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Capitulo 7 Projeto Conceitual 7.1 Sumario 7.2. Atualizaro Plano do Projeto Conceitual 7.3 Modelar funcionalmente o produto 7.4. Desenvolver principios de solucao para as fungdes 75 Desenvolver as alternativas de solucao para 0 produto 7.6 Definir arquitetura 7.7 _Analisar Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSC), 7.7 Definir ergonomia e estética do produto 7.8 _Definir fornecedores e parcerias de co-desenvolvimento 7.9. Selecionara concepcao do produto 7.10. Definir plano macro de processo 7.11 Atualizar estudo de viabilidade econdmico-financeira 7.12 Avaliar fase 7.13 Aprovar fase 7.14 Documentar as decisoes tomadas € registrar li¢des aprendidas 7.15 Questoes ¢ atividades didaticas propostas 7.16 Informacdes adicionais Depois da leitura deste capitulo, vocé sera capaz de: Entender como ocorre a geracao e selecao da concepsao do produto a partir das especificagdes-meta do produto resultante da fase de projeto informacional. + Entender como a modelagem funcional do produto é importante para a obtencao de alternativas de solucao para 0 produto, inicialmente pela definicao da fungao total do produto a partir das especificaces-meta do produto e seguindo com a decomposigao dessa funcdo em fungdes de menor nivel de complexidade. + Entender os conceitos de estrutura de fungoes e arvore de funcées. + Entender como representar os principios de solucao para as funcdes de menor complexidade, por meio de efeitos fisicos e portadores de efeito, « Entender os diferentes métodos de criatividade e como esses podem ser usados para a obtencao de principios de solugao, em especial o brainstorming, a matriz morfologica e a TRIZ. « Entender como TRIZ pode ser usada em conjunto com 0 QFD, estrutura de funcdes e matriz morfolégica. » Entender como obter altemativas de solucao para o produto a partir da matriz morfolégica. ‘= Definir 0 conceito de arquitetura, sua utilizagéo para a representacao das alternativas para o produto. « Entender coma arquitetura modular pode ser utilizada, e suas diferentes aplicacoes, + Entender como pode ser iniciado o detalhamento das concep¢des desenvolvidas por meio da escolha dos materiais, processos de fabricacdo e montagem dos SSC, dentro dos conceitos de engenharia simultanea 236 | PARTE? 0 Modelo + Entender a importancia da interacao entre o produto e as pessoas por meio das consideracdes de ergonomiae estética = Mostrar como se pode escolher as parcerias e fornecedores na fase de projeto conceitual + Definir um procedimento sistematico para a selecao da concepgdo mais adequada para o produto e que deverd ser considerada na fase de projeto detalhado. 7.1. Suma Diferentemente da fase de Projeto Informacional que trata, basicamente, da aquisico e transformagio de in formagées, na fase de Projeto Conceitual, as atividades da equipe de projeto relacionam-se com a busca, cria¢io, representacio e selecio de solugGes para o problema de projeto. A busea por solugdes ja existentes pode ser feita pela observagio de produtos concorrentes ou similares descritos em livros, artigos, catilogos ¢ bases de dados de patentes, ou até mesmo por benchmarking. © processo de eriagio de solugses ¢ livre de restrigoes, porém direcio- nado pelas necessidades, requisitos e especificages de projeto do produto, ¢ auxiliado por métodos de criatividade. A representacio das solugdes pode ser feita por meio de esquemas, croquis ¢ desenhos que podem ser manuais ou computacionais, e é muitas veres realizada em conjunto com a eriagao. A selegio de solugées ¢ feita com base em métodos apropriados que se apoiam nas necessidades ou requisitos previamente definidos. Essa fase, conforme mostra a Figura 7.1, do mesmo modo que na fase anterior, inicia-se pela atualizacio do Plano do Projeto Conceitual, de maneira a manter uma compatibilidade com o planejamento geral feito na fase de Planejamento do Projeto Figura 7.1 Informacdes principais e dependéncias entre as atividades da fase de Projeto Conceitual. “Aiualizaro Plano do rojeto Conceituat Especificagées-Meta xe Projeto Conceitual we Concepgio do Produto, + Yntegracdo dos principios de solugdo (para atender & fungdo totat do produto) * Arguiteture do produto (60M Iniciale interfaces) + Layout e estilo produto + Macroprocesso de fabricago ‘e montage * Lista inieiat dos SSCs pincpais iafetse (Moe concetua do prod) Wonton Vr nits "| regeter igo, peers ee Deservolver principios de solagao ara as farses No inicio da fase de Projeto Conceitual, o produto € modelado fancionalmente e descrito de uma forma abstrata, independentemente de principios fisicos. Com isso, evita-se que experiéncias ou preconceitos formem Projeto Conceitual | 237 barreira contra novas solugGes, ou, em outras palavras, que o foco seja mantido na esséncia do problema ¢ sna solugio imediata, Essa abstragio ¢ feita definindo-se o produto em termos de suas fungées. Para isso, ini- te define-se a funcio global do produto que, em seguida, é desdobrada em varias estruturas de funcbes produto até que uma seja selecionada. Depois de definida a estrutura de fungées do produto, varios principios de solucio so propostos para satis cada uma das fung6es. Assim, combinando os varios prineipios, é possivel criar virias alternativas de so- — dentre as quais uma ou mais possam ser selecionadas. Para cada uma dessas alternativas geradas, se uma arquitetura que contéma estrutura do produto em termos dos componentes e suas conexdes. Tais iteturas sio mais bem desenvolvidas dando origem as concepcdes, que j4 agregam informagées de estilo € possiveis fornecedores. Essas concep9des sio, entio, alvo de um processo de selecio, que vai apontar aquela ;pcdo que melhor atende as especificagdes-meta e a outros critérios de escolha. ‘Aconcepeao obtida é uma descrigio aproximada das tecnologias, prinejpios de funcionamento ¢ formas de produto, geralmente expressa por meio de um esquema ou modelo tridimensional, que, freqiientemente, ser acompanhado por uma explicagio textual. E uma descri¢io concisa de como produto satisfard as ne- ‘exssidades dos clientes Finalmente ocorrem as atividades finais genéricas da fase, envolvendo 0 monitoramento da viabilidade eco- ‘sémica, o gate da fase e 0 registro das decisdes tomadas ¢ ligées aprendidas. A aprovaczo da fase implica verifi- ‘excio s¢ 0 conceito escolhido atende as especificagdes-meta por meio de solugbes técnicas adequadas e de custos meitiveis. 7.2 Atualizar o Plano do Projeto Conceitual Esta atividade tem por objetivo compatibilizar o planejamento dessa fase com o planejamento efetuado na smacrofase de pré-desenvolvimento. Basicamente deveriio ser seguidas as mesmas orientacbes descritas no Capi- alo 3, Tépico 3.2. 7.3. Modelar funcionalmente o produto A modelagem funcional auxilia 0 Time de Projeto a descrever os produtos em um nivel abstrato, possibili- sando a obtencio da estrutura de produto sem restringir o espaco de pesquisa a solugdes especificas. Os modelos fancionais permitem que 0 produto seja representado por meio das suas funcionalidades, ou seja, por meio das suas fungdes — tanto aquelas realizadas externamente ao produto em sua interago com o ambiente quanto as fangdes internas ao produto, realizadas pelas suas partes. ‘Tratar o problema de forma generalizada com a sua formulagio em um plano abstrato é uma forma de abrir caminho para a obtengiio de solugdes melhores. Ignorar o particular e deter-se no que é geral e essencial previne que as experiéncias, preconceitos e convengées limitem a solucio do problema de projeto. Essa generalizagio propicia uma formulacio ampla e aberta, juntamente com o entendimento claro das restrigdes essenciais sem a consideracio prévia de uma solucdo. A abstragao também pode ser empregada na identificagao de restrigGes fic~ ticias, que poderiam limitar o emprego de novas tecnologias, materiais, processos de fabricago e mesmo novas descobertas cientificas. O resultado desse estudo pode quebrar preconceitos ¢ conduzir a uma melhor solugao do problema, proporcionando um entendimento mais claro da tarefa de projeto, ¢ a identificagio das fungdes do produto, o que ¢ indispensivel para o éxito nas etapas subseqiientes do Projeto Conceitual. De uma maneira geral, fungdes descrevem as capacidades desejadas ou necessarias que tornarao um pro- duto capaz de desempenhar seus objetivos e especificacées." Segundo Otto e Wood, 2001, aswantagens do modelamento funcional sio: concentracao sobre “o qué” tem que ser realizado por um novo conceito ou reprojeto, ¢ nfo “como” vai ser realizado; auxlia a organizacio da equipe de projeto,tarefas e processo; as fungbes podem ser obtidas ou geradas diretamente das necessidades dos clientes, definindo os contornos da solucio final de projeto; a criativi- dade é favorecida pela possibilidade de decomposicio de problemas e manipulacio de solugdes parcais; pelo mapeamento das necessi- dades dos clientes — primeiro para fungies ¢ depois para forma —; ¢ mais solugdes podem ser sistematicamente geradas para a resolugio do problema de projeto, 238 | paxre2 Modelo As fungdes de um produto podem ser classificadas como mostra a Figura 7.2. As fungGes interativas sio compativeis com o conceito de fun¢io uma ver que “uma fungio éo que um elemento de um produto ativa ou passivamente faz para a realizacao de certo propésito”. As fungdes comunicativas