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ESCOLA POLITECNICA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Departamento de Engenharia de Construc¢ao Civil boletim tecnico - 0386 CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO PAULO RL. HELENE. BL Boletim potiocinado pelo COMPANHIA CIMENTO ORTLAND ITAL CONTROLE DE QUALIDADE DO coNcRETo Paulo R.L.Helene os PALAVRAS CHAVES: Concreto, controle de qualidade, da resisténcia e estatistico. RESUHO 0 trabatho temo objetivo de conceituar o que & 0 controle da resistancia & compressio do concrete das estruturas de edificagées e de obras de arte, como foi e como esta considerado ns normas de projeto e execucio de obras de concreto armado no Brasil, ¢ qual a metodologia que pode ser seguida tanto para controlar 0 processo de produgao quanto para aceitar,de for- ma eficaz © consciente,um certo volume de concrete produzido e entregue para julgamento. Situa e limita 0 controle de qualidade do concreto dentro de um controle mais anplo e impres GindTvel, que € 0 controle tecnotégico dos nateriais e servigos de uma construgio, Levanta a necessidade de integracdo dos diversos especialistas que atuam em uma construgio, com 0 objetivo de estabelecer regras praticas que vermitam a todos alcangar o objetivo comum de realizar uma obra segura e econdmica. A Introdugdo apresenta algumas consideracdes sobre o problema do controle estatistica da re- sist8ncia 3 compresséo do concrete. 0 capitulo I descreve o desenvolvimento das normas brasileiras para projeto e execucio de obras de concrete armado através de uma perspectiva histérica, Analisa o modo como era con- iderada a resisténcia dos materiais nos diferentes mBtodos de introdugio da seguranga, no projeto estrutural. Procura ressaltar a importancia crescente do controle da resistéicia do concreto, tanto em relagdo d seguranga da estrutura quanto em relacdo ao beneficio econdmico resultante de uma maior uniformidade do proceso de produgio. O capitulo IT presenta 05 conceitos basicos relacionados ao controle de qualidade de forma geral, indicando uma metodologia que pode ser aplicada, em principio, a qualquer processo de Produgao em série. © capTtuto III trata de alguns aspectos comuns ao controle de produgéo e a6 controte de acei taco do concreto. Anatisa as causas de variagées @ os fatores que intervém na qualidade po tencial do concreto, Ressalta a importincia da eficiancia das operacées de ensato e contro- Te © a importincia da uniformidade dos materiais. Propoe também un critério mais exato para Separagio de lotes a serom submetidos & aceitagio, complementando 0 atualmente reconendado a NBR 6118 ~ Projeto e Execugio de Obras de Concreto Amado (NB“1/1978). 0 capitulo IV apresenta as cartas ou grificos de acompanhanento do proceso, para fins de con trole de pradugio, indicando as faixas de operagdo mais convenientes e alguns critérios para Interpretagio destas cartas. Expie tambén os problemas relacionados @ fixagio da resistén~ cla média de dosagen. 0 ditino capitulo analisa os critérios para controle de aceitagao segundo a recomendagio da NBR 6118, apresentando 2)gumas passagens importantes para a escolha de um estimador. (4) Professor de Materiais e Técnicas da Construcdo Civil da Escola Politécnica da USP; Con- sultor do Instituto de Pesquisas Tecnologicas - IPT, Vice Presidente da CB 18/ABNT e Se- cretario do Conite Tecnico CT-201 do 1RErW, 01 CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO Paulo R. L. Helene Sundrio Resumo 1. INTRODUGKO 2. AK CONSIDERAGAO DA RESISTENCIA DOS MATERIAIS NOS METODOS DE INTRODUGAD DA SEGURANGA NO PROJETO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO 3. OBTENCKO DA RESISTENCIA A COMPRESSAO 4. IMPORTANCIA DA RESISTENCIA K COHPRESSAO §. LIMITACUES 00 CONTROLE DA RESISTENCIA 6, SIGNIFICADO DA RESISTENCIA K COMPRESSKO 00 CONCRETO 7. CORRESPONDENCIA ENTRE 0 VALOR DE CONTROLE £ 0 REAL DA OBRA 8. 0 PAPEL DA ESTATISTICA DEFINIGKO DE RESISTERCIA CARACTERTSTICA 00 CONCRETO 10. DINAMICA DO CONTROLE DO CONCRETO 11. CONTROLE DE PRODUGKO 00 CONCRETO V2. CONTROLE DE ACEITAGAO DO CONCRETO 13, MEDIDAS A SEREM TOMADAS NO CASO DE REJEIGAO DO CONCRETO: 00 LOTE 14, CONSIDERAGOES FINAIS -02- 1. INTRODUGRO 0 controle da resistancia 3 compressio do concreto das estruturas de edificagées © obras de arte & parte integrante da construcio, sendo indispensivel a sua permanente conprovacae. sve liar se © que esta sendo produzido corresponde ao que foi adotado previamente por ocasiau do dimensionamento da estrutura, faz parte da propria concepgio do processo construtivo cons uz todo. A partir de 1960 com a introduc&o no texto da NB-1/60 do conceito de resisténcia caracteris- tice, fay (ne dpoca denominada resisténcia mfnina con,a notagdo og) foram incorporadas § cont trugdo civil as técnicas da estatfstica para controle de qualidade de um produto. De 1960 > 1978 experiéncias internacionais € o desenvolvimento da estatistica para a estimativa de um quantil, forcaram a atualizacdo do texto anterior da NB-1/60, dando origem so texto atual ds NBR 6118 (NB-1/1978). Essas mudancas, indispensdveis e favordveis, envolveram reformulacies de alguns conceitos an teriores, acarretando uma certa inseguranga no meio técnico que aliada a sua natural inércia @ algumas dificuldades de interpretacdo do texto atual, ainda impedem o aproveitamento total das novas técnicas de controle colocadas & disposicao do setor. 2. A CONSIDERACKO DA RESTSTENCTA ‘00S MATERIATS NOS METODOS DE INTRODUGAO DA SEGURANGA NO PROJETO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETG ARMADO A evolucio do conhecimento das distribuicdes das resistéacias mecanicas do aco e do concrete forcou a discretizacao nos métodos de introduc da seguranga no projeto estrutural, separan do-as das demais varidveis inerentes ao projeto, porém ainda desconheci des. Esta separacdo, se por um lado contribui para a meThor adequacao dos coeficientes de “segu- ranga" & realidade, pois estes passam a representar um menor niimero de variaveis desconheci- das, por outro aumenta a importancia do controle da variabilidade dessas resisténcias, con- forme podenos observar percorrendo historicamente 2 evolugéo dos métodos de intradugao da se guranga no projeta estrutural, normalizados no Brasil. Em 1931 a Associaggo Brasileira de Concreto — ABC publicou o seu Regulamento, que reuniu to- das as recomendagdes de calculo consagradas na época. 