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NERI VOLPATO PROTOTIPAGEM TECNOLOGIAS E APLICACOES IRIQUE A\ /ASCONCI FERREI RUSH 3VALHO \TO LOPES DOS SANTO! E LOPI SILVA ' Prototipagem rapida como processo de fabricacao Jonas de Carvalho Escola de Engenharia de Sio Carlos (USP) Neri Volpato Universidade Tecnolégiea Federal do Parana (UTFPR) 1.1_Introdugao Nos tiltimos anos, a intensificagao da concorréncia, aliada A crescente complexidade dos produtos fabricados, tem exigido das empresas alteragdes substanciais no Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP), visando reduzir 0 tempo total de desenvolvimento, juntamente com aumento de qua- lidade e competitividade. Estas alteragdes envolvem tanto aspectos de gestao do processo de desenvolvimento, como também o emprego de novas técnicas e ferramentas computacionais para projeto, andlise, simulacao e otimizagio dos componentes fabricados. Muitas vezes, a garantia de sucesso comercial de um produto esta associada & habilidade da empresa em identificar as ne- cessidades dos clientes e imediatamente desenvolver produtos que atendam Satisfatoriamente a essas necessidades. Dentre todas as atividades envolvidas no PDP, a utilizacg4o de protstipo fisico é essencial para melhorar a comunica- Gao entre os envolvidos no processo, bem como reduzir a possibilidade de falhas e melhorar a qualidade do produto. Prototipagem rapida — tecnologias e aplicacées Neste capitulo, o principio do recente processo de fabricagdo denomina. do de Prototipagem Rapida (RP, de Rapid Prototyping) é apresentado, des. crevendo alguns eventos importantes que antecederam o seu surgimento ¢ algumas de suas possfveis aplicagdes. Uma descrigaéo mais detalhada dag tecnologias existentes, processos e aplicagées encontra-se nos demais caps. tulos deste livro. 1.2 Processo de fabricagéo denominado prototipagem rapida Os principais processos de fabricagao mecanicos possuem principios nor- malmente derivados da Fuso e posterior moldagem do material (ex. varios tipos de fundigao de metais em molde permanentes ou n&o, moldagem por inje¢do de plastico, etc.), da Remogio de material, até se chegar A forma desejada (torneamento, fresamento, furaco, retifica, eletroerosio, usinagem quimica, eletroquimica, etc.), da Conformacgao, que sao aqueles que geram a geometria final da pega a partir da deformagao plastica do material inicial (ex. forjamento, conformagao e estampagem de chapas, extrusio, laminagio, me- talurgia do p6, entre outros), e da Adicao de material (ex. soldagem, braza- gem, colagem, entre outros — que podem promover a juncdo de partes mais simples para compor uma pega mais complexa). Neste Ultimo grupo, também se encontra 0 processo de fabricagdio de peas em fibra de vidro, onde ocorre a adig&o de sucessivas camadas de fibras e resinas sobre um molde. Mais re- centemente, no final da década de 80, um novo processo foi desenvolvido base- ado também na adigao de material, mas com a diferenga de esta ser em cama- das planas. Um grande diferencial deste em relacéio aos demais processos de adigaio é a facilidade de sua automatizagao, dispensando moldes e ferramen- tas, minimizando consideravelmente a intervengéio do operador durante 0 pro- cesso. Isto foi alcangado, pois o mesmo utiliza as informagées geométricas da pega a ser fabricada diretamente do sistema CAD (Computer Aided Design) para o planejamento do processo, que ocorre de forma bastante automatizada. As informagées geradas sao enviadas diretamente & maquina que, uma vez Preparada, executa o trabalho sem assisténcia de um operador (maiores deta- Ihes sao apresentados a seguir). Devido ao fato de a concepgio deste processo de fabricagao ter sido apli- cada inicialmente na producao rapida de pegas visando uma primeira materializagao de idéia (protétipos), sem muitas exigéncias em termos de Tesisténcia € precisdo, o mesmo foi denominado de Prototipagem Rapida Apesar de varios autores terem sugerido outros nomes, talvez tecnicamente Prototipagem répida como processo de fabricagao mais apropriados, tais