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a UNIVERSIDADE SAO MARCOS FACULDADE DE ENGENHARIA DE TELECOMUNICACGOES, DISCIPLINA — PRINCIPIOS DE COMUNICACAO | MODULAGAO ANGULAR 1. MODULAGAO EM FASE E EM FREQUENCIA Assumindo 0 conceito de modulagéo que define como alterar, proporcionalmente, a Portacora ao sinal modulante, observamos que, esgotadas as alteragdes possiveis na amplitude da portadora, devemos, a partir dess~ mento, nos preocupar com as variagdes de sua frequéncia ou de sua fase. Cor aoat modalidades podem ser conduzidas de forma bastante semelhante, so normalmente tratadas pela forma genérica de Modulagao Angular. Relembrando a expresso generalizada da onda portadora, temos: @o(t) = Ey . COS cot Podemos, assim, afirmar que nem a modulag&o em frequéncia, nem a modulagao em fase irdo alterar a amplitude desta onda portadora, mas sim 0 seu angulo. Desta forma, o sinal modulado em &ngulo, deve ter como expresséo genérica: e@(t) = Eo . cos gi(t) onde 9i(t) é a fase instantanea de e(t), A relacdo existente entre a velocidade angular instantanea e a fase instantanea pode ser compreendida facilmente se analisarmos primeiramente 0 caso de “o” constante. A Figura 1 mostra um grafico onde a velocidade angular instantanea nao varia com o tempo. ; Area sinew Figura 1 Neste caso, a fase instanténea pode ser obtida pela area formada entre a reta de ai = oe © eixo do tempo, obtendo-se o(t) = a.t Se, por outro lado, a velocidade angular instantanea variar constantemente com o tempo, teremos a situac3o mostrada na Figura 2 Nesta nova situacdo, a fase instantanea nao pode ser calculada de outra forma se néo integrando a funcdo velocidade angular instanténea em rela¢éo ao tempo, para Geterminar a sua area: ot) Dore = fugit Figura 2 De maneira andloga, a fungo ai(t) pode ser determinada em relagdo a gi(t) através do operador inverso da integral, que 6 a derivada: d gilt) @i(t) = Estabelecidas essas definigdes iniciais, podemos admitir que, dado 0 sinal modulante @n(t), haveraé Modulagao em Fase (PM - Phase Modulation) se o sinal modulante interferir diretamente no valor da Fase Instantanea do sinal modulado, ou seja: i(t) = ao.t + Ke. Ont) ‘Onde 0 produto at 6 a fase instanténea da portadora, cuja velocidade angular a é constante € a constante de modulag&o em fase Ke simboliza o circuito modulador PM, que converte as variagSes de tensdo do sinal modulante én(t) em variagdes de fase de gi(t). Para manter a Ultima expresso dimensionalmente coerente, a unidade fisica aplicada ao circuito modulador PM deve ser “radianos por Volt” (rad/V): rad ik=—— v De posse da ultima equagdo, podemos substitui-la na expresso de e(t), obtendo: e(t) = Eo . cos gi(t) e(t) = Eo. COS [oo.t + Ke. En(t)] que 6 a expresso genérica que rege a modulagdo PM. Essa expressdo deve ser interpretada da maneira a associar um avango de fase do sinal modulado em relacdo a portadora, para em(t) positivo, ou ento um atraso de fase em Telaco @ e,{t), para en(t) negative, ou ainda sinal modulado e portadora em fase, para em(t) = 0. Vamos, na Figura 3, uma andlise gréfica do exposto. Observe que, nos periodos em que o sinal modulado 6 constante, a velocidade angular do sinal modulado ¢ igual a da portadora, mas a defasagem entre esses dois sinais depende do sinal modulante Figura 3 Podemos, analogamente admitir que, dado o sinal modulante en(t), haveré Modulag&o em Frequéncia (FM - Frequency Modulation) se este sinal modulante interferir diretamente no valor da velocidade angular instantanea do sinal modulado, ou seja: Oi(t) = a + Ke. ent) onde a constante de modulagao em frequéncia Kr representa 0 circuito modulador FM, que converte as variagdes de tenséo do sinal modulante en(t), em variagSes da velocidade angular instantanea ai(t). Para manter a Ultima expressao dimensionalmente coerente, a unidade fisica aplicada ao circuito modulador FM deve ser ‘radianos por segundo por Volt” (rad/s / V). rad [ke] = V.s Substituindo a expresso de ai(t) na equago git) = J wi(t) . dt e, posteriormente na expressao de e(t), teremos: i(t) =Jai(t) . dt it) = J [oo + Ke. em(t)] . dt Gilt) = Jao. dt +I