ Ui Fetomar alguns. pontos A. Nao afirmamos que o.comportamento humano é unicamente orientado pot_interesses. econdmicos, mas suge. rimos que a estrutura de ago que tem essa motivacio consti: tui um modelo itil para a andlise sociolégica — como fo} bem demonstrado por Max Weber". “ Apesar da conduta tradicional ser em si o oposto do comportamento racional, cla freatientemente preserva um micleo prévio de racionali- dade. A tradicio tanto pode proceder de interesses passiidos quanto da magia, B. Com bastante freqliéncia, o teigo nao consogue identificar 0 jogo de interesses racionais em agdes irracional- mente motivadas. A observancia de preccitos religiosos, no -racional em si, costuma estar a servico de fins racionals, a\ comhecida andlise de Max Weber sobre o ascetismo puritano~| { € um bom exemplo, A motivacio primeira desse ascetismo | era inquestionavelmente religiosa, embora correspondesse a | uma atitude racional com respeito a valores econbmicos im | posta pelo capitalismo comercial em expansio. |Afinal de | contas, o homem néo pode agir sem alguma refer@ncia a sua | Posioto e negar as condigoes socias de sua existéncia: 0 qu conta, portanto, 6 0 que ele faz, © nio_o.aue_pensa que faz. As agdes podem perfeitamente atingir um certo objetivo sem ser motivadas por ele. Freqiientemente, uma série infindavel de pequenas adaptagées inconscientes acabam por rearientar ‘um tipo originalmente disfuncional de comportamento, diti- gindo-o para canais racionais. C. Praticamente, todas as pessoas tém_motivacdes ambivalentese mais de um habitar soe A-postetOde a orlanto, € uma posi se uma das vérias me vagSes para. a ago, Isso se aplica- especialment@-a0-tntelec | tual, devido-principalmente_a_seu maior envolvimento na comunicagio interclasses. Suas opgses politicas dependem no 86 de sua posicao de classe, mas de entendimentos man- tidos com membros de outras classes. D. Estas consideragées nfo terdo sentido enquanto se aceitar a dogmética concepefo de classe apresentada pela teoria marxista. Desse ponto de vista, nio se pode tratar ade~ guadamente a intelligentsia enquanto fenémeno social: Em contraste com-sua~inténgo positivista, a filosofia marxista segue 0 tipo medieval de realismo conccitual cuja ontologia evita o individuo. ‘Af temos um traco hegeliano do marxismo. © marxismo concebe classe como tendo uma natureza ‘mas ia ndlise da intelligentsia, convém 15 woe, Max Wirtalt und Gesllchef “TObingen, 1982. Cap. 11 10 conwtte de Comiporstt sea | I cro-humana, ¢ 0 individuo como mero instrumento-de um Leviaté coletivo.\ Na visto marxista, a classe parece ser tao.) independente das percepgdes © reacoes do individuo como | eram os universais da Idade Média. Uma vez conceituadas desse modo, as classes podem facilmente transformar-se em compartimentos verbais, e se diz que o individuo pertence a esta ou aquela classe. “Apesar da doutrina nao ser exposta desse modo, tal conclusio € inelutavel para os que pensar em termos de classe ou ndo-classe. Dessa perspectiva, nio se consegue apreender um fendmeno to evasivo e ambiva- lente como a intelligentsia, declarando irrelevantes as nuances distintivas que a delineiam © passando a identificé-la com | alguma classe ow a consideré-la a reboque dessa ou daquela classe A anilise desse estrato nos dé uma oportunidade de' vr revelar a-faldcia dessa abordagem. A @ass@ distinta de posi- > | so de clase, nfo pode set pensada independentemente das | |)” | agGes-de-individuos, Mas sini Como um grupo-que reage de modo homogér uma posicao econdmica idéntica. Somente | fas motivagoes de clas Toman Unt ndivlluo Rembre de uma classe. Uma vez esclarecido esse ponto, pode-se atribuir | algum significado. is vérias motivagdes que afetam as opeées polices. Enquanto algumas pessoas seguem apenas uma motivagio preponderanic, outras” 580 sujeites a persuasbes confltantes, Isso ni se’ aplica’s6- sos intlectuas, mas, a qualquer um que pertenga a uma profissio de acesso restrito, 6 seremos capazes do compreender situacées ambiva- eis Sckeree cian ee | conceito marista de classe e 0 torna adverso a uma psicolo« gia concreta. E preciso fundamentar o conceito de classe: sobre agées e preferéncias individuais para poder’ avaliar situagSes alternativas, além de reconhecer que uma classe o.absorve nem_explica por complet Ses do iduo_conercto. Se, apesar de tudo isso nfo adotamos infeiramente os procedimentos dos nominalistas socologicos, que 86 atribuem realidade aos atos e percepgdes do individuo, porque eles tendem a ignorar tanto as situagdes como a independéncia e a dinfmica relativas de estruturas grupais. Por mais que a suposigao de aue o individuo seja o locus primeiro. de realidade ‘nos pareca inelutavel, nao. devemos Impedir-nos de examinar as condigses objetivae que confron- tam o individuo a cada passo. Essas condigdes canalizam e motivam seu comportamento, esteja cle ou no consciente delas, A conseqigncia extrema da visio nominalista € um mundo nio-estruturado, um vacuo social que torna as agées do individuo concreto tao incompreensiveis como na viséo do um realise doutringic 86 SOCIOLOGIA DA CULTURA 0 provedimento aue propomos baseia-se nas segvintes consideragGes. | Sustentamos, com os realistas,_que-o_compor- tamento_do_individuo_ndo pode ser_adequadamente com preendida separado.de~suas relaghes 5 ; fejeliamos & pritica “realista”” de conceder — por razGes politicas ou religiosas — prioridade a um agrupamento particular tal como classe, rasa, igreja ou nagto, e nos opomes a interpre tagio de aue todos os outros agrogados sociais derivem do inico agrupamento “real”. (Aceitamos a inteng2o dos nomi- nalistas de compreender o comportamento ¢ as motivagoes do individuo, mas nos opomos & sua tendéncia de conceber © individuo como uma entidade socialmente desvinculada € residual, JAcreditamos que o_individuo enauanto tal_ s6 pode ser compreendido através Sa ete aioe Selo jo numa multipli- ue cidade de agrupamientos, algans dos quais coordenados tos superposios ow mesino em conllito. O que torna o. indi vidio” Sociologicamenie rel 6 seu_comparativo desvinculamento.da_sociedade, eu_envolvimento. milti- plo. © processo de individualizagao tem lugar no proprio Proceso através do qual 0 individuo se identifica com grupos superpostos ¢ conflitantes. B nesse sentido que passaremos a examinar as afilia~ ges miltiplas e as motivagdes ambivalentes, particularmente no caso da intelligentsia. Tipos de “Intelligentsia”” ~S> Passamos agora_das_preliminares aos fatores que nos permitem falar da CREGERE como. um nico tipo social ‘De que fontes decorre a ambivaléncia de seus componentes, © de onde provém suas motivacdes particulares, acima e além de suas posigées de classe? © principal atributo_comum dos intelectuais & sou cor tato, em_graus diferenciados, com a cultura, Esse contato, eniretanto, pode significar uma série de coisas: a maioria dos equivocos decorre das vérias imterpretagdes que se daa “ser cultc”!._Passemos entdo a diferenciacao. 1. _A primeira esta implicita na distingao entre as a vidades G@anua) ¢ Gntelectualy Tal polarizagao” nao ~€-tota mente desprovida de seniido. Indica uma diversidade de eios ¢ instrumentos de trabalho yocacional sem referéncia & camada social. Se em épocas pregressas tal justaposicio sempre conotou algum tipo de avaliagao social, por exemplo UA dieu do ain song di nant o pneu fy Inet “fetes gvonur de inletuns Misha “expoetgag a tena em Fleet’, ‘Uispen Tes prendre mink incpscade cedar te five’ tipo pacar ee Genome! 