0 critério de dimensionamento & deno~ minado método das Tensdes Admissfveis, que nao permitia uma avaliago real da seguranca. Nes, se Regulanento as resistncias dos materiais e as acdes eram consideradas a partir de valo- res médios englobando em um Ginico coeficiente de seguranga (y,), denominado interno ou glo- bal, todas as incertezas. Desta forma, néo distinguia a variabilidade das resistencias dos materiais da variabilidade das acées e da variabilidade das caracteristicas geométricas dos Componentes estruturais, ndo.incentivando, portanto, uma melhoria da qualidade dos materiais, da execugio e da utilizagio, além de nio permitir o aproveitamento do controle eventual que se tenha sobre una dessas varidveis. Este critério de introducio da seguranca no projeto es, trutural perdurou paralelamente ao cdIculo em regime de ruptura nas normas brasileiras de Cal culo e Execugio de Obras de Concreto Armado — NB-1 de 1940, 1983, 1950 e 1960. -03- Em 1960, alm de ampliada 2 recomendacSo para célculo em regime de ruptura, a NB-I discreti- Zou a variabilidade das resisténcias dos materiais, passando a trabalhar com 2 tensio anima de ruptura do concreto (og), correspondendo ao quantil de 5%. Este método dos Estados Limi- tes, no entanta, ainda mantinha un Gnico coeficiente de seguranca externa (v), que englobava a variabilidade das acdes, das dimensies ¢ das priprias resistincias. Atualmente a NBR 6118 (NB-1/78) recomenda um novo método de introduséo da seguranca no proje to estrutural, denominado Método Semt-Probabilista. Este método, fruto de ampla investiga Go internacional pronovida pelo “Comité Euro-Internacional du Béton — CEB", considera so- mente as resisténcias e as ages como variaveis aleatérias. Adsite uma distribuigdo estatfstica dessas variaveis e fixa um s6 valor chamado valor carac- terfstico. Com isto, introduz uma grande sinplificagio 20 método probabitista puro, 20 mes~ ‘mo tempo que melhora a avaliagao da seguranga. Para considerar as outras varidveis cujas distribuiges sio ainda desconhecidas ou mio quan- tificdveis, so introduzidos coeficientes de ponderacdo parcieis. Esses coeficientes de pon deracdo so denominados 7,, quando relatives 3 qualidade dos materiais e da execusda da cons- trugdo, & yy quando relativos as agdes @ ao processo de cilculo. a realidade, esses coeft- clientes de ponderacdo parciais, eu improprianente chamados de coeficientes de seguranca, en- globan outros varios fatores que ainda sio desconhecidos ou dificilnente quantificivers. 0 CEB propde um método de dimensionamento com fundamento muito mais racional, utilizando as vantagens do m&todo dos estados limites, separando, porém, a influéncia da variabilidade dos diversos fatores que intervém na seguranca da estrutura. Desta forma, 3 medida em que aumenta o conhecimento e o controle das varidveis, tais como, agbes, resistincias, caracteristicas geonétricas, correlacdo corpo de prova x componentes es. truturais, hipdteses de cAlculo, precisao de medidas, controle da execugdo € outras, o resul tado @ inediatanente transferido através dos valores caracteristicos para a economia no di- mensionamento de peca, ou pode ser utilizado para adequar os coeficientes de ponderacdo, com evidentes beneficios econdmicos sem prejuizo da seguranca. ‘A Figura 1 mostra esquematicamente a sequéncia a seguir no dimensionamento de estruturas pe~ To método seni-prababi lista, vendo-se claramente a vantagem e a inportancia do contrate de resisténcia mecdnica dos materiais de construci Dentro desta nova metodologia fica ressaltado a necessidade do controle adequado, ndo sé da resisténcia dos materiais mas principalmente da execucdo dos servicos. Mais que isso, urgea quantificacio desses fatores, através da medida de suas vartabilidades com o fito de reduzir © atual desconhecimento de suas distribuigies. £ dentro dessa conceituasio que este trabalho se enquadra, procurando mostrar como sio as técnicas de controle de qualidade que permiten, entre outras coisas, comprovar se a resis- téncia mecinica do concreto est adequada ao valor especificade no projeto estratural e pro ceder a corregdes de trago com benefTcio econdmico. -04- 3. OBTENGKO DA RESISTENCIA A COMPRESSKO A resisténcia 3 compressio do concreto, no Brasil, & obtida através da tensio de ruptura = compressdo axial de um cilindro de concreto com diametro de {150 23)mme altura (300 + 6)m, conforne mostra a Foto 1. 0 molde, com essas dimensdes internas & preferencialmente de ferro (metalic), estanque ¢ de Ve ser preenchido em quatro camadas quondo o adensamento @ feito com soquete manual ov ea duas camades quando se utiliza vibraderes mecinicos. Manta-se 0 corpo de prova en cura Ginida at a idade de ensaio, devendo ser rompido saturads. 0 resultado & indicado com a notacdo, f,, € normalmente expresso em MPa (-10kgf/cn”). A geonetria do corpo de prova assim como a eficiéncia das operagées de ensaio so decisivas para a obtencio de um vator confiavel e que possa ser tomado como caracteristico de um certo concreto. Par exemplo,noldes cibicos, como em geral adotados nas normas europdias, fornece- = para um mesmo concreto — resisténcia de 10% a 40% acima do valor obtido de cilindros normalizados no Brasil. 0a mesma forma, um capeanento insatisfatdrio dos topos dos corpos de prova cilfndricos ou um adensamento deficiente poderdo reduzir em até 50% 0 valor efetivo ca resistncia 3 compressao do concrete de um certo corpo de prova. 4. IMPORTANCIA DA RESISTENCIA A COMPRESSKO A resist@ncia 3 compresséo @ a propriedade do concreto adotada por ocasiso do dimensionamen- to da estrutura. Portanto, esté diretamente tigada com a seguranga estrutural. A obra deve ser construfda con um concrete de resisténcia § compressio igual ou superior &quele valor ado tado no projeto, conforme visto no capTtulo 1. Por outro lado, nio hd divida que a propriedade do concreto que methor o qualifica & a resis téncia & compressdo. Desde que na sua dosagen e preparacdo tenham sido levados em conta tan bm os aspectos de trabalhabilidade e durabilidade, optando-se por determinads curva granulo, nétrica, tipo e classe de cimento, relagao agua/cimento, etc., © consequentenente af resul- tando una certa resistencia & compressio, qualquer modificago na uniformidade, natureza ¢ Proporcionamento dos materiais poderd ser indicada por uma variagdo na resisténcia, A resis téncia & compressao @ uma propriedade muito sensivel, capaz de indicar com presteze qualquer variacdo da "qualidade" de um concreto. Essa importancia est reconhecida no texto da NBR 6118, quando na secdo 16.1 prevé a aceita~ do autonética da estrutura com base no atendinento ou nio da resisténcia 3 compressio do concreto. 