estao relacionadas com a trans- missio de sinais/informagdes do produto para o consumidor. Figura 7.2. Funcées dos produtos (adaptado de Warell, 2001). Fungdes Técnicas -Fungoos intoratvas rere: omunicatvas os a = FFungées Comunicatv Estrus || Fungoesce Fungtes || sonémicas | ungses Fangtes Transiormagso |} Adetonais Sinateae || Somdneas As fungGes técnicas podem ser representadas pela relago existente entre a entrada e a safda de um sistema, on seja, a transformagio de um estado de um sistema para outro, independentemente de qualquer forma. Por es- tado de um sistema compreende-se a totalidade dos valores de suas propriedades em um dado instante. Fungdes sao geralmente definidas por meio de um predicado composto por um verbo ¢ um substantivo, tal como dasar ‘fertilizante, lavar roupa ou cortar grama, No modelamento funcional, a partir de uma anilise das especificagdes-meta do produto e das fungdes ini- cialmente identificadas, o primeiro paso normalmente dado na busca de uma estrucura de fungdes para o pro- duto projetado € a elaboracio de uma descrigo da fungao total, ou global, desse produto. Todos os produtos possuerm uma funcdo mais importante, que, de forma condensada, deve ser um resumo do que se deve esperar do produto, funcionalmente (Gomes Ferreira, 1997). A Figura 7.3 ilustra as principais tarefas desta atividade. Figura 7.3. Tarefas da atividade “Modelar funcionalmente o produto” ‘Analisar as ospacificagoes- ‘meta do produto Hentincar as fungbes do produto Estabolocer a fangao global Estabolocer estuturos Requisitos funcionais funclenats ateratvas Fungo global 5 Lista de tungoes do : Produto ‘Soledonara esiutura funcional eee ei caaeaes acd Crete at en Abstragdo orlentada ‘Modelagem funcional Matrz de deciséo Quadro 7.1. Termos Utilizados no Projeto Con caniraa 7 ; Piojeto Concetual | 239 ital A relagao dos termos principais deste capitulo e suas definicGes encontram-se na Figura 7.4. Os elementos desfocados nesta figura representam os termos definidos no Quadro 6.2, no Capitulo 6. Figura 7.4 _Relacdo entre os principals termos usados na fase de Projeto Conceitual. Especificacoes-meta Conjunto de objetivos ou metas que o produto deve atender. Esse conjunto de informacées, elaborado durante o Projeto Informacional do produto, deve refletiras ccaracteristicas que o produto deverd ter para atender as necessidades dos clientes, Estrutura funcional do produto Representa de forma hierdrquice e estruturada a lista de fungoes que o produto deve possui. Principios de solugao Individuals Propostas construtivas e formals de solucdes que realizam as funcdes do produto, Principios de solugéo totais _| Conjunto coerente e integrado dos principios de solugao individuals. Alternativas de solusao Conjunto de principios de solugao totais Arquitetura do produto Esquema pelo qual as elementos funcionais do produto (funcoes) séo arranjados em partes fisicas e como essas partes interagem. A relacao entre os elementos funcionais e as partes fisicas pode ser de um-para-um, um-para-varios evarios-para-um. Pode ter umna forma Energi Material ———p>| Fungio Total —P Materia! Sinal > Sina! Na Figura 7.7, tem-se a fungio total de um produto destinado a lavar roupas. Como entradas do sistema, 1nés temos roupas sujas (Material), sabao (Material), 4gua limpa (Material) e energia (Energia) — nfo necessaria- mente elétrica — e 0 grau de lavagem requerido (Sinal). Como saidas do sistema, temos roupas limpas (Material), gua suja (Material) e energia (Energia). A saida “energia” representa a parcela de energia que sai do sistema sob formas indesejiveis, tais como: calor, vibragdes ¢ ruidos. Mesmo com essas saidas sendo indesejiveis, dificil- mente obteremos os produtos finais sem elas. Podemos observar que, a rigor, a transformacio de “roupas sujas” em “roupas limpas” poderia ser repre- sentada pela fungio total “separar sujeira das roupas”. Entretanto, o conceito do produto e as especificagdes-me- ta definiram certos aspectos tecnolégicos do produto, como a utilizagio de égua e sabao para a separagio entre sujeira e roupa. 242 |paRTE2 © Modelo Figura 7.7 Funcéo total “lavar roupas". Energia ——+ Sobio —> [> Energia Rowpes sujas—p> Aver, |B Roupalinpa Agila ede tel son sie Int. (Grau de lavagem) -- > Achar uma solucio diretamente para a fungdo total é em geral dificil de ser obtida, razio pela qual se pro cede a uma decomposigao da funcio total em fungdes com nével de complexidade menor. Assim a modelagem funcional evolui para um modelo de estrutura de funcdes de baixa complexidade interligadas por fluxos de energia, material e sinal. Vale lembrar que complexidade de uma fungio é uma caracteristica bastante relativa e dependente do contexto no qual esti inserida. A decomposigio de uma funcio total, além de facilitara busca por solugdes, proporciona um melhor entendimento do problema de projeto. A decomposicio de fungdes, no en- tanto, nio é um trabalho simples que possa ser feito em uma tinica vez, necessitando de um grande esforgo do time de projeto. A fungio total é o principal ponto de partida para elaboragao ¢a estrutura de fungées. A estrutura de fun- ‘Bes deve refletir a fungio total do produto. As fronteiras da estrutura de fungdes podem ser obtidas a partir do contorno da fungio total, com as suas entradas e saidas, conforme mostrado na Figura 7.8 para o caso do projeto de um dispositivo destinado a lavar roupas. Figura 7.8 Contorno de uma estrutura de funcdes. Energia Agus timp) —p> Inf, (Grau de lavage) -~ E conveniente que se comece a esbogar a estrutura de fungées pelo desdobramento de um dos processos existentes, que seja necessirio a conversio do fluxo principal do sistema (entradas e safdas principais). A Figura 7.9 ilustra o desdobramento do processo utilizado para transformar “roupas sujas” na saida “roupas limpas”. Figura 7.9 Primeiro desdobramento da fungao total “lavar roupas”. Paulatinamente, a estrutura de fungées vai se desenvolvendo pela agregagio de fluxos e fungdes auxiliares 20 fluxo principal e pelo desdobramento das funges existentes em fungdes de mais baixo nivel de complexidade. apiauo 7 Projeto Conceltual | 243 No modelo da Figura 7.10, agregaram-se os demais fluxos que cruzam a fronteira do sistema e também as fun- ‘ees auxiliares “misturar égua e sabao”, “produzir movimento” e “alternar movimento”, RRRERIAG] earrings pare avarrupar. ‘nxaguar ‘eas As estruturas de funcdes devem conter todos os fluxos de energia, material e sinal envolvidos. Deve-se ga- rantir a compatibilidade entre funcdes adjacentes: as entradas para cada fungao devem corresponder as saidas para a fungio anterior. A estrurura de fungdes deve ser mantida tao simples quanto possivel, de modo a levar a solugies simples e econémicas. Vale destacar que a decomposigio da funcio global permite que sejam propostas diferentes estruturas fun- ionais que satisfagam a fungo global. Essas estruturas funcionais alternativas podem ser obtidas por: (a) divisio ‘ou combinacao de fungdes; (b) mudanga de disposi¢ao de fungGes individuais; (c) mudanga do tipo de ligagio (série ou paralelo); e (d) alteragdo das fronteiras do sistema. Paraaselegio da melhor alternativa dentre as estruturas funcionais geradas, pode-se utilizar uma matriz de decisio. A dificuldade principal é estabelecer os critérios de escolha para um modelo do produto ainda muito abstrato. A lista de especificagdes-meta do produto ainda é o principal critério; no entanto, vale lembrar que € raro que as estruturas de fungio sejam completamente livres de pressuposigdes fisicas e formais, o que permite que se possa imaginar os principios de solugo para possibilitar o confronto entre as diferentes estruturas funcionais. Nessa abordagem, a fungao principal do produto é decomposta hierarquica- mente em subfungées, sendo que, quando todas elas sfio executadas, a funcio total Modelagem funcional com do produto é realizada. De um modo geral, busca-se que cada subfuncio seja reali- 4+— por aut? Fungo Fungao Fungao Fungao Basica |_| Secundéria ‘Secundéria Fungéo Assumida | Fungses nto | esperaias {A fungo global do produto é colocada na parte superior esquerda do diagrama, ea funcao colocada imediatamente a di- reita da fungao global representa o propésito ou miso do produto ou pracesso, sendo chamada de funcdo basica. As sub- funcGes resultantes dos questionamentos COMO sao colocadas a direita da funcao basi Tealizagio de cada fungéo secundaria introduz outros efeitos indesejaveis que tornam necessérias novas iar tals efeitos. Essas fungbes sao colocadas na direcao vertical. Existem, ainda, as fungdes que o produto pode possuir e que nao aparecem no proceso de decomposigao, as quais sio colocadas na parte superior do diagrama, 7.4 Desenvolver principios de solugao para as fungées Nessa atividade, inicia-se a passagem do abstrato ao concreto, da fungio 4 forma, A cada uma das fungdes da estrutura funcional escolhida na etapa anterior podem seratribufdos um ou mais prinefpios de solucio (veja a Fi- gura 7.12). Para que isso seja possivel, é necessario, a partir do co-reto entendimento da fungio, a busca de um. efeito fisico e de um portador de efeito fisico que, por meio de determinados comportamentos, realizem 0 obje- tivo da fungio em questao. cavinna? Projeto Conceitual | 245 7.12 Tarefas da atividade “Desenvolver principios de solugao para as funcoes". Estrutura funcional