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PODE ‘TRIBUNAL DE JUSTI 8 Camara Civel Fivarde Agravo de instrumento n° 245189-2 - Comarca do R a Agravante: Instituto Nacional do Seguro Social - INS. Agravada: Claudia Cristina da Silva Vasconcelos. MBUCO, 238. EMENTA: PREVIDENCIARIO. REABERTURA DO AUXILIO- DOENGA ACIDENTARIO. AGRAVADO QUE NAO TEM CAPACIDADE DE EXERCER ATIVIDADES LABORATIVAS. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO. 1. Precipitou-se a autarquia agravante em cancelar o beneficid auxilio-doenca acidentério, espécie 91, sob o argumento de que a incapacidade do obreiro havia cessado. 2. Os pareceres médicos |colacionados atestam a impossibilidade do agravado de voltar fa exercer suas atividades laborais. 3. Hipossuficiéncia do obreiro em relacdo a0 6rgao previdencirio. 4. Agravo de instrumento improvido a unanimidade. ACORDAO \ Vistos, relatados e discutidos os preser|tes autos do agravo de instrumento n° 245189-2, acima referenciado, ACORDAM os Desembargadores integrantes da 8* Camara Civel deste Tribunal de Justica, em sessao desta data e a unanimidade, em negar-lhe provimento, nos termos da ementa supra, do voto e das notas taquigraficas em PRI Des. Ricardo Paes Barreto - Presidente e relator (0, qudfazem parte integrante do julgado. 234 PGA DE PERNAMBUCO, mara Cfeel abinate Detembarpador Rando Pract Berets Agravo de instrumento n° 245189-2 - Comarca do Recife Agravante: Instituto Nacional do Seguro Social ~ INSS. Agravada: Claudia Cristina da Silva Vasconcelos. RELATORIO Como relatério, adoto o do parecer da outa Procuradoria de Justia, de fls. 223/229, que leio, ali opinando-se pelo improvimento do agravo instrumental, no sentido de nao obstar o percepsio do auxilio-doenca acidentério, espécie 91, por parte da agravada, até a cohclusto do processo ou ulterior deliberacao do jutzo. Eo relator Inclua-seém pautd, Recife, v 0 de 2011 Des. Ricardo Paes Barreto Relator © MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO PROCURADORIA DE JUSTIGA CIVEL Gabinete do 18* Procurador de Justica AGRAVO DE INSTRUMENTO N°. 0245189 - 2 ORIGEM COMARCA DE REGIFE (2° VARA DE AGIDENTES DO TRABALHO) PROCESSO DE 1° GRAU N°: 0027649-11.2008.8.17.0001 AGRAVANTE: INSS — INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL AGRAVADA: CLAUDIA CRISTINA DA SILVA VASCONCELOS ORGAO JULGADOR: 8° CAMARA CIVEL RELATOR: DES. RIGARDO DE OLIVEIRA PAES BARRETO PROCURADOR DE JUSTIGA: FRANCISCO SALES DE ALBUQUERQUE PARECER COM ANALISE DE MERITO| & MENT A; PREVIDENCIARIO. PROCESSUAL CIVIL. ACIDENTE DE TRABALHO. GONGESSAO DE TUTELA ANTECIPADA: APLICACAO DA SUMULA 792, DO STF— "A DECISAO NA AGAO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE 4 NAO SE APLICA A ANTECIPACAO DE TUTELA EM CAUSA DE NATUREZA PREVIDENCIARIA”. UTILIZAGAO DE LAUDOS NAO OFICIAIS NA DETERMINACAO DO NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A DOENCA INCAPACITANTE E 0 TRRALHO. AINDA QUE A LEI N° 8213/91 DETERMINE QUE, PARA O RECEBIMENTG DE TAL BENEFICIO, NECESSARIA A SUBMISSAO A EXAME MEDICO A CARGO DA PREVIDENCIA ‘SOCIAL, A NORMA DO ART. 110 DA LEI N. 8213/91 NAO VINCULA O JUIZ, QUE, NOS TERMOS DOS ARTS. 131 E 436 DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL, E LIVRE NA APRECIACAO DAS PROVAS ACOSTADAS AOS AUTOS PELAS PARTES LITIGANTES, “PODENDO, CORROBORADO PELAS PRQVAS DOS AUTOS, ENTENDER 'VALIDOS LAUDOS MEDICOS EXPEDIDOS PARTICULAR, PARA FINS DE DETERMINAR AO ORGAO|PREVIDENCIARIO A REABERTURA DE AUXILIO DOENGA ACIDENTARIO CUJO| PAGAMENTO FORA ‘SUSPENSO AO ARGUMENTO DE RECUPERACAO DO SEGURADO. CODIGO DE ETICA MEDICA SUBORDINA OS MEDICOS PRIVADOS & [DA REDE PUBLICA. REATIVAGAO DO BENEFICIO A PARTIR DA DECISAO E ATE A REALIZACAO DA PERICIA JUDICIAL: PRINCIPIO