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BOTA-FORA - SOLUGAO PARA A OBRA OU CRIME AMBIENTAL O presente texto tem como finalidade despertar na comunidade em geral, nos profissionais de engenharia, nos empresarios do setor ¢ no corpo técnico da administragao publica, a necessidade de uma ampla discussdo e reflexéo sobre a questo de responsabilidade ambiental nas obras de engenharia, sejam pliblicas ou privadas, tragando um paralelo sobre a pratica comum do setor e a legislagao ambiental vigente Primeiramente, esclarecemos que o termo “bota-fora” ‘empregado na engenharia, apresenta como sinénimos os termos entulho e expurgo’, sendo também empregado para designar 0 local onde sao descartados os materiais Provenientes de obra de terraplenagem que envolva escavagao e remogdo de terra ou ainda, demolicdes e reformas que necessitem de remogéo de entulhos. Também denominado “aterro de Inertes”, geralmente 0 bota-fora recebe materiais como terra e entulho (RCD => residuos originarios de construgao e/ou demoligao), mediante pagamento de uma taxa que varia de acordo com 0 modo de aferi¢ao da carga, seja em volume (m*) ou em peso (!), e da homogeneidade do material descartado, posto que devera passar por processo de triagem prévia para posterior descarte. Assim sendo, quanto mais limpo o residuo, menor a aplicagao de mao de obra para triagem e, consequentemente, mais barato © descarte. Isso se tratarmos de area de descarte legalizada, devidamente licenciada, pois no trataremos de atividades praticadas na clandestinidade, pois aterro ilegal é pratica de um crime ambiental continuado, quando devem ser aplicadas as sang6es previstas na Lei de Crimes Ambientais (Art 24 e 25 da Lei n° 9.605/19982) Ha que ser considerado que o modelo de “bota fora” que costumeiramente vinha sendo realizado hé décadas, ainda continua sendo considerado pelos érgaos contratantes da administrago publica para efeito de orgamento de grande parte das obras a serem licitadas. Também os particulares ainda procuram os bota-foras para descarte de residuos, alguns por pura desinformagao, mas outros assumem a postura de verdadeiros “criminosos ambientais” dolosamente descartam os residuos de forma irregular e irresponsavel no meio ambiente. Por uma determinagao legal, os bota-foras néo mais devem existir, devendo tal pratica ser abolida de imediato, substituindo-a por “areas de destinagao final”, as quais, obrigatoriamente, devem estar devidamente licenciadas pelo érgao ambiental competente. Assim sendo, a utlizago de “bota fora” deve ser extinta tanto das obras privadas como das obras piiblicas, até mesmo porque a administragao puiblica tem como dever de oficio, seguir rigorosamente os ditames legais, mais especificamente a Resolugao CONAMA 307/2002, alterada pela Resolugéo CONAMA 448/2012, que estabelece: " Dicionario Virtual: Auete hita/aulete vol com bibots fora 2d SSHYWWOK 2 ‘Art. 24. A possoa juridica consttvida ou uiizada, preponderantemente, com o fim de permit, failiar ou ocultar a pratica de erie defndo nesta Le er decrelada sua lquidagaoforgada, seu palriménio seréconsideradoinstumento do crime @ como fal perdido em fevr do Fundo Pentencdrio Nacional At. 25. Vericada a ifrag, serdo apreendids seus produos ¢ instumentos, lavrando-se os respectivos autos. (.) § 4° Os instumentos utizados na prética da ifragéo seréo vendidos, garantida a sua descaracerzaeao por meio da recilagem. Art. 4 Os geradores deverio ter como objetivo prioritario a nao geragao de residuos , secundariamente, a redugdo, a reutilizagao, a reciclagem, o tratamento dos residuos sdldos & a dlisposieao final ambientalmente adequada dos rejeto. § 1° Os residuos da construgéo civil néo poderdo ser dispostos em aterros de residuos séidos lrbanos, em areas de “bote fora”, em encostas, corpos d'égua, les vagos e em areas protegidas por Loi § Os residuos deverdo ser destinados de acordo com o disposto no art. 10 desta Resolugéo. (destacamos) Observe-se que o Art.4’ preconiza tanto o Principio da Nao Geragao, como 0 Conceito 3R (Redugdo / Reutilizagdo / Reciclagem), como fundamentais para a sustentabilidade, pois visam a minimizagao da geragdo dos residuos. Assim sendo, 0 antigo “bota-fora” deve ser repaginado, passando a ser, de imediato, adotado 0 modelo de area de destinagao final, bem definido na Resolugao CONAMA n? 307/202 e suas atualizagdes, que em seu Art2°, IX apresenta como nova denominagao Aterro de Residuos Classe A, ¢ especifica sua finalidade, conforme segue: IX + Aterro de residuos classe A de reservagao de material para usos futuros: 6 3 area teonicamente adequada onde serdo empregadas técnicas de destinagdo de residuos da construcéo civil classe A no solo, visando a reservagéo de materiais segregados de forma a possibilitar ‘seu uso futuro ou futura utilzagao da area, utlizando principios de engenharia para confiné-los a0 menor volume possivel, sem causar danos 4 satde publica e a0 meio ambiente e devidamente licenciado pelo érg80 ambiental competente; (nova redago dada pela Resoluggo n° 448/2012) — destacamos. Cabe ser observado que o objetivo principal do aterro de inertes (residuos classe A) 6 0 acondicionamento dos materiais de forma adequada a reserva-los para futuro aproveitamento ou, altemativamente, para a recuperagéio da area para utilizagao futura, Entretanto, tais aterros também s&o obras de engenharia, merecendo especial cuidado quando destinados ao recebimento de residuos, posto que, em geral, estao localizados em areas degradadas ou com topografia acidentada, em baixadas ou em taludes ingremes, 0 que determina um projeto de engenharia que garanta a estabilidade do aterro, uma drenagem adequada, inclusive sendo necessaria a devida Anotagao de Responsabilidade Técnica - ART a ser recolhida por profissional habilitado junto ao CREA. Ademais, deve haver o devido cuidado para que seja obtido tanto um bom travamento entre ‘08 materiais dispostos, como também uma adequada compactagao destes materiais, o que Pressupée a cominui¢ao do material para granulometrias ajustéveis a compactacao. Para entendimento de quais s4o os Residuos Classe A, tanto da construgao civil, quanto da construg4o pesada, nos socorremos da mesma Resolugéo CONAMA n° 307/ 2002, que em seu Art.3*, | elenca os seguintes materiais: Art, 3° Os residuos da construgéo civil deverdo ser clasificados, para efeito desta Resolugéo, da seguinte forme |- Classe A - s40 0s rsduos reutlizveis ou reccléveis como agregados, tais como: a) de construgéo, demoligao, reformas e reparos de pavimentagao e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem: ) de construgéo, demoligio,reformas @ reparas de edificagbes: componentes cerdmicos (toes, blocos, tethas, placas de revestimento etc), argamassa e concreto: c) de processo de fabricagao e/ou demolicdo de peas pré-moldadas em conereto (blocos, tubos, meio- fios etc) produzidas nos canteiros de obras; Também os Residuos Classe B estdo contemplados na Resolugéo CONAMA. n® 307/202, que em seu Art.3°, II restaram relacionados os seguintes residuos: Il Classe B - sdo 0s residuos recicléveis para outras destinagses, tals como: plasticos, papel, papelao, ‘metais, vidros, madeiras e gesso; (redagéo dada pela Resolugao n° 431/11) Tal classificagao se faz necesséria para que se diferencie inclusive a destinagéo dos mesmos, pois tanto Residuos Classe A, quanto Residuos Classe B devem ser encaminhados para reciclagem, mas quando inexistir tal possibilidade devem ser entdo encaminhados para aterros, mas é vedada a destinagao para o mesmo aterro, pois Residuos Classe B devem ser entéio encaminhados para aterros de residuos industriais. Destacamos ai os residuos de gesso, pois se langados em aterros de Residuos Classe A, com a ago das chuvas, 0 material vai sendo lixiviado e dissolvido, criando-se bols6es no aterro propicios ao solapamento. Nosso entendimento é de que os aterros de destinagdo final deveriam ser reservados, Unica e exclusivamente, para o “bota fora" de solos, enquanto os demais Residuos Classe A e B deveriam passar, no minimo, por uma processo de triagem eficiente, mediante separagéo e classificagao, expurgando