Ke. en(t). dt it) = @. t+ Ke J em(t) . dt 3 Figure 4.8 24 wal Y) @ -1 (b) (d) —> tims) @(t) = Eo. cos gi(t) Olt) = Eo. COS foo. t + Kr J ent) . dt] que 6 a expresso genérica que rege a modulaggo FM. Convém verificar que esta Ultima expresso é bastante semelhante @ equacdo: @(t) = Eo. COS [aot + Ke . em(t)] exceto pela integragao do sinal modulante. A expresso do sinal modulado FM deve ser compreendida como um incremento de frequéncia no sinal modulado em relacdo a Portadora, para en(t) > 0, ou entéo uma diminuigao na frequéncia de e(!) em relagSo a eo(t), para @n(t) <0, ou ainda a igualdade de frequéncias quando ent) = 0. A Figura 4 & um bom exemplo do exposto, sendo importante observar que, em func&o da frequéncia ser variavel, a defasagem em relacdo a portadora também integra essa variacao. e Figura 4 Podemos ainda, como mostram as Figuras 5 a 7, admitir que 0 sinal modulante com variagSes continuas e ndo mais discretas, como na Figura 4. Isto dé uma idéia de como a velocidade angular pode variar instantaneamente em funcdo do sinal modulante. t 4 ’ Figura § ots. ’ -to} Figura 6 stot * te Figura 7 Vamos, dando continuidade com a andlise da Modulacao em Frequéncia, admitir na equacao de e,,(t), um sinal modulante cossenoidal padrao, do tipo: en(t) = Em. COS Omt desenvolvendo, a partir deste sinal, todo 0 processo de modulagao FM, teremos: @(t) = Ep. COS [ao . t+ Ke J en(t) . dt) e(t) = Ep. COS fap. t+ Kr J Em. COS mt . dt] resolvendo a integral, chegamos a: @(t) = Eo. COS fa. t+ Ke. Em . [COS Om.t . dt] © produto Kr.Em € chamado “desvio de frequéncia® (simbolizado por Aa), pois corresponde ao valor maximo que pode ser acrescentado a ao, na constituigao de ait) Prosseguindo: @(t) = Ep. COs fag. t + A@. J COS @m.t . dt] Assim, obtemos: so elt) = E>. 608 [oy . t+ ——. Sen Om] Om Arelag4o Ao / @m 6 chamada “indice de modulagéo FM" (simbolizada por B) e expressa ‘© desvio maximo de fase que sofre o sinal modulado. Se analisarmos dimensionalmente @ expresso alé agora desenvolvida, veremos que 0 indice de modulacdo deve ter unidade de um angulo, pois 0 resultado do seno 6 adimensional. Em resumo: Ao [8] = rad On continuando, temos: (t) = Ep. COS [oo .t +B. Sen om.t] que expressa de forma geral um sinal modulado em FM, através de um sinal modulante cossenoidal. Em fungo do valor do indice de modulagao, a modulagdo pode ser classificada como de “Faixa Estreita’ ou de “Faixa Larga’, tendo cada um dos sistemas uma anélise particular. 2. FM DE FAIXA ESTREITA Uma técnica bastante usada quando se necesita agrupar varios sinais modulados em FM em uma faixa relativamente restrita de frequéncias, 6 adotar a modulagdo FM de faixa estreita, que consiste basicamente em limitar 0 indice de modulagdo para restringir a largura de faixa ocupada 2.1 ANALISE DO SISTEMA Os valores de B normalmente usados na modulag&o FM de faixa estreita ndo'ultrapassam a casa dos 0,2 rad. Desta forma, se retomarmos a expressdo final de e(t), poderemos desenvolvé-la da seguinte forma @(t) = Eo. CoS [ao. t+ B. Sen am. t] @(t) = Eo. COS ap. t. COS (B. SEN Om.t) - Eo. SEN Oy. t. Sen (B. SEN mt) Como © indice de modulagéo & muito pequeno, duas simplificagSes poderéo ser realizadas: 1’) No termo: cos (B . Sen om-t) Como B vale, no maximo, 0,2 rad e o valor maximo do seno @ 1, teremos 0 argumento do coseno valendo 0,2.rad, no maximo. Neste caso, 0 valor do termo cos (B . $@N @m,t) varia entre 1, quando sen @m.t = 0, e 0,98, quando sen opt = + 1. Isto nos confere @ possibilidade de efetuar a simplificagao: Cos (f . Sen mt) = 1 (para B < 0,2 rad) 2‘) No termo: sen (B . Sen @m.t) E notério que quando diminuimos o comprimento de um arco de circunferéncia, a tendéncia desse arco é poder ser confundido com um segmento de reta. A Figura 8 ilustra este fendmeno e j4 elabora sua aplicagao ao caso em questao. Figura 8 Nesta situagdo, temos: y=seno Tt — 180° Se 8 for pequeno: 02—~— Xx “ES X= 41,5° -. sen@=6 Para se ter uma idéia, 0 valor maximo do argumento, como ja visto, chegaré a 0,2 rad Neste caso, teremos sen 0,2 = 0,198. Realmente, podemos agora adotar a segunda simplificagao. sen( 9 )=8 sen (fh. Sen