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PROVA 639/7 Pags. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDARIO 12.° Ano de Escolaridade (Oecreto-Lei n.° 286/89, de 29 de Agosto) Cursos Gerais Programa novo implementado a partir de 2003/2004 Duragio da prova: 120 minutos 2." FASE 2006 PROVA ESCRITA DE PORTUGUES B Identifique claramente os grupos e os itens a que responde. Utilize apenas caneta ou esferografica de tinta azul ou preta. Néo pode utilizar dicionario. E interdito 0 uso de «esferogréfica-lapis» e de corrector. As cotagbes da prova encontram-se na pagina 7. Grupos Te 11 # Deve riscar, de forma inequivoca, tudo aquilo que pretende que ndo seja classificado. ‘* Se apresentar mais do que uma resposta ao mesmo item, apenas 6 classificada a resposta apresentada em primeiro lugar. Grupo II ‘+ Relativamente aos itens deste grupo, hd que atender aos principios a seguir indicados. 1. Para cada um dos itens de escolha mittipla (14., 1.2,, 1.3. € 1.4.), SELECCIONE a altemativa CORRECTA e, na sua folha de respostas, indique claramente o NUMERO do item e a LETRA da alternativa pela qual optou, 2. Para o item de associagéo (2), ESTABELECA as correspondéncias CORRECTAS entre os elementos das duas colunas e, na sua folha de respostas, indique claramente o NUMERO do item, bem como 0 NUMERO da coluna Ae a LETRA da coluna B por cuja associaggo optou. * E atribuida a cotagao de zero (0) pontos as respostas em que apresente: — mais do que uma opgao (ainda que nelas esteja inclulda a opgao correcta), — 0 nimero e/ou a letra ilegivels. « Em caso de engano, este deve ser riscado e corrigido a frente, de modo bem legivel. VS.FF. 639/1 GRUPOT Leia, atentamente, 0 texto, constituido por cinco esténcias de Os Lusfadas, extraldas do Canto VII. Est. 78.1 Um ramo na mio tinha... Mas, 6 cego, Eu, que cometo’, insano? e temerario, Sem vés, Ninfas do Tejo e do Mondego, Por caminho t&o arduo, longo e vario! Vosso favor inveco, que navego Por alto mar, com vento téo contrario Que, se ndo me ajudais, hei grande medo Que o meu fraco batel se alague cedo. Est.78,v.8 — Olhai que hé tanto tempo que, cantando vosso Tejo e 0 vossos Lusitanos, ‘A Fortuna me traz peregrinando, Novos trabalhos vendo e novos danos: ‘Agora o mar, agora experimentando Os perigos Mavércios® inumanos, Qual Cénace*, que 4 morte se condena, Nila mao sempre a espada e noutra a pena; Est. 80, v.17 Agora, com pobreza avorrecida, Por hospicios® alheios degradado; Agora, da esperanga jé adquirida, De novo mais que nunca derribad. Agora as costas escapando a vida®, Que dum fio pendia tao delgado Que nao menos milagre foi salvar-se Que pera 0 Rei Judaico” acrecentar-se. Est. 81,v.25 E ainda, Ninfas minhas, no bastava Que tamanhas misérias me cercassem, ‘Sendo que aqueles que eu cantando andava Tal prémio de meus versos me tomassem: Atroco dos descansos que esperava, Das capelas® de louro que me honrassern, Trabalhos nunca usados me inventaram, Com que em tao duro estado me deitaram. cometo: me aventuro. ingano: insensato, louco. ‘Mavorcios: guerreiros (relativo a Marte, deus da guerra). ‘Cénace: personagem mitolégica que ¢@ suicidou, com a pena na mBo direta ¢ @ espada na out. ‘hospicios: locais onde se acclhem visjantes, necessitados, doentes, {4S costas escepando & vide: alusdo 20 naufrégio de Games no mar da China ‘Rei Judaico: rei de Juda, 0 qual, sabendo que ia morrr, rogou a Deus mais quinze anos de vida. ‘capeles: grinaldas. 6392 Est, 82,v. 33 Vede, Ninfas, que engenhos® de senhores © vosso Tejo cria valerosos, Que assi sabem prezar, com tais favores, A quem os faz, cantando, gloriosos! Que exemplos a futuros escritores, Pera espertar engenhos® curiosos, Pera porem as cousas em meméria Que merecerem ter etema glérial Luls de Camo (Os Lusfadas, ed. preparada por A. J. da Costa Pimp 8.*ed., Lisboa, MNE / IC, 2003 © engenhos: talentos, saberes. Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1. O texto pertence a uma das invocapSes de Os Lusfadas. Releia a estancia 78. Identifique os elementos do discurso que, nesta esténcia, constituem marcas de invocagéo. 2. Baseando-se no texto, refira cinco aspects marcantes da caractetizag&o que o sujeito poético faz da sua vida. 3. Explicite um dos valores expressivos da anéfora «Agora» (w. 13, 17, 19, 21). 