Projeto Dafinir efeitos fsicos Desenvolver principios de solugao ara as fungées, Definir portadoros de efeitos ~~ Principios de solugsio Pens Ceo ene peti Abstragéo orientada Catélogos de solugdo A Figura 7.13 ilustra o relacionamento entre os termos efeito fisieo, portador do efeito e principio de so- lugio. ligd0 de um principio de solugao (Gomes Ferreira, 1997). Figura 7.13, Cons fungao Ereito fisico == Portador do efeito Principio de Solugo Qs sistemas fisicos na natureza comportam-se de acordo com principios fi- 7 sicos, quimicos ¢ biolégicos, regidos por leis da natureza. Assim, esses sistemas de~ Efeitos fisicos senvolvem efeitos fisicos, quimicos e biolégicos capazes de realizar fungdes sobre o ambiente que os cercam. F natural que os projetistas, quando envolvidos na busca por principios de so- Iucdo, pensem primeiro em termos de efeitos fisicos, quimicos e biolégicos que possam realizar a fungio reque- rida. Aqui, o termo efeitos fisicos estara abrangendo também os efeitos quimicos biolégicos que poderao ser desenvolvidos em sistemas técnicos. Algumas vezes, mais de um efeito fisico é necessério para cumprir uma de- terminada funcio, como no caso de um par bimetilico. A fungao “ampliar forga” é um exemplo de fungio que pode ser realizada por diferentes efeitos como: 0 efeito da alavanca, o efeito da cunha, efeitos hidréulicos e efeitos eletromagnéticos. isicos, tais Somente a descricao dos efeitos fisicos envolvidos nao é suficiente para uma re- presentacio adequada dos principios de solugao para as fungdes do produto; é ne- Portadores de efeito cessirio que se busquem sistemas fisicos capazes de portar os efeitos fisicos necessirios 4 realizacio das fungGes pertencentes a estrutura funcional desenvolvida para o produto. 246 | PARTE2 © Modelo Segundo Gomes Ferreira (1997), um portador de efeito é, dessa forma, um sistema fisico, com seus ele- mentos e suas relagées entre elementos, definido qualitativamente, capaz de realizar o efeito fisico esperado. Ao se definir um portador para um efeito fisico em questao, define-se o principio de solugao a ser utilizado. O portador do efeito deve representar qualitativamente o sistema ou 0 meio que desempenharé a funga0 desejada. Ele deve conter informagdes a respeito dos elementos que compéem o sistema, bem como das relacoes entre esses elementos. A Figura 7.14 ilustra os portadores de efeito relacionados ao efeito fisico da alavanca utili- zado para a realizacao da fungao “ampliar forga”. Figura 7.14) Portadores para o efeitofisico da alavanca (Gomes Ferreira, 1997) i a Efelto fisico da alavanca ce f - Ve 5 ‘Alavanca com rlagéo entre ‘Alavanca com relagao —— bragos fixa “entre bragos variavel mt 7 a : | Ponto de apoio Ponto de apoio na extremidade © incorporade a alavanca ‘carga do lado da fora As informagdes relacionadas aos elementos que constituem o principio de solugo incluem: tipo do ele- mento, quantidade, forma, posigao, movimentos e atributos de material. O principio de solugio deve representar as formas aproximadas dos elementos, porém nao deve fazer refe~ réncia is suas dimensées, salvo no caso daquelas necessarias ao entendimento da funcio ou do comportamento do principio de solucao. Uma forma adequada de representar os principios de solug2o no dominio da mecanica é por meio de “dia gramas de linhas” ou “diagramas de esqueleto”, tal como utilizado por Hubka (1988) na Figura 7.15, para repre- sentagio de dois principios de soluggo para uma morsa. Nessa forma de representacio, os elementos que compdem os principios de solugio sio representados por intermédio de desenhos esquemiticos contendo tao-somente linhas. ‘Também as informagdes — referentes aos movimentos necessérios aos elementos do principio de solugio para o cumprimento de sua fungio — podem ser representadas por intermédio de simbolos apropriados. ‘Nos principios de solucio, nfo se deve referenciar os materiais especificos a serem utilizados. Apenas atri- butos referentes as propriedades desses materiais devem ser especificados. Por exemplo: ductilidade, rigidez, fragilidade, transparéncia, condutibilidade elétrica, ponto de fusio 2 propriedades ferromagnéticas sio atributos de material que podem estar contidos em uma representacio de principio de solucio. carta? , Projeto Conceitual| 247 7.15 Principios de solucao para uma morsa (Gomes Ferreira, 1997). Os prineipios de solugio poderio ser obtidos por meio de bancos de dados de principios ou de catilogos. "Anda, para auxiliar na busca de idéias para os principios de solugdo que atendam as fung6es, é possivel utilizar os hamados métodos de criatividade. A literatura aponta mais de uma centena dos chamados métodos de criatividade; entretanto, a0 analisarmos ‘es principios bisicos dos quais se derivam esses métodos, a aparente grande diversidade desaparece, podendo-se ‘chegar a um ntimero relativamente pequeno de métodos. Tais métodos podem ser classificados em intuitivos, ‘Sstemiticos e orientados, conforme mostrado na Tabela 7.1 (Sozo, 2001). Tabela 7.1 Classificacao dos Métodos de Cratividade Método Morfolégico TAIZ Andis eSintese Funcional sit Analogia Sistematica Synetics ou Sinergia Analise do Valor Galeria Questionarios e Cheklists: Sio baseados principalmente nos estudos psicolégicos da criatividade e em tentativa e erro para a busca de solucées criativas. Mesmo indicados para problemas Métodos intuitivos simples, eles podem ser utilizados para solucionar determinadas etapas de pro- blemas complexos. Brainstorming Bum excelente caminho para o desenvolvimento de muitas sohugdes criativas para um problema. Trabalha focalizando o problema para, entio, sugerir muitas solugdes radicais. Idéias deverio ser apresentadas na maior quantidade e extravagancia possivel e desenvolvidas 0 mais répido possivel. Permite quebrar os padrdes de pensamento existentes ¢ olhar as coisas de uma nova maneira. Durante as sessdes de brainstorming, as idéias que vao surgindo nao devem ser criticadas. Deve-se sempre procurar abrir novas possibilidades e separar suposicdes erradas sobre os limites do problema. Anélises e julgamentos nesse momento retardarao a geracio de idéias. As idéias deverao ser avaliadas somente apés a sessio ser encerrada, quando, entao, as solugGes poderao ser exploradas usando abordagens convencionais. O método € apropriado para grupos constituidos em torno de seis pessoas, preferencialmente de diferentes reas ou formagées. Deve haver um moderador para a sesso. Partindo-se de uma definigao, o grupo busca gerar uma grande quantidade de idéias, muitas das quais sero posteriormente descartadas, Nao sio permitidas eri- ticas, ¢ a situagao apresentada nao deve conter restrigdes — sendo que idéias extravagantes ¢ opinides surpreen- 248 | PARTE 2 © Modelo dentes sio encorajadas. Caracteriza-se principalmente por permitir uma visualizacio do problema de diferentes maneiras, prima pela quantidade e nao pela qualidade das idéias; nfo é recomendado para problemas especiali- zados, sendo indicado para problemas simples. Veja o Quadro 7.3. Quadro 7.3 Brainstorming Brainstorming é uma técnica ja bastante conhecida e relativamente simples, que, quando utilizada ce maneira adequada, possiblita a obtencao de valiosas solucGes. Para o desenvolvimento de ima sesso bemn-sucedida de brainstorming, at ‘qumas diretrizes devem ser observadas: 1.0 problema deve ser definido clara e concisamente;o problema nao deve ser complexo ou multifacetado, Deve-seas, segurar que todos os participantes tenham entendido e se familiarizado com o problema e estejam de acordo com omodo {que foi formulado, Nao é necessério colocar um grande numero de restrigdes nesse momento. 2,0 grupo deverd ser formado por trésadez pessoas. Devem ser convidadas pessoas com diferentes graus de experiencia enivel de especialidade.Um numero pequeno de participantes no permite uma interacdo suficiente entre as pessoas, etal ‘rodo que as idéias possam ser “alimentadas" de uma para outra. (Aqui, as idéias so consideradas vives, como virus que podem ser transmitidos de pessoa a pessoa por contato verbal ou visual) Um grupa grande é também indesejado, pols 96 vanente, algumas pessoas acabam nao participando das discussoes, torando-se negativas ou apaticas— o que éfatal para lima sessao de brainstorming. Deve-se encorajar a participacio com entusiasmo de todos. '3.