5. LIMITAGDES 0 CONTROLE DA RESISTENCIA Toda estrutura de concreto, depois de acabads, possui uma série de caracterfsticas prdprias que a diferencia daquela que foi especificada através do conjunto de documentos que compéen -05- um projeto estrutural. 0 age e o concreto ndo possuem exatanente a resistencia caracterTsti ca especificada, @s armaduras ndo estéo perfeitamente nas posiges desenhadas, as formes néo ‘tém as dimensées determinadas no projeto, os pilares ndo guardam o prumo perfeito. ‘A etapa de execute propriamente dita da obra estard sujeita a variagdes aleatérias, de tal modo que ndo possfvel prever com certeza qual seri 0 resultado final. 0 grau de concordan cia dessas caracteristices finais, com aquelas que foram anteriormente especificadas no pro- Jeto, podem medir a “qualidade” ou o rigor da execugdo. Esse rigor serd tanto mais alto, quanto maior a conformidade do executado ao que foi projetado. 0 controle da resisténcie 7 compressio do concrete situa-se dentro dessa necessidade de com provagdo daquilo que esté sendo executado frente ao que foi adotado no projeto da estrutura. Apesar de poder ser considerado um dos mais importantes acompanhamentos a serem feitos duran te a execugao da estrutura, no deve ser confundido com o controle tecnolégico das estrutu- ras de concreto. Cono se verifica na Figura 2, nio est impiicito que ao fazer ocontrole da resisténcia & compressio do concreto, resultard uma estrutura de alto rigor ouqualidade, aten dendo integralmente ao projeto. 0 controle estatistico da resistencia a compressio do con- crete que utitiza as técnicas de controle de qualidade de um produto € um dos recursos — sem divida o mais importante — porém apenas um recurso do controle tecnoldgico das estruturas. 6. SIGNIFICADO DA RESISTENCIA A COMPRESSRO DO CONCRETO Varios so os fatores que intervém na resisténcia & compressio do concreto da estrutura; des de a heterogeneidade dos materiais até o transporte, lancamento, adensamento e cura do con- creto na obra. No entanto, a resisténcia & compressa do concreto se restringe resistén- cia POTENCIAL do concreto, medida na boca da betoneira, conforme indicado na Figura 3. 0 valor da resisténcia potencial do concrete obtido através das operagées de ensaio e contro Te & 0 valor de REFERENCIA para 0 dimensionanento da estrutura e consequentenente, para a fi xaglo da sua seguranga. Tem que ser um valor iinico e perfeitamente definido, a fim de perm, tir a perfeita comunicagdo entre as etapas de projeto e execugZo da obra. fssa necessidade invalida a prética — felizmente cada vez menos usual — de procurar manter o corpo de prova em condigdes iguais @ do concreto da estrutura, Essa igualdade nunca poderé ser alcancada (diferencas de geometria, de acabanento superficial, de adensamento}, ao mesmo tempo que ore sultado obtido deixaria de ser inico impossibilitando ser tomado como referéncia. 7. CORRESPONDENCIA ENTRE 0 VALOR DE CONTROLE E 0 REAL OA OBRA A correspondincia entre a resisténcia potencial do concreto 3 compressio obtida através das operacies de ensaio e controle e a resisténcia real do concreto na estrutura deve ser assequ vada através do controle tecnolégico dos services envolvidos e & independente dos ensaios (vi de Foto 2). Qs desconhecimentos relativos as varidveis que intervém nessa correspondéncia séo englobados ~06- pelo coeficiente de minoracio da resistncia § comprassio do concreto, ¥,. desde que a execu $80 obedega Ss técnicas atuais de bem construir, expressas nos manuais e recomendacdes espe- cTficas e até mesmo na propria NBR 6118. O valor atual dey, 6 1,4, sendo permitide reduzT-lo para 1,3 no caso de execucio rigorosa. 0 uso de y, equivale dizer que a resisténcia 3 compressdo do concrete da estrutura serd sen- pre inferior, na mesma idade © condigdes, que a resisténcia a compressa obtida dos corpus de prova de controle. Na maioria dos casos isso é verdade, principalmente quando se trata de componentes estruturais esbeltos e moldados com concretos plasticos. £m alguns casos de componentes massivos moldados com concreto fluido do tipo auto-adensdvel, pode ocorrer qué a Fesisténcia real do concreto na obra iguale ou supere a potencial obtida dos corpos de prova de controle. £ 0 caso por exemplo das paredes tipo diafragna e de paredes contTauas @ nono- Viticas de casas térreas, concretadas no local com concretos fluidos e de baixo consumo. Essas consideragées reforcam a tese de que rejeitar um concreta cuja resisténcia 3 compressio no ensaio de controle nio atende ao especificado, nem sempre significa rejeitar automatice- mente 0 concreto da estrutura, € vice-versa 8. 0 PAPEL DA ESTATISTICA © objetivo maior de um programa de controle da resisténcia @ conpressie do concreto & sobten a0 de um valor potencial, Gnico © CARACTERISTICO da resisténcia & compressio de um certo vo lune de concreto, a Fim de comparar esse valor con aquele que foi especificade no projeto es trututal € consequentemente, tomado como REFERENCIA para o dimensionamento da estrutura Os valores de ensaio que se obtén dos diferentes corpos de prova so mais ou menos disperses, variveis de uma obra a outra conforme o rigor de produgio do concreto. Por exenplo, conie~ cidos nm resultados obtidos de ¢ corpos de prova de um mesmo concreto, cono determinar um va- lor que seja representative da série e consequentenente do prdprio concreto? Verifica-se facilmente que s6 a nldia dos resultados nfo seria suficiente para definir © qua Vificar uma producdo de concreto. £ necessdrio considerar também a dispersio dos resvi tades nedida através do desvio padre ou do coeficiente de variag30 do proceso de praducio ¢ en- sato. Para eliminar o inconveniente de ter que trabalhar com dois ou mais pardmetros, foi adotado © conceite de resisténcia CARACTERTSTICA do concreto a conpressio, que & uma medids estatTs- tica que engloba a midia e a dispersio dos resultados, permitindo defini e qualificar uncon ereto através de apenas un Gnico valor caracterstico. As tdonicas atuais de controle esti desenvolvidas para a obtengdo desse valor caracteristi- co, que & também o valor de referéncia do projeto estrutural. 9, DEFINIGRO DE RESISTENCIA CARACTERISTICA DO CONCRETO A distribuicio normal ou de Gauss € um modelo matendtico que pode representar de maneira sa~ -07- tisfatéria a distribuigdo das reststéncias Compressio do concreto (fendmeno ffsico real). A curva densidade de probabilidade des resisténcias & admitida como normal e o valor caracte FTetico & calculado em fungdo da dispersdo dos resultados, ortginados pelo processo de produ 0 € ensaio. 