DA PROTECAO AO HIPOSSUFICIENTE, IN DUBIO PRO OPERARIO ANTE O PERICULUM IN MORA INVERSO, NA INTELIGENCIA DO ART. 273, DO CPC, CAPUT. PELO CONHECIMENTO E |IMPROVIMENTO DO AGRAVO._ Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de|efeito suspensivo, SERVIGO MEDICO interposto pelo INSS — Instituto Nacional do Seguro Social emp face da decisdo interlocutéria de fis. 198/200 que, proterida em sede de Agao Acidentaria ajuizada por CLAUDIA CRISTINA DA SILVA VASCONCELOS, ora Agravada, concddeu a antecipacdo dos efeitos da tutela, determinando que o INSS-Agravante, no prazb de 10 (dez) dias, procedesse com a implantagao e manutencao do auxilio-doenga abidentario, espécie 91, em favor da Agravada. Em suas razdes de fis. 02/14, alega o Agravantb: I) auséncia dos pressupostos autorizadores da concessao da tutela antecipada, antp a inexisté Il) a regularidade da Prova inequivoca e da reversibilidade da mediada antecipatori ia da alta médica @ a idoneidade da cessacéo do beneficio, no sentidg que ndo se pode considerar exames médicos particulares em detrimento dos mene subscritos por médicos da autarquia (fls. 120/122); Ill) irreversibilidade do provimer fim, em face da relevncia dos fundamentos expostos e do perigo Rua do imperador 0. Pedro il, 473 ~ 2 andar ~ Salas 2161216. Fones (81) 3419-7021 Fax: (81)3419-7121 E-m: sales@mp.pe.govibr No Antoni RaciPE CEP 60.010: ito antecipado. Por fe lesdo de grave e ‘cil reparagao, requer seja concedido efeito suspensivo ao presente recurso. © MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO. PROCURADORIA DE JUSTICA CiVEL Gabinete do 18* Procurador de Justica A i, Relatoria, em decisdo interlocutéria prolatad| Thantendo a r. decisdo de piso, determinou a intimacéo da Agraval contraminutar 0 agravo. Conquanto intimada, a Agravada dei contrarrazées, conforme atesta a Certidao de fis. 216. as fis, 211/212, fa para, querendo, ude apresentar Em 01 de agosto p.p., os autos foram enviados A Procuradoria de Justia Civel (fis. 220), onde, apés distribuidos, vieram-mel com vista para pronunciamento. Sendo 0 que importa sumariamente relatar, o} Recurso adequado, devidamente instruido e tempestivo, que deve ser conhecido e improvido, em face das seguintes razées. No caso em anélise, a Agravada, na fungéo de oppradora de caixa analista de crédito da Esposende Caleados, assevera que sofre de tomozelo direito joelho, consistente em uma reumatdide, 0 profissao, consoante 0 atestado de fl. 192, fazendo jus ao auxilio espécie 91. Depreende-se dos autos que 0 INSS, equivocadam| © beneficio previdencidrio-espécie 831 que Ihe fora implantado er definitivamente, em agosto de 2008, apesar de a Agravada contin Por este motivo determinou-se que aquele auxilio-doenca previden fosse transformado em auxilio-doenca acidentério-espécie 91, pi reabertura deste beneficio com efeito retroativo a data da consequéncia, que fosse efetuado 0 depésito das parcelas attr prazo, consoante a abertura da Comunicacao de Acidente de Tral dos autos. ldores nos ombros, jasionada por sua Hoenga-acidentario nte, concedeu-the fn 1999 e cessado, ar em tratamento. idrio - espécie B31 jovidenciando-se a Icessagdo, e, por jsadas_no mesmo alho de fis. 68/67 A Aularaulaagravante lege que inexiste prov inequivoca a demonstrar a verossimithanga das alegagdes da Agravada, de agravada carece de um dos requisitos legais previstos no art. 273, jo que a decisao especificamente 0 ‘seu §2°, dada o perigo de irreversibilidade do provimento antecipado, em face mesmo da sua condigdo de hipossuficiente econémica. Demais disso nai festou provada a incapacidade para o trabalho, registrando que os exames médico-plericiais concluiram que 0 agravado est apto a voltar ao trabalho na data da cessaca0 Alega, ainda, que ‘os documentos em que se baseo\ para conceder a tutela antecipada ndo sdo idéneos a afastar pericias médicas oficiais, quer porque so documentos produzi sem a presungio de veracidade e legitimidade que milita e cuministrativos. Cuida a hipétese dos autos de situagao em que jo beneficio. 