€ preciso fixar um limite de tempo para. sesso, que deve ficar entre30.e 40 minutos. Grupos grandes poderso neces: sitar de mais tempo para que todos possam efetuar suas contribuicées. ‘4. Criticas eavaliacdes negativas no deverdo ocorrer durante. sessdo, uma vez que o objetivo é obter novas idéias €ndo aval las Procuraro maximo possivel de solucdes, quantidade acima da qualidade, soluces podem ser combinadas, uma pode geraroutra eer outro estagio, Deve-se pensar de forma extravagante para suritem varias idélas, no deve nave! pio. priedade dessas, sendo as idéias um resultado do grupo de trabalho, As citicas,julgamentos avaliagdesirdo blogueat 0 flno de idéiascratives, pois os paticipantes tenderao a fcar na defensiva, autoprotegendo-se, eceando apresentar verday deiramente novas e diferentes idéias, com medo de serem ridicularizados. '5, Deve ser definida uma pessoa do grupo para anotar as idéias geradas na sessio. As idéias geradas serdo estudadas ¢ avaliadas apos a sess20. Método 635 Este método, também conhecido como draimwriting, é semelhante 20 brainstorming. Porém, como apenas algumas idéias iniciais sfo desenvolvidas intensamente, os resultados obtidos tendem a ser melhores. O grupo onsiste de seis integrantes, e cada um escreve trés sugestOes iniciais para um determinado problema. A seguir, cada integrante passa essassolugdes adiante, para que cada um dos outros einco membros, apés uma répida ob servagao, acrescente outras és sugestOes ou melhoramentos paraas inicialmente colocadas. E essa seqiiéncia de mimeros que dé nome ao método. Lateral Thinking Neste método sio geradas provocagdes — idéias, ogicas ou nfo — lancadas com o objetivo de obter outras idéias, Objetiva-se sair de um padro de pensamento para outro. As téenicas de provocasio retiram as pessoas de gua zona de conforto, pois é fora dela que o real crescimento criativo ocorre. Este método ausilia a vencer a inércia psicologiea tendo forte tendéncia a gerar idéias inovadoras em razao de téenicas de provocacio. Synetics ou Sinergia Utiliza diferentes elementos da criatividade (incubacio, pensamento divergente, tentativa ¢ erro, analo~ sas) de modo sinérgico. E um método para aplicagio em grupo multdisciplinar ce quatro a sete pessoas. Projeto Conceitual| 249 Galet Este método combina o trabalho individual e 0 trabalho em equipe, o chamado grupo mével. E similar a0 brainstorming, porém cada clemento do grupo ¢ incentivado a propor individualmente solugdes para 0 pro- blema, por meio de desenhos c textos que sio fixados em paredes. As idéias sio, ento, analisadas em grupos. E adequado para problemas em que todos os componentes foram projetados ¢ deve-se determinar como ‘montar/agrupar os componentes em um produto completo. Sio estruturados em passos, de modo a aumentar a probabilidade de se chegar ‘a solugées mais adequadas. Essa categoria de métodos é mais adequada solugio de Métodos Sistematicos problemas complexos, pois, em geral, busca a subdiviséo de um problema complexo em problemas mais simples Método Morfolégico Consiste no desdobramento de um problema complexo em partes mais simples, buscando solucdes para as. partes. Inicialmente, o problema é definido e, a seguir, é dividido em parametros. © método de anilise e sintese funcional pode ser utilizado para o desdobramento do problema, Depois, buscam-se formas alternativas para so- Jucionar 0s parametros, por meio de catdlogos, experiéncia, pesquisa ou criagio. Em seguida, obtém-se as com- binacdes possiveis dos parametros. Ao final, a melhor combinagio de parametros adotada como solugio. Prodiuz grande variedade de concepgdes. A busca de solugdes € feita de forma independente, sem a preocupacio ‘com os demais parimetros, sendo indicado para problemas complexos. Quadro 7.4 Mattiz Morfoldgica ‘A matriz morfolégica constitui-se de uma abordagem estruturada para a geracao de alternativas de solucao para 0 pro- blema de projeto, aumentando a drea de pesquisa de solugdes para um determinado problema de projeto. Auxilia a equipe ‘de desenvolvimento a encontrar um conjunto grande de alternativas de soluco para o produto por meio de uma anlise sis temética da configuracao/forma que o produto ters (Os parametros descrevem as caracteristicas ou fung6es que 0 produto ou proceso deverd ter ou atender. Uma matriz morfolégica possibilita a captura e a visualizacao das funcionalidades necessérias para 0 produto e explora meios alterna- tivos ecombinacbes para atender as funcionalidades.Para cada funcao do produto existe um niimero de possiveis solucdes. ‘Amatriz permite que as solucées sejam consideradas e fornece uma estrutura para obtencao de solucoes alternativas. Isso possibilita a definicao inicial do que seré a arquitetura do produto por meio da geracao e consideracao de diferentes combi- rnaces de ‘principios de solucao". Usada apropriadamente, a matriz morfolégica pode auxiliar na obtencéo de potenciais solugdes para o produto. A seguir seré apresentado o procedimento basico para a montagem da matriz morfol6gica 1 Listaras fung6es do produto. Deve-se listar as funcdes que sao essenciais parao produto. Essa lista ndodevera ser muito longa, ¢ possuir um nivel apropriado de generalizacdo —o ideal é que nao sejam mais do que dez funcdes. As fungdes po- ‘derdo ser listadas de acordo com uma determinada ordem, segundo a importancia, posicdo na estrutura, fluxo de energia, fluxo de informacao, Cuidados deverao ser tomados para listar func6es endo componentes. Cada fungao devera ser mutua- mente exclusiva. 2. Listar 0s possivels melos (principios de solucao) para cada funcSo. Deve-se listar as possiveis solucdes ou meios que atenda cada funcdo. Buscar novas idéias, tanto quanto solucées e componentes ja conhecidos, sendo que essas idéias ou ‘componentes podem ser representados visualmente ou por palavras. Tentar manter o mesmo nivel de generalidade para todas as solucoes. 3, Representaras funcdes €0s principios de solugdo e explorar as combinacées. Esbocara mattiz contendo todos os possi ‘eis principios de solucao, representando o “espaco de soluco” total para 0 produto e combinar os principios de solucao (veja a Figura 7.16). Tentar sempre que possivel representar todas as opcodes visualmente. Assim, sera mais faci identificar combinacées vidveis. Como ontimero total de combinagées pode ser grande, é necessério que se limite as op¢des mais vig- veis ou atrativas. (continua) 250 | paRTE2 0 Modelo Quadro7.4 —Matriz Morfolégica (continuacao) Figura 7.16 Matriz morfol6gica ea combinagao de principios de solucao. principios de sougses| , | 2 | | y fs fungoes ' Fy Sin 2 F Son Analogia Sistematica Este proceso consiste na comparagio e transferéncia de caracteristicas originarias de dois dominios dis tintos em niveis compativeis de abstragio. A partir da definigdo do problema, abstraem-se as caracteristicas mais relevantes e procura-se, entio, transferir caracteristicas do problema para possiveis areas de analogia. Com- param-se caracteristicas do problema com caracteristicas da irea de analogia. Tal comparacao pode ser feita, por exemplo, 20 nivel de fungdes, estrutura, forma ou comportamento. Finalmente, fazem-se a transferéncia e 0 ajuste das caracteristicas consideradas mais titeis ao problema. Anilise do Valor ‘Tem por objetivo melhorar o produto ou sistema em anélise. O critério para julgar o melhoramento ¢ 0 custo, mas o valor ou qualidade do produto nio deve ser reduzido. O método inicia coma escotha do produto a seranalisado e a formagio de uma equipe. Depois, sao coletadas as informagdes gerais da situacao do produto e 0 custos envolvidos. Identifica-se a fungio de cada parte do produto e o seu valor. Concluidas essas tarefas, buscam-se idéias ou solugdes que venham a reduzir os custos, por meio de questionamentos. Realizam-se, entio, o julgamento das idéias ¢ o planejamento para realizar asalteracdes. Este método dicado para produtos jé existentes, geralmente propicia a reducio de componentes do sistema e é indicado para problemas complexos. Questionarios e Checklists Podem ser utilizados individualmente ou em grupo. Neste método, 0 projetista (ou a equipe) é forcado a responder a.uma grande quantidade de questies. O objetivo das questdes é estimular a geracio de idéias. Pode avira? Projeto Conceituat| | 251 ser aplicado em problemas simples e complexos, apresenta forte tendéncia a idias inovadoras em razdo da ne- cessidade de responder aos questionamentos. Sio baseados em padrdes reconhecidos no processo de solugao de problemas de virias reas e procuram utiliza-los para resolver outros problemas. Métodos Orientados Teoria da Solucao de Problemas Inventivos (TIPS ou TRIZ) Esta teoria foi desenvolvida por Genrich S. Altshuller, nascido na antiga Unio Soviética, em 1926. Para construi-la, Altshuller, ¢ outros, pesquisaram em mais de um milhio de patentes procurando levantar os pro- blemas inventivos e como eles foram solucionados. Os resultados mostraram que a maior parte das patentes le- vantadas (mais de 1.500.000) continha pouca inovagio, apresentando apenas alguma melhoria no produto existente. O autor constatou que era necessério desenvolver um método que realmente pudesse auxiliar na ge~ ragio de solugGes realmente inventivas. Segundo o autor, a teoria da invengio deveria satisfazer as seguintes condigdes: ser sistemtica, apresentando os procedimentos passo a passo; ser um guia, sem restringir 0 espaco de busca da solugio ideal; apresentar repetibilidade, confiabilidade e nao depender de ferramentas psicologicas; 1 a 3. 