como manufatura por camada (ayer Manufact: sabveaci i jenna livre (Solid Freeform Fabrication) vrenutatars te ancada (Desktop Manufacturing), man ‘ ateri GMaterial Incress Manufacturing), o nome wrist on, promteselsd rat denominagao persiste atualmente, mesmo depois de os processos terem sido aprimorados a ponto de alguns poderem ser utilizados para a fabricagio de pegas para a em produtos finais. Talvez o nome Prototipagem Rapida seja uma incoeréncia, nao mais representando este importante processo de fabricagao. Apesar de nao ser considerado o mais apropriado, este nome original foi mantido, pois se tornou popularmente o mais aceito. ‘ Devido a importancia e a potencialidade, que derivam da grande economia em tempo de fabricagao e capacidade para fabricar geometrias complexas, 0 aparecimento da RP pode ser considerado um marco em termos de tecnologias de manufatura. 1.3 Principio da prototipagem rapida O protétipo de um produto ou componente é parte essencial no seu processo de desenvolvimento, pois possibilita que a andlise de sua forma e funcionalidade seja feita numa fase anterior 4 producao de ferramental defi- nitivo. Historicamente, as representagées fisicas dos produtos (ou simples- mente protétipos) vém sendo utilizadas desde a antigitidade, evoluindo de manuais, ainda bastante utilizadas, para prototipos virtuais nos anos 80, coma disseminacao dos sistemas CAD tridimensionais, e mais recentemente com os protétipos rapidos. ARP pode ser definida como um processo de fabricagao através da adic&o de material em forma de camadas planas sucessivas, isto 6, baseado no principio da manufatura por camada, conforme ilustrado na Figura 1.1. Esta tecnologia permite fabricar componentes (prototipos, modelos, etc.) fisicos em 3 dimensdes (3D), com informacées obtidas ciretamente do modelo geométrico gerado no sistema CAD, de forma rapida, automatizada e totalmente flexivel. O processo inicia com 0 modelo 3D da pega no CAD sendo “fatiado” eletronicamente, obtendo-se curvas de niveis 2D que definirao, em cada camada, onde existe ou nao material a ser adicionado. Estas camadas serio entio processadas seqiiencialmente, gerando-se a pega fisica através do empilhamento e aderéncia das mesmas, iniciando na base ¢ indo até o topo da mesma. Prototipagem répida — tecnologias e aplicacoes Implementag6es praticas da fabricagao por camadas para as necessidades atuais de manufatura tornaram-se posstveis, devido a integragao de processo § tradicionais de manufatura, tais como a metalurgia de po, extrusao, solda usinagem CNC, a diversas outras tecnologias acessérias mais recentes, tais como controles de movimento de alta precisao, novos materiais, sistemas de impressio a jato de tinta, tecnologias laser, entre outras. Tal interagao é a base dos diversos sistemas de RP atualmente disponiveis no mercado. Modelo CAD Fatiamento Adiggo das camadas __ Modelo eletrénico Model fisico | Figura I. Representagio das principais etapas do processo de manufatura por camada 1.4 Histdrico O conceito de construgao de objetos fisicos através de camadas nao é uma idéia nova e, sim, remonta a aplicages bastante antigas, como a constru¢a0 de piramides egipcias, com a sobreposi¢ao de blocos. Segundo Beaman’, as rafzes das tecnologias atuais de RP podem ser tracadas a partir de duas grandes areas técnicas: a Topografia e a Fotoescultura. Na area da Topografia, a primeira grande aplicagao do método de construgao através de camadas deve-se a Blanther*, que, por volta de 1890, desenvolveu um método para a construgao de moldes para mapas de relevo topografico. O método consistia na construgao de diversos discos de cera com © contorno topogréfico (curvas de nivel) das cartas topograficas, obtendo-se desta forma a reproducao de superficies tridimensionais. A Figura 1.2 ilustra 0 método de Blanther. Prototipagem rapida como processo de fabricacio 5 Diversos refinamentos do método proposto por Blanther foram desenvol- vidos nos anos seguintes com outros materiais como papel cartao por Perera em 1940, e placas transparentes