0 valor de resisténcia J compressio que apresenta uma probabilidade de $1 de do ser alcancada € denominado resisténcta caracteristica do concreto a compressio e indica- Se com notagao fy, conform indicado na Figure 4. MS definigies apresentadas & seguir slo Gteis 8 compreensio do significado de resisténcia ca racterfstica do concret tek Resisténcia caracterfstica do concreto § compressio é 0 valor de referéncia que adota o projetista como base de cBlculo. Estd associada a un nivel de confiance de 95%. Chama-se tanbém resistancia caracterfstica especificada ou de projeto. A esse valor & aplicado o coeficiente de minoracéo para a obtencdo da resisténcia de cBleulo f.4 do concreto & compressio. fox, reat Resisténcia caracterfstica real do concreto 3 compressio, correspondente a0 con= Greto de una regido homogénea da estrutura, & 0 valor que temuna probabilidade de 0,95 de ser igualado ou superado pelo valor obtido ao romper 3 compressio axial um corpo de prova cilindrico tomado aleatorianente dentro da regido. Essa resistén- Cia caracteristica real € um valor inpossivel de ser conhecido, pois seria neces~ ~Slrio ensaiar todo 0 concreto da regio considerada Resisténcta caracterfstica estimada do concreto compressio, correspondente a0 concreto de un lote que se supde honogéneo, & 0 valor obtido a0 ensatar alguns cor pos de prova indricos @ aplicar aos resuitados obtidos uma fSrmila matemitica, -estimador, Teremos pois uma estimativa, feita a partir de uma amostragem, e nao uma certeza absoluta do valor da resist@ncia caracterfstica real do concreto do ote em exame. Fok, est Na Figura § apresentarse alguns termos e notacdes normalmente utilizados no controle do con- creto. 10. DINAMICA D0 CONTROLE DO CONCRETO © controle da resisténcia 3 compressio do concreto pode atuar em duas fases: durante a produ $80 do concrete ou na aceitacio desse concreto para a finalidade a que se destina. ‘Ambos so necessirios para que seja alcangado un bom resultado final, mas suas missies sio diferentes. A andlise das perguntas ¢ respostas da Figura 6 demonstra que o controle de produgdo e de acettagao néo sio conceitos opostos, mas também ndo sdo idénticos nem podem ser confundidos. Podemos definir © Controle de Producdo come 0 conjunto de métodos que atixiiam 0 produtor a conseguir 0 produto especificado da forma mais econémica. Visa obter informagdes sobre a constancia do pracesso de producio,: sua uniformidade, e 0 nivel’ de resisténcia que esta sen- ~08- do produzido, possibilitando a corregao dos desvios observados. Cada atitude corretiva do Pracesso decorre da resposta as sequintes perguntas: — Que aspecto do processe de produc’io mudou? = Quanto mudou? = Quando mudou? — Por quanto tempo permenecera a mudanga? Un controle eficiente da produgio exige uma rapida retro-alimentagao das medidas das varid- veis que se controlam, correlacionadas com os requisitos exigides. 0 critério de amos tragem deve ser capaz de fornecer Tndices do valor e da dispérsio do parimetro de controle, com una frequéncia maior que a suposta decorrente de pertubagdes controlaveis no Processo de produ- S80. For exemplo, s¢ 0 prosesso de produgio & capaz de alterar-se a cada 50m, aio tem sen- tido amostré-lo a cada 10003, A Fungéo de controle deve indicar a necessidsde de introduzir medidas corretivas antes que o Tim te especificado seja violado. Por exemplo, se a resisténcia caracterfstica corresponde 20 quantil de 52, a funcéo de controle deve indicar » necessidade de medidas corretivas quan do a porcentagen de concreto com resistncia abaixo da caracterfstica chega aos 2 ow 3. Na maioria das otras de concreto pare estruturas de edificacdes e obras de arte o Controle de Produgio nio ¢ feito @ talvez nem seja necessirio. Nessas obras ou o concreto €entregue pré cmisturado através de Centrais dosadoras fora da obra, e portanto 0 Controle de Producio es- ta a cargo da empresa fornecedora, ou 0 concreto & produzido na obra através de un Gnico tra $0 no havendo interesse nem conhecimento técnico suffciente dos envolvidos para proceder 20 controle de produg3o ealterar paramelhor © mais econdmica oconcreto que esta sendo produzido 0 interesse pelos procedimentos para Controle de Producéo fica restrite, em geral, as empre- $28 dosadoras de concreto em central, ou Bquelas poucas obras onde hd produgao de concreta mo canteiro, com assessoria de um Laboratério especializado, que através da andlise dos re- sultados possa interferir na dosagem, traco e producio do concreto. © Interesse mator — principamente porque afeta a seguranca da estrutura — est retacionado com 05 procedimentos para Controle de Aceitagio do concreto, que se aplica a toda e qualquer Obra. 0 proprio texto das normas, em especial da NER 6118, faz referancia apenas ao Contro- Te de Acei tac No Controle de Aceitagao de um produto acabado a finalidade de decisao € julgar a conformida @e ou ndo de uma certa quantidade do produto, @ no julgar a sua uniformidade. E necessirio estabelecer para cada decis#o uma quantidade determinada do produto (concreto), denominada Jote, dentro do qual far-se-a uma amos tragem aleatoria. 11. CONTROLE DE PRODUGRO DO CONCRETO Apesar de estar implicita que no controle de producio a atengo deve ser voltada para o con- trole dos fatores que intervém na qualidade, ou seja, na resistncia 3 compressio, hiino pats 09. @ no estrangeiro uma certa tradi¢o no uso da propria resisténcia & compressio como pardme- tro de controle do pracesso de producio. © sistema de controle de produgdo mais divulgado e aceito no Brasil @ equele efetuado atre~ vés das cartas de controle recomendsdas pelo American Concrete Institute — ACT 214 Reconmen- ded Practice for Evaluation of Compression Test Results of Field Concrete, texto que inclusi ve serviu de inspiragdo para a redacao da NB-1 (1960), senda largamente empregada até toje. Propor-se-8 algunas modificacdes nesse sistema de controle com vistas S adaptacdo ao texto atual da NR 6118 @ ds técnicas atuais de controle de qualidade. 0s grificos ou cartas de controle de qualidade tém sido usados por muitos anos pelas indiis- trias manufatureiras como elenento auxiliar de controle da uniformidade © da eficiéncia de producdo. 0s métodos de representacso de tais gréficos encontram-se reunidos no ASTM Manual on Quality Control of Materials publicado em 1951. Através deles, com base na configuracéa que foi observads em resultados anteriores @ nos limites estabelectdos om funcdo desses re- sultados, so estinadss as tendéncias dos novos resultados e consequentemente 0 andavente do Process. 