4, Atente na estancia 82. Analise a critica social e politica expressa nesta citava. 5. «Os Lusiadas suscitam reacg6es contraditbrias. S40, por um lado, uma obra laboriosa e ardua de ler —e, por outro, um deleite, para dizer como Tétis ao Gama.» Ferando Gil e Helder Macetic, Viegens do Other, Porto, Campo das Letras, 1998 Partindo do julzo expresso na afirmago acima transcrita, descreva, num texto de sessenta a cem palavras, a sua reacc&0 de leitor relativamente a Os Lusladas. ‘Observagées relativas ao item 5. 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequéncia delimitada por espagos em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hifen (ex.:/dir-se-ia/). Qualquer nimero conta ‘como uma unica palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2006/). 2. Um desvio dos limites de extenséo indicados implica uma desvalorizagao parcial (até cinco pontos) do texto produzido. VS.EF. 639/3 10 15 20 GRUPO Leia, atentamente, o seguinte texto. Os portugueses !éem menos jornais e periédicos do que qualquer pais da Unido’. Cinco a dez vezes menos, conforme os paises. E tenhamos cansciéncia de que as chamadas taxas de leitura desses paises j4 eram o que s&o hoje hé varias décadas. Tal como as portuguesas. Quer isto dizer que se pode quase admitir que existe um patamar de leitura de imprensa (eventualmente também de livros, eis uma questo para a qual ndo temos resposta) que 0 crescimenta econémico n&o parece conseguir elevar. Em muitos sectores, os portugueses recuperam atrasos ou, melhor dizendo, encurtam a distancia que os separa de outros povos. Mas tal no é 0 caso quando olhamos para a leitura e a circulag&o de periddicas e de livros. La . Aleitura de livros e de jomais é um hébito, uma necessidade cultural e uma exigéncia profissional, relativamente independente dos niveis de desenvolvimento econémico. Por outras palavras, a leitura de livros e de jomais, durante os séculos XIX e XX, ndo aumenta Necessariamente com o Produto Nacional Bruto*. Nem nas mesmas proporgées que a alfabetizago e a escolarizagao. [...] Quer isto dizer que ha factores explicativos, designadamente hist6ricos, que podem influenciar de modo determinante os niveis de leitura. No caso portugués, para retomar a minha hipétese de trabalho, quando foram atingidos niveis razoaveis de escolaridade e quando as taxas de analfabetismo comegaram a descer abaixo dos 40 a 50 por cento, ja existiam a radio e sobretudo a televiso. Para a maioria dos portugueses, a palavra escrita nunca foi a principal fonte de informagao cultural, profissional, quotidiana, familiar ou politica. A televisao instalou-se em Portugal e cobriu o territ6rio antes de a escola 0 ter conseguido. [...] Até porque esta nao compreendia? os adultos ou os idosos e apenas acolhia as criangas e os adolescentes, nem sequer todos, durante um muito curto periodo de tempo. Desde entéo, consolidou-se o lugar da televisdo como fonte primordial de informago (e de entretenimento e de consumo cultural), sem que nunca antes a leitura de livros e de periddicos se tivesse generalizado ao Pals, as regiées e as classes sociais. ‘Anténio Barreto, «0 tivo 6 eterno», In Tempo de Incerteza, Lisboa, Rel6gio d'Agua, 2002 * Unido: no texto, a palavra designa «Unido Europe! 2 produto Nacional Bruto: soma dos valores dos bens @ servigos produzidos num ano por um pals. 8 do compreendia: nao integrava. 4. Para cada um dos quatro itens que se seguem (1.4., 4.2., 1.3. e 1.4.), escreva, na sua folha de respostas, a letra correspondente a alternativa correcta, de acordo com o sentido do texte. 1.4. Segundo o autor, hé varias décadas que a taxa de leitura de imprensa em Portugal é inferior & dos outros paises da Unio Europeia (UE). Tal facto corresponde a situagao seguinte: ‘A. ontimero de leitores tem subido em todas os palses da UE, excepto em Portugal. ‘© crescimento econémico dos outros paises da UE tem favorecido a expansdio da leitura, 2 as taxas de leltura em Portugal e nos outros paises da UE tém-se mantido inalteraveis, 9 a incapacidade portuguesa de recuperar atrasos tem marcado toda a vida nacional. 