os residuos indesejéveis para outras reas licenciadas (aterros industriais, ou aterros de residuos perigosos), e encaminhando os materiais reciclaveis para que sejam processados em unidades apropriadas e licenciadas, passando a ter alguma aplicagao, promovendo sustentabilidade ¢ receita. A escassez de dreas de destinagdo final legalizadas, dentro do perimetro urbano das grandes cidades brasileiras, torna o descarte dos inertes (terra e entulho) cada vez mais oneroso. Ao que parece, a administragao publica opta por impor uma série despropositada de exigéncias para o licenciamento, que acaba por desestimular ‘0s que pretendem atuar de forma regular, incentivando no sentido oposto a proliferagao de areas de descarte clandestinas. Ou seja, exige-se 0 étimo para um licenciamento, em detrimento do bom ou até mesmo do razoavel, que possibilitaria uma maior legalizagao de toda a rede de atuagao na atividade. O Ministerio das Cidades sugere o Licenciamento ‘Simplificado para as ATT's, em razéo do baixo potencial poluidor da atividade, pois como a propria nomenclatura do termo, os residuos sao depositados, triados e posteriormente encaminhados para areas de destinagdo final, sendo mera area de deposicao transitéria, onde nada serd beneficiado, apenas separado. Como exemplo de aplicagdo desta icago, temos 0 SILIS da CETESB? que possibilita um licenciamento mais célere facilitado. Também a Prefeitura de Sao Paulo‘ possibilita um licenciamento provisorio, que possibilita 0 inicio desta atividade de interesse ptiblico, com ajustes no curso da operagao se necessério. Obviamente que o transportador procurara um destino mais préximo da obra 3 © Sistema de Licenciamento Simplifcado - SILIS 6 um sistema informatizado, caleado na certficagao digital, onde ‘empreendimentos de baixo potencial poluidor podem, via Internet, obter 0 seu licenciamento ambiental por meio de um procedimento simplificado, no qual os documentos Licenga Prévia, Licenga de Instalagao e Licenga de Operagao sero cconcedidos com a emissdo de apenas um documento. Além disso, o SILIS também pode ser utiizado para a renavago da Licenga de Operacdo. Todas as apbes envolvidas neste procedimento sdo desencadeadas sem a necessidade do usuario ccomparecer as Agéncias Ambientais 4 ns empresas interessadas devem procurar a Secretaria de Planejamento no Departamento de Uso do Solo (Secretaria de Pranejamento), para uma primeira consulta sobre a lei de zoneamento no local a ser implantada a possivel nova ATT. Se réo howver restrigbes, devese entrar em contato com a Secretaria de Habitagdo, com a documentagao da area e o projeto 2 ser implantado (que deveré obedecer ao Decrelo 42.217/02). Apés 0 inicio do pracesso, as novos investdores poderdo salctar na Secretaria de Servgos a licenga proviséria, de acordo com a portaria de setembro, geradora dos residuos, para reduzir a DMT (distancia média de transporte), obtendo maior produtividade e menores custos de transporte e destinagdo, pois descartar em areas clandestinas ou nao custard nada, ou um valor bem inferior ao pago em areas legalizadas ¢ licenciadas. As areas de descarte irregulares, “nao localizadas” pelos agentes de fiscalizagao, basicamente se instalam em varzeas, areas de absorgdo d’agua, e regiéo de mata ciliar, que além de criar um problema ambiental, acaba por incentivar a invasao destas areas com edificagées também irregulares, proliferando assim um desajuste urbanistico. Conforme bem colocado pelo gedlogo Luiz Fornazzari Netto, “érea de destinagéo clandestina é como boca de fumo, a policia fecha uma e o tréfico alicia mais uma ou duas”. ‘A maioria dos bota-foras, para nao dizer quase a totalidade destes, estéo sendo operados pela iniciativa privada, mesmo quando instalados em area publica A dificuldade para se iniciar esta atividade comega pelo problemdtico processo de licenciamento de uma autorizagao ambiental ou uma licenga de operagao, cuja modalidade adotada depende do entendimento do érgao ambiental licenciador e da legislagao aplicavel vigente (municipal ou estadual). Devido a