0 MM juiz | a quo conclusées das unilateralmente, favor dos atos a prova pericial 6 imprescindivel para a comprovagao da verossimilhanga das alpgacdes da parte autora.” Tenho que tal argumentagéo nao é de todo ver contida no art. 101, da Lei n® 8213/91 apenas obriga ao segura sob pena de suspenséo do beneficio, a submeter-se a exame Previdéncia Social. Ela vincula, assim, a Administragao e dadeira. A norma io da Previdéncia, \édico a cargo da impée regras de procedimento para o Segurado que queira gozar um beneficio. Nab vincula o Juizo, mesmo porque nao poderia, ante o Principio do Livre Conven Nos arts. 131 e 436 do Cédigo de Proceso Civil. MPPE: FISCAL DA LEI. DEFENSOR DA DEMOCRACIA | Rua do imporador 0. Pedro ll, 473 ~ 2" andar ~ Salas 215/216- Santo Ant6nio — Reci ones (81) 3419-7021 Fax: (81)3419-7421 E- ‘saleai@mp.pe.g0u.br imento veiculado © MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO PROCURADORIA DE JUSTICA CIVEL Gabinete do 18* Procurador de Justica Sendo assim, de acordo com o entendimento do ji corroborado pelas provas dos autos, entender validos pareceres expedidos por outros servigos médicos — particulares ou publico: fins. E assim 0 fez, a0 considerar os laudos médicos Cheng (fis. 192), reumatologista, os quais atestam que a Agravd tendinite nos membros superiores e sindrome do tunel do ca de realizar atividades laborativas”. Demais disso, como ber Relatoria, embora o atestado juntado aos autos pela Agravad: médico particular e esteja em confronto com o laudo avalia previdenciaria, deve-se levar em consideragao que, havendo iaudos periciais com referéncia & capacidade laborativa do| aproveitado aquele que melhor beneficie 0 trabalhador, hipossuficiente em relagéo ao érgao previdenciério”. Ja afirmei em outros pareceres que 0 argum idoneidade dos laudos oficiais (seja da autarquia seja judicial), e pr de outros laudos deve ser visto com cautela. Como se sabe, o propésito da Pericia Médica é dj em laudos diagnésticos e na experiéncia do perito, a conol incapacidade, do nexo da doenga com o trabalho e o beneficio trabalhador. Por esta razo, nesse setor de pericias, os peritos pe de trabalho, um sistema de base microeletrénica denominado Sist de Administragao de Beneficios por Incapacidade) e as normas Técnicas de Avaliagéo da Incapacidade) que regulam e regulary sAial. O contetido normativo de cada norma inclui o critério pericial e de nexo com o trabalho, além de critérios diagnésticos histéria clinica ocupacional, no exame fisico e em exames justificaveis. Nao obstante tudo isso, nao ha como fazer uma nega Subjetividade que a fungao encerra. Nesse sentido, so importantes os dados da pe: Poder? Os Limites e Conflitos da Atividade Pericial Frente at de Nexo no Atual Contexto da Previdéncia Social Brasil Professores Davidson Passos Mendes, Eliza Helena de Oliveir Universidade Federal de Minas Gerais. Eles estudaram as cond dos trabalhos pelos peritos, os sistemas com que lidam, bem com da pericia médica previdenciaria, a partir da observacdo das estratt deciséo para a concessdo/negacao do beneficio de dois peritos. Pesquisa demonstram que a negativa de um beneficio ndo depen lgador, esse pode, u laudos médicos » Para quaisquer Jos Dr. Tseng Kuo ida 6 portadora de lo, sem condigées asseverou essa ‘Seja firmado por brio da autarquia rgéncia entre obreiro, deve ser face este ser into da prevalente tensa inidoneidade pfinir, baseando-se