4. permitir 0 acesso ao corpo de conhecimento inventivo; 5. permitir adicionar 20 corpo conhecimento inventivo; e 6. ser bastante familiar para os inventores. Altshuller definiu um problema inventivo como sendo um problema no qual a sua solugio faz gerar um outro problema. Por exemplo, 0 aumento da resisténcia de um prato de metal causa um aumento do seu peso. Normalmente, no proceso de invengio, os pesquisadores so levados a fazer um trade-off ¢ assumir compro- missos entre as caracteristicas do problema, ¢ acabam nio alcangando a solugio ideal do problema. Estudando as patentes, Altshuler observon que, em algumas delas, foi eliminada ou solucionada a contradicio do problema, sem recorrer a uma solugio de compromisso (trade-off de requisitos). Segundo o pensamento de Altshuller, se a busca por uma solugio ideal for conduzida por meio de um pro- cedimento sistemitico, a equipe de desenvolvimento de produto pode iniciar essa busca empregando um nivel mais elementar de conhecimento, isto é, 0 conhecimento pessoal dessa equipe. Na seqiiéncia, trabalhando em niveis mais altos, a equipe de projeto pode buscar solug6es, cuja procedéncia encontra-se em outros campos de conhecimento, isto é, na propria indiistria, outras indiistrias e na ciéncia. Pesquisando essas patentes, Altshuller “destilou” os problemas, as contradiges ¢ as solugdes, desenvol- vendo uma teoria que rege a busca por solugées de problemas inventivos. Essa teoria € denominada Teoria da Solugio de Problemas Inventivos. EF, dentre os varios métodos para a solucio de problemas, segundo a TIPS, 0 método dos principios inventivos e da matriz.de contradicdes merece destaque. Isso se justifica pela simplicidade do método, que se baseia nos conceitos de parimetros de engenharia e principios inventivos. O método inicia coma identificago dos requisitos de projeto a serem otimizados e conflitantes. Depois, associam-se esses requi- sitos em contradigio com os parimetros de engenharia da TIPS. Os parametros de engenharia correspondem As sgrandezas que deve ser maximizadlas, minimizadas ou otimizadas. Fxistem 39 parimetros de engenharia. Rea- lizada a associagio, identificam-se os principios inventivos da TIPS, utilizando a Matriz de Contradigao. 252 | paRTE2 OModelo Quadro7.5 TIPS ‘Autilizacao da TIPS no processo de desenvolvimento de produtos pode ser vista na Figura 7.17. De uma forma bastante sucinta, para gerar as alternativas de concepcao do produto, segundo a abordagem proposta na Figura 7.17,é empregadaa Matriz de Contradigao da TIPS, juntamente com a Primeira Matriz do QFD, a Casa da Qualidade. Para isso, primeito deve-se identificar,na Matriz de Correlacdo do QFD, as contradicées existentes entre os requisitos de projeto. Nasequéncia, deve-seas- ‘sociar 0$ requisitos em contradi¢So aos parametros de engenharia da TIPS. A seguir, empregando a Matriz de Contradiao da “TPS, obtém-se 0s principiosinventivos da IPS.E,finalmente, considerando esses principios inventivos eempregandoa Matriz Morfolégica, s4o gerados os principios de solugao que, combinados, originam as alternativas de concepcao do produto. Figura 7.17 Fluxograma de aplicacao da TIPS no proceso de projeto do produto, Levantar as necessidedes dos clientes [sewers sees —_] Estabelecer os requisitos de projeto do produto t FRelacionar as necessidades com os requisitos iu ee ‘Obie a contadigbes err os requstos do projto | | ‘nifear os requsitve de prota a serom t t Defi as especiicagoas de projio “Assosar os requstos em contradicao aos arametros de engenhiaria da TIPS Funcional do Produto | Modsiegeny Identiicaro principio inventvo da TIPS q ttitzando a Matz de Contadigao Geragdo de Concepbes do Produto a Selegdo da Concep¢ao do Produto t Projeto Dstalhado A seguir, seré apresentado,tarefa atarefa, oemprego do QFD, juntamente coma Metodologia da TIPS naatividade de de- senvolvimento do produto. Dessa forma, tem-se: + Tarefa 1:Levantar as necessidades dos clientes. A execucio desta tarefa pode serrealizada segundo as praticastradicio- naisde projeto, por meio do emprego de questionarios estruturados, pesquisa de mercado, entrevistas, entre outros, + Tarefa 2: Estabelecer os requisites de projeto do produto. A execugao desta tarefa deve ocorrer segundo as pratices tradicionais de projeto. + Tarefa3:Relacionar as necessidades com os requisitos, visando identificara importancia relativados requisitos de pro- Jeto. A execucio desta tarefa deve ser realizada segundo a abordagem tradicional do QFD. + Tarefa 4: Correlacionar os requisitos de projeto entre si, procurando entificar as contradigdes entre eles. Para isso, esses requisitos devem ser correlacionados na Matriz de Correlacdo do QFD (telhado), procurando identificar, para um dado requisito a ser satisfeito, aqueles que dificultam o atendimento desse objetivo. + Tarefa 5; Identificaros requisitos de projeto a serem otimizados ¢ os respectivos requisitos em contradicao. € realizada com base na importancia dos requisitos de projeto, obtida na Tarefa 3. Dessa forma, comparando-se os requisitos em contradi¢do, aquele que apresentar maior importancia deve ser entendido como o requisito de projeto a ser otimi- zado e — o correspondente — o requisito em contradicao. (continua) sariraa 7 Projeto Conceitual | 253 Quadro 7.5 TIPS (continuacéo) + Tarefa 6: Associar 0s requisitos em contradigao aos parametros de engenharia da TIPS. Essa assoclacao deve set reall- zada considerando os 39 parametros de engenharia e levando em conta sua similaridade e compatibilidade. + Tarefa 7:Identificar o principio inventivo da TIPS. Essa identificagao, ou seja, a busca por uma orientagdo para a solugao das contradigdes entre os requisitos de projeto é realizada empregando a Matriz de Contradicao da TIPS. Autilizacao da Matriz de Contradigao da TIPS, ilustrada, esquematicamente, na Figura 7.18, envolve, inicialmente, aiden- tificacdo, no “Campo 1’, do parametro de engenharia a ser otimizado e, no "Campo 2", do correspondente parametro quese encontra em contradicao. Do relacionamento entre esses requisitos ¢ obtido, no “Campo 3", um ou mals principios de so- lugdo, que indicam a solugao para o problema. Figura7.18 _ Representacao esquemitica da Matriz de Contradicao da TIPS. Contradigio CAMPO 2 — Parametro de Engenharia CAMPO 2 - Parametro do Engenharia a ser otimizado - ‘Tarefa 8: Gerar as altemativas de concepgao do produto. O processo de geracéo de alternativas de concepcao envolve, inicialmente, a etapa de estruturacao funcional, em que é desenvolvido um modelo do produto em termos de fungbes ex: pressas por melo de fluxos de energia, material ¢sinal. Para auxiliar o desenvolvimento desse processo, pode-se empregara modelagem funcional descrita no Topico 7.3. Dando procedimento a geracao das alternativas de concepsao, na sequéncia, deve-se estabelecer quais funcGes da estrutura funcional estdo relacionadas com os requisitos de projeto a serem otimi- zadlos, identificados na Tarefa 5. Esse relacionamento tem o objetivo de determinar em quais fungoes podem ser empre~ ‘gados os principios inventivos da TIPS, para auxliar a geracao dos principios de solugao que, combinados, originam as alternativas de concepgdo. Para auxiliar a execucdo dessa tarefa, pode-se empregar a Matriz de Relacionamento entre Fungao e Requisito Otimizado, apresentada na Figura 7.19. Nas colunas da matriz estao relacionadas as funcdes da estrutura funcional do produto e, nas linhas, os requisitos de projeto a serem otimizados. Os itens assinalados com o simbolo “«”in- dlicam que existe uma relagao entre a funcio e o requisito de projeto. Nesse caso, observa-se uma relagao entre o requisito 1 a fungio 1, o requisite 2e a funcao ie 0 requisito je afungao 2. Na sequéncia, devem ser gerados os principios de solucdo que, combinados, originam as alternativas de concepgao do produto. A TIPS pode ser empregada na geracdo de principios de solugao. Paraisso, a TIPS deve ser utilizadajuntamente com ‘a Matriz Morfologica. A Figura 7.20 ilustra, esquematicamente, a Matriz Morfol6gica. Nesse caso, considerando o resultado dda Figura 7.19, 0s principios inventivos da TIPS foram empregados na geracao dos principios funcionals dasfungdes 1, 2e|. (continua) 254 | pante2 0 Modelo Quadro 7.5 TIPS (continuacao) Figura 7.19 Matriz de Relacionamento Fungo versus Requisito Otimizado. Fungoes da Estratura Funcional Funcso1 | Fungao2 | Funeso3 | Fungéo 4 Fungao i Requisito a ser otimizado 1 : Requisito a ser otimizado 2 . Requisito a ser otimizado j 5 Figura 7.20 Matriz Morfol6gica —representaco esquematica, MATRIZ MORFOLOGICA rome | Geass | ae | tas ingios |, Sheba rome | See | oaiie 7.5 Desenvolver as alternativas de solugao para 0 produto ‘Com as alternativas de principios de solucao para as varias funcdes que compdem a estrutura de fungGes de- senvolvida e selecionada para o sistema, o proximo passo em direcao a elaboracio de modelos de concepeao é a combinagio dos principios de solugio individuais para formar os prineipios de solugo totais para o produto. Uma importante ferramenta para a combinagio de prineipios de solugio individuais em principios de so- lugio totais para o produto é a matriz morfolégica. A matriz morfolégica dispde simultaneamente as fungdes que compdem a estrutura funcional escolhida para o produto e as diversas possibilidades de solugao para elas. A matriz, morfol6gica possibilita uma andlise das possiveis configuragdes para o produto projetado. A matriz morfoldgica é construida tendo como primeira colune as fungées identificadas na atividade de es- truturacao funcional, Em seguida, procura-se gerar 0 maior mimero possivel de principios de solugbes para cada uma das fungdes da matriz, Posteriormente, esses principios de solugio s4o combinados, formando os principios aviro7 Proto conr | 255 de solugio totais para o produto. A representagzo dos principios de solugio so geralmente abstratos, nao tendo ‘uma geometria mais especifica. Os principios de solugio totais desenvolvidos podem ser representados por es ocos, croquis, diagramas de blocos, clescrigdes textuais, modelos de papel, argila ou polimero, ou outras formas que possam dar alguma indicagio da maneira pela qual as fungdes sao realizadas. ‘Vamos considerar 0 desenvolvimento de um equipamento destinado & limpeza de mexilhoes (Scalice, 2003). A fungao total do equipamento é mostrada na Figura 7.21; a estrutura funcional, na Figura 7.22 e, na Fi- gura 7.23, a matriz. morfologica para esse equipamento. ‘Figura 7.21 Funcao total do equipamento para limpeza de mexilhées. ‘moxiioos sujos ——»| |—> mexinoes va] tipaes PP Agus com rejetos Energia mecénica > onergia. ‘Figura 7.22) Estrutura funcional do equipamento para limpeza de mexithoes. mexihoes ‘Apés a geraco dos princfpios de solugio, deve-se combinar (integrar) os principios de solucio (sintese). Um grande numero de combinagées é possivel; contudo, existem restrigdes em razo da compatibilidade fisica e geométrica entre os principios de solugao e 0 proprio compartilhamento de fungdes. A Figura 7.24 apresenta possiveis alternativas de solucio, para o produto, em que cada coluna representa uma delas. 