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SANTAELLA, L. Texto. In. JOBIM, J.L. Pala— vras da critica. Rio de Janeiro: Imago, 1992 (col. Pierre Menard) pp. 391-409 Texto Lucia Santaella ‘A palavra texlo & moeda tio corrente no diaadia do mundo smico quanto sko correntes as outa, maria ou no cotidiano de uma redagio de jornal, De fato, em. henhuin momento, no didlogo entre professorese alunos, parece pairar qualquer divida sobre o significado e entendimento do {ermo tado. No ambiente universitari, especialmente, seu uso é inequivoco, Funciona como uma espécie de curinga parasubstituir Gqualsquer palavras de tipo monagrafia trabalho, redo, pardgraf, ete. Se intuitivamente sua compreensio é imediata e seu uso nto estd sujeito a tolavancos, o mesmo ndo se pode dizer quando se trata de definir, quando se busca expressar, afinal, o que € um texto, As coisas se complicam, por exemplo, quando comecamos 2 nos dar conta de qie © limite, a delimitacio daquilo que é chamado de texto € to varivel a ponto de abraar desde uma simples e breve exclamacio, ou mesmo um grito, até uma intcira peca de teatro. Além disso, o texto pode ser falado ou escrito, em prosa ou verso, dislogo ou mondlogo. $6 isto ja bastaria para Enlocar qualquer tenttiva de definigio em apuros. O que dizer, enti, quando se leva em consideracio a surpreendente e pertur- badora quantidade e diversidade de fendmenos que podem e sho chamados de textos, ais como pinturas, peas ou fragmentos ‘musicals, sinais de trifego,cidades, vestimentas, etc? 392 Texto Fe copii pr ence i ane Be see isp cae tate Mos comum ¢ suficiente para dar conta do carater rotineiro ¢ utilitario: a eee eorrebermrerer era erty opmomate em us discos Sr i ee i ea curiosidade em relagao Aquilo que outros ja pensaram ou estio Son a ee Fen eo an dete eee pe eee ee ges op eee Ave Ea saan aetna Bee ae enn cen eee carr nc deapini etn A -mesmoas palavras sio entes historicos, capazes de atuagdes tio ou pens a erecta Cae een pe ee ‘exemplo, a palvra leo ha um século? O que ela significa hoje, peepee ath ental re deceit ee oe arent cores mar See Scns re ( Fe ealpaeal tna ac pauesae” cube ras warkaiterd aon yereboe pen derine, coer mia sree et es ee ree Sea ae eee ee Soins aber ceres pe cu ateeeien eens ee Além da complexidade interna do fenémeno sob exame, acima focalizada, dependendo da famfia teérica que € tomada Texto 393 como referénciae dentro da qual um conceito éconstruido, haverd ariagio no ponte de vista e na configuragao do fenémeno desco- berto e recoberto pelo coneceito, Um dado fenémeno sera tanto mais prismitico quanto mais familias tesricas se dispuserem a Urilo da orfandade, O conecito sera tanto maisverdadeiro quanto m: jicamente conseguir abrigar os feixes da diversidas ‘canutabildade do fendmeno.. if "Assim se passa com 0 par fendmeno-coneeito chamado texto E para flagrar esse jogo entre o uno € o diverso nem & preciso ir fo longe. Basta tomar-se como ponta de partida win recuo de fais ou menos cingienta anos. Um balango das ditimas cinco Uéeadas nos indica que teorkas do texto se caracterizam, antes de tudo, como inter e transdisciplinares. Nao apenas incluem os varlados campos dos estuds de linguagem “estrto senso” (poética, rarratologia, retdrica,estilfstica, lingifstica geral semantica, lin- ‘iisica pragmitica, Leoria dos atos de fala, semidtca), mas ester ‘em-se também para as diversas reas das humanidades (Blosot ‘em suas varias especializacdcs, psicologia, psicanlise, sociologia, ‘etnometodologia), além de recobrir outros campos de pesquisa nitidamente interdiseiplinarcs,tais como teorias da tradugio, inte- Iigéneias artificial, teoria da informagio.’ Evidentemente, nao ‘tenho nem a intengio, nem condligoes de abracar toda essa exten ‘do teérica neste artigo. Limito-me a destacar alguns dos paradig- mas mais not6rios e influentes.* No Interior das Varias Lingiisticas Na América do Norte, antes das lingitisticas chomskianas © pés(pré ‘ou anti) chomskianas — nitidamente confinadas nos limites da Sentenca — atingirem o nivel de eclebridade que alcangaram, Z. Harris (de quem Chomsky fot disefpulo) construiu, em 1952, uma teoria concentrada em unidades cas transfrisicas. Sua anilise do discurso é um método para encontrar, em qualquer ‘material ingistico, que contém mais dc uma sentenga clementar, alguma estrutara global caracterizadora do discurso como um todo. Para isso, Harris props uma anslise disuibutiva de equiva- Téncias entre sentenas sucessivas. Tais equivaléncias sio percept. veis através da ocorréncia © distribuigio de repetigdes © 34 Testo os pb de contin, ai nicl orcas gaan gio edie erin repr eo opr re is omen renee dara Pee remy fl oc, insere-se no conjunto total da cultura. SS sas ane ay Sean ett Aare ea rene meine ends ae ote eotin rpe Teo 395 soesha.a“constnce”.A“eneataetizeacs mectopendtocs Re cittante don Comeman Aceoerénea” Calo que ite a eta “aer smd par umn ere Per’Cjnda dentro do campo da lingdistica textual, mas inspirada tm generac bases formats da linglstica chomskiana © Teodinticn gerstva, eneontrsse = gramitia textual europea, tienvoiids por aicorescomo van Dik; Rieter expeiamente Sra com as Texeruter Wels Thon sual so cls ctdosproceton pragma leoesernaneon de interprtagho de rou Jonas popes : ears dades internas dos textos, o segundo refere-se a todas as relagoes ccttal enters Gi cont semdnten exensfona, slim dt sacks recpee ¢ iterpretaio. de los. Cote ho, oF ere Fee Mees te ones canes Sa ale das deergdes ngheasexrtamente Wis fonaknente antagonist desc tes excshamente fornnlaenconranvorasconent ce pragidica com ‘eiuades nor aapestor perforics ds linguagen, Baxadan

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