pssdo/negacao da ue seré devido ao ssuem como meio ma SABI (Sistema técnicas (Normas jentam a atividade de caracterizagao icos, baseados na Inésticos, quando io do.alto grau de quisa “Donos do Estabelecimento realizada pelos Echternacht, da jes de execucao © poder decisério gias de tomada de Os resultados da le somente do agir pericial, mas de um conjunto de processamentos administrativds e técnicos que impactain na eficiéncia do sistema de beneficios. Os pesquisadores asseveram, com base nos dados jolhidos, que: “Em todas as situagdes analisadas, faz-se apelo| a uma atividade humana _situada_e confrontada a historicidade dos event ~~” MPPE: FISCAL DA LEI DEFENSOR DA DEMOCRACIA Rua do imperadorD. Podro il, 473-2 andar ~ Salas 215/216- Santo Antonio - Rec ones (1) 3419-7021 Fax: (81)3419-7121 E-mall ga 8, incorporando —— 3 CEP 50.010-240 © MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO PROCURADORIA DE JUSTICA CiVEL Gabinete do 18* Procurador de Justica competéncias particulares, capazes de lidar com o singular, os imprevistos e os fatos atipicos, tendo como objeto de trabalho um sujeito trabalhador insprido em sistemas nredutivos diversos, com formas distintas de adoecimento e com uma especificidade em comum: a dificuldade de se estabelecer 0 diagnéstico em doencas relacionadas a0 trabalho. Além da variabilidade do objeto (sujeito trabalhador), ha uma diversidade de formagées dos peritos, com saberes, vivéncias d valores distintos, além da diversidade de vinculos com a instituigéo. © trabalho pericial possui ‘normas antecedentes’ que so as Normas valiagéo da Incapacidade e as ‘normas de qualidatie’. Estas normas estruturam e direcionam as representagoes para a tomada de decisao da concess4o ‘ou nao do beneficio. As Normas Técnicas sao utlizadas para normatizar e regulamentar os procedimentos médico-periciais. Associado as nprmas técnicas do que se tornam normas antecedents operacionais, produtivos e de qualidade exigidos pela institui (NSS). So exigéncias implicitas, tais como 0 no estabelgcimento de nexo, ‘no concessdo de beneficios, nao informacao dos direitos do segurado, a negativa a Comunicagao de Acidente de Trabalho- CAT (se ndo emitida pelo médico da empresa), estabelecidas internamente e que sdo necessarias para a avaliacdo da qualidade e do desempenho da atividade pericial. O Sistema Sabi é uma operacionalizagao das ‘normas de qualidade’. Por ele determinado as patologias que geram afastamento, d tempo médio de concessao do beneficio para cada patologia e os critérios de contessao de auxilio- doenga. O sistema atua como encarceramento, um gesso da atividade pericial. A estrutura de produgao de pericias, com o parcetarpento da atividade pericial, fragmenta a decisdo. A cada pericia 0 segurado se torna dependente da forma pela a qual 0 perito se apropria das normas técnicas @ das normas de qualidade para montar as suas estratégias de tomada de decisao. O principal objetivo das normas de qualidade & a negacéo do beneficio. As ‘normas de qualidade’ so uma renormalizago dag normas técnicas, estabelecidas institucionalmente. A pratica da produgao de p¢ricias em alguns pontos confronta com o estabelecido nas normas técnicas. Portanto, a atividade pericial situa-se entre um conflito de normas, as normas internas da instituicéo (‘normas de qualidade’) e as nornas técnicas que regulamentam as condig6es para o estabelecimento do nexo entre a doenca e o trabalho. As renormalizagées poderao ocorrer sobre os ‘pords’ deixados pelas exigéncias implicitas da atividade e pelas normas técnicas. A dranjatica da atividade aconteck nas micro-escolhas, nos caminhos a seguir, nas rehormalizagbes de Normas antecedentes, respeitando as exigéncias de qualidade dal