256 | pARTE2 © Modelo Figura 7.23 Matriz morfoldgica do equipamento para limpeza de mexilhoes. FUNCOES Principios de solugao: SF 8 Alona eS es as jeer eae cS Dv! € OS | £#) th) =| 4] & et = SS |=. =) $ SS — > & Ee aE. | roctaatioiae | Soren |i en | dai Gulag dguncom | CT ima S| SO| <-> ton poeta Perio | necaes | erage (cco |e * CK coe | CP | OC aw Pome mailiies {| Sa oa P eee [et ee | age Le Sp |) ce © “ : oe = (2 = | & | SS a a TT Fino deat ‘Conair | pinands me js) ® ol dg os — spiral de — ) Cee | | | Ob | ee | | Oe | iq Figura 7.24 _Altermativas de solucao para 0 processo de limpeza dos mexilhées. ee | sy Aeeerad See ee | SO 8 g\| oa See me ew er [ Tae fol | #1 o)|#| oa ee : = sacl #i/s | F|8 | oe Se lene | | S| ee ee | aS - ee a Banho d’agua ‘Banho d'égua ‘Ducha d’4gua ‘Ducha d’égue Banho d’agua Banho d’équa maw | GFF FF FF ZF ae Seon ivan = = ie Pe keene me me a Ce |) eo) oC) Ca we I era pan | Se ‘Com ferramenta_| Com foramen pe i : : pce. ; Hi) 5] SS oO oO ‘Abtindo deposive | Abvindo dsposiivo| Marter fuxo Paw é vine = es colt B&B BS y ee = cn = Cone = 7.6 Definir arquitetura Nesta atividade, o produto deve ser visto como sendo composto de diferentes partes, as quais esto relacio nadas com os principios de solucio individuais adotados nos prinefpios de solugZo total (alternativas de solucao e com as fungées a eles atribuidas. Dessa forma, as alternativas de solugio sio desdobradas em Sistemas, Subsis: temas e Componentes (SSC) que deverio atender as fungdes do produto. A Figura 7.25 mostra as tarefas dest atividade. Figura 7.25 Tarefas da atividade “Definir a arquitetura’, Allternativas de solugio Identficar Sistomas, Subeistomas 1 Componentes (SSC) Definirarquitetura para as alternativas de projeto Defi tgragdo ene SSCs alternativas de pro} Cees cas altorn projeto Layout do produto Relago com outras ereeeined Certs peer neey Catalogo de solugao Métodos de criatvidade Matriz indicadora de médulos Matriz de interfaces A arquitetura de um produto é 0 esquema pelo qual os elementos funcionais do produto sao arranjados em partes fisicas e como essas partes interagem por meio das interfaces. Decisoes sobre essa arquitetura influenciario no gerenciamento e organizacio do esforgo de desenvolvimento, pors possibilitarao que sejam clesignadas ativi- dades de projeto e testes dessas partes para equipes, individuos e/ou fornecedores, de modo que o desenvolvi- mento de diferentes porgdes do produto possam ocorrer simultanecmente. Assim, cada alternativa de projeto ou modelo de principio de solucio total gerado na atividade anterior tera uma arquitetura especifica. A Figura 7.26 ilustra o exemplo da representagio de uma arquitetura para uma alternativa de projeto de um elevador de automéveis de passeio. Um motor elétrico aciona um redutor que, por sua vez, aciona, por meio de uma corrente, o eixo de um parafuso de movimento. O giro do parafaso faz subir ou descer 0 garfo que sustenta o automével, impedido de girar por uma guia. A segunda coluna é acionada pela primeira, por meio de uma se- gunda corrente. Figura 7.26 Representacdo da arquitetura de um elevador de automéveis (Gomes Ferreira, 1997). Projeto Conceitual| 259 Como pode ser observado nesse exemplo, sio exibidos os elementos que constituem 0 produto, bem como os seus inter-relacionamentos, incluindo a sua estrutura. Entretanto, no sio representadas as formas exatas, di- mensdes, todas as quantidades dos elementos e materiais. O desenvolvimento da arquitetura de um produto envolve a divisio e identificagao dos sistemas, subsis~ temas e componentes individuais, sua localizacio e orientagio. A arquitetura de um produto pode ser classifi-~ cada em modular e integral. A arquitetura modular é caracterizada por um a um dos médulos implementarem uma ou algumas poucas fungGes, nao existindo o compartilhamento de fungdes entre dois ou mais médulos; e as interagSes entre os mo- dulos sio bem definidas e fundamentais para a realizagao da fungao global do produto. A arquitetura mais modular € aquela na qual cada fungio do produto éimplementada exatamente porum m6- dulo fisico, e as interagées entre os médulos sio poucas e bem definidas, Nesse tipo de arquitetura, uma mudanga de projeto pode ser feita em um médulo apenas, nfo sendo necessérias modificagées em outros médulos para que © produto funcione corretamente. Os médulos podem ser de certa forma projetados, independentemente um dos outros. oposto de uma arquitetura modular é a chamada arquitetura integral. E essa é caracterizada por ter as fang6es do produto distribuidas em varios conjuntos de componentes; e as interagdes entre os componentes s40 mal definidas, Um produto desenvolvido com uma arquitetura integral geralmente € projetado tendo-se em mente uma performance mais elevada. As fungdes podem ser distribuidas em varios conjuntos de componentes, eas funcées podem ser combinadas em poucos componentes para otimizar o desempenho de certas dimensoes e/ou parametros, contudo, modificagdes de projeto podem necessitar de um extenso trabalho de reprojeto do produto como um todo. As decisbes sobre a estruturagio do produto em médulos ou no dependem de fatores como: modificagdes no produto, desempenho, variedade, padronizacao dos componentes, manufatura e gerenciamento do projeto. A arquitetura do produto define como os componentes fisicos se relacionam, definindo também como 0 produto pode ser modificado. Arranjos modulares permitem que mudaneas sejam feitas em determinadas fun des do produto, sem necessariamente afetar o projeto de outros médulos. Para arranjos integrais do produto, uma modificagao pode afetar diferentes fung6es, tornando necessérias mudangas em vrios componentes relacio- nados. Algumas razées para um produto sofrer modificagdes sio: atualizagdes; adigées; adaptagdes desgaste de certos componentes; consumo de materiais, flexibilidade no uso e reuso. Em cada um desses casos, a arquitetura modular permite a minimizagio das modificagdes fisicas necessarias para obter uma determinada mudanga funcional. termo modularidade é usado informalmente de muitas maneiras ¢ em dif rentes contextos. No contexto do projeto de sistemas grandes e complexos, 0 termo Modularidade refere-se ao uso de unidades independentes. No contexto da arquitetura, o termo esta associado a uma construgio que utiliza componentes padronizados, No contexto da manufatura, 0 termo refere-se ao uso de unidades intercambiaveis, para criar uma variedade de produtos. Independentemente do contexto, a independéncia de componentes é2 propriedade de um projeto que leva a padronizagio e a intercam- biabilidade (variedade), Modularidade pode ser vista como a qualidade ou earacteristica de um sistema em separar partes indepen- dentes ou médulos, que podem ser tratados como unidades légicas. Modularidade esté relacionada com a ma~ neira pela qual o produto ¢ fisicamente dividido em componentes. Assim, modularidade é uma propriedade ou 260 | paRTE2 © Modelo atributo relativo, ou seja, os produtos nao podem ser classificados como modulares ou no, mas se exibem mais ou menos modularidade no projeto. Segundo Ulrish e Tung, (1991), o aproveitamento da padronizagao de componentes para a obtencao da varie- dade de produtos permite a classificago de cinco tipos de modularidade, que podem ser encontrados no ambiente industrial. A seguir tem-se a descricao desses tipos de modularidade, os quais so exemplificadas na Figura 7.27. Figura 7.27 Tipos de modularidade encontrados na indistria (Ulrish & Tung, 1991). Lil Modularidade em permutar componentes | Modularidade em compariihar componentes 460) 2 Moduleridade em adaptar para a variedade | Modularidade através de barremento Dw Modularidade seccional = Modularidade em permutar componentes: é a habilidade de permutar duas ou mais alternativas de componentes sobre a mesma regio de um produto basico, criando assim diferentes variantes do produto pertencentes a mesma familia de produtos. Exemplos deste tipo de modularidade so encontrados em au- tombveis que disponibilizam diferentes radios, toca-fitas, CDs, para-brisas e rodas para um mesmo mo- delo de automével; em computadores que disponibilizam diferentes tipos de discos rigidos, monitores ¢ teclados para a mesma CPU. Este tipo de modularidade é associado a criagao de variedade de produtos. = Modularidade em compartilhar componentes: este tipo de modularidade ocorre nos casos em que mesmo componente bésico é utilizados em diferentes familias de produtos, sendo esse um caso