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Bia,

pela fora que carrega em ti


v-se que logo que no podia
ter nascido em outro dia.
Dia de lembrar ao povo
que o caminho ainda turvo;
dia de soltar o choro
e celebrar o gozo;
dia de tantas Bias,
Anas e Marias,
de ps rachados ou de salto alto,
carregam sobre a cabea a espada
da opresso e da covardia.
Dia de abrir o peito ao mundo:
este peito que tantas vezes o alimentou,
este mesmo, por tantas vezes humilhado,
condenado e mutilado,
ainda resguarda a candura e a fora
para podar os espinhos das rosas.
S portadora da memria
das escravas, bruxas e operrias,
das meninas que vivem das ruas,
daquelas presas aos estigmas
sexuais, culturais, e religiosos
e conduza, pela vida, a vida delas
em tua poesia.

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