enorme burocracia, a morosidade dos érgaos licenciadores, do custo das taxas ¢ a aprovagao do projeto ambiental de implantagao, ainda somados aos investimentos necessérios para equipamentos e instalagées, torna cada vez menor a oferta de locais legalizados para descarga de rejeitos da construgao civil, pois todo este trdmite desestimula qualquer investidor. Entretanto, os bote-foras clandestinos se proliferam sem controle, pois a demanda assim propicia, © conceito de bota-fora como ainda utilizado esta frontalmente em desacordo com 0 estabelecido no Art.10° da Resolugéo CONAMA n° 307/2002, alterada pelas Resolugdes CONAMA n° 431/2011 e CONAMA n° 48/2012, quando ficou estabelecida qual destinagao deve ser dada aos residuos clasificados como CLASSE A e B, residuos estes que estéo elencados no Art3” da mesma normativa, os quais devem ser encaminhados a reas de transbordo e triagem, quando existentes, e posteriormente para areas de reciclagem quando os residuos se prestam a esta finalidade, nao mais sendo permitida sua destinagao para aterros, exceto quando se tratar de Residuos Classe A®, onde se enquadra © solo. 5 Art 3° Os residuos da construgdo civil deverdo ser classticados, para efeito desta Resolugdo, da sequin forma: 1 Classe A - sao os residuos reutilizéveis ou reciclavels como agregados, tals como: a) de construcée, demolicao, reformas @ reparos de pavimentacao e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; ») de construgao, demoligao, reformas e reparos de edificagées: componentes cerémicos (tjolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc), argamassa e concreto; ¢) de processo de fabricagao e/ou demolicao de pecas pré-moldadas em concreto (bloces, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; I- Classe B - séo os residuos reciclavels para outras destinagées, tas como: plésticos, papel, papeléo, metals, vidos, Imadeiras e gesso;(redagdo dada pela Resolugao n° 431/11). Ill - Classe C - s80 08 residues para os quais nao foram desenvolvdas tecnologias ou apicagSes economicamente viévois {que permitam a sua recilagem ou recuperacéo; (redagéo deda pela Resoluggo n° 431/11). IV - Classe D: sao residuos perigosos ortundos do processo de construgéo, tais como tintas, solventes, dleos © outros ‘y aqueles contaminados ou prejudciais 4 sadde oriundos de demalgdes, reformas e reparos de clinicas radiolégicas, insalagées industria e outros, bem como telhas e demais objetos e materials que contenham ammianto ou outros produlos Inocivos a salide,(redagdo dada pela Resolurao n° 348/04). Para fundamentagao do informado, a seguir reproduzimos os referidos dispositivos: Art. 10. Os residuos da construgao civil, apés triage, deverdo ser destinados das seguintes formas: 1 - Classe A: deverdo ser reutilzados ou reciclados na forma de agregados ou encaminhados a aterro de residuos classe A de reservacao de material para usos futuros; (nova redagao dada pela Resolugio 448/12) Il Classe B: deverdo ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a areas de armazenamento temporirio, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilizagao ou reciclagem futura; IIl- Classe ©: deverdo ser armazenados, ransportados e destinados em conformidade com as normas técnicas especticas. IV-- Classe D: deverdo ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas téonicas especticas. (nova redacéo dada pela Resolugdo 448/12) (DESTACAMOS) Importante destacar que as consideragdes constantes da Resolugao CONAMA n° 307/2002, que balizam tal normativa: Considerando a necessidade de implementacdo de diretrizes para a efetiva redugio dos impactos ~ambientais gerados pelos residuos orlundos da construgéo civ; Considerando que a disposi¢ao de residuos da construgdo civil em locais inadequados contribui para a degradacao da qualidade ambiental; Considerando que os residuos da construgéo civil representam um significative percentual dos residuos sélidos produzidos nas éreas urbana: Considerando que os geradores de residuos da construgdo civil devem ser responsévels pelos. residuos das atividades