por Zang (1964) e Gaskin (1973), conforme citado em Beaman’ Em 1972, Matsubara’, da Mitsubishi Motors, propds um método de construgao a partir de uma resina fotopolimerizével. A resina em questao era coberta com particulas refratérias (por exemplo, p6 de grafite ou areia) e curada a partir da emissao de uma fonte de luz coerente, no caso especifico uma lampada de vapor de merctrio, a qual era seletivamente projetada, Provocando o endurecimento de uma determinada regio. As finas camadas formadas a partir do método proposto eram sobrepostas seqtiencialmente, constituindo-se posteriormente um modelo de fundigao. (io Model.) J. BE. BLANTHER. MANUFAOTURE OF CONTOUR RELIEP MAPS. No. 478.901, Patented May 3, 1892, Figura 1.2. Método de Blanther para a construgao de mapas topogrificos! DiMatteo’ em 1974 verificou que a mesma técnica poderia ter grande utilidade na fabricagao de superficies de geometria complexa, dificeis de serem obtidas pelos métodos tradicionais de fabricacio, conforme ilustrado na Figura 1.3. Em 1979, 0 professor Takeo Nakagawa’ da Universidade de Toquio utili- zou-se das técnicas de construgao por adigado de camadas para fabricar moldes para inje¢ao, utilizando técnicas de laminacao para a producao de ferramen- tas de estampagem. Prototipagem répida tecnologias e aplicagées Figura 1.3 Molde fabricado com a técnica de adigio de camadas por DiMatteo* A fotoescultura é uma técnica desenvolvida no século XIX, com o intuito incluindo-se formas humanas. Uma das rea- de criar réplicas exatas de objetos lizagdes de sucesso desta tecnologia foi desenvolvida por Frenchman Francois Willéme [apud Bogart*] em 1860. Basicamente, a sua técnica consistia em colocar, no centro de uma sala circular, um objeto e em torno deste posicionar 24 cameras fotograficas, distribufdas igualmente, acionando-as simultanea- mente. A silhueta de cada uma das fotos era utilizada depois por um artista para esculpir cada um dos vinte e quatro avos (1/24) da porgao cilindrica da figura, conforme citado por Beaman’. Na primeira metade do século XX, mais especificamente em 1935, Morioka’ desenvolveu no Japio um processo combinando técnicas de fotoescultura € topografia. O processo de Morioka consistia basicamente no uso de uma luz estruturada (luz negra), para criar linhas de contorno do objeto a ser Teproduzido. As linhas eram entao desenvolvidas em folhas, as quais eram cortadas e empilhadas ou projetadas sobre 0 material a ser esculpido. Em 1951, Munz [apud Beaman'] propés um sistema precursor da técnica atual de Estereolitografia. A técnica de Munz consistia de um sistema com exposicao seletiva de seg6es transversais do objeto a ser desenvolvido, sobre uma emulsao foto transparente. Ao término da produg&o de uma camada, um Prototipagem rapida como processo de fabricagio 7 pistao era acionado abaixando a plataforma € adicionado-se a quantidade apropriada de emulsao e do agente fixador para 0 inicio da produgao da proxima ivamente. Posteriormente, este objeto era esculpido manualmente ou fotoquimicamente estampado, criando-se um objeto tridimensional. A Figura 1.4 ilustra a técnica desenvolyida por Munz para o de: objetos tridimensionais, camada e assim suce: envolvimento de Dec. 25, 1956 ©. 4. MUNZ 2,775,758 Horo-cuveH RenoRomNE f Pied tay 25, 1 2 Sweeto-snocs 2 . Mectniys pence att INvENTOR Figura 1.4 Proceso de Munz (1956) para reprodugao da imagem tridimensional de um objeto” 8 Prototipagem répida — tecnologias e aplicacées Em 1968, Swainson"! propés um processo para a fabricagao direta de modelos de plastico pela polimerizagao seletiva de um polimero Prossenstel com a interseccaio de dois feixes de laser. O processo de formagio do objeto ocorre devido a reacées fotoquimicas ou pela degradagio do polimero pela intersecgao dos feixes de laser, conforme ilustrado na Figura 1.5. Laser interferometers Computer Figura 1.5 Processo de fotoescultura utiizando-se a interseccio de lasers por Swainson!" ‘Um processo, utilizando pés de diversos materiais com a propriedade de serem fundidos através da exposigio