0s pontos que caem fora dos limites estabelectdos so indicativos de que houve al teracio na produgdo. Carta de Jores individuais 0 grafico ou carta de valores individuais, mostrados na Figura 7, onde estdo indicados todos 05 resultados obtidos de cada exemplar, & 0 sistema de controle de produgéo mais comune mais utilizado. Tendo en vista as particularidades do processo de producdo do concreto, no qual pode haver uma mudanga de centragem para cada nova partida de materiais entregues na obra, esta carta facilita a visualizagio do andamento dos resultados, mesmo com amostras pequenas utilizadas pars representar cada lote produzido. Como elementos auxiliares nesses graficos, podemos marca 19) 0 valor da resistncia caracterTstica especificada no projeto estrutural, fo,,% 29) 0 valor da resistincia média de dosagen f,,, 4 adotada pelo Laboratério, que serviu deta se para o estabelecimento do traco a ser produzido em obra. Com esses valores marcados pode-se observar os seguintes aspectos: 4) A probebilidade que seis resultados consecutives fiquen situados de um mesmo Tado em rela G80 a0 valor médio, ~ tanto em relagio & média esperada pela dosagem ou em relacio & né- dia dos n exenplares anteriores, — & de apenas 1,56%. Se isso ocorrer havers grande oro babilidade de que houve midanga de centragem do processo de produgio; ) Quando em um conjunto de seis resultados consecutivos, dois exenplares no consecutives estiveren abaixo da resisténcia caracteristica f;. (probabilidade de apenas 31) pode-se considerar que houve mudanga nos pardmetros do processo de produclo; ©} Quando dois resultados consecutivos estiverem abaizo de fog,» haveré una probabilidade de -10- 99,75% de que o concreto produzido seja deficiente, isto &, de que houve mudanca signifi- eativa no processo de producdo. Segundo as recomendacoes do ACI 214, isso ja seria moti- vo suficiente para se rejeitar o lote, caso de tratasse de controle de aceitagao, Os tex tos do ACI 214 infelizmente nao distinguem claramente o controle de produgao do controle de aceitacdo, gerando frequentenente dividas nos usuarios. Carta do desvio padi Acompanhar a evolucao do desvio padrao @, na optniao do autor, 0 aspecto mais importante do controle de qualidade do processa de producdo do concreto. Além de ser um pardnatro caracte r¥stico e inerente 3 um certo pracesso de producio*, 0 custo do m? de concreto depende dire- tamente dele. Atualmente, segundo @ NGR 6118 8 resisténcia média de dosagen, @ portanto 0 trago do concre- to, 8 escolhido a partir de Femjd ~ feng + 1265 Sd (Segdo 8.3.1.2 da NBR 6118) Como £4; € um valor fixo @ especificado por projeto, a resisténcia média de dosagen, fog g $5 depende do desvio padrio de dosagem, sd. Trate-se, portanto, de construir um grifico ou carta‘onde se assinale os resultados do des~ vio padrdo, obtidos de cada lote através dos exemplares da amostra que o representa. E conveniente marcar nesta carta o valor admitido por ocasiao da dosagem em laboratdrio (sd) de forma a permitir 2 conparacéo com os resultados que forem sendo ebtidos. Pade-se indicar também o intervalo de confianga correspondente a uma probabilidade de 90% de ocprréncia. Des ‘ta forma, € possive! comprovar se cada valor abtido corresponde ao esperado ou esta indican- do mudenca significativa dos pardmetros prinordiais do proceso de produséo do concrete, con forme se apresenta na Figura 8. Como se verifica, um recurso que sé tem aplicagio pritica em controle de concreto onde se disponha de varios lotes © consequentenente de varias amostras. Pode-se adotar anostras con reduzido niimero de exenplares 2 partir de 6, que fornecerio 3 estimativa do desvio padréo s. do proceso de producdo, apesar que 4 flabilidade dessa estinativa aumenta com 0 niinero de exemplares de uma mesma anostra, de preferéncia com n > 35. Os limites superior e inferior, que poderamos chanar de barreiras de adverténcia, correspon dentes a 90% de probabilidade de ocorréncia fornecerao uma indicagio visual e rapida da even tual alteracdo substancial do desvio padrdo de dosavem sd admitido por ocasiao da escolha do trago. (*) Antiganente se pensava, eo texto da NB-1 (1960) assim recomendava, que o coeficiente de variagao (v) fosse 9 paranetro,caracteristico de um processo de producac- | Leyantanentos experimentais efetuados a nivel mundial provaram que isso nao é bem yerdade. Para resis- tencias médias acima de 20HPa: (200kg#/am), 0 desvio padrao @ 0 paranctro mais caracte- ristico do pracesso. atte Esses limites poden ser estabelecidos em fungio de se tratar de grandes anostres, onde o nie ‘mero n de exemplares sea igual ov superior a 35, ou pequenas amostras. No caso de grandes amostras catcula-se por: sd 21,65 84, i) No caso de pequenas ancstras calcula-se por: limite superior a Bot ga "0,05 -sd Vimite inferior = i 0,95 onde x? (qui-quadrado) @ obtido de tabelas em Fun, tendo-se para: do niimero n de exemplares da anostra, n= 6 X9,05 7 118 o,95 = WaT orl X'o,05 7 457 ¥o,95 7 19.7 n= 18 Xol05 - 8467 x2y)95 = 27.8 nee x0,05 = 1341 79,95 = 95.2 n= xo95 ° 17.7 ¥oros © 2.6 Cono exenplo, se apfesenta na Figura 9 alguns limites cléssicos. iesia forma, enquanto os valores de desvio padrdo que estio sendo obtidos diretamente ds pro uso (s¢) permaneceren dentro dos intervalos anteriores, — para qualquer tamanho de anos tra, — 9 processo ndo apresenta sinais de alteracdo, © portanto nio necessita corresdes.. Tonando como exenplo um proceso de producio para o qual se adote sd = 4¥Pa (~ 40kgt/cm?), obtenos os limites indicados na Figura 10. fo ponto de vista tecnoldgico, um desvio padrio de 8,4NPa no & equivatente » um desvio pa drdo de 2,7HPa, havendo enorme diferenca entre 0 rigor desses dois processos de producdo. Es Se fato nos leva 2 evitar amostras com poucos exemplares para o cAlculo do desvio pacrio dp processo de produgao. For outro lado, amostras grandes com elevado ninero de exemplares pode ser invidveis do pon t0 de vista econénico. 