8 Sntetientae solamente. devine Petes utes Beslonsdor por car omive te compel 4 eaborat econo fe sntctligenila com cate © pres, eee eS ee a posicdo social, a democratizagfio do trabalho na sociedade moderna despojou a distingao entre os dois tipos de atividade de suas antigas conotacées valorativas”®. \Numa sociedade de especializagao ocupacional, a natureza particular do traba- tho torna-se cada vez menos um simbolo de status. Para dar-se conta dessa tendéncia moderna basta pensar na antiga diferenciagdo romana entre opera servilia e artes liberales. © primeiro caso designava varios tipos de trabalho fisieo de que nao cram dignos os homens livres, exceto o servico mili- tar, gindstica © competigdes; a0 passo que as artes liberales ja tinkam algo da classificacao posterior das profiss6es li- ber 2. Um segundo estégio na avaliagso das. ocupagies intelectuais j4 imolica frontalmente_o slafus_sociak 0 con- traste anterior enlte atividades fisicas © mentais d& Iugar & nova diferenciago entre profissdes liberais e oficios. O pri- meiro caso designa uma preocupagio com as artes, ciéncias ¢ religigo em si mesmas © sem renuneragéo. A auséncia de Consiceracées pecunidrias € um importante elemento do pres- tigio ligado 2 essas ocupagies. Seu cultivo desinteressado 86, ge far possivel a fidalgos auto-suficientes. “Uma_profissio: livre nesse sentide implica nao s6 uma. Et ‘como uma fonte de prestigio e um ethos v9 seja, devorio desinteressada_a_uma_mi prego ioral, entretanto, obscurece com freaiiéncia o fato de que 0 prestigio ndo resulta ‘da atividade desinteressada tenquanto tal, mas da propria posigdo social que a torna pos- sivel. (Isso pode ser bem ilustrado pelo antigo costume se- gundo'o aval o médico educado na tradigio hipocritica 86 podia dedicar-se a diagnésticos e prognésticas, devendo dei Kar acirurgia, a terapia e a enfermagem a ajudantes assala- Tiados.| A mesma diferenciagio entre as profissbes liberais © as Jacagoes remuneradas revela os antecedentes da praticd © Manterior ao surgimento da burocracia moderna — de colo- car os negécios piiblicos nas _maos, de funcionérios honori- ficos: proprietirios rurais nao remunerados (como na Ingla- terra) ‘ot patricios independentes. 3. Esta classificagio aristocrdtica das_ocupacdes.intg- lectuais_sinda_sg.-acha_presente.-numa_ierceiradistinga, Suet entre Giltos Geblideten) ec inciios Esta diferes- Gagao € ainda muito significativa nas pequenas cidades de varios paises da América do Sul c da Europa, particular~ mente ha Alemanha. Essas designagbes néo se referem ape- fas a profissdes © educagio académica ou as castas feudais ji destparecidas", Nesse sentido particular, o termo “culto” 15 Ver 0 ensao scguinte done vokmfe ere. "Democeaingta", « tombént yo ata Bio Riley des Comebeerfes, Tbingen, HES To Pata pate sca, tor svsmene-NOW BER CAMUAXTE, Denise Besse sie, en ie spect DBS et 88 SOCIOLOGIA DA CULTURA inclui figuras respeitaveis como 0 doutor, o advogado, 0 pro- fessor, 0 pastor, o comerciante e o industrial, em suma, Petsonagens habituadas d reunir-se na taverna favorita ea ~ visitar-se entre si. Estéo aqui operando trés principios inter amici de Slo ou oa ‘QutigdosocigD 6 end Uma renda substancial pode compensar alguma falta ie cultura e vice-versa. A selegdo resultante nao falta uma cetta dose de homogencidade. Baseia-se em grande escala na etiqueta social similar, no estilo de vida similar e num senso comum de decoro, Esta simbiose social Produz uma cultura homogénea, isto 6, uma forma convencional de refi hhamenta social seletivo. 4. Esse trago convencional dos “‘cultos” vem rapida- mente perdendo a vigéncia desde 0 Surgimento do Estado absoluto © sua burocracia tecnicamente preparada, A hierar quia burocrética cria seus préprios critérios de distingao atra- vés de um novo sistema de certficados para as carsciras da administragao pablica”. Com essa nova base, cultos,passaram a ser identi espeltabilidade cede lugar a diferenciagao entre os que pos. suem ou nao educacio académica", e na Alemanha isso" che ou 8 hierarquizai¢io~dos“diplomas conforme o mimero de anos de estudo, Uma sociedade industrial nfo pode evitar a’ uniformi- zaglio educacional. Um funcionalismo piblico honoraria de leigos refinados nao corcesponderia as necessidades da socic- dade contemporanra. Tampouco se pode questionar o car’ ter democrético de um sistema que faz do preparo controlado 17 Wek, won divide tum tito, a0 deer ave io hd ida de mou at ste ie a Tenn” ovo ar stun oat fe im ano. ceo Alo le. Belem Atco. de Tad aston rai ge Ae {he tataormou umn acto uate) “num sceaes Seek or, “Bas Berechiiungeend’, em Die drachane, 158m, 4 1 Marece ve sistema praniano de cerifcaden sc orgy com. trede se, Gales cry ean oN ae see ae Ineo, depois da Grasnanca de I71i, dor just delegation tanita es Me ‘ede Yod n Futhnis foram oviandh scar com patie teens ‘atirg "permaneccram wma excel: pars ata posites, dataset sparta pric ue ‘as “Bupciiene de Stvognos Pele ale toad sxriimiaton Euro due 0 shtema’ de exams Tol pemuger pore wi Sepals, "polao meso. tempo fol decetad que. bee ha! nao reels {irc se pal'eme aun ucla.” Unucante, € bot leroy ave pee dejo cpr decors Ba alan pbk en gral ola ton dn Pe rande coniderou ter sido. cae @ melhor estimule paras, Torwagher dea, {bo tancinde ‘de Funcondsin Ver tors, Geehichi der WeRienee” heen im Bere 4 Sonat © ano de 1786 ¢ 0 grande marco na hina do sistema slemo de cv gfe ined wm eds fe rasta fonitny oe See ae tenet Ieetttimemade ot gee folie creatine Peco Tap BE, ONES BoE Recodo: 30 reventemente ema" proiate Et renee, fectainente ¢ artigo “Berechtnungsvenaes + S07 Cekermar, v.11, 198, © PROBLEMA DA “INTELLIGENTSIA 80 a base da qualificagdo ocupacional, pois, pelo menos em principio, a educacio & acessivel a todos. No entanto, este sistema cria um novo tipo de diferenciacao, © nao apenas pelas exigéncias pecunifrias que os estudos superiores acar- retam, Desse modo, a_administracko burocratica da_sociedade X alemd_introduziu_um advoyetitério de_intelectualidade n velhos_conccitos_ convencignais e_aristocraticos de erudigho: z nheciménto aplicdvel) Os exames sistematizedos sm por fungi festar que medida de conhecimento pronta- mente utilizivel o candidato foi capaz de absorver, e se ele domina certos métodos prescritos € padronizados.” B certo que uma sociedade diferenciada requer um pessoal prepa- tudo em matérias especializadas e operacionalmente def das. Mas isso ndo deve obscurecer os aspectos de uma cul- lura que nao sio indispenséveis para carreiras selecionadas. A conveneionalizagio da cultura data do século XVI. Franz Blei afirma que 0 perfodo Rococé quase conseguiv substituir a literatura pela poesia”. A influéncia burocritica alimentou © fmpeto dessa tendéncia, particularmente na educagao su- perior. Voltaremos a este assunto no final deste ensaio. Deserevemos agui quatro critérios distintos de erudicao~ © educagio. Correspondem a quatro tipos sociais bem dife- renciados por suas caracteristicas ocupacionais, seu. compor- tamento © sua otientacao social. Apesar desses tipos terem- -se originado em diferentes fases d historia, eles ainda coexis- tem na sociedade contempordnea. 'Seria incorreto pensar que eles no representam nenhum trago genuino da intelligentsia, ‘mas seria igualmente falso ver neles as tinicas variantes pos: siveis./ Seja qual for a classe ou posigo social com que as pes- soas acima descritas se identificam, todas dzmonstram desvios* > de conduta caracterfsticos em relaciio a-seus_pares quando.es- {es ndo-compartilham.de.suas.preocupacics.intelccluais. Esse interesse conjunto é uma fonte alternativa de motivagie que desvia a conduta individual da linha prefigurada por sua posigao de classe. O professor que nfo accita remuneracao Por certos servigos esta de certo modo repudiando sua posi so de classe como um empregado de escritério®. Empre- gados do governo freqiientemente rejeitam a sindicalizagio em nome de um prestigio apoiado unicamente em suas ‘concepgdes vocacionais comuns?!, A ambivaléncia do homem culto.e 0 desvio de seu modelo de classe podem ser ex- Plicados pelo fato de que um universo distinto de discurso 19. men, Fram. Der Geist der Rotoko. Munlave, 1628, p. Xt 20 Ne lei white collar worker. (N. do) 21 uaoenrn, 8 wancnon cde reve: Miteliand Sorilockowomite. "Tubingen, 16, wl IK EM \ || | 90 SOCIOLOGIA DA CULTURA tende a criar um grupo undnime com um esprit de corps, especial, ¢ a aumentar a distincia entre os qué podem ou no se comunicar dentro desse universo adquiride de pensamento, Néo € nossa intencdo prolongar o exame dessa tipologia vocacional de intelectuais, pois foi pensada como ponto de pactida. Os tipos de intelligentsia de que tratardo as partes Subseqiientes deste ensaio diferem dos tipos esbogados a ma em virtude da auséncia comparativa de distinoses voca- ionais e de suas motivagdes peculiares, que pretendemos explicitar. Em alguns pontos, pode ser que a discussio ultra- passe of limites da andlise sociol6giea, penetrande no dor nio da filosofia da cultura. (Discute-se ainda se a filosofia € substitute ou extensio da anillise sociolégica. Pretendemos seguir a segunda proposta. 5. O Intelectual Contempordneo Nossa. busca de um conceito adequado de intelectual deve partir de situagdes que permitam um primeito contato com o fenémeno, O termo “culto” fornece um indicio do problema em termos mais abrangentes. O termo “scr culto” faz certa alusio a um envolvimento numa situacao que diz respeito a todos nés sem afetar especialmente a ninguém. © herizonte cognitivo de uma pessoa cobre ao menos a érea dentro da qual ela deve agic e adquirir um corpo de conheci- ‘mento operacional. Sua apreensio do universo humano pode perfeitamente extravasar seu raio de ago, mas nenhuma vyocagdo ou posigéo na sociedade exigem-the uma consciéncia da problemética humana toial mantém en rapport com nossos problemas ¢ nao apenas com ce seus, sendo nesse sentido aue se fala de envolvi situagdo que nos diz respeito a todos. r ‘Apesar dos tipos previamente esbogados no terem sido detinidos desta forma, mio se pode conceber que tal envolvi= ‘mento seja possivel sem algum acesso a0 conhecimento social- mente dado, como no caso dos tipos mencionados, & claro que seria ainda mais_arriscado tomar_por_suposto que todos aqueles cuja_posiedo social Ihes_permite acesso_ao_conheci- iento, ipso facto.o possuem, Para ser. mais espscifico, 0 aheciments se desenvolve em duas direcdes ‘A. No continuum. da_experiéucia cotidiana (categoria 4 qual Dilthey, Scheler ¢ Heidegger, cada um a seu modo, dedicou bastante atengio), no qual_o individuc ¢ cbrigadoa resolver os. problemas_préticos-que_surgem_cm..suapropria vida, Tais problemas sao €nfrentado’ com 0 auxilio de um ‘corpo de conhecimentos auc 0 individuo adquite de modo espontiineo, casual ou imitativo, mas de qual Os homens cultos é que sey Ji, © PROBLIMA DA “INTELLIGENTSIA ” um método consciente, A informagio assim adquirida cons- “tar a desireza do artesio, a experiéncia de vida ¢ 0 savoir faire. B. Um tipo diferente de aprendizado_origina-se_da corrente, esorérica de transiiS40-aue, num_ certo estado de Eomplexidade soc ane e yeiculo da Teducagio’s A visio esotérica de mundo nfo é uma aquisigad espontinea, mas resulta de esforcos dedicados e de uma tradigao culti- vada? Em culturas simples, esses dois tipos de conhecimento freqiientemente se confundem. Assim, técnicas artesanais tri- balmente monopolizadas — elas préprias um elemento da rotina didria — freqlientemente constituem um elemento sa- ‘prado, ao passo que 2 magia, cuja fonte ¢ substiincia sio esotéricas, faz parte do ciclo diario de atividades privadas, (As sociedades complexas, entretanto, tendem a scparar 0 \ dominio do conhecimento-didtiodo_esotérico, ¢, ao mesmo (tempo, a aumentar a distancia entre os grupos aue se encar- | regam’de um ou de outro, ~ A separagio patente desses dois dominios desponta com ‘6 surgimento do xama vocacional e, particularmente, com a aparigdo da guilda ¢ finalmente da casta de feiticeiros®. As igrejas monopolistas igualmente teridem a estabelecer estratos compactos c resguardados de sacerdotes, sejam castas ou estamentos. (A_evoluca ~incomparavel_sig _-squande_os_lcizos rotipem ¢ usurpam_ 0, monopolio.saccrdotal_da.inferpretacao publica.) Em épocas anteriores, s6 esporadicamente © laicato participava da formulacao de opinides pablicas sobre temas Situados fora do dominio da experiéncia privada © cotidiana. Na histéria_curopéia, a_substincia-da_educacao_mudou com 8 secularizagao do saber_no periodo do Humanisme e, mesmo fantes, na resttita cultura da cavalaria medieval:~Os aspects sociol6gicos desse secularismo incipiente néo tém sido sufi- ientemente enfatizados, tornando-se impossivel compreender a avalanche de transformagées subseqtientes sem reconhecer claramente sua origem numa mudanca social relativamente | simples. A chave da nova época_do_saber_esté no fato de que os homens cultos deixam de_constituir uma castaou ‘estamento fechado, pasando a integrar um esiratoaberte. a9 ial ganham_acesso pessoas. dis. mais variadas procedénecias ‘Uma visio unitiria do mundo j4 ndo pode mais imperar, € 0 habito de pensar dentro de um sistema escoldstico fechado dé lugar ao que se pode chamar de reocesso_intelectual) Rasi- 22 Ver muon snannens, The Sorts Hole of the Mon of Knowle, 1340 rage Ace cans the tal Btn Pee ane Ne Yn 128 Para ua shnpse, wer wean tanga, The Ovigin of the Daecnaity 92 SOCIOLOGIA DA CULTURA camente,(esse processo expressa a polatizagio de vérias vi- soes do mundo coexistentes que refletem as tensdes sociais de ‘uma civilizacio complexa.),Q intelectual_moderno que suce- deu_a0_escoléstico nao ili noTar_as talid’ade transform a_perspectiva fragmentéria_do_intelectual_gonten- poraneo ido sao a culininacao de um ceticismo te de uma {én declinio “ou a_prova da incapacidade. de cri Weltanschawung integrada, como pesarosamente .sustentam alguns autores. Muito pelo contririo, a secularizagio ea mullipélaridade de visser. sto conseqléhcla do ato mesmo de que o grupo dos eruditos perdeu sua orgunizacio ta © 8d -prerrogativa-deformular respostas cabaiis as _questocs de seu tempo", © ponto decisivo'e crucial da historia ocidental é a dis solugdo gradual das castas compactas. O homem de letras foi o primeiro a ser afetado por essa mudanca, A maneira pela aval ele conceitualizay a experigncia) reflete a estrutura Ge seu estrato social. © escolislico. seeure em sua posigao de casta, construiu um urcabouco de concsitos estacionério compacto, de acordo com sua existéneia estabilizada.) S6 Tevantou questBes para as ausis ji tinha respostas.. Expressou Giividas apenas para, dissipielas, ¢ nio se sensibilizou dos fatos que no confirmariam suas conviegies, O intelectual 54 moderno possui uma disposicio dinimica e encontra-se pete: ” = prepurado para rever suas opi “comecar de. pois ele tem pouco, atras de si.e-tudo. 8 sua_fremte, Sua sensibilidade as visdes alternativas ¢ is interpretagbes divergentes da mesma experiéncia, entretanto, reflete “uma fonte potencial de suas limitagies — ou seja, uma falsa uni- versalidade © a ilusio de ter apreendido © ponto de vista dos outros quando apenas percebev suas expressdes, Assim mes- mo, no se deveria, como tem ocorrido. subestimar o signi- fieado desse processo intelectual aplicando-Ihe um padréo de medida pertencente a um sistema social estacionirio © pas sado./O anseio de seguranga permitide por aquela ordem social estivel nao deve impedir © reconhecimento das con- quistas tealizadas pela ordem subsegiiente. E nem seria concebivel que aquela unidade perdida de visio pudesse ainda tencantar os que tém consciéncia da base social em que ela se apoiava, . A @npaild ¢ outsa capacidade, significativamente_mo- dea, do intelectual, Pouco tem sido dito sobre a origem socloldgica desse trao, que nfo reflete apenas um fendmeno BA Ver mason, ob ety, TM, Ree eet ee Io || crease psicolégico. Essa eapacidade del ‘por-se no lugar do outro") Bfo'e iio auo-evidente e intempoul CORO” pate parecer 8 primeira vista, Esse trago_di intelectual moderno do ‘solilarig. Esses tiltimos podem possuir sabedoria, mas néo de um tipo caracterizado pela reflexfo que se submete a auto-exames periddicos. E claro ue a simpatia e a compreensio sao tragos universais, mas io se pode dizer 0 mesmo do desejo de penetrar em pontos | dle vista desconhecidos ou desnorteantes. A sabedoria da pes- soa experiente mas “inculta” pode relacionar-se & de outros na medida em que ambos pertencem 20 mesmo meio, 20)», passo quela “verdadcita cducagio” 6 uma transcen- 1 Dew « déncia intsectual do. proprio melo,| §\,_Niio se esta tentando fazer aqui nenhuma comparagio | ‘invejosa; nem é preciso depreciar os duradouros beneficios advindos de uma postura mental aberta ou da longa experién~ lata est. em_ sua capacidade de focalizar problemas reais, A pessoa que forma seu préprio julgamento através do aprendizado direto "da vida nao se perde to facilmente no labirinto dos capri- chos intelectuais. Sua propensio pragmatica para submeter seu pensamento ao teste didrio de relevancia a salvaré da tentagao aue acomete o erudito de extraviar-se no reino das \clucubragées especiosas ¢ inverificaveis. © perigo desse rea lismo, entretanto, esté na possibilidade de ele ser ultrapas- sado por mudancas imperceptiveis, aferrando-se &s méximas de uma drdua experiéneia mesmo depois que os fatos tenham deixado de sustenté-las. Esta é freqiientemente a origem de um falso tradicionalismo cujas normas nfo mais se aplicam 8 situagio existente. O paradoxo que uma mudanca sibita pode ocasionar consiste no fato de que o sealista s6brio € i assentado perde o contato com a realidade ¢ se torna ut6pico i —- um ut6pico do passado, na expresstio de G. Salomon’, Essas so as limitagdes de uma sabedoria centrada na vida, Ela fica limitada as coisas que entram diretamente na situagao vital do individuo e seu Ambito no pode se expan- hi dir muito na auséncia de educagio. A educacio naa_amplia | apenas_os limites | ‘nao afetam nosso ponto faios com os olhos d als a mant enfreniar_os problemas. de_um_mundo. imi tGvel. A educagao’ nos ensina_a.descobrir nossa, prépria_ py ‘Dlematica na problematica de povos distantes ¢ a compreen¢ coutros_pontos_de vista através da redefiniggo do_nosso. E certo que tal propensio ndo € desprovida de perigos; jd os indicamos anteriormente. Uma empatia globalizante pode degenerar ‘num intelectualismo descompromissado, frivolo © vio. © pensador pode perder seu senso de-proporcic, ¢ a0 exercer sua empatia em coisas recOnditas pode deixar de desempenhar seu papel num contexto mais imediato. Estes so 08 perigos, e néo hd aventura desprovida deles, As ¥: tagens_da.educagdio, como as possibilitadas pela época”mo- derma, so inequivocas. Consistem.na expansio do eu através da_participagao de Uma cultura multipolar. Um_individuo pode viver mais que sua prdpria vida e pensar mais que seus prépfios_pensamentos. Pode elevar-se sobre o fatalismo € 0 fanatismo de existéncias solitérias, sejam de individuos, voca- ses ou nagées. O prego dessa vantagem & a disposigio de manter-o etiem recesso, quando necessério, de repensar stias premissas ¢ colocar um ponto_de_intercogagao_no fim dos absolutos. Nao se pode apreciar a mente educada sem dar-se conta do aspecto positive que reveste os atos exploratérios do ceticismo — compreendido este néo sob a forma conge- lada de sistema filos6fico, mas como estado de incerteza tert Essa tendéncia cética, originada na Franga do século XVII, quase deixou a Alemanha de lado, Talvez Nietzsche tenha sido 0 tinico aleméo de renome que compreendeu a Vitalidade do ceticismo francés em sua evolugao desde Mon- taigne até Pascal, La Rochefoucauld, Chamfort © Stendhal. Nenhuma época anterior teve a convicgao da nossa, ov seja: de que ndo possuimos nenlitania verdade. ‘Todas a €pocas antéfiores, mesmo as céticas, tiverami suas verdades*. Esta abordagem revela sua fecundidado particularmente na situagao pedagégica. O orientador indevidamenteeduc cado i 1 er “tra ~$6_se_pode_dominar > uma situagio vendo além dela. S6 se pode compreender um fendmeno identificando sua margem concreta de variabil dade, “Esse é 0 tipo de orientagio que se pode tirar de uma anélise socioldgica genuina. Assim se pode iluminar um ‘impasse aparente, percebendo seu cardter contingonte © as alternativas abertas. Incidentalmente, essa € também a natu- reza da orientagdo que um tipo fértil de psicandlise pode fornecer. Hi algo de incomparavelmente positivo nessa capa- cidade moderna de ver o aspecto transitério de cada situacio, de rejeitar qualquer manifestacdo de fatalismo, de evitar alter~ Lewiithe Skenivers Lichtenberg, Nietathe "Lar ocotogte et neucton toa nativas aparentemente inescapaveis e de olhar atras © além de imutabilidades aparentes. Facamos outra pausa para reconhecer os perigos da moderna faculdade de evitar certos temas ¢ questionar as pro- ptias conviegoes. Nao h4 diividas sobre as conseqiiéncias Acbilitadoras acarretadas por uma perene atitude de divida de si, paralisia dificilmente suportivel por aquele que precisa manter-se. Lembremo-nos também que a facilidade de evitar citiculdades consolida um tipo sem resisténcia © heroismo, incapaz de agio independente Mas nao pode também ocor- rer que o herofsmo degenere num pathes vazio, ou a intrepidez 6 perseveranca em mera obstinacio? Talvez tenha agora ficado ‘claro’ como o eixo ‘sempre variével do pensamento moderno reflete a aparicio do uma intelligentsia desprivilegiada ¢ polarizada, que introduz na opinido piblica todos os pontos de vista inerentes & hetero- zencidade de seus antecedentes sociais. Uma vez rompido © antigo esprit de corps da intelligentsia e desfeita sua orga- nizagio compacta, a tendéncia a questionar ¢ investigar. antes \\v que afirmar,_tomna-se_seu_trago permanente, A’ multipolari- dade desse processo de questionamento cria uma propensio exclusivamente moderna de buscar por trés ¢ além das apa- réncias e.de desmantelar qualquet-esquema fixo do referéncias baseado em verdades timas. ’Intimamente ligada a essa predilecao esté a tendéncia a correr mais que o tempo, a situar-se além e adiante de cada situaga0 e a antecipar alter~ nativas antes que se concretizem. Finalmente, ha 0 contraste entre o sistema fechado, a ordo escoléstica, eo cuidado mo- demo com as perspectivas fechadas: Esta é apenas outra expresso do contraste entre a coesio © homogeneidade dos letrados escolésticos e 0 agregado frouxo e polatizado da intelligentsia. moderna. Estas no so caracteristicas da mente enquanto tal, mas da mentalidade de um estrato aberto e fluido cuja andlise sociolégica fornece uma chave para o pensamento moderno. 6. Os Papéis Historicos da “Intelligentsia” Até este ponto, nossa preocupagio tem sido’a de Joca. lizar_a base. ng, Parece que em iiltima andlise o que denominamos process intelectua — a multipolaridade de visoes — se refere a0 © de_intelectuais inter-relacionados, Este fornece uma explicagdo sociolégica completa da mentalidade tual, mas sugere a situagio bdsica a partir da qual se torna possfvel uma tipologia da intelligentsia cobs ¥ Aw w Y i 96 SOCIOLOGIA DA CULTURA A intelligentsia enquanto grupo especializado em geral © a intelligentsia pés-medieval em particular constituem um. tema central da sociologia do espirito.) Este ensaio ser dedi- cado ao segundo tipo, tendo em vista que sua posicio histé- tica Ihe confere maior relevéincia para nés. A sociologia marxista concebe as manifestacdes intelectuais apenas no contexto mais amplo dos grandes conflitos de classe. Nao se pode negar que essa visdo simplificada contém um fundo de verdade.na medida em que os conflitos centrais da socie~ dade so de interesse basico para o estudo sociolégico da mente. Entretanto, esse procedimento pouco sutil apenas afirma que_hé_uma_relagao entre conflito de classe ¢ ideacio, desprezando os elos intervenientes, E yerdade que o cardter mediatizado da relagao nfo é levado em conta, mas ele nao chega a ser articulado, Os intelectuais que produzem idéias € ideologias constituem © mais importante dos_clos_entre Gindimica social e ideagio. Apesar de ser insustentével con- ceber as ideoTogias meramente a partir da situacdo de seus autores € ignorar 0 cenério mais amplo em que operam, 0 esquema mais amplo da tenséo social tampouco poderd, por si 86, explicar como os porta-vores de certas visdes fazem suas escolhas ¢ sc unem a certos grupos. Para explicar tais fatos, a atenco deverd voltar-se a outras diregdes. Através de alguns exemplos, procuraremos mostr so os _prit cipais problemas da sociologia da intellig sr_abordados”. ‘A questiio s6 pode ser colocada na perspectiva adequa- da uma vez resolvido o problema da conhecida categoria de_ “funcionério”. A sociologia_marxista s6 se_interessa_pelos intelectuais enquanto funciondrios_ou_satélites. (Observe~ a rea limitada da qual o termo geral “funcionério” é deri- vado; sua conotagfio ¢ a de um funcionério sindical.) Bem, esse tipo de sociologia tosca no é completamente desprovido , de sentido. @ cr” Sem duivida, os intelectuais sio_e freqiientemente_tém ’ Sido_meros_provedores de ideologias para certas classes. Fsta, entretanto, € apenas uma dentre uina variedade de fungées ideacionais, e a menos que se considere a todas, 0 estudo do: intelectual nfo tera maior interesse, A csta altura, podemos considerar quatro diretrizes fun- damentais para a sociologia dese tema; as duas primeiras referem-se is caracterfsticas intrinsecas da intelligentsia, as duas ‘ltimas dizem respeito & sua relagdo com o proceso social em geral: Pr © obletivo deve evita € anreseiar wm pov pais pare a exe guns eat te “oiled Bieta Tonk ears 0 PROBLEMA DA” “INT oT (o}1, a origem social dos intelectuais; (n)2. suas associagdes particulares; (0)3. sua mobilidade ascendente ou descendente; (f= sua fungao na sociedade inclusiva x (a) A origem social dos intelectu A.origem social dos intelectuais ¢ relevante para n6s na mmedide om que: pete esclarecer os impulsos grupsis pot freqlenlemene-exprestay” O melo de origen de Unt ia viduo nao nos fornece todos os dados necessirios para uma Compreensio completa de seu desenvolvimento mental, mas indiea alguns fatores de sua predisposigao particular’ para entretar’e experimentar dadas situagoes, Para explicar pa- drdes dominantes de ideag&o sob circunstincias historica~ mente conhecidas, necessitamos nfo sé de historias de vida individuais, mas ‘também dados estatisticos sobre a origem focial (de’classe ou vocacional) © &.posigao de intelectuais Tepresetstivon, “Uma. iteligentia”tadiional,_ erento, pode manter sua_posicio-dominante a despeito do_conifnuc Ingresso de novos membros. Esse tem sido 0 caso na poli- fica, em mlitos casos controlada durante séculos pela nobre- i ineamo depois ds aeensto dos eatratos inferiores & poe. minéncia piiblica. Outro ponto a ser considerado € 0 peso reprevental pelo Malay aotetior de um incividuo apés seu ingresso no grupo; além disso, héo-problema de estralos_superiores_continvam_a_manier_sua esa da troca_de papéis, ¢ se, ou em que medida, os. individuos que entram para a intelligentsia renunciam a seus status ant: riorés, O indice numérico desses antecedentes sociais, é claro, € apenas um dos dados de interesse. Tgualmente importante G saber que tipos de situagGes deram proeminéncia a pessoas de diferentes origens sociais. Finalmente, nfo se deve igno- rar{o fato de que em alguns casos os intelectuais combinam sua identidade anterior com uma nova afiliagzo de sua propria escolha. (b) As afiliagées de intelectuais e artistas Entre a organizagdo compacta € estamental ¢ 0 grupo fluido © aberto, exisiem. varios: tipos_intermedidrios. de_agre- gados nos quais os intelectuais podem.situar:se. Seus con- tatos mituos sio em geral informais,¢sendo 0 grupo pequeno © intimo que fornece © padrio mais freqiente™. \Esse tipo te eee ee Oe eee asc Ntats Bie Eagende yon Soni ve a dnd ol tne cn ee eo 98 SOCIOLOGIA DA CULTURA de grupo desempenhou um papel eminentemente catalitico na formagdo de atitudes comuns ¢ correntes de pensamento. As primitivas organizagées medievais de artistas refle- tem a natureza de suas atividades, exercidas sob a forma tipica de oficios artesanais. O trabalho era centralizado numa oficina comum, realizado por equipes em decorréncia da na- tureza intermitente do emprego, exigia migragies freatientes. (© caréter cooperative do processo de trabalho explica a orga- gio de confraria dos artistas medievais, as primitivas formas de arte ¢ 0 fato de que a individualizagio nesse meio comega bastante tarde. Um_dos_ptimeiros_agrupamentos-de artistas _medievais é a fraternidade-magénica — “Baubiittc” —na Alemanha, A “Baubiitte”, mencionada pela primeira vex no século XII no sul da Franca e na Alemanha, servia de depésito de ferramentas, de oficina de trabalho ¢ de lugar de encontro de pedreiros, arquitetos © escultores. Logo a “Bauhitte” se torna uma’fraternidade que preserva padroes comuns de trabalho, excrce jurisdi¢ao sobre seus membros © protege os segredos do oficio. Os pintores itinerantes se asse- melhavam mais ao tipo de artista independente, apesar de terem freqiientemente encontrado emprego permanente como pintores da corte nas casas de principes, como por exemplo 08 itmios Van Eyck, que tinham o titulo de vaier de chambre. Os poctas também formavam grupos de varios tipos. ‘Na genealogia do poeta antigo encontramos o clarividente; _ptimitivo posta germfinico ¢ conhecidopelonome__de scop®. Originalmente, pertence a0 séquito do principe, leva ‘armas e 56 se distingue por seu talento vocal. Freqilente- mente, entretanto, uma incapacidade fisica ou otra peculia- ridade qualquer 0 colocam na posi¢io de um relativo estra- nho*.. Tal posigéo favorece a reflexio ow uma tendéncia de oposigéo. Esta parece ser uma caracteristica antiga do poeta, pois cle jé 6 distanciado dentro do grupo antes de chegar 20 desengajamento, ‘Além do poeta primitive, encontramos os menestréis andarilhos ¢ os comediantes que seguem a tradiglo e 0 papel do antigo mimico. Estes sio separados por completo, sem nenhuma ligago com séquitos nobres ou vocagies honori- ficas ¢ se classificam ao lado dos fanfarrdes e.prostitutas. Estes possuem desde o inicio uma organizagio e uma solida- riedade de grupo & parte, a0 paso que 0s poetas, que parti- 29 0 cap anile-sinfo & um Homem Tove ave ala nor salen, Gerslmente rerbtce hai de tae senor fends ma mie vec Teva de bunt, Gia'eons eager e corms am conflcente do prigpes Sua ae¢ con SEL. ge taal oe simples lilo Seo nenbones recompensan feos qc cg nat de se epee ite ogee ana © oer cae aia 08 ee oe Pe dees silane a appt gol reer dx Sana Tae ler Pio ae re ee er Lal cipam do sfatus © da posigdo de seus pares nobres, 36 muito mais tarde 6 que irfo adquirir uma consciéncia propria. Bastante peculiar 6 a posigo dos trovadores. Nao ficam fora da hierarguia feudal, apesar de no poucos serem cava- [eiros pobres ou arruinados em situacio marginal. A fonte de sua nobreza nfo € sem importancia, pois alguns a devem fa nascimento enquanto outros descendem dos chamados iministeriales*. Schulte, cujos estudos sio muito importantes para a discussfio desse fema, observa que esses poctas sio fem geral agrupados de acordo com 0 status. Assim, 0 ma- nuscrito de cungées de Heidelberg, inclui em sua lista de cantores primeiro o imperador, depois os principes, condes, bardes, ministeriales e 0s cavaleiros; 0 vitimo grupo com- preende a aristocracia urbana, o clero, os Tetrados, os come Giantes ¢ os burgueses. Essa é a hierarquia do século XII. 0 fato importante aqui 6 que enquanto o poeta é bem iden- tificado pelo status e posigio, 0 refinamento e a cultura come- ‘gam a transformar-se em agente nivelador na medida em que principes e outros nobres se orgulham de contar-se entre os frowveres®. 2 na qualificagao de poeta, por outro lado, que ‘os cavaleiros de condicao modesta encontram compensacao, a tal ponto que o cultivo cultural chega « ser um fator_de Vavango social. A proposigio de que a forma poética depends do status do poeta é bem ilustrada pelo fato de que Walther von der Vogelweide, cavaleiro marginal que se aproxima dos comediantes andarilhos, € o primeiro a introduzir os poemas aforisticos destes na poesia cortess. O_encadeamento-entre a fortia de arte e a posicio social. ¢ claro e direto, ¢ & 86 posteriormente que a significagao social da forma deixa de posteriormente que a significagio social da forma deixa Ge ser compreensivel sem 0 recuo’ da anélise sociol sgica™. Pode-se correlacionar as mudangas de estilo literétio, desde seus primérdios ao apogeu da poesia Iiriea cortesa, com fas mudangas graduais ou posigo social do autor. Schulte observa que 0 estilo primitivo € caracterfstico da nobreza fundiéria, enquanto que o perfodo climético posterior torna~ -se a era dos poetas da nobreza menor ¢ dos ministeriales; em suma, a influéncia predominante passa de estratos esta~ iondrios ‘para grupos relativamente méveis. Sobre o periodo primitivo, Schulte observa: pe 31. Server empiogedor como homens de canflanaa ma crst do seahor (se SE soqutre, A. “Stnteeshgchinie dee Mingesinger. Ta: Zeitscnift dent chet Steriod deuce Esteratar, 1883.0 "¥. 88, pp. 185-251 Sonne, F.C Die Porte der Trouvacuren, Leight, 1888, «Leben wd Werke der Freubaduren, 108, Me ec wr uncanny Literary Patronage in the Middle Ayes, 1908, © vy ct ubtianiatic farce Ferman Study tn the ditrary Dicon of ie Fiekenth Catan ot8 eve ee entrar a pouch Sima deveade $s elaaes coi eee pica, na Angus, devito 40 sar de escearo. Jos ea ee en ee ih “Excetuando a guerra, a nobreza ficava presa ao éolo; © bardo vivia em suas terras, € a ordem dos ministtos (admi- nistradores) desempenhava sous servicos. £ por essa_razio ‘gue os poctas do_primeito perfodo so muito mais sedenti- Hos que_os_do apogeu. As fontes s6 mencionam H. von Veldecke, um bardo que viajava. A corte de Cleves, segundo nosso conhecimento, foi a primeira a abrigar um cantor errante nobre. Como isso tuclo mudaré depois! Sabe-se que Reimar, Walther, Wolfram, Nithart Zweter ¢ Tannhiuser viviam © compunham seus yersos nas cortes dos. principes regentes, © no nas de seus senhores locais, Era um impulso impetuoso de viajar que afastava os vassalos de seus feudos, ou era a pobreza que transformava um poeta num cavaleiro andante?” Para usar a terminologia de Sorokin, af esto. em_agio 0s-dois-tipos-de-mobilidade-social: a agitagfo e 0 estimulo da mobilidade vertical © a expansic horizontal do mundo visto © experimentado. Os cavaleiros ainda considerados por seus pares mas nfo suficientemente seguros para imunizar-sc contra novas experiéncias — esses € que sio os andatilhos e aventureiros que abriram novas perspectivas dentro da rarquia feudal. © viajar s6 6 uma fonte de novas experién- cias para aqueles cuja posigio social € maledvel. © nobre que viaja por prazer sem necessidade de estabelecer-se a cada Passo, s6 experimenta novos povos © costumes como varia- goes de panoramas familiares. Somente o viajante que-aban- dona scu_meio social e sua posicdo para achar outros 6 que ‘cobre_alternativas e adquire um novo horizonte. FE desse ) modo que cavaleiros relalivamente independentes e iti tornam-s ta-vozes de uma concepeio de vida re ¢ multidimensional, E 0 proprio fato de eles_nfio.serem completo -exégenos,_mas_reterem_uma_posigao.na_hierarquia feudal e falarem_a lingua de seus pares, € que thes garantia sua influéncia.na.sociedade_ medieval. Jé assinalamos a diferenciagao social dos trovadores. A distingio contemporanea entre canto (minnesong) alto & baixo refere-se Aquela propria diferenciagc. Os nobres cultivavam os cantes altos (hohe Minne), ao passo que Wal- ther € seus companheiros de menor nobreza nao sé adotavam formas populares como ousavam reivindicar amor das don zelas da plebe, Esse fato reflete antes uma nova atitude que uma alteragio de comportamento, pois nfo foi certamente Walther quem originou as relagées amorosas com plebéias. Desse modo, homens da baixa nobreza introduzem uma forma de relacionamento mais natural, mas jé espirituslizada, como contrapartida do amor convencional da corte, Tratave aqui 85 semuurs. Of. ct p. 27 36 sewuen. Op. ey. Bo de um daqueles casos em que os padrdes de julgamento dis- tintos de dois estratos diferentes se confundem no esquema conceitual de um grupo em mobilidade que participa de ambos e adota suas atitudes. Cédigos diferentes em si nao se chocam i medida em gue oy extatos que os possuem no inter enctram. (As situncdes de conflito s6 surgem quando grupos tn a ‘ou descendente, funcionando como “amortecedor, ligam-se tanto aos estratos de cima quanto 20s de _baixo e_adotam seus valores.) Fdessas Situagées,_guando foie ele eee wea ay ee ig se origina uma_genuina intelligentsia. — > Jé se fez referencia ao clero, grupo dominante de letra- dos da Idade Média, sua organizagéo compacta e seu tipo particular de saber. ” Passaremos apor a examinar a esitue {ura intrinseca do clero, particularmente quando reflete os diversos antecedentes de scus membros. Naturalmente,_um ‘grupo fechado procura desenvolver um esprit de corps unifi cado ¢ neutralizar_os_efeitos. das-diversas-oricntagics sociais ‘que_ seus membros. trazem_consigo. A futura burocracia revelaré a mesma téndéncia. Nao obstante, 0 que denomi naremos uma diferenciacdo secunddria interna, pode refleti algo da diversidade externa, Torna-se importante, portanto, fazer um inventirio da composigéo social de uma intelligentsia monolitica. Para tal fim, apoiamo-nos basicamente no im- portante trabalho de Schulte © nos estudos de Stutz, Kothe © cutros, todos utilmente resumidos por Werminghoff",.que 6 nossa fonte primdria na exposigéo que segue. A Igreja primitiva manteve a doutrina de Cristo sobre a igualdade religiosa ¢ nfo reconheceu as hierarquias ‘secu- lares na comunidade eristi, A prética dessa doutrina origins} de classes inferiores e submissas sofreu modificagées na me- dda em que a Tgreja se estabeleceu em sociededes altamente diferenciadas, especialmente nas areas germénicas. A propria Jgreja introduziu a hierarquia do clero através da criacao de ordens seculares © monisticas. Essa distingac aumentou quando foi associada a diferenciagao de tipo feudal. Resu- mindo a hist6ria social da hierarauia eclesi 1, Wermin- ghoff observa “0 clero sempre, e desde © comeco, esteve aberto aos homens livres, e dentre estes, aos nobres por nascimento. Posteriormente, a nobreza inferior também teve acessc aos capitulos, mosieiros ¢ claustros; por fim, © acesso abriu-se ‘aos burgueses, Desde o século XI ¢ clero alemao apresenta uum quadro de diversidade.” ° dee Gentine dex 31 wmenenory, Alber, “Signi Probleme, eaten Hie, Mines i Galt de! esigntnoeHe OEIC nin aie Wel, Sie Se wenn Of Kothe chega a conclusses similar wero de Estrasburgo no seeulo XIV, Oo” Sts eatudos do Cada sociedade procura preservar seu esquema de orga- nizacgio nao és de suas leis e instituigées, thas tm. bém por uma “distribuigio” apropriada das posigdes doy Imantes. "Se isso € verdade para uma sociedade democratica, tanto mais para uma ordem feudal na qual a nobreza controla tanto as posigdes-chave seculares quanto eclesiésticas, esas Sltimas se institucionalizaram desde que os bispados © arce: bispados tornaram-se prerrogativas dos nobres de nascimen. te. Os mosteiros da nobreza feudal obrigavam os filhos ¢ filhas de principes © condes, mas fechavam suas portas. aos de posigao administrativa, aos cavaleiros feudatities ¢ aos filhos do patriciado. Tal desenvolvimento comega a partir do Impétio Merovingio. Essa reserva poderia ter estabilizado © controle de certas familias sobre a hierarquia eclesiéstica se niio fosse a instituigao do celibato, Na verdade, a predo. minincia dos estamentos feudais na Igreja jé comegava a dealings no século XV; em 1427 os mosteios feudais aban- fonaram sua politica d 1g ard ttn de owas fechas, pasando depois de © quadro de Werminghoff, reproduzido abaixo, i vem @ ado de Werminghot, repredusido aban, ira TITULARES DOS BISPADOS Sgunde W. Peer J. simon, cl. Schul,pp. 62 « 34 sia Coin, "nina Lach ge . revncin coaiicn de" Maton ete Soret etsburgo, Cie Aupabense eae edi Stldehcim. Paderborn, Wades SN lane. Oxia" Muse, Bf ci edn "Worm (Outras provinaan eck em ter m= “ess oa. ay OX Xt x x XIV XW Toul Barden 4s 8 07 ‘Supostos nobres aera fmucinents 18 70g incerer fom 8 GL ee jurgueses = 7 fe lisse kc ee fee eS Deconteckin sot GF dah 106 107 186 161 J 2m 128 Ley isograta: SCHULTE, Aloys. Der Adel und die deutsche Kirche in Mit lel und die deutsche Kirche im Mitt ‘ater, Kitchenrechtliche Abhandlungen, Cads. 63-64. Stuttgart, 1910, WERMINGHOFP, Albert, “Saendische Problem: in dsr G2 ‘chichte der deutschen’ Kirche dss Mittelolters’, 2m Zeitschaift dev Savigny ~ Stiftung fir Reichsgeschichie, 2m. cit © quadro mostra duas tendéncias significativas: a gra- dual democratizacéo da hierarquia eclesidstica e, o que € mais importante, a ascensio dos ministeriales, cuja escalada social sobrepassa a de qualquer outra classe feudal. Sio de origem dependente, mas como servidores de senhores ocuparam po- sigées de poder e influéncia, No século XI, formam uma eamada propria, prestam servico militar ¢ servem como ofi- ciais, cunhadores e cambistas. Seu status ambiva'ente como dependentes mas detentores de poder comeca gradualmeitic a mudar quando nobres de nascimento também aderem a sus fileiras, Finalmente, as portas da Igreja se abrem também para cles, Werminghoft enfatiza o interessante fato de que 2 hierarquia romana logo adotou a politica, também seguida pela futura monarquia absoluta, de neutralizar as vantagens locais dos cis nobres servindo-se dos plebeus. Mesmo assim, a preponderdncia feudal na hicrarquia, que comeca a decli- vio século XI s6 termina no século XIX, quando a Igreja re stias portas para todas as classes. Apesar de o clero nao ter sido totalmente imune a uma rencaglo secundria de ipo feel, Lee fol capan de ctiar uma.intelligentsia bem_amalgamada_¢_disciplinada. Seu Tugar na ordem social estava claramente definido, e todos os clérigos, a despeito de sua origem social, distinguiam-se pelos privilegia competentiae, immunitatis, canonis et fori. O eli Bato inpodin a pone heredtn de cargos, exim como ajr4 dou a criar uma mentalidade unificada no lero e evitou que a ambivaléncia social que penetrou na hierarquia atingisse a) unidade da Igreja, A fase scguinte na formagio de uma intelligentsia lite: ritia'€-marcada pela prevonga de dois grupos: os humanisias 08 na A relagio simbidtica entre os humanistas ¢ a sociedade inclusiva era de dois tipos: ou cram mantidos por patro nadores, ou empregavam-se em universidades e chancelarias. Qualquer que fosse 0 caso, sua existéncia era a de favoritos dependentes dos caprichos’ dos mscenas, dos quais 0 clero era comparativamente imune®. Os humanistas compensam 10 A pare de 1500, a aniversidades fore o venfel de um dua ert tupunss, “A getoto ynle lh ct ely asc etie a" cAcetamen Selinger, Picker, Era eReuchln. "Os joven burma kine =o “pacar ~ enn peincpatnipate butarey eveans, eda ie ‘Eetlac se rpm, set ow sagt onl. estonia de Spear de sua pues ef Sido “acelin pei Socledae’Tespeltdue ‘0 eopnego om _cunceariny oferela nl iargein de indepen Oe almenter tx (oto douiig, de acerdtes"erudten ‘Durante neo XY, srt. de. Dito Remsno sents a jena ge hur nat cha fet" te oss oprimarn ov coe go He pea sp Shwdneit" tiple dae que pon exlusamente guna abiléade peel) ‘A uetaaoreurtca ‘Se pfeag aa dingo staves doo eum pals | Shen etsca ede ato de sampleadorpoedimento que toma inom Intense sp aide» onto don spin Versys ‘ur if I * sua falta de seguranga através de associagdes proprias, escre- vendo-se e visitando-se. Esse intereimbio privado substitui 0s canais internacionais de comunicacao que a Igreja punha ao dispor de seus doutores. As associagdes dos humtnistas funcionavam como agéncias tanto para o intercimbio inte- lectual como para a cistribuigao de posigées de prestigio. Foram esses canais que gradualmente solidificaram uma oj ifo pUblica outrora fluida, para usar a expressio de Toon is, Pois a opinido nfo se ctistaliza no piblico enquanto tal, nem em grupos Titerérios, mas na cadeia existente de asso- ciagbes concretas, Seu crescimento se intensifica na mesma medida em que dectinam os canais formais de opinido — as guildas, os parlamentos das cidades, as assembléias feudais", Os cfrculos intimos dos humanistas’trazem a matca de uma necessidade vocacional ¢ litcréria e freqiientemente evocam mais organizacdes diminutas para objetivos ulteriores do que amizades profundas, cuja aparéncia as vezes adotam', Esses conclaves elisticos © informais nao refreiam e amitide ali- mentam, certos tragos que caracterizavam (os humanistas, como a extravagincia, a autodramatizagio piblica ¢ extre- mos de subservigncia a um mecenas, ) A cangio medieval (mastersong),€ uma manifestagio democratica cultivada pelo homem do povo que tii abando- nna sua situagtio mas antes leva seu significado para sua arte. Num certo sentido, os mestres-cantores formam uma elite, fio s6 em virtude de sua “maestria” em certas formas", como também devido ao deliberado_hermetismo.do. grupo!”, Aqui, de novo, a Tinguagem nos oferece uma pista. A Tingu-\ gem coloquial & propositalmente evitada, sendo estabelecidas | Penalidades para “qualquer coisa ‘nfo composia ou cantada em alto aleméo, tal como 0 usado pelo Dr, Martinho Lutero em sua tradugao da Biblia ow pelas chancelarias dos principes ~ e€ senhores"*, A rejeigéo de opinides falsas, supersticdes, ex- presses impréprias ou nio-cristas, assim’ como 0 uso de Palavras latinas “contra grammaticae leges”, revelam a hu- ‘daderinha semi." Aa cotreviaas eas tere que ue Spb organ ‘ado ainda wbrevive gum tipo tradicional de camnidaie, xe paso que dowpare eve Beri “Uinn er ave yn autor we eae tug combed sae ke E'ihias’e’ pablco se conta ese expen ci tada Co conecie erie sep, abeng apie erunidar pom fetes," "Eran ldo texto poliga sepreistam tna tencencincompenstetia O° ORCA? 41 siowos, Albert. Der Prewndachaichll der Humaniomus entotamenio iniditar Fiideber. TNE 42. Or meter-cantores cram compontoresiiverantes ow butguccs de venae fovitcor ‘po taio XII. ‘Ding dot gu hot sts” ct Tate. iiawadtin isaesieon er Eeuscien “Liertargorhiche, ps a a foram conbcsdas et Rugiurge cote 1588 COIL TO OF nomen de 2e2 “Tae! te milde origem dessa intelligentsia © sua deferéncia para com cs humanistas, Pereebe-se uma certa falta de seguranga na devooao As regtas, no medo das improvisagdes © na contagem alta de-silabas nas apresentages — lapso que se atribuia a0 eantor®. Percebe-se nessa disciplina auto-imposta do homem co- ‘mum uma contrapartida da licenciosidade dz uma intelligent. sia incipiente que tende a colocar 2 novidade © o imprévu acima da seguranga do uso estabelecido, Como salvaguarda ‘contra improvisagdes, os mestres-cantores procuravam man-~ ter 0 publico a parte, do mesmo modo como as guildas pro- tegiam seus oficios da competicao livre. (Apesar dos concur- sos ssrem piblicos a circulagio de cangdes impressas nfo era permitida,) 2 Existem varios tipos intermediétios entre essa intelligent. ssia da baixa classe média e os intelectuais livres da burguesia liberal de periodos mais recentes. Passaremos agora as varias formas de amalgamagao a parti das quais emergem esses novos grupos, ‘Apés_o declinio das classes_médias_urbanas,_as_cort dos_principes to ‘© centro de revivalismo feudal e a sede ds entsia formada_pela_nobreza, in- 7 cluindo ow br nascente, conforme 0 caso. Nesse meio tempo, 0 Humanismo tornou-se cada vez mais um movimento convencional ¢ de sali0. Oficiais, clérigos, académicos ¢ mobres que perderam suas fungdes militar: com o desuso dos exércitos mercenérios, todos tornaram-se favoritos e dependentes de principes. A aristocracia, exc?to a nobreza fundidriat, passou a constituir um “clericato” da corte, o centro de todas as aspiracdes ¢ oposigdes, (A. prévin linha de demarcagio entre sociedade e elite urbana deixou cc pelo contrério, a urbanidade desprovida de posicdo ¢ status passou a ser de pouca importéncia. Qs_intelectuais_s6_se_tornaram elementos _exégenos a parti cde ‘nies do adv , { de valor, e 0 modelo desse ideal néo é apenas o artista e 0 erudito, mas também o funcionério ¢, sobretudo, © politico. Uma das personificagdes mals conhecidas desse paradigma € o cavaleiro andante, cujos interesses vao da po- litica a patifaria, que sabe dos dizeres do mundo, galante ou an Sob tee Nh ete a selec ec peri ed tees el ae eal tak Ma a ens cl Ge, a a, fiasiess'tbisdrn ‘do mber es eultort ma tnghatera, “Ch sew Police roma eee, tnd ‘pra 0” ports nao, mantendo-se sempre_um_impecdvel_cavaleiro, Nem o campo, nem a cultura fragmentada das classes médias podem competir com a criatividade © o magnetismo dos centros Principescos, © que nfio é de se estranhar, desde que sio 0s focos vitais de uma nova organizagio social e de um novo sistema politico equilibrado pelo principe. Alternativamente, este eleva plebeus a proemingncia ¢ A nobreza ow comp:nsa nobres destituidos ou politicamente desgastados através de nomeacSes militares negadas aos plebeus. A corte de Luts XIV formeccu um exemplo bem observado pelos prin alemies, Um. tipo diferente de-iatelligentsia,_com_alguma_ impor- ‘éncia, surgiu depois do Renascimento num erescente nime- To de sociedades restritas ¢ semiformais, Em Florenga, a Academia della Crusca estabeleceu 0 padrio original seguido por numerosas “sociedades literdrias” na Itilia, Suiga, Ho- Janda ¢ Alemanha, Fstas sociedades inclufam varios escalées da aristocracia, tanto quanto acadlémicos c plebeus educados, assim como um principe mecenas®, Os poctas eram benqu's” tos, mas 0 grosso.da poesia que circulava nfo passava de adulagao rimada, Ainda que os plebeus desempenhassem um papel subor- dinado nessas sociedades literétias, seria um erro nfo perce- ber neles o germe de uma orientacio social ampla c inclusiva que transcende 0 horizonte feudal em diregio a uma forma rimitiva de consenso nacional. O Principe Luis, patrono da mais conhecida dessas sociedades literérias, a fruchtbringende Gesellschaft de Koethen, recusou a sugestio de converté-la numa ordem exclusiva de cavalaria, alegando que “a socie- dade s6 se preocupa com a Iingua alema ¢ as boas virludes, € no com a conduta cavaleiresca...”