atividade que é a restrigao & concessao do beneficio, além dos critérios de produtividade, fato necessario para ndo ser punido administrativamente, A apropriag&o das normas técnicas e das ‘normas|de qualidade’ e a sua ressignificagao é dependente da competéncia do sujeito. fara agir e tomar ‘MPPE: FISCAL DA LEI. DEFENSOR DA DEMOCRACIA Rua do Imperador D. Pedro il, 473 ~ 2° andar — Salas 215/216- Santo Antonio — Recifp/PE CEP 50.010-24 Fones (81) 3419-7021 Fax: (81)3419-7121 E-mall: © MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO PROCURADORIA DE JUSTICA CiVEL Gabinete do 18* Procurador de Justic¢a decisdo 0 perito se apropria dessa competéncia que é singular, dependente dos saberes, das vivéncias com a situagao e com os valores atribuidos| 4 posi¢ao.” Talvez por estas razées, os trabalhadores que necessitam dos beneticios previdencidrios (auxilio-doenga; auxilio-acidente e reabiltagao profissional), ‘no obstante as garantias legais retromencionadas, tenham tantas dificuldades em verem reconhecidos os seus direitos. Acresca-se a isso as varias condutas irregulares das empresas com o evidente propésito de impedir a aquisicao |de estabilidade no ‘emprego pelo trabalhador lesionado, ante o disposto no art. 118 da Lei 8213/91, que dispoe: "Art.118. O segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida, pelo prazo minimo de doze meses, a manutencdo Ho seu contrato de trabalho na empresa, apds a cessagao do auxllio-doenca acidentario, independentemente da percepgdo de auxilio-acident E, nao se pode deixar de fora 0 nao diagnéstico da doenga ou as altas precoces, fazendo com que 0 trabalhador volte para o mesmo] posto de trabalho (biomecanicamente inadequado) que precipitou a lesdo . O especialista Dr. Hudson de Araujo Couto, em squ Guia Pratico de Tenossinovites e outras Lesdes de Origem Ocupacional, alerta para o fato de que: “ 0 principal fator que contribui para que lesées acabem evoluindo mal 6 que na maioria das vezes o Whador volta para ‘© mesmo posto de trabalho (biomecanicamente|inadequado) que Precipitou a lesa Assim, & imperioso 0 acompanhamento rigido do trabalhador a fim de evitar 0 agravamento da doenca. Restitui-lo as atividades laborais, sem afastamento dos elementos criticos, ou colocando-o em fungao totalmente distinta da ocupada anteriormente, sem preocupagao com a sua readaptacao, nao resplverd o problema, ao contrério, ird agrava-lo. Observe-se que, no caso sob apreciacéo, o INSS-Agravante, em agosto 2008, concedeu alta médica a Agravada, mesmo estando ele ainda em tratamento médico, conforme asseverou o ilustre juiz, com base em laudos médicos anexados aos autos. Nao procede, aqui, a alegagao do Agravante de |que os atestados particulares no poderiam constituir prova inequivoca de que @ Agravada estaria incapacitada, e que, portanto, estariam ausentes os pressuposto$ autorizadores da oncossao da tutela antecipada. Isto porque, apesar da presungdo de legitimidade gu. goza a persia do INSS (sem esquecer 0 grau de subjetividade constatado na pesquisa acima citada), ndo se pode olvidar que os médicos particulares e da rede publica também estao submetidos a um Cédigo de Etica no exercicio de sua profissdo. Além do que o art. 436, do CPC, prevé, repita-se, o principio da livre apreciagdo da prova pelo juiz, quando dispée, verbis: a 5 PPE: FISCAL DA LEL. DEFENSOR DA DEMOCRACIA ‘Rua do Imperador D. Pedro i, 473 ~ 2" andar ~ Salas 215/216- Santo Antdnio — Recif4/PE CEP 50.010-240 Fones (61) 2419-7021 Fax: (61)3419-7121 E-mall: sales@mp.pe.govbe | 38 | a MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO ° PROCURADORIA DE JUSTICA CiVEL Gabinete do 18° Procurador de Justica “art. 436. © juiz néo esta adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicgdo com outros elementos ou fatos provados nos autos”. E 0 que se conclui, também, da andlise da jusisprudéncia desse Tribunal: EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL, COMPETENCIA DA [JUSTIGA ESTADUAL, DESCENTRALIZAGAO DO SISTEMA UNICO DE SAUDE, FORNECIMENTO GRATUITO. DE REMEDIO. IMPOSSIBILIDADE DE AQUISIGAO. POBREZA, NEGATIVA DO ESTADO EM FORNECER ‘A MEDICAGAO. COMPROVACAO DA ENFERMIDADE E NECESSIDADE DA MEDICACAO GUERREADA. ()) 5. Embora 0 laudo médico que serve de suporte a0 pleitp liminar tenha sido firmado por médico particular, o mesmo tem forga hébil a justificar a garahtia do fornecimento gratuito da medicagao pleiteada, tendo em vista a inexisténcia de fei que ¢xija que @ prova em ‘mandedo de seguranca soja viabilizada por melo de documento de naturezp publica, bem como ‘05 médicos da rede publica de sede devem observancia ¢ respeito as mesmas Medica a que se Submetem os médicos privados. 6. Tratando-se a lide em aprego do direito & manutengdo da satide, garantia fundamental que assists a todas as pessoas e dever indissocidvel do Estado, a comprovada necessidade do tratamentd em apraco @ a falta de condigées de adquiri-lo, legitimado esti o direito da ora agravada lem buscar a tutela jurisdicional, face © amparo por meio de dispositive constitucional. |(TJPE. Mandado de Seguranga. Acérdao n. 139343-7. Relator: Luiz Carlos Figueiredo. Orgao Juigador: 1° Grupo de Camares Civeis). Suprimidos os itens 01 1 04) Nesse sentido também decidiu 0 STJ, assim: EMENTA:PROCESSUAL .CIVIL_E TRIBUTARIO. MANDADO DE SEGURANGA. PORTADOR DE NEOPLASIA MALIGNA. ISENGAO DE IMPOSTO DE RENDA. APOSENTADORIA, DESNECESSIDADE DE LAUDO MEDICO OFICIAL. VIOLAGAO AO ART. 535 DO CPC. ‘AFASTAMENTO. DIREITO LIQUIDO E CERTO. IMPOSSIBILIDADE DE ANALISE EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. SUMULAN? O7/ST. 1 - © Tribunal a quo realizou a prestacéo jurisdicional invocada, pronunciando-se sobre os temas propostes, tecendo consideragdes acerca da demanda, tendo fe manifestado acerca % sufeiéncia dos documentos acostados.& inicial, com a juntada de laudo |médico, para fins de ‘obtengéo da isengao do imposto de renda sobre a aposentadoria da recorrida| portadora de doenca ‘grave. 2 Il - E considerado isento de imposto de renda o recebimento do beneticio de ‘aposentadoria por portador de neoplasia maligna, nos termos do art. 6, inciso XIV, da Lei n° 7.713/88, IM - Ainda que o art. 30 da Lei n° 9.250/95 determine que, para o recebimento de tal beneficio, 6 necesséria a emissao de laudo pericial por meio de service médico oficial, a “norma do art. 30 da Lei n. 9.250/95 ndo vincula o Juiz, que, Nos tenmos dos arts. 131 @ 436 do Cédigo de Processo Civil, 6 livre na apreciagdo das provas acostadas aos autos pelas partbs iigantes” (RESp ° 673.741/PB, Relator Ministro JOAO OTAVIO DE NORONHA Dy de 09/05/2005, p| 357). v- ‘assim, sordo com _o entendimé Jgador, es do pelas provas dos. validos laudos médicos expedidos por service idico particular, para fi 10 do imposto de renda. 'V- 0 recurso especial nio 6 a via recursel adequada para se|conhecer da violagéo 20 artigo 1° da Lei n° 1.599/51, porquanto, para aferir a existéncia de direlto fdido e certo, faz'se necessério o reexame do conjunto probatéro, o que 6 vedado pelo ébice insculpido na Simula n? 07, deste Tribunal. VI - Recurso especial improvido. (ST. REsp 749100 / PE. RECURSO ESPECIAL £2005/0077986-9, Relator: Ministro FRANCISCO FALCAO. Grgdo julgador: T1 | PRIMEIRA TURMA). (Grifamos) ‘MPPE: FISCAL DA LEI. DEFENSOR DA DEMOCRACIA Rua do imperador D. Pedro il, 473 ~ 2° andar ~ Salas 218/216- Santo Antonio - ReclfPIPE CEP 50.010-240 Fones (81) 3418-7021 Fax: (61)3419-7421 E-mail: sales@mp.pe.qov.br MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO PROCURADORIA DE JUSTICA CiVEL Gabinete do 18° Procurador de Justica Por tais argumentos, entendo que a antecipagéo da tutela nos termos do art. 273, do CPC, deveré se submeter ao que foi requerido pela parte na petioao inicial, que, como ja se disse, "é um projeto de sentenca, uma vez que 0 juiz esta balizado pela pretenséo deduzida fe pelos fatos e ‘damentos juridicos do pedido que a escoram” (CPC Inlerpretado, Costa Machado, Manole, 6* Edicao, 2007, p.124). Assim, pelo menos nessa perfunctéria andlise, propria do Agravo de Instrumento, que, enquanto recurso, nao pode, no seu julgamento, exaurir 0 préprio objeto da aco principal, a concessao de efeito suspensivo a decisao de 1° Grau nao deve prosperar. Diante das raz6es acima expostas, o Mihistério Pablico Estadual opina pelo conhecimento e improvimento do para o fim de, manter, em seus proprios termos, a vergastada. Recife, 18 de agosto de 2011. Hes eceenseeereeeconet 7 El DEFENSOR DA DEMOCRACIA ‘MPPE: FISC Rua do Imperador D. Pedro il, 473 — 2° andar ~ Salas 215/216- Santo Anténio - RecltqPE CEP 60.010-240 Fones (81) 3419-7021 Fax: (81)3419-7121 E-mal 234_ PODER JUDICIARIO TRIBUNAL DE JUSTIGA DE PERNAMBUCO. S 8 Camara Civel Galinte Dasanbargader Rares Pct Barely Agravo de instrumento n° 245189-2 - Comarca do Recife Agravante: Instituto Nacional do Seguro Social - IN ‘Agravada: Claudia Cristina da Silva Vasconcelos. VOTO a O cerne da questao em apreco diz respeito ao direito ou nao do agravado a percep¢ao do auxilio-doenga acidentdrio, espécie 91, em seu favor. Consta dos autos que a agravada llaborava na empresa Esposende Calcados Ltda., exercendo a fungdo de auxiliar de crédito, e em decorréncia de suas atividades laborativas, |desenvolveu doenca reumatdide, tendo a autarquia previdencidria Ihe concedido auxilio-doenca acidentério B31 e que o mesmo foi cessado e condedido novamente por mais quatro vezes, tendo o ultimo beneficio cessado ¢m 02/08/2008. Ocorre que, nao obstante a carvan tenha conclufdo pela cessacéo da incapacidade da obreira para o labot, cancelando asim o beneficio auxtlio-doenca, verifica-se através d¢ pareceres médicos colacionados as fls. 192 a impossibilidade do agravado de voltar a exercer suas atividades laborais. Nos termos dos atestados de fls. 192 datado de 03/02/2011, da lavra do Dr. Tseng Kuo Cheng, reumatologista, infere-se que a segurada € portadora de tendinite nos membros superiores e sindrome do tunel do carpo, sem condicdes de realizar atividades laborativas. As fls. 196, consta laudo médico datadlo de 05/02/2011, da lavra do Dr. Julio Peixoto, informando que a agrayada é portadora das patologias apontadas, estando inapta ao retorno ocupacional. Deste modo, ao menos nesse jutzo de cognicdo suméria, verifico que se precipitou a autarquia agravante c cancelar o referido beneficio auxilio-doenca, sob o argumento de que a incapacidade do agravado havia cessado, mormente levando-se em donsideracdo os teores dos atestados mencionados, demonstrando a Werossimilhanca das alegacoes. Embora 0 atestado juntado aos autos pela agravada seja firmado por médico particular e esteja em contronto com o\laudo avaliatorio da autarquia previdencidria, deve-se levarem consideragao que, havendo divergéncia entre os laudos periciais com referencia a capacidade laborativa do obreiro, deve ser aproveitado aquele qhie melhor beneficie o trabalhador, face este ser hipossuficiente em relacio ao 6rgéo previdenciério. “Ms 5 40 Pelo exposto, voto pelo improvimentd do Presente agravo de instrumento, mantendo-se a decisao fustigada em tddos os seus termos. Des. Ricardo Paes Barreto Relator

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