comple- mentar ao anterior. Exemplos deste tipo de modularidade cm automéveis so 0 uso de mesmas sapatas de freio, alternadores e velas de igni¢o em diferentes familias de automéveis. Em computadores, esta mo- dularidade é exibida quando um mesmo microprocessador ou monitor é usado em diferentes familias des- se produto. Este tipo de modularidade é freqiientemente associado & idéia de componentes padronizados. = Modularidade em adaptar para a variedade: este tipo de modularidade é empregado quando se utili- zam um ou mais componentes padronizados conectados com um ou mais componentes adicionais varié- veis, Na maioria das vezes, a variedade é associada as dimensdes fisicas dos componentes adicionais, que podem ser modificadas facilmente, por um processo de produgio simples. Exemplos deste tipo de mo- dularidade sao as montagens de cabos, nas quais dois conectores padronizados podem ser usados com ‘um cabo com comprimento qualquer, ¢ cilindros hidraulicos que podem ser produzidos com compri- mentos arbitrérios. arias? ‘Projeto Conceitual | 261 mt Modularidade através de barramento: este tipo de modularidade ¢ empregado quando se faz uso de um componente bisico, que posstia duias ow mais interfaces de unio, para o acoplamento de um ou mais componentes adicionais variiveis, No caso, suas interfaces aceitariam qualquer acoplamento, por meio de qualquer combinacio, para o grupo de componentes a ser assentado ao mesmo. Fste tipo de modula- ridade difere das anteriores pela sua capacidade de variar o ntimero e a localizagao dos componentes do sistema, enquanto as demais 86 permitem variagdes nos tipos de componentes usados em um produto de arquitetura idéntica. m Modularidade seccional: é caracterizada pela presenca de uma colegio de tipos de componentes, que podem ser unidos de forma arbitréria as suas interfaces. Cada um desses componentes pode ter uma ou mais interfaces que permitem, a partir de um componente, a construgio de uma seqiiéncia ou uma ér- vore de estruturas. Exemplos tipicos deste tipo de modularidade sio achados em sistemas de tubulacao, miveis do tipo sofi, blocos lego e sistemas de transporte. Uma ferramenta para a defini¢ao dos médulos é a Matriz Indicadora de Médulos, MIM (Exixon er a/, 1996), que indica quais as fungSes que apresentam uma maior vocagio ou tendéncia a formar médulos e quais devem ser agrupadas, formando um modulo. Essa ferramenta baseia-se em 12 diretrizes relacionadas as razdes pelas quais um produto deveria ser modularizado. As diretrizes sio critérios que consideram caracteristicas de todo 0 ciclo de vida do produto, mostradas na Tabela 7.2. Em um procedimento semelhante ao empregado no QED (Quality Fune- tion Deployment), essas diretrizes sao confrontadas com as fungdes desempenhadas pelo produto, atribuindo-se valores a cada relacionamento, tal qual ilustrado na Figura 7.28. As fungdes que apresentarem os melhores resul- tados no somatério de pontos poderiio ser modularizadas, bem como os grupos de fungdes que apresentarem um forte relacionamento com alguma diretriz. (Figura 7.28). Figura 7.28 Exemplo esquemitico da aplicagao da MIM. Fraca Relapho (i nonto) [0] |'8|'8|8)3/3 “Média Rejagdo 3 pontos) [| [al a |iz |e | Forte Relapao (S ponies) [@ Mut aplatve (Cany-aver) . Desenvolvimento de nvolvimento 80 [Eyatupao Teenegica . a Aiteragao de Projeto ° i Nagao |Es0edieacdo Teena Ss Esto z am = Fabricagao eneCa rs 2 Prooesso Orgarizagao ° Integrar num Qualidade Testes em separado ° ° mesmo modulo? ‘Aauisiéo | Compra de Produtos Protos ||| | [© & Manutengdo e Manutenabitede|| | | @|© Apésestar — [atualzapso . Reciclagem = 2]2]2/2 Classinoacao ofel-lal= Possiveis médulos 262 | PARTE2 0 Modelo Tabela 7.2 Diretrizes de Modularizacao Segundo Erixon etal. (1996) Desenvolvimento | Multiaplicativo ("Carry-Over") | Uma fungdo pode ser um médulo separado em que a solugao tecnolégica de produtos atual poderd ser levada para uma nova geragao ou familia de maquinas. Evolusio tecnolégica ‘Uma fungio pode ser um médulo unico se essa possuir uma tecnologia {que sera superada no seu ciclo de vida. Planejamento de aiteragao de | Uma funcao pode ser um médulo separado se essa possuircaracteristicas projeto {que serao alteradas segundo um plano. ~~ Variagao Especticagdo técnica Poderdo ser concentradas alteracbes para se conseguit variantes em um médulo, Estilo Fungao pode ser um médulo separado se essa for influenciada por tendéncias e modas de tal maneira que as formas e/ou as cores tenham de seralteradas. Fabricagao Unidade comum Umma fungio poderd ser separada em um médulo se essa possuira mesma solucao fisica em todos os produtos variantes. Proceso e organizacdo fRazoes para separar uma funcao em um médulo: + Ter uma tarefa especfica em um grupo. + Encaixar-se no conhecimento tecnolégico da empresa, + Possuir uma montagem pedagégica, + Ter um tempo de montagem que difere extremamente dos outros médulos, Qualidade Testes em separado ‘Uma fungao podera ser separada em um médulo quando essa funcao puder sertestada separadamente. ‘Aquisicéo ‘Compra de produtosprontos | Uma fungao que pode ser tratada como uma caixa preta causa reducdo dos custos logisticos. Apés estar no ‘Manutencao.e ‘ManutengGes e reparos podem ser facilitados se uma fungaoficar bem em Mercado ‘manutenabilidade ‘um médulo separaco. ‘Atuatizagao ‘Se for necessério, pode ser faciltada sea funcao a ser atualizada for um L- médulo. a Reciclagem Isto pode ser uma vantagem para concentrar materials poluentes ou recichiveis em um mesmo médulo ou em médulos separados, conformeo caso. A integragio entre os SSCs pode ser definida por meio das interfaces entre eles. As interfaces podem ser fixas, méveis ou ser um meio de transmissio, elas tém um papel importante no produto final, em virtude da in tercambiabilidade entre os SSCs, e sio determinantes para a sua montagem. A Matriz de Interfaces (Brixon et 4i., 1996), mostrada na Figura 7.29, pode ser utilizada para dar una idéia das interfaces entre os médulos, indi- cando o tipo de interface, restrigdes e tempo de montagem. Projeto Conceitual | 263 Figura 729° Matiz de interfaces (Erixon etal, 1996). - Transmissto de Energia e/oulnormagces rabies Gennes Senate 200- Tempo do Montage Moor g| | caeetia ria Soe : oan 3 Transmissao E, 6.0235 Se onsen . eee >< E04 aes 8) | Tambor de Aram > S<610> ey LE 0 s —<— eG EG. & Cobertura > Se erat ieeg SS uma "Poga-Base" aE aRIaaSS es Catka de Engronagens — Montagem por [| | Quadro 7.6 Projeto Modular Um produto € considerado modular quando suas partes (médulos) podem ser testadas de formaindependente, e suas interfaces (a forma de conexao entre as modulos do produto} foram desenvolvidas de maneira padronizada Do ponto de vista do ususrio, um médulo pode ser visto como uma caixe-preta, a qual engloba um ou mais SSCs do produto, e que pode ser facilmente substituido por outro médulo, contanto que seja respeitada a interface (conjunto de entradas, saidas e fixacdes especificadas duranteo projeto), Varios sao 05 objetivos em se adotarem metodologias de pro- jeto modular, os quais podem ser enquadrados em uma ou mais das cate- Gorias descritasa seguir: Fonte: won netcarcoil/ima2imilon’ 36A9420modularsi2050¢y pg + Desenvolvimento de plataformas de produtos: trata-se do desenvolvimento de familias de produtos, de forma mo- dular, que compartilham funcoes globais semelhantes, uma mesma fisica estrutura basica, e podem ser identificados como produitos distintos. Um exemplo tipico da utilizacao do projeto modular para o desenvolvimento de plata- formas é dado pela industria automobilistica, em que variagdes de modelo podem ser obtidas para um mesmo chassi, bem como mouificagdes de natureza estética e de conforto em um mesmo modelo. + Maximo compartilhamento de sistemas: as técnicas e ferramentas utilizadas no projeto modular podem ser empre- gadas de forma a serem estabelecidos sistemas e subsistemas (ou, em certos casos, até mesmo componentes) a serem utilizados de diferentes linhas e familias de produtos, ou reutilizar sistemas jé existentes. No limite, tal esforgo leva & elaboracdo de uma série de (subsistemas) padrées, a exemplo de motores elétricos, compressores ou outros commo- dities, cuja producao pode ser, até mesmo, terceirizada. Maxima variagao funcional: o objetivo ¢ obter uma estrutura basica na qual diferentes médulos funcionais (ou seja, médulos que participam da funcao global do procluto) possam ser acoplaclos deforma estabelecer variantes do pro- dluto. Um exemplo que se enquadra nesse caso so os multiprocessadores de alimentos, os quais desempenham dife- rentes funcOes a partir de alteragdes minimas em sua configuragao. + Otimizagao do ciclo de vida dots) produto(s): ao desenvolver um novo produto, pode ser interessante utilizar os e~ ‘cursos disponibilizados pelo projeto modular para otimizar diferentes aspectos de seu ciclo de vida, levando solugdes técnicas para novas geracdes de maquinas, substituindo-se a tecnologia atual por uma em desenvolvimento (exemplo: encapsular componentes a serem substituidos), facilitando alteragbes estéticas, auxiliando a fabricagao e (continua) 264 [ewe 2_OModelo Quadro 7.6 Projeto Modular (continuagao) montagem, simplificando a aquisicao de médulos ja existentes no mercado, faciltando a manutencao e atualizacao do produto (exemplo; agrupando elementos de vida semelhante) e otimizando a