de construcdo, reforma, reparos e demoligées de estruturas e estradas, ‘bem como por aqueles resultantes da remogao de vegetacao e escavagéo de solos; Considerando a viabilidade técnica © econdmica de produgao © uso de materais provenientes da reciclagem de residuos da construgdo civik Considerando que a gestéo integrada de residuos da construgdo civil devers proporcionar ‘beneficios de ordem social, econdmica e ambiental, resolve: (destacamos) Dentre os empreendimentos realizados pelo segmento da construgéo pesada, tanto as obras de arte especiais (pontes, viadutos, passarelas) como as de terraplenagem © pavimentagdo, basicamente, acabam por gerar residuos dos tipos Classe A e B, principalmente remogao de pavimentos, demoligao de estruturas de conereto, e grandes volumes de solos. Considerando que os aterros nao possibilitam a reciclagem futura e, Portanto, nao estdo inclusos no rol de opgées (reciclagem ou armazenamento temporario), 08 “bota-foras" deixaram de ser a opgdo correta de destinagao, devendo tais residuos ser encaminhados para a reciclagem, exceto os solos que devem ser destinados para a recuperagao de areas degradadas, desde que devidamente licenciadas. Portanto a ulilizagéo de “bota-foras” deve ser abolida dos procedimentos de destinagao final destes tipos de residuos de construgao e/ou demoligao, conforme ja fundamentado (Resolugao CONAMA n° 307/2002 alterada pela Resolugéo CONAMA n° 448/2012 que alterou 0 §1° do Art.4®), Nesta esteira, as empresas contratadas pela administracao publica para a execugao dos programas de obras, deverao encaminhar os residuos gerados para areas de destinagao final licenciadas, para o efetivo cumprimento da legisiagao. Entretanto, o custo de tal destinago jé deveria estar previsto desde o proceso licitatério, posto que, junto com © projeto de engenharia, deveria ser apresentado o PGRCC ~ Plano de Gerenciamento dos Residuos da Construgao Civil, onde as areas de destinagdo final para cada tipo de residuo ja deveriam estar identificadas, para o efetivo cumprimento aos Art.8° e 9° da Resolugdo CONAMA n° 307/20028 Obviamente que a empresa construtora, em condigées gerais, ndo realizaré a triagem dos residuos na obra, até mesmo por questées operacionais, mas destinard os residuos para areas licenciadas que assumem a incumbéncia de atender aos incisos |, | @ Ill do Art.9°. Também o transporte (Art.9°, IV) pode ser terceirizado, mas a destinagao (Art9°, V) € de responsabilidade direta da empreiteira contratada e de responsabilidade objetiva da administragao publica contratante. Entretanto, de tal procedimento decorrem custos, pois as areas licenciadas para o recebimento dos residuos, no equacionamento de suas receitas, adotam a pratica de cobranga pelo recebimento dos residuos a ela encaminhados como destinataria final, seja Por peso ou por volume, o que vem onerando os contratos administrativos em curso, muitas vezes podendo causar um desequilibrio econémico-financeiro dos mesmos em razdo dos volumes a serem descartados. Ja ocorreram eventos em que as detentoras de contratos administrativos de execugao de obras e/ou servigos de engenharia, ao destinarem os residuos gerados na obra para bota-fora em area indicada pela propria contratante (administrago publica — setor de obras), foi autuada pela mesma administragao publica (setor de meio ambiente) pela inexisténcia de licenciamento ambiental na rea de bota-fora, o que mostra a falta de sintonia entre érgéos de uma mesma administragao piiblica, pois da forma que um setor exige 0 cumprimento da normativa vigente, o outro ou a desconhece, ou a ignora © problema dos residuos de construgéo civil 6 gravissimo, e da destinagdo incorreta decorrem responsabilidades em cadeia de solidariedade, pois em se caracterizando um crime ambiental, a abrangéncia da responsabilizagdo atinge © contratante (érg40 publica), o gestor do contrato (engenheiro fiscal), o construtor 5 jt 8° Os Planos de Gerenclamento de Residuos da Construcao Civil serdo elaborados e implementados pelos grandes geradores e terdo como objetivo