a feixes de laser ou plasma, foi proposto por Ciraud'* em 1972, Basicamente, as partfculas eram aplicadas a uma matriz por gravidade, agio magnética ou eletrostitica, sendo posteriormente fundi- das pela ago de um ou mais feixes de laser ou plasma, formando camadas continuas. A Figura 1.6 ilustra 9 proceso proposto por Ciraud, Figura 1.6 Processo de sinterizacao @ laser proposto por Ciraud!? em 1972 Prototipagem répida como processo de fabricacao 9 Na area de fotopolimerizacao, em 1982, Herbert’, da empresa 3M, propés um sistema, no qual um feixe de laser Ultravioleta (UV) Polimerizava uma ca- mada através de um sistema de prismas em uma plotter X-Y. No processo pro- posto por Hebert, um computador era utilizado para comandar os movimentos do feixe de laser no plano X-Y. Apés o término da polimerizacio da camada, esta era abaixada aproximadamente em Imm e nova quantidade de Ifquido fotopolimerizavel era adicionada para a construcao da préxima camada. Todos os trabalhos de pesquisas, técnicas e processos desenvolvidos tan- to nos conceitos da Fotoescultura quanto da Topografia, ou mesmo no desenvolvimento de produtos, acabaram por dar origem as atuais técnicas de Prototipagem Rapida. Todavia, estas técnicas passaram a ser empregadas comercialmente somente apds o aparecimento do primeiro equipamento de RP, 0 SLA-1 (StereoLithography Apparatus), pela empresa americana 3D Systems, em 1987. 1.5 Tipos de tecnologias de RP Segundo Kai et ai."*, existem mais de 20 sistemas de RP no mercado que, apesar de usarem diferentes teenologias de adigao de material, se baseiam no mesmo principio de manufatura por camadas planas. Os processos de RP atu- almente mais importantes, considerando equipamentos instalados e processos promissores, podem ser agrupados pelo estado ou forma inicial da matéria- prima utilizada para fabricag&o. Neste sentido, pode-se classificar os mesmos em processos baseados em Liquido, Sélido e P6. Sendo assim tem-se: Baseados em Liquido —a matéria-prima utilizada para fabricar a peca encontra-se no estado Iiquido, antes de ser processada. Nesta cate- goria, encontram-se as tecnologias que envolvem a polimerizagio de uma resina liquida por um laser UV (ex. Estereolitografia - SL, de StereoLithography), ou o jateamento de resina Miquida por um cabegote tipo jato de tinta e posterior cura pela exposi¢ao a uma luz DV (ex, Impressio a Jato de Tinta ~ UP, de Ink Jet Printing), entre outros. Baseados em Sélido — nestes process: s6lido, podendo estar na forma de filamento, lamina, os 0 material utilizado encon- tra-se no estado ‘ow outra qualquer. Alguns dos processos fundem o material, antes da elagem por Fusdo ¢ Deposigao ~ FDM, de sua depositeao (ex. Mod \JP). Outros somente recortam uma Fused Deposition Modeling, Prototipagem rdpida — tecnologias e oplicacées lamina do material adicionado (ex. Manufatura Laminar de Objetos — LOM, de Laminated Object Manufacturing, Tecnologia cor Lam. nas de Papel — PLT, de Paper Lamination Technology). Baseados em P6 — a matéria-prima estd na forma de pé antes do processamento. Pode-se utilizar laser para 0 seu processamento (ex. Sin. terizacao Seletiva a Laser —- SLS, de Selective Laser Sintering, Sinterizagao a Laser — ROSINT, Fabricagéio da Forma Final a Laser — LENS, de Laser Engineered Net Shaping) ou um aglutinante aplicado por um cabecote tipo jato de tinta (ex. Impressio Tridimensional - 3DP, de 3 Dimensionat Printing, entre outros processos. A descrigao detalhada dos processos acima citados é apresentada no Ca- pitulo 3. Estas varias tecnologias apresentam etapas de processo similares, que, de uma maneira geral, compreendem: () a modelagem tridimensional da peca em um sistema CAD; (2) a geracao da geometria 3D da pega no padraio STL (STereoLitho- graphy — aproximagao da superficie da peca usando malha de triangu- los); (3) a verificagao do arquivo de dados; (4) 0 planejamento do processo para a fabricagao por camada (fatiamento © definigdo de suporte e estratégias de deposicio de material); (5) a fabricacao, e (6) © pés-processamento, geralmente limpeza e acabamento da pega. Todas estas etapas, bem como o padrao STL, estiio detalhadas no Capitulo 4. 