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ISHIGURO, Kazuo. No me abandone jamais. Trad. Beth Vieira.

So Paulo:
Companhia das Letras, 2005.

Isso muito interessante mesmo. Mas eu era to m vidente antes quanto


sou agora. Eu chorava por um motivo totalmente diferente. Quando a vi
danando aquele dia, enxerguei uma outra coisa. Enxerguei um novo mundo
chegando muito rpido. Mais cientfico, mais eficiente, verdade. Mais
curas para as velhas doenas. Muito bem. Mas um mundo duro, um mundo
cruel. E vi uma menina novinha, de olhos bem fechados, segurando no colo
o mundo antigo e bom de antes, o mundo que ela sabia, l no fundo, que
no poderia continuar existindo, e ela segurando esse mundo no colo e
pedindo para ele no deix-la partir. Foi isso que eu vi. No era
propriamente voc, nem o que estava fazendo, o que eu enxerguei. Mas
aquela cena partiu meu corao. Nunca mais esqueci. (p. 324-325)

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