0 ideal & aproveitar os resultados obtides de varias anostras canse- Cutivas através dos critérios indicados no original desta dissertacio, no capitulo referente 20 problema di resisténcia média de dosagen. Caso seja observado que 0 desvio padrio (5_) obtido a partir das anostras mantenha-se siste- maticanente abaixo do admitido na dosagem, deve-se proceder a uma retificago da dosagen no sentido de reverter em economia para a obra, o fato de ter conseguido uma menor dispersao de processo de produgao Carta do coeticiente de yariagdo das operagdes de ensaio e controle © desvio padrdo das operacdes de ensaio @ controle, s,, pode afetar negativemente 05 resulta G05 Provocando elevagio da resisténcia média de dosagem, faq, q+ © onerando consequentemen -12- te 0 custo do m® de concreto produzido. Una boa maneira de controlar a eficiéncia dessas operagies € acompanhar ‘graficanente a evoly $80 do coeficiente de variagio dentro do ensaio, v.*. ‘Adotande valores ja consagrados, para que aS operagies de ensaio e controle sejam considera- das eficientes, devem apresentar variabilidade menor ou igual a 5%, ou seJa, v, < 5%. Isso pode ser apreciado através da Figura 11, onde se indicam 0s coeficientes de variagio v,. cor Fespondentes @ amostras compostas de pelo menos 10 exemplares. £ conveniente indicar tanbém os limites correspondentes a 3%, 4%, 5% € 6%, conforme recomendado pelo ACI 214. Apesar da pritica usual de se efetuar este calculo continuamente, misturando os resultados de diferentes lotes, ado se recomenda esse procedimento pois ao se analisar exemplares perten- centes a lotes com médias distintas cabe a seguinte questo: que média deverd ser adotada no cilculo de vg? Deve-se ter em conta que para a construgio desta carta de controle & sempre necessario que cada exemplar seja constitu¥éa de pelo nenos dots corpos de prova. Alm destas tras cartas ou graficos bisicos pade-se empregar outros, tals como as sugeridos no ACI 214, 0 grafico ou carta das médias moveis, o grafico ou carta das maximas amplitudes observades entre corpos de prova imdos (representativos do mesmo exemplar) © outros. No entanto, esses graficos nao oferecem informacées suficientenente rapidas endo acrescen- tam nada além do que pode oferecer os trés ji apresentados**. Por outro lado, como foi visto anteriormente, na maioria dos processos de controle de quali- dade, um controle eficiente da producio exige uma ripida retro-alimentagdo das medidas das variSveis que esto sendo controtadas, estabelecendo correlacdes com os requisitas exigidos Dentro desse ponto de vista, a resisténcia 3 compressio 3 idade de 28 dias, no & uma varid- vel interessante para 0 controle de produgio do concreto. Quando se est de posse dos resul tados — principalmente durante a producio de grandes volumes contimos de concreto ~ na maioria das vezes & tarde para intervir no processo, objetivo primordial do controle de pro- dugao. Este tipo de controle pode tornar-se interessante na medida em que se utilize resisténcias & conpressio obtidas a baixas idades, em principio antes dos 3 dias. Com resultados a 28 dias de idade, 0 controle propesto contribui muito pouco para a correcio imediata das fathas de Produgdo, no pemnitindo retificagdes ripidas do process, servindo, na maior parte das ve~ Zes, tio somente como histdrico do proceso de produgéo. Se. 100. (*) 0 coeficiente de variagio das operacées de ensaioe controle &calculado por v, « Fons (**) Est subentendido nesta afirmativa que se trata do controle de produgdo de concretos es pecificados em funcéo de uma resistencia caracterfstica. Quando se desejar controlar @ media, pode ser mais interessante empregar 0 processo de médias moveis. Aescolha dos me todos 'nais adequados sera sempre funcao do processo de producao do concreto, do proces= 50 de producéo da estrutura © func3o do parametro que se deseja controlar, nao existin~ do uma regra universal que seja a melhor pare todas as situacoes. 136 Quando se dispuser de ensaios @ baixa idade, cujos resultados estejam correlacionades com en Saios & idade especificada no projeto da estrutura, ov mesmo se dispuser: de ensaios acelera- dos confiaveis, © acompanhamento da pradugio através da construcdo de cartas senelnantes 3s citadas @ de extrema valia. Para essa situagdo & salutar estabelecer diferentes Frequéncias de constatag3o da qualidade, Ou seja, adotar diferentes Tadices de amostragem. Quando o processo estiver mantendo-se sob controle, dentro das faixas experadas, o indice de amostragem pode ser menos intenso, A ae- ida em que alguns resultados’ ultrapassem os limites de adverténcia, a amostragem & intensi- ficada com 0 objetivo de methor identificar as causas de variagéo. 12. CONTROLE DE ACEITAGAO DO CONCRETO A confirmago da conformidsde do concreto que est sendo produzido e langado nuna determina 6a estrutura, com 0 que foi especificada no projeto estrutural pode ser efetuada através dos Passos a seguir descritos. 1 PASSO: Definicdo da extensio do lote que sera oportunamente julgado Segundo a N6R 6118 (NB-1/78) a extensio ndxima de un lote deve atender 3s reconendogdes ex presses na. Figure 12. Esta implicito nessas recomendagdes que se busca por um lado idontificar um volume de concre to de mesmas caracteristices, pressuposte bisico de uma inferéncia estatistica, e por outro, localizar esse volume na estrutura permitindo encontré-lo apis obtencio e andlise dos resul- tados de controle. Portanto, 0 19 passe corresponde 3 identificagéo “a priori (antes da concretagem) do lote de concreto que seré julgado. 29 PASSO: Tamanho da amostra que trl representar o lote © tamanho mfnimo da amostra, ou seja, 0 nimero minimo de exemplares que deve constituir uma ‘amostra, segundo 2 NBR 6118, & de 6 no caso de Indice de amostragem reduzido; 12 para indice de amostragem normal ¢ 18 para Indice de amostragem rigoroso. A definigdo do tamanho da amostra deverd considerar dots fatores, a saber: a) Nimero minimo de exemplares para pernitir uma estinativa confidvel da resisténcia do lote Gaferéncia estatistica); d) Ninero maxima de betonadas ou amassadas enpregadas na concretagem da pega em questio, 3 ue no tem sentido considerar mais de um exemplar por betoneira (menor unidade de produ- to). No caso geral, recomenda-se adotar amostras com apenas 6 exemplares. Nimero mais elevado de exemplares por amostra sd @ recomendavel para situacdes especiais de grande importancia. -14- Exemplos ¥9) Volume de concreto de apenas 18n° (pilares de um andar, bases de fundagio) 8) quando © concreta for produzido por central e entregue em caminhdes betoneira de 6m? ca- a, a anostra devers ter apenas 3 exemplares, un para cada caminhio (menor unidade de pro duto); ) quando 0 concrete for produzido na prépria obra com betoneira de capacidade nominal 300da? (um saco por vez), 05 mestios 18° serio produzidos por cerca de 110 betonadas (10 unida- des de produto) e portanto, serd necessirio que a amostra seja composta de pelo menos 6 exemplares, ou seja, moldar 2 corpos de prova de una betoneira a cada 18 betonadas. 