omt) =P. Sen omt (para B < 0,2 rad) Prosseguindo com o desenvolvimento da expresso, do ponto onde haviamos parado: @(t) = Eo. CoS a. t. cos (B Sate eters t. sen (B. Sen amt) @(t) = Eo. COS a. t- Eo. Sen ay. t. (B. SEN Om.t) e(t) = Eo. cos a. t-B. Eo. sen aot. Sen amt) Aplicando, novamente, os conceitos desenvolvidos na trigonometria, temos que: 1 1 sen A. sen B=— . cos (A—B) - —. cos (+B) 2 2 Assim: BE> Ee [008 (ao - @m)t = COS (0 + Ont] B.Eo B.Eo + COS (0 - Om)t + —— . COS (Wp + Om)t 2 elt) = Es. cos ont - Esta equagao rege 0 comportamento de um sinal modulado em FM de faixa estreita, com sinal modulante cossenoidal e ¢ inevitavel a observagao de sua grande semelhanca com 0 sinal modulado AM-DSB. A Unica diferenga 6 a inverséo de fase da banda lateral inferior, que pode ser observada claramente no espectro de amplitude da Figura 9 Figura 9 A anélise das poténcias envolvidas na modulago FMFE 6 idéntica aquela jé realizada com o sinal AM-DSB e nos conduz aos resultados: « Para a Portadora (Po): Ee Pp=—— 2 * Para a BLI (Pau): B. E> BE? ¢(— 4 8. Eo Pay # ——— = ——— > Pus 2 2 + Para a BLS (Pus): 2 4 Eo? Pas=————_= > Pas= Estes resultados nos conduzem ao especiro de poténcias da Figura 10. re I Figura 10 De onde se pode deduzir a expressdo da poténcia média do sinal modulado FMFE, mediante o somatério das poténcias de cada raia do espectro. nos a pe 2/2\2 Packie 2 (re). 8 2 8 2 2 ee - a) 24.2 2 2 200 ToD PD E claro que, se levarmos em considerag&o que o valor maximo de B é de 0,2 rad, poderiamos simplesmente desprezar, nesta equacdo, o termo * / 2, pois ele iria contribuir com menos de 2% na poténcia média total. Isto simplificaria a equac&o para tao somente, Pm = Ec’ / 2, compatibilizando-a com o que veremos em faixa larga. Outra andlise que merece atengao € o estudo do diagrama fasorial do sinal FMFE pois, ‘em virtude de sua grande semelhanga ao do AM-DSB, podemos executar as seguintes adequagées contidas nas Figuras 11 e 12. A Figura 11 mostra o diagrama fasorial do ‘AM-DSB e a Figura 12 apresenta 0 diagrama fasorial do FMFE. Figura 11 Figura 12 Verificamos, ao analisar estas duas figuras que, em virtude da rotagao dos fasores das bandas laterais, ocorre um deslocamento de fase no sinal resultante e(t), consequéncia de uma variagao na frequéncia desse fasor. Ocorre, porém, que simultaneamente & variagdo de frequéncia, acontece uma variagéo da amplitude do sinal modulado, consequéncia da quadratura que existe entre a portadora e a soma das bandas laterais. Em vista disso, pode-se entender um sinal modulado FMFE com a forma de onda mostrada pela Figura 13. Figura 13 © valor de pico do sinal modulado pode ser determinado colocando em fase as duas bandas laterais da Figurat2 e calculando a hipotenusa do triangulo retangulo formado nessa situagdo e mostrado na Figura 14 Onde: eft)adx Desta forma, o sinal modulado pode ter seu valor maximo dado por: 2 eftuax = Eo. V1 + BP (3 =0,04 © que significa que o sinal resultante pode ter uma amplitude até 2% maior que a portadora, para 0 caso limite onde B = 0,2 rad. 2.2 OBTENGAO A forma mais simples e tradicional de se obter um sinal modulado em FMFE é resultado da aplicagao direta dos diagramas fasoriais das Figuras 11 e 12, levando em consideracao que a portadora da Figura 11 estd defasada de 90° em relacdo a da Figura 12. O resultado deste raciocinio é o sistema de Armstrong de Modulagdo FMFE, mostrado no diagrama de blocos da Figura 15. Secon een co! Lf — poeneae jeter cre = = eS [escent |i |uaeaes ben Observe a necessidade do circuito integrador, também comumente chamado “circuito de compensagao de frequéncia’, que ao integrar o sinal modulante, evita que a saida fique modulada em PM. Figura 15 Veremos ainda que o sistema Armstrong é também utilizado como base para a obtengéo do sinal FM de Faixa Larga, pelos processos de multiplicagao de frequéncia e de misturag&o ou heterodinacao. Como na realidade, o FM de Faixa Estreita 6 um caso particular do FM de Faixa Larga, a anélise dos circuitos moduladores FM sera extremamente notavel, pois esses circuitos

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