estabelecer os procedimentos necessérios para o manojo e destinacéo ambientalmente adequados dos residuos. (nova redado dada pela Resolupso 448/12) § 1° 0s Planos de Gerenciamento de Residuos da Construgao Givi, de empreendimentos e atividades néo enquadrados 1a legislagdo como objeto de licenciamento ambiental, deverdo sor apresentedos juntamente com o projeto do empreendimento para anélise pelo drgéo competente do poder pablico municipal, em confomidade com o Plano Municipal de Gestio de Residuos da Construcéo Civil (nova redagdo dada pela Resolucdo 448/12) § 2° Os Planos de Geronclamanto de Residuos da Construgéo Civil de ompreendimentos @ atividades sujeitos 20 Ticenciamento ambiental deverdo ser analisados dentro do processo de licenciamento, junto aos érgdos ambientals competents. (ova redagdo dada pela Resolugdo 448/12) (DESTACAMOS) Art, 9° Os Planos de Gerenciamento de Residuos da Construgio Civil deveréo contemplar as seguintes etapas: (nova redagdo dada pela Resolugéo 448/12) | -caracterizago: nesta etapa o gerador devera identificar e quantficar os residuos; Il tiagem: devera ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada nas areas de destinagao licenciadas para essa finalidade, respetadas as classes de residuos estabelecidas no art 3° desta Resolucdo; IIL- acondicionamento: 0 gerador deve garantr 0 confinamento dos residuos apos a geragdo até a etapa de transporte, ‘assequrando em todos 0s casos om que soja possivel, a condigdes de reutiizagao e de reciclagem; IV - transporte: deverd ser realizado em conformidade com as elapas anteriores © de acordo com as normas técnicas Vigentes para o transporte de residuos; V-destinagdo: deverd ser prevista de acordo com o estabelecido nesta Resolusdo. (DESTACAMOS) contratado (empresa), 0 responsavel técnico pela execugo (engenheiro da empreiteira), 0 transportador (se cagambeiro contratado) e o destinatario (se nao licenciado). Assim sendo, se no extremo final da rede de solidariedade nao houver a correta destinagdo em area devidamente licenciada, todos respondem pelo dano ao meio ambiente. Tal entendimento decorre das definigdes oriundas do Art.2° da Resolugéio CONAMA n* 307/2002, que em seus incisos Il ¢ III” Ademais, se a destinagao for clandestina, com descarte nos fundos de vale como costumeiramente acontece, provavelmente os residuos sero carreados para 0s cursos d’agua, criando assim um passivo ambiental indesejavel para a administragao piiblica, com problemas futuros de redug4o das calhas dos rios, tendo como consequéncia alagamentos e necessidade de dragagem dos segmentos mais criticos. A preocupacdo com a atual situagao, em razdo da inexisténcia de ATT's, 0 que potencializa a dificuldade de areas de destinagao em disténcias compativeis com as previstas em contrato (DMT), e com os custos diretos de destinagao nas reas licenciadas no previstos quando dos processos licitatérios, e principalmente pelo passivo ambiental que tal procedimento acarreta aos empresarios do segmento da construgéo pesada, se faz necesséria uma ampla discussdo sobre a questo, afim de que todos os interessados encontrem uma forma de sanar eventuais descumprimentos dos ditames ambientais, fazendo com que todos os elos da corrente de solidariedade se ajustem aos ditames da Resolugéo CONAMA n° 307/2002, assumindo assim cada um sua responsabilidade ambiental, sem colocar em risco o meio ambiente, 0 patriménio das empresas e até mesmo a liberdade de seus gestores, sejam piiblicos ou privados. Curitiba, 30 de setembro de 2013. Autoria: CARLOS HENRIQUE MACHADO (Eng? Civil e Advogado — Assessor Técnico e Juridico do SICEPOT-PR) ‘Superviséo: SERGIO PICCINELLI (Eng? Civil e Presidente do SICEPOT-PR) T I= Geradores: séo pessoas, fisicas ou juridicas, publicas ou privadas, responsa ‘empreendlmentos que gerem os residuos definidos nesta Resolucao; Im - Transportadores: s80 as pessoas, fisces ou juries, encemegadas da coleta ¢ do transporte dos residuos entre as fontes geradoras @ as areas de destinagao:

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