2@) Volume de concreto de 96a° (um andar de edificio) 4) quando 0 concreto for produzido por central e entregue em caminhies betoneira de 6m? ca- da, a amostra podera ter no minimo 16 exemplares (96:6) ou apenas 6 exemplares retirados de apenas 6 caminhdes. Vale dizer que o texto atual da NBR 6118 exige um exemplar de to- dos os caminhdes, 0 que obrigaria ao total de 16 exemplares. A obrigatoriedade de retira da de um exemplar de todos os caminhdes betoneira sé se justifica no caso de concretagem de componentes estruturais, not quais a contribuigao de resisténcia do concreto & prepen- derante, como no“caso de pilares. Quando se trata da concretagem de componentes fletidos essa exigéncia pode ser dispensada; b) quando 0 concreto for produzido na prdpria obra com betoneira de capacidade nominal 300dn? {um saco por vez), os mesmos 96m? serdo produzidos por cerca de 580 betonadas (560 unida- des de produto) e portanto, & recomendivel que no mining sejam escolnides aleatorianente, 6 das 580 betonadas para retirads de exemplares. Como se verifice, 0 programa de controle deve sempre ser estabelecido “a priori", ou seja, antes do infcio da concretagem. 39 PASSO: Retirada e moldagem dos corpos de prova (exemplares) concreto para moldagen dos corpos de prova deve ser o mais representativo possivel da amas sada em questio. No caso de concreto emassado em betoneiras pequenas (1 a Z sacos por vez) deve-se adotar a metodolagia descrita na NBR $750 — Anostragem de concreto fresco produzido por betoneiras estaciondrias. Consiste basicamente en toner o concreto correspondent ao vo, lune do tergo médio da betoneira para a moldagem dos corpos de prova. Ko caso de amostragem de caminhdes betoneiras, deve-se adotar as reconendacdes da NBR 7212— Concrete dosado em central. Neste caso, qualquer concreto que pertenga ao volume tatermedis rio de 70% da capacidade da betoneira pode servir para moldagem dos corpos de prova, ou se- 4a, ndo devem ser moldados com © concreto dos primeiros new dos ditinos 18% do volume entre- gue. Evidentemente, a aceitacio condicional © preliminar do cancreto entregue por caminhdes beto- neira € feito apenas com base na medida do abatimento do tronco de cone e na observacéo vi- -15- sual do concreto (vide Foto 3). A aceitacdo definitiva fica condicionada aos resuttados ob- Eidos dos corpos de prova destinados medida da resistincia & conpressio a $ dies de saode, Os moldes des corpos de prova deven estar em local plano, preferencialnente coberto, 3 som- bra @ devem ter sido preparados com produto desmoldante ¢ cera para calafetar as juntas, evi, Tando a fuge do mata de cimento. Constitui boa téenica umedecer 0 carrinho e os inetrumen= tos (concha, soauete, pis, etc.) que entrario em contato com 0 concreto © moldar 2 corpos de prove Por betoneira © apenas para a idade especificada no projeto (em goral 26 dias). A pré fica antiga de molder 2 corpos de prove pare tdades que nio a de projeto (74, 14d, 914) nao tem tuita utilidade quando se trata de Controle de fceitacdo do concrete. Para o Controle de Pradugéo corpos de prova para baixas idades eventuaimente podem ser dteis, 49 PASSO: Andlise dos resultados No Controle de Aceitago os resultados devem ser analisados por lote, ou seja, ado hi inte= esse no resultado individual de um corpo de prova ou de um exemplar, mas tio somente na es- Limativa da resisténcia caracterfstica, fy oes do lote om questo, utilizandorse todos os resultados da anos tra. Exemplo: Conhecendo-se os resultados de controle de concreto (vide Tabels 1) do 49 andar de um edifi. cio residencial com 420n? e 93n7, pergunta-se se fot atendida a resisténcia caracterfstica es, Pecificads no projeto estrutural, de f. + 19¥Pa (-190kgt/em?) a 28 dias de idade? Tabela 1, Resultados abtidos dos corpos de prove — resistincla & compressao 2 28 dias de idade Corpos de prova | “Exeuplar | corpos de prova | Exemplar (Pa) (MPa) (Pa) (hPa) —— pl = 19,0 pl = 22, p2 = 20,9 fe = 20,9 23 2.3 pl = 24,9 . pr 20,1 p2 = f+ 28.3 2 = 23/9 23,9 PI pi = 23,9 . p2 p2 = 26.1 fo 7 2641 ple 25 2 a ag f= 215 7 Pl = 26,1 : oD f, = 26,9 b2 = 2653 Fo = 28.3 T= : _ _ “ f, = 20,0 Solugao: 4) como a drea & < 500m”, trata-se de um andar, 0 volune & < 100n3 @ 0 concrete fol produzi- do em prazo < 15 dias, podemos considerar um lote que esti representado, neste caso, por ~16- uma_anostra de 11 exemplares (poderia ter apenas 6, que & 0 minima, pordm quanto maior o ftamanho da anostra, maior a confiabilidade na estimativa do fey 94 apesar de mais onera- 30 © controle). . D) CBleulo do Foy ogy conforme capitulo 15 da MGR 6118: + ordenar os resultados dos exenplares: 20,0 < 20,9 © 21,5 ¢ 2252 < 22,3 < 23,9 < 26,1 < 26,5 < 26,9 < 28,3 < 26,3 fer < fea fea fea ? = 22,3 = 19,9"Pa ~ foksest > % * fer -f Fekyest > 0096 - 20,0 = 15,2¥Pa * Feksest < 9-85 Fekest < 0085 - 23,8 = 20,240 Portanto, das tras estimativas de fy o¢¢ obtivenos que: Fokjest > 19,9NPa > 19,2HPa Fekest Feksest ~ 19,9HPa f, Fckyest © 2062HPa © consequentemente, atende ao projeto. pois fay oe > fey: 13, MEDIDAS A SEREM TOMADAS NO CASO OE REJEIGAO DO CONCRETO 00 LOTE Quando © fey ast < fcx» OU Seda, 0 controle indicou que 0 concreto produzido nfo tem a resis tincia caracteristica potencial © de referncia odotade por ocasiéo do dinensionanento da es trutura, pode-se proceder aos seguintes passos: 19) No caso de componentes Fletidos (vigas e lajes) © quando a queda de resisténcia no supe -1)- ou 0s 10%, basta rever o projeto. Normalnente, a seguranca da estrutura nio @ afetada significativanente; 20) No caso de conponentes comprimidos (pilares) e componentes fletides (queda de resistén- cla superior a 10%) & necessdrio conprovar "in aco" através dos ensaios gare anilise we estrutura acabada, qual a resisténcia efetiva do concreto na obra (vide Foto 4 30) Revisio do projeto estrutural com as novas resistincias © avaliagio da Perda de seguran- as 49) Reforgo com correspondente prova de carga ou manutencio da estrutura com restrighes de Sobrecarga de uso ov demoligdo da parte afetada, 14. CONSTDERACOES FINATS Como vimos, a utilizagio das técnicas de controle de qualidade no controle da resisténcia do concreto auxiliou e tem cuxiliado o aprimoramento do conhecimento do conportanento dos mate rtais melhorando a avaliacao da seguranca da estrutura. E conveniente aperteigoar ainda mais © controle de prosugéo do concreto, quen sabe nantendo 8 mesma variavel de controle, a resisténcia, porém obtendo-a mais rapido a partir de