reciclagem (exemplo: médulos com componentes de materiais semelhantes) Comparando-se com o processo convencional de desenvolvimento de produtos com o de desenvolvimento de produtos modulares, ndo se observam grandes diferencas em termos de estruturas de fases, No entanto, ao se analisar o PDP em re- lagio as suas atividades e tarefas, grandes diferencas sao observadas, dent’e as quais incluem-se o levantamento de neces sidades dos consumidores para todas as variantes da familia de produtos durante projeto informacional, a sintese € ‘estudo em conjunto das estruturas funcionais visando encontrar as similaridades existentes entre as funcdes do produto ‘durante o Projeto Conceitual, e a necessidade de se projetar a interface entre os médiulos. ‘Apesar do esforco extra de projeto, resultado do esforco simultaneo de desenvolvimento agregado ao projeto da inte- racao entre médulos, varios beneficios advém dessa modalidade de projeto, incluindo: obtencao de uma maior padroni- zagao entre produtos, reducdes no numero total de componentes na empresa, simplificacao da aplicagao de mudangas a0 Jonge do ciclo de vida do produto, facilitacao da realizagao de testes dos componentes dos produtos e talvez o elemento mais atrativo as empresas, uma maior flexibilidade para se adaptarem e atenderem rapidamente as exigéncias do mercado. No entanto, tal modalidade nao traz apenas beneficios, sendo problemas tipicos @ faclitagio da copia do produto em decor rencia da identificagao mais facil do relacionamento forma-fungSo eo ocasional aumento de custos dealgumas variantes de prodiutos (usualmente compensadio pelos fatores de economia de escala). 7.7 Analisar Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSC) Esta atividade compreende uma espécie de refinamento da atividade anterior, no qual sio identificados analisados aspectos criticos do produto observados no ciclo de vida do produto, como questdes de funciona- mento, fabricagdo, montagem, desempenho, qualidade, custos, uso, descarte e outros. As informagoes aqui le- vantadas si importantes para a definigdo de parcerias de co-desenvolvimento ¢ identificagio dos possiveis processos de fabricacZo dos componentes e de montagem do produto. A Figura 7.30 ilustra as tarefas desta ativi~ dade que basicamente transforma as alternativas de projeto em concepcdes do produto. Figura 7.30 Tarefas da atividade "Analisar SSCs". Alternativas de projeto Teentficar e analisar aspectos rs cerficos do produto ‘Analisar Sistemas, Subsistomas & Componentes (SSC) Defini parametros principals forma, materais, dimensbes © capacidades) es Concopsdes para o produto "BOM inicial Peete eeeeer ar ey ey pened Brome Absragao oriented meas de ‘Modelagem funcional Meee earn ‘Matriz de decisdo [Edwin process ) Projet Conceitual | 265 ‘Toda a alternativa de projeto de produto possui certos parimetros que sto eriticos para a sua prépria ope- racio. E importante que se conhecam quais sio os parimetros (formas, dimens6es, propricdades dos materiais etc.) eriticos para o funcionamento do produto. Também se deve buscar os valores esses parimetros para se obter um desempenho satisfatério ou melhorar a manufaturabilidade dos componentes. Além isso, pode-se de- finir de maneira inicial os possiveis modos de falha do produto. A arquiterura do produto geralmente representa o produto em termos das propriedades fisico-téenicas que so essenciais ao seu funcionamento. Acontece que a avaliacio e a escolha de uma determinada alternativa de projeto nao deve apenas se basear em critérios de natureza técnica. Critérios relacionados ao uso, aparéncia, producdo, custos e outros devem ser considerados. Assim, os modelos de prinefpios de solugio total de produto devem ser desenvolvidas para se chegar aos chamados modelos de concepeio do produto. De uma mancira geral, um modelo de concepgio deve ser suficientemente detalhado para ser possivel veri- ficar custos, pesos e dimensdes totais aproximadas, e a exeqiiibilidade deve ser assegurada tanto quanto as cir- ccunstiincias permitam. ‘Assim, o desenvolvimento das alternativas de projeto, ji com suas arquiteturas definidas, em modelos de concepcao, passa pela defini¢io das formas, materiais utilizados e um dimensionamento inicial dos SSCs. Aproveitando-se o exemplo do elevador de automéveis, mostrado na Figura 7.26, para 0 desenvolvimento daqnela arquitetura em uma concepgio para o produto, em termos da definico das formas, deve ser escolhido 0 perfil aproximado das colunas de sustentagio e as formas aproximadas do par parafuso e cubo dos garfos de sus- tentagdo do automével, entre outros. Em termos dos materiais utilizados nos SSCs, pode-se indicar que sua es- trutura ser construfda fundamentalmente por chapas de ago-carbono laminadas, sem indicar precisamente qual ago-carbono sera utilizado. No caso da chapa laminada, jf h uma indicacao da forma com que o material ser apresentado, do processo a que foi submetido 0 material (laminaco) e também de alguns dos possiveis processos envolvidos na construgio do produto: corte, dobramento, aparafusamento ¢ soldagem de chapas finas. Essas in- formagdes fornecem subsidios para uma estimativa bem preliminar de custos. Jé o dimensionamento inicial dos principais SSCs pode ser matematico ou intuitivo. Deve-se buscar as dimensoes mais significativas que possam servir de base para a estimativa de pesos, custos ¢ outros critérios para a avaliacdo de concep¢ao. Para o elevador, pode-se estimar as alturas e distancias dos parafusos e das colunas em fungao das dimensoes dos automéveis e das alruras que devem ser elevados. A espessura da chapa pode ser dimensionada intuitivamente pela propria expe- riéncia do projetista. A poténcia do conjunto moto-redutor pode ser grosseiramente estimada pela multipli- cagio da velocidade de elevacio pelo peso do automével, aplicando-se os devidos coeficientes de invertezs Outras dimensdes devem dessa forma ser estimadas e outras ainda, com menores implicagées, devem ser dei xadas para o projeto detalhado. Com isso, pode-se chegar ao modelo de concepcio do elevador de automéveis mostrado na Figura 7.31. No caso, optou-se por utilizar um desenho de duas vistas de projecio ortogonal (frontal c superior). Também podem ser usados os modelos de concepeo esbocados em perspectiva. © modelo de concepgio representa o produto, sobretudo em linguagem grifica, ou seja, em desenhos es- quemiticos ou esbocos. Suas propriedades ja se assemelham razoavelmente com as propriedades pretendidas no produto —o modelo de concep¢io deve, na medida do possfvel, se parecer com o produto pretendido, Suas fun- ‘ces principais sio a descrigio e a comunicagio das idéias bisicas que constituem a concepgio elaborada. Dessa forma, é possivel gerar uma BOM Gill Of Material, Estratura do Produto) inicial para cada concepgao desen- volvida. 266 | parte? © Modelo Figura 7.31 Modelo de concepcao para um elevador de automével (Gomes Ferreira, 1997) Vista Frontal ‘motor de = 5 HP | WNW Corte AA vn | pire | Chapa do = 2 mm Vista Frontal =3m Quadro 7.7 Selegao de Materiais, Todos os produtos sao compostos de um ou mais materiais. Esses mate’iais posstuern massa e devem ser manufaturados para que se obtenha uma determinada forma dos componentes, Os materiais tipicamente desempenham uma ou mais das sequintes funcoes: suportar cargas, conduzir calor, isolar, conduit eletricidade, resist ao desgaste, resistir 8 corroséo, pro- piciar formas, superficies e cores esteticamente agradaveis etc. Além disso, um material inadequadamente selecionado pode levar® falha de um componente e, também, a custos desnecessarios.A selecdo de um material que atenda as especifi- cagdes-meta, em um custo aceitavel, 6 uma parte importante do processo de desenvolvimento de um produto. Contudo, a selecao de materiais nao pode serfeita independentemente do processo de manufatura, ea selecao do processo de manufa- tura depende de atributos geométricos do produto, tamanho ¢ quantidade a ser manufaturada. (continua) Projeto Concetusl| 267 Quadro 7.7 Selecao de Materiais (continuacdo} ‘Além do elevado ntimero de fatores que devem ser considerados, a selecao de materiais torna-se uma tarefa complexa pelo elevado nimero de alternativas encontradas no mercado, Atualmente estima-se que existam mais de 100.000 dife- rentes materials entre metalicos e ndo-metilicos. Sistematica de Selegao de Materiais ‘A selecao de materiais é um problema de miltiplas varidveis e de muiltiplas restricdes. Varios procedimentos de selecao ‘quantitativos foram desenvolvidos para analisar a grande quantidade de dados envolvidos no processo de selegao, possibi- litando, assim, que uma avaliacao sistemstica possa ser feita. Observa-se, ainda, que o processo de selecao ¢dependentedas propriedades dos materiais, do processo de fabricagao e do projeto do componente. Geralmente,as empresas nao realizam uma selecao de materiais rigorosa e minuciosa, sendo essa baseadanaexperiéncia e praticas anteriores, o que nem sempre significa uma solucao otima. As situagdes de projeto também sao diferentes: o projeto de um produto novo ou o reprojeto de produto existente, & mesmo quea selegao de materiais e processos seja normalmente pensada em termos do desenvolvimento de um novo pro- duto, existem muitas razées para se revisarem os tipos de materials e processos usados em um produto existente, Essas ra- 26es incