Tomada Santarm (15-3-1147), Impunha-se a conquista de
Lisboa - empresa que, no entanto, no podia ser tentada apenas com as foras de Afonso Henriques. O rei portugus aproveitou, por isso, o ensejo que se lhe ofereceu: o auxlio de uma armada de cruzados (anglo-normandos, flamengos e alemes, num total de cerca de 13000 homens) que sara de Dartmouth a 23 de Maio e que arribou barra do Douro em meados de Junho. O bispo do Porto, D. Pedro Pites (1146-52), concertou com eles a tomada de Lisboa e, aceite a proposta, a frota dirigiu-se para o Tejo, onde entrou a 28 de Junho. Aps o desembarque, alemes e flamengos colocaram-se do lado oriental da cidade; o rei Afonso postou-se com a sua hoste ao norte (na colina hoje denominada monte da Graa); a uns 500 passos do extremo da ala direita dos portugueses comeavam os arraiais dos ingleses e normandos, que se estendiam por todo o lado ocidental. E logo se travaram encarniados combates no subrbio ou arrabalde, que foi ocupado e incendiado, tendo os sitiadores tomado o principal depsito de gneros destinados ao abastecimento da cidade. Passados quinze dias de luta incessante, os cristos principiaram a construir altas torres de madeira e a montar catapultas engenhos que os Mouros conseguiram incendiar. Lisboa (...), bem fortificada, defendia-se e o cerco prolongava-se. Entretanto, no lado oriental, alemes e flamengos trabalhavam numa importantssima obra de mina, profunda caverna que deveria estender-se at sob a muralha da alcova. Na noite de 16 de Outubro lanaram fogo lenha com que se enchera a vasta mina. Um lano da muralha desmoronou-se mas os muulmanos defenderam-se heroicamente. Todavia, na cidade (e isso animava os cristos) lutava-se com falta de vitualhas. A 21 de Outubro os sitiadores aproximaram da muralha uma grande torre de 27 m de altura, construda por um cruzado, engenheiro de Pisa. E dela comeou a sair lentamente uma ponte de traves, que se ia enchendo de homens de armas prontos a galgarem s ameias. Os mouros reconheceram, ento, a impossibilidade de continuar a luta, quando ao lance terrvel do ataque se acrescentavam os horrores da misria, da fome e da doena. Pediram armistcio at manh do dia seguinte, para se tratar da capitulao. Cessou logo o combate. A 23 ou 24 de Outubro os cristos entraram na cidade e assenhorearam-se do castelo. E a 25 Lisboa ficou definitivamente em poder do rei de Portugal. [R.A.T.] Joel Serro, Dicionrio de Histria de Portugal