correla, S805. or exeOpl0 (fer ging “~ feos grag) OU MOSNO através de ensaios acelerades. Hethor se ria talvez mudar a variavel de controle, por exenplo para fator iqua/cimento, consistaccta ou densidade de tal forma que a intervengao e corregio do processo de produgdo pudesse ser mais efetiva e imediata. Para tal, & necessirio pesquisas e dados suficientes para poder estatetecer as leis de dis« tribuicdo © apticar metodotogias propostas. Acreditamos que somente coma divulgacio e o exercicio das novas técnicas de controle cotoca das 8 disposicio do setor & que o controle de qualidade poderd estender-se 2 todas 95 etopas de uma construgao, desempenhando seu ‘importante papel de instrumento de conhecimento e ava- Viagao do produto fabricado. Desde que estendida a todos os elementos ‘© Componentes construtivos podera no futuro contri- buir para o estabelecimento de um nivel de qualidade minimo, que seria atendido em todos os Servicos, materiais e componentes, permitindo que a qualidade final de construcdo seja mais homogénea e menos dispersa do que atualmente o &. -18- Foto 1 - Corpos de prova cilindricos adotados Foto 2 - no Brasil (como referencia de proje= to) para controle da resistencia a Pilar de concreto armado esnagado por Compresséo. 0 concreto dos corpus de prova apresentou-se satisfaterio, po compressdo do concreto (NBR 5738 e@ rém a execugao deixou a desejar. NBR 5739). Foto 3 - Verificacdo do aspecto e da trabalng Foto 4 - Testemunhos extrafdos da estrutura de bilidade do concreto através do ene a Concreto armado para avaliacto da re- sato de consistencia pela abatinento sisténcia a compressio. do tronco de cone (NBR 7223), 19. anuiise eszatisrica oe Tcoencientes | [oe Ponoenacid ANALISE O€TERUINSTA [=] plone ms ; sina n tenet, srr ZN AW . . = ii | ' I I i 1 i i | ! i i ! i ( i 1 ! | i i i I I Ties settles (ieuna 1 ~ Esauewa stimiicaoe 4 SEOUENGIA A SEQUIN HO DIMENEOMAMENTD OE EXFRUTURA P£10 wET000 SEMI PROBe- siuera tna erie) -20- ESTRUTURA DE CONCRETO L | [reanesnwero [Preto] [reas] [sects] [iranaer GONTROLE TECNOLOGICO OAS ESTAUTURAS DE CONeRETO | l [ eens en mena [_owrocr oo sano wonsporte eonsomento ‘waboincbilidade CONTROLE DA RESISTENCIA cttoca ‘aoravngede COMPRESSAO eer 5 mocos GUE EuouEMATicauenre sruA comTROLE D4 nEaATENCiA k coMPactsio 00 ‘SOMIRETD DENTRO O4 PROBL EUdrICA ala Un.A DE CONTROLE TEOWOLSOD Ad KATHUTLASE SE COCCRETO ~21- resisténcia REAL do resisténcia POTENCIAL, conereta na obra de controle do concreto ‘rma s- erewincaso 0% memsrtncia i coumntanlo £0 coNCRETD OETIOA ATRAVEA DO CONTROLE. 00 coMcAerO CURVA 0€ Gauss AwPa) x # i (ape) i (6) s ‘imma 4 neencsennaclo 04 oa TmMuylo o4 AcwurENCU. 4 cuentas: 00 GONERET. -22- ‘Signi! ado, média do concreto a compressio obtida a j dias de ida desvio padre do processo de producdo e ensaio do concreto obtido de una ou mais amostras, aj dias de idade, em MPa; Coeficiente de variacia do proceso de produgio € ensaio do con= Grete obtido de uma ou mais amostras, a j dias de idade, ems; ci Fesisténcia 3 compressao individual de cada um dos nexemplares de uma anostra, a j dias de idade, em MPa; Lote Quantidade de concreto que tendo sido confeccionado en condigdes Sensivelmente iguais (mesma populac30} € submetido o julgamenta de luna s0 vez, podendo ser aceito ou rejei tado; ras Unidece de produto | COFrespondente & cada anassada qualquer que seja 0 volume da Teta Amos tra Tote; Conjunto de exemplares que se adnite como representatives de un ‘Tamanho da anos tra correspondente ao niimero de exemplares que constituem uma amostra; Exemplar as por um valor. moldar p corpos de prova. pordn ¢ ide de produto) sera representado ape Gorrespondente ao valor de resisténcia & compressao fy que ‘repre Senta uma unidade de produto (amassada). £0 vator mag alto de: dois corpos de prova "rmios" to, de uma betoneira pode-se ereto dessa betoneira (uni da retirados da mesma amassada. Portan Figura 5 — Signi ficado de alguns terms e notacées empregados atualnente no controle de concreto. Indagagoes O que &? Controle de Produgao Controle de Aceitagao Controle dos fatores que intervém na resistencia Comprova da CORFORMIDADE da resis~ tencia Por que se faz? Para assegurar que se alcance are sisténcia especificada ao MINIMT CUSTO PossTVEL Para verificar que se alcangou COM 0 MENIMO a resisténcia especifics da © PRODUTOR (fabricante, constru- ‘O_CONSUMIDOR (Fiscalizagao, proprig. Quem 0 faz? | 0 Ph i) Como se ‘Amostragem CONTINUA de todo © pro | Anostragem associada a un nivel de realiza? cesso de produgao, | confianga para um OETERMINADO LoTE quais as AS que INTERVEM no processo produ | A RESISIENCIA A COMPRESSAO variaveis de | tive (relacao dgua/eimento, umida Controle? | 4® da areia_e eventualnente o pré pria resisténcia) ~ ‘Atua sobre 0 PROCESSO ‘© PRODUTO Figura 6 — Dinamica do controle do concreto -23- FIGUBA 7 - Carta de controle de qualidade 44 produgso com base em resultados individuais (tej) FIGURA D ~ favta de controle de qualidade da produsio com base na deavio P28°49 do pracesso do produsan & ennia’ tig.) ~24. Limite inferior [ Limite superior 6 exenplares 0,67 . sd 12 exemplares 0,75. sd 1,55 . sd 18 exemplares 0,78 . sd 1,40 . sd 35 exemplares 0,80. sd | 120 sa 100 exenplares 0,88 . sd 1512. sd 200 exeaplares 0,92 . sd 1,08. sd LL 1.000 exemplares 0,96 . sd 1,04. sd 10.000 exenpiares 0,99. sd 1,07 . sd Figura 9 — Intervalo de confianga correspondente a uma Probabilidade de 902 de ocorréncta, em fungio do tananho da anostra. ‘Amostras com Limite inte Limite superior 6 exempiares 2,7 MPa 8,4 MPa 12 exemplares 340 MPa 6,2 MPa 18 exenplares 3,1 MPa 5,6 MPa 36 exemplares 3,2 MPa 4,8 MPa. 100 exempiares 3,5 MPa 4,5 MPa 200 exenplares 3,7 MPa 4,3 Wa 1.000 exemplares 3,8 MPa 4,2 MPa 10.000 exemplares 4,0 Mpa 4,0 Mea Figura 10 — Intervalo de confianga correspondente a una probabilidade de 90% de Ocorréncia, en fungie do tamanho da anostra, para um desvio padr3o Sq = 4 MPa, adotado na dosagem. ~25- vow FIGURA 11 - Carta de controle de qualidade da producio con base no Coeficiente de variagao devide as operagses de ensaio € controle (ve). Forma de identificar Extensao maxima do 1 Tipo de estrutura }—— ote @ lote Edificio, pontes, pavimentos, muros, paredes diaf ragnes grandes volumes © outras 3 3 Por volume 100m! 500m! Por superficie em planta ‘500m? - Por tempo de concretagem 2 semanas 1 semana Por andar, vm _ quando for 0 caso Figura 12 ~ Recomendagdes da NBR 6118 quanto J extensdo mixima do lote ce concreto -26-

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