1.6 Vantagens e limitacdes da prototipagem rapida como processo de fabricacdo Quando comparado a outros processos de fabricagaio, em especial com @ usinagem CNC, 0 processo de RP apresenta vantagens e desvantagens. Algumas vantagens podem ser sintetizadas como: ™ Independéncia da complexidade geométrica da pega. Geometrias normalmente impossiveis de serem fabricadas por outros processos podem ser obtidas por RP. ™ Nao requer dispositivos ou ferramental especial para a fixagdo. Ge- ralmente, as pecas sido fixadas nas plataformas de construga0 por Suportes criados pela propria tecnologia, dispensando o projeto de Prototipagem rdpida como processo de fabricagio " qualquer tipo de dispositive Geralmente, néo & necesséria a troca de ferramenta de trabalho. Nor- malmente, um tinico meio de processamento do material é utilizado, do inicio ao fim do processo, seja laser, deposigio de material fundi- do, jato de tinta, corte por faca, ete. Oo componente € fabricado em uma tinica etapa de processo. Um unico equipamento € necessdrio para construir a pea, do inicio ao fim (em alguns processos, etapas posteriores podem ser necessarias para reforgar a resisténcia da pega). N&o sao necessarios célculos complexos de trajetérias de ferramentas. O planejamento de processo é bastante simplificado pois se reduz basi- camente a célculos de trajetérias no plano 2D e, por isso, é realizado de forma praticamente automatica por sistemas dedicados. Menor tempo e custo de obtengdo de protétipos, principalmente os de geometria mais complexa, quando comparados aos processos tradicionais, muitas vezes manuais; Pode ser utilizado na obtengao de ferramental para a produgio de um miimero maior de pegas. As vantagens advindas da utilizag’o da RP durante o PDP, permitindo uma utilizacao mais rapida e freqtiente de representagées tridimensionais fisicas do produto (ex. mock-up, modelos, varios tipos de protétipos), estéo detalha- das no Capitulo 2. Algumas restrigdes ou deficiéncias da RP como processo de fabricagao sao"; Os materiais e as suas propriedades mecanicas nao sio as mesmas dos metais e plsticos geralmente usados no produto final. Somente alguns materiais proprietarios, desenvolvidos para cada uma das tecnologias, podem ser empregados nestes processos e, devido ao fato de a fabi- cacio ser por adigéo de camadas, o material possui uma certa anisotropia. Este fato implica em limitagdes na aplicagio das pegas produzidas por estes processos. A precisao e 0 acabamento superficial sao inferiores aos das pecas ob- tidas por usinagem. Novamente, devido ao fato de a pega ser cons- truida pela adigdo de camadas planas, uma caracteristica da sua superficie 6 0 serrilhado decorrente do efeito escada em regides inclinadas e curvas. Este efeito provoca um desvio da geometria da pega modelada no CAD, que ¢ inerente ao processo de RP (mais detalhes podem ser obtidos no Capitulo 4). Prototipagem répida — tecnologias e aplicacoes @ Devido ao custo envolvido, existe uma limitagdo na quantidade de protdtipos que podem ser produzidos com os sistemas de RP atuais, Quando se deseja um ntimero maior de protétipos, deve-se recor. rer As tecnologias de obtengao de moldes-prototipo (ver detalhes no Capitulo 5). Em virtude da natureza térmica/quimica de alguns processos, proble- mas como distorgdes, empenamento e inchamento podem ser obser- vados em alguns processos. Estes problemas vém sendo minimizados nos tiltimos desenvolvimentos das tecnologias de RP. 1.7 Aplicagdes Como mencionado anteriormente, no inicio, a RP possibilitava principal- mente a obtenciio de protétipos para visualizacao, ou seja, ndo sendo conside- radas com rigor a sua fungao, preciso dimensional e performance. A pouca preciso dimensional e opgées de materiais limitavam principalmente a sua aplicacao nos estagios iniciais do PDP e nao em testes funcionais. Com o pas- sar do tempo, novas exigéncias foram surgindo em termos de melhoria da