#, Numa sociedade composta basicamente de nobres, & surpreendente a énfase dada ao cultivo de virtudes da classe média como sincerida- dz, confianca mitua, igualdade, simplicidade, conduta “na- tural”, continéncia, veracidade, objetividade e tolerancia!, Quando-se-dirigindo-aos-demais, os. s6cios usavam nomes si- mulados em vez de sous titulos, As publicagées apareciam anonimamente sob 0 nome da sociedade ou sob pseudénimo do autor para concentrar a atengo no assunto antes que na Pessoa ou sua posigéo, Os didlogos alegéricos parecem pon- {7 soem, Eenes Die Trasetr der Osjfenlichen, Meinung. Studien sur Sesitgie der Gefen helt Laing, 1988, psi. A” umachtoigende: Gel sini (seicande’ de Caltvo e"Fnita) abe cla até 1 tim ve es Irincipes iors, 4) Ganues, guetta mergtuey, 10 Tondgrnes, 8 conde pl wee 19 prin, 6 en, 8 "by ooh aoe ear That dos 00 scion apenan dal eram clergor "ous © OHA Go exétc, £6 Der fruchibringenden Geslichalt amen, Vorhaben, Gemarhide vad Woerer, Franktart, 16H, tiads por star Masi, oh ee 88 “wasn, E. Of ets BIH ee | er ive derosos ¢ afetados, mas claramente revelam o molde emi de- senvolvimento no qual se forjava uma mentalidade impetuosa e destreinada(”A obra Conversagoes para Mulheres, de Hars- doerffer, demonstra o esforgo de convencionalizar o discurso il para pessoas ainda profundamente imersas na rudeza da sociedade provinciana®®) Hoje, os tratados publicados dessas sociedades e os documiéntos de seus coléquies socriticos nos surpreendem por sua afetacao ¢ pedantismo, mas nao se deve subestimar a fungéio social desses exercicios cerimoniais. Eles inculcavam uma etiqueta democrétia numa sociedade pato- quial e profundamente dividida. Cultivavam o verniculo das classes médias ¢ ensinavam a indiferenga A pessoa ¢ ao nas- cimento nos assuntos de interesse comum, Mais importante, estabeleceram canais de comunicagao entre as classes e agru- param clites locais, que assim aprenderam a usé-los. Por mais que tivessem essas sociedades sido o jardim de inféineia_para os futuros porta-vozes.literdrios das .claseos médias, elas se torndram objeto de ctitica e escirnio tao logo ‘uma intelligentsia de classe média, emancipada e s2gura, co- meca a alcar sua voz em péblico,) A rejeico da artificiali- dace e do maneirismo é basicamente um protesto do novato contra a continua tutela paterna. As primeiras investidas de Boileau conira o Barroco ressoam através do centro © do norte da Europa, onde quer que as classes médias autocons- cientes procurassem um meio nG0-politico para proclamar ‘suas aspiragées. Suas expressézs estabelecem o denominador comum literério para inclinagdes oposicionistas como: “Aim=z. la.raison”, “le faux est toujours fade, cnnuyeux, languissant”. “Rien n'est beau que Ie vrai; c'est elle seule qu'on admire et qu'on aime”, A atual aversiio & erudicéo excessiva.a ao pe- dantismo continua motivada pelas mesmas inclinagSes sociais expressas por Boileau, | A oposigio 0 Barroco da.corte, entretanto, néo partin apenas de fora. A propria corte tornou-se a_sede_de uma intelligenssia recentemente amalgamada que, sem uma oposi- cdo em principio ao tron, afrouxcu a ascendéncia da corte sdbre 0 publica ‘culto S40 os encontros nos’ saloes, iltimos subprodutos da vida de Corte, que proporcionam a transic¢ao de um tipo cortesiio de erudigéo para uma urbanidade de clisse média, Os saldes enquanto tais nao so uma criagio do p:riodo moderno, Em certo sentido, pode-se falar dos salées da Antigtiidade, se é que o Lyceum, 0 grupo que se reunia em torno de Aspésia, pode assim ser considerado, como o faz Londshafen, tat, YN, pe ‘HL Che sraewurn, Reallscon Wer deutschen Literaargexichte, Bedi, vest. 108 soctoLocia DA CULTURA Feuillet de Conches®, Poidemos acrescentar as reunides feu- dais nas cortes da Provenca, nas cortes renascentistas italia- nas (Beatrice d'Este, Isabella di Mantova ¢ Lorenzo i] Mag nifico) © as sociedades de mulheres mundanas (Vittoria Colonna, Margueritte de Navarre), para nfo falar das, sociedades literérias inglesas". Mas 0 salao classico or -se na corte-francesa-. A ctiqueta da corte ¢ a formalidade piiblica de salao de recepgdes etiam, quase que naturalmente, um cesejo pelas reunides intimas’“‘atrés dos bastidores”. Estas proporcionam uum escape para os mexericos, intrigas, ressentimentos ¢ os varios impulsos inibidos pela etiqueta da corte. A voga teve inicio, quando a Marquesa de Rambouillet subdividiu seu saldo em pequenas camaras € alcovas, de modo a limitar cada reunido a dezoito pessoas. A arquitetura grandiosa dew lugar a decoragao sugestiva de diversas atmosferas das alco- vas, entre as quais a famosa Chambre blew a’ Artenice™ (© interessante estudo de Tinker sobre o papel literario es cnumera seis caracteristicas principais, Acabamos de mencionar a primeira — 0 ambiente intimo. A segunda € a influéncia estimulante da anfitria, que encoraja o talento a despeito da origem e estabelece um padrio elevado para 0 encontro, O primado da distingao intelectual é bem ilustrado pelo reconhecimento auc Voiture, filho de um mercador de vinho, recebeu no circulo da Marquesa de Rambouillet. Esta atitude aberta € particularmente caracteristica dos saldes do ‘Tereeiro Estado, como o da bastante mencionada Mme, de Geoffrins, fitha de um valet de chambre. © papel secundério da riqueza nesses sales de classe média tornou-se bem com- preendido; conta-se que uma certa Mme du Deffandud ca- recia ce meios para oferecer um jantar a scus convidados. Segundo Tinker, a terceira caracteristica do salao é a conver- ‘sacdo literdria, filosética ou critica, usualmente entretida como rosseguimento a pecas, sermérs, ou a leltura de poemas ¢ ensaios, Foi nessas ocasides que surgiu a critica improvisada, a forma breve, 0 bon mot e o epigrama, Q_amor-platénico_constitui_um quarto traco. Seu foco, é claro, ¢ a anfitri8, cujo papel catalitico & decisivo para a conversa¢ao, Seu tipo social nada tem a ver com a matrona da familia patriarcal e as esposas reticentes dos estratos pu- ritanos. A atmosfera eroticamente carregada é sintomética 52 rsctsny we cowcng, Fs §, Lat Salons de Convertlion eu XID Sidte soa 33. Para ales ages, ver cuuneey a. tavkbe, The Salon amd yet ttt Uae he Tol of Huge cee re er Cainbrldge! tory of Biehl terature, 1914 V. Xie M07 8 ae © SALAMI swore Stone Nove. York, 129, A nese Op ep 2h © PROBLEMA DA “INTELLIGENTSIA’ 109 no s6 do sali, como também da literatura e da arte da Spoca, A quinta caracteristica ¢.0 papel proeminente das mulheres, particularmente, como. jéfoi--dito,..da_anfitria™ Com uma excesio, ela é uma mulher madura, considerada a esttela do salao, sem chegar a ser uma dama erudita ‘A sexta e mais importante caracteristica do saldo men- cionada por Tinker 6 seu oportuno papel de mediador entre vida e literatura. sto € significativo num perfodo em que a patronagem principesca esti desaparecendo, a0 passo que 0 publico democratico ainda ndo se formou. O saldo preenche 4 lacuna ¢ torna-se herdeiro das antigas fungées protetivas © promocionais da corte, Aos autores ¢ artistas o salio_oferece Comissdes, estimulo e acesso a um piiblico seleto. (Assim, 0 salfo serve de campo de cultivo da demanda literéria, de agencia de interedmbio e de mercado para os produtos dos eseritores independentes, ) Por sua vez, aos escritores, que ja nao dispom de patronagem estivel, ‘io oferecidas oportu- hidades de estabelecer contrates com editores — agentes do piiblico andnimo emergente — e de familiarizar-se com as flutuagdes da demanda, Esta nova situagio fornece ao autor um novo autoconceito: ele encara seu atual empregador, 0 ppiblico, como um igual em termos sociais e desdenha a dependéncia permanente para com um tinico empregador, tal ponto gue D'Alembert pode prociamar: “les seuls grands neurs dont un homme de lettres doive Atsirer Ie commer. ix qu'il peut traiter et regarder en toute sireté, ‘ursos fornece fundos, pensées privadas e hospedagem, além de pagar a conta do editor sem humilhar o escritor.ow infrin- gir sua independéncia, Essa era excepcional dos sales constitui um ponto ct tico no desenvolvimento do péblico do tipo feudal para o democrético, Oy saldes conservaram_suas-fung6es_sociais-e Titerdrias s6 enquanto o piblico continuou_senda_uma_enti dade tangivel, de proporgdes_acessiveis. Numa democracia ‘dc. massa © centro da seleogo gradualmente se desloca da Pequena reunigo para publico anénimo. Além do mais ds salées constituem 0 habitar dos potas ¢ artistas que se emanciparam das classes superiores ¢ mo se aliam com os tstratos inferiores, mas procuram manter uma existéncia livre f independente. Por algum tempo, os saldes-conscgue im. pedir a desintegragio social. da intelligentsia criativa, mas na 8. Vakvian Thgatue enominaya 0 silo Rococh “om tcino da mater” (ope bs sh nvacunere, Eats sur te Site der Gens de Lets, Blinme, era,

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