639/4 1.2, Segundo 0 autor, os fracos indices de leitura de livros @ de jornais, no Portugal de hoje, so fundamentalmente determinados pelo facto de ‘A. 0 Produto Nacional Bruto ter vindo a aumentar de forma muito pouco significativa. B. as taxas de analfabetismo terem permanecido demasiado elevadas entre os portugueses. C. os niveis de escolaridade atingidos pela populagao portuguesa serem insuficientes. D. o ndbito de ver televistio se ter enraizado antes de se ter generalizado 0 habito de ler. 1.3. O antecedente do pronome relativo «que» (linha 5) 6 A. ataxas de leitura (linhas 2 e 3). B, «leitura de Imprensa» (linha 4). C. «um patamar de leitura de imprensa» (linha 4). D. «uma questéop (linha 5). 1.4, O recurso as expressées «A leitura de livros @ de jornais» (linha 10), «a leltura de livros e de jornais» (linha 12) ¢ «a leitura de livros e de periédicos» (linnas 24 e 25) A. contribui para reforgar o carécter descritivo do texto. B, serve para introduzir enumeragées ilustrativas. C. mobiliza significados diferentes das expresses. D. constitui um mecanisme de coesgo lexical do texto. 2. Neste item, faca corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmagdes verdadeiras, Escreva, na sua folha de respostas, a0 lado do numero da frase, a alinea correspondente. a) 0 enunciador exprime um contraste relativamente a ideia antes apresentada. A 'b) 0 enunciador introduz aspectos acessérios relativamente 20 tbpico que 1) Como uso da conjungo coordenativa ‘se encontra a tratar. adversativa «Mas» (nha 8), ¢) 0 enunciador recorre & autoridade de 2) Com a expresso «Por outras palavrase (inhas alguém para reforgar as suas ideias. 11012), 4) © enunciador apresenta 0 contetido da 3) Com o recurso a forma do verbo auxliar modal frase como uma possibilidade, «podem (linha 15), @) © enunciador introduz uma explicitagso 4) Com a apreseniagao de informagao entre das afirmagbes anteriormente feitas. aréntesis (inha 24), 4) 0 enunciador narra um acontecimento ilustrativo da idela exposta. ‘@) © enunciador define a estrutura global do texto. V.S.FF. 639/5 GRUPO IIL Num texto bem estruturado, com um minimo de duzentas e um maximo de trezentas palavras, apresente uma reflexéo sobre a tase relativa as preferéncias culturais dos jovens, exposta no texto a seguir transcrito, Para fundamentar 0 seu ponto de vista, recorra, no minimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo. Cultura cléssica 6 0 conjunto dos géneros estabelecidos: o livro, 0 cinema, o teatro, as exposigées. Assiste-se progressivamente a substituigéio destes dominios instalados pelas tradig6es pelas escolas por uma outra forma de cultura, particularmente apreciada pelos jovens e, claro, por eles veiculada, @ que 6 constituida pelo video, pelas magias informétticas, pelos novos modos de comunicar ou de ouvir musica ou por essas mesmas miisicas, 0 rap ou a teono. Bomard Pivot, cl. in José Afonso Furtado, Os Livros © as Loituras - Novas Ecologias de Informagéo, Lisboa, Livros ¢ Lelturas, 2000 Observagoos 1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequéncia delimitada por espagos em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hifen (ex.:/dir-se-ia/). Qualquer ndmero conta como uma Uinica palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (@x.: /2006/). 2. Relativamente a0 desvio dos limites de extenséo indicados — um minimo de duzentas e um maximo de trezentas palavras -, hé que atender ao seguinte: = 2 um texto com uma extenséo inferior a citenta palavras 6 atribulda a cotayfo de 0 (zero) pontos; = nos outros casos, um desvio dos limites de extenstio requerides implica uma desvalorizagSo parcial (até cinco pontos) do texto produzido. FIM 639/6 GRUPOL .. GRUPO II GRUPO III COTAGOES DA PROVA Contetido Organizagdo e correcgdo linguistica Conteudo Organizagso e correcgéo linguistica Contetdo Organizagao e correcedo lingulstica Contetdo Organizag&o e correceSo linguistica Contetido Organizago e correopao lingulstica FQ ose VB. reese Estruturagao tematica e discursiva Correceao linguistica ..... Total eeeneentenenee (9 pontes) (6 pontos) (15 pontos) (10 pontes) : @ pontos) (6 pontos) (12 pontos) (8 pontos) (15 pontos) (10 pontos) 15 pontos . 25 pontos 15 pontos 20 pontos . 25 pontos 10 pontos 10 pontos .. 10 pontos 10 pontos .. 20 pontos 100 pontos . 60 pontos .. 40 pontos 30 pontos: 10 pontos 200 pontos 639/7

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