qualidade, necessidade de executar testes funcionais e de um ntimero maior de protétipos. Em resposta a estas exigéncias, as tecnologias de RP tém sido constan- temente melhoradas, com aumento da qualidade, precisio e aumento do ni- mero de materiais disponiveis para obtengao dos protétipos. Somada a isto, também estao sendo desenvolvidos e aperfeigoados os processos de Ferra mental Rapido (RT, de Rapid Tooling) que visam a produgao de moldes- protétipo. Estas técnicas surgiram devido A necessidade de se utilizar proté- tipos para testes funcionais no PDP. Estes prototipos devem, preferencial- mente, ser obtidos com 0 mesmo material da peca final e também com 0 mesmo processo de fabricagao. Adicionalmente, um maior ntimero de prots- tipos pode ser necessario para uso dentro e/ou fora da empresa (testes de campo), a exemplo de fornecedores, ferramentarias e clientes. Nestes cas0S, a utilizagao de um molde-protétipo é primordial. A maioria das tecnologias de RT disponiveis ¢ utilizada para a obtengio de moldes para pequenos ou médi- 0s lotes de pegas. Este assunto é tratado em detalhes no Capitulo 5. Observa-se entao que a aplicagao da RP que se iniciow no projeto fo! estendida primeiramente para a engenharia, andlise e planejamento ¢ depo! Para etapas de manufatura e ferramental. A Tabela 1.1 sintetiza algunas as Prototipagem rapida como Processo de fabricacio 13 aplicagoes tipicas das tecnologias de RP. A tendéncia atual é aumentar cada vez mais © uso de protétipos na engenharia, manufatura e ferramental e esta pode ser visualizada pela mudanca ja demanda nas areas de aplicagdes no decorrer dos anos apr esentada por Kay e Fai’ (Figura 1.7). Varios siio os setores industriais que podem se beneficiar do uso das tecno- logias de RP e RT, sendo ja bastante difundidas na industria aeroespacial, automobilistica, de bioengenharia (medicina e odontologia), de produtos Tabela I.1 Areas de aplicacao tipica de protétipos obtidos por RP (adaptado de?) [ “Aplicagoes y Engenharia, andlise Manufatura Projeto ¢ planejamento e ferramental CAD - verificagio | Modelos de forma Pecas moldadas em plistico de modelo (especifi- | Andlise de escoamento (utitizando molde de silicone, cagéo de projeto) Anilise da distribuicgo de tenses | moide obtide por pubverizagao Visualizacao Pecas pré-séries metilica, ete.) Prova de conceito Diagnéstico e planejamento de Fundigao (em areia, cera Marketing e operacao cirdirgica perdida, em molde metalico) apresentagao Projeto e fabricagao de préteses | Eletrodos de EDM de modelo implantes Modelos mestres oe Y De 1991-1996 1996 em diante (J Manufatura e Ferramental ‘m Engenharia, Andlise e Planejamento Ci Projeto 4 5 Figura 1.7 Mudanga na énfase das dreas de aplicagae (adaptado de”) 14 Prototipagem répida — tecnologias e aplicagées elétricos (utensilios domésticos), de produtos eletrénicos em geral, etal de joalheria, artes, arquitetura, etc. Observa-se ainda que, cada vez mais, novos campos de aplicagao estao aparecendo, 4 medida que aumenta o numero de profissionais e empresas que tormam conhecimento destas tecnologias. Exem. plos destas aplicagées esto apresentados no Capitulo 6. 1.8 Conclusées Neste capitulo, foi introduzido 0 conceito de Prototipagem Rapida (RP) como um processo de fabricagao baseado na adicao de camadas planas suces- sivas de material, que pode estar inicialmente na forma Ifquida, sdlida ou em p6. A maneira como estas camadas sao criadas é 0 que ira diferenciar as tecnologias existentes, descritas em detalhes no Capitulo 3. Um breve relato histérico do surgimento do processo RP foi também apre- sentado, desde as primeiras geracdes de sdlidos por adic¢ao de camadas, ocor ridas no final do séc. XIX, até o surgimento da primeira m4quina comercial em 1987. Desta data em diante, muitas outras tecnologias surgiram, outras deixaram de ser utilizadas e a cada dia novas técnicas séo propostas e aplica- das, tornando a 4rea de RP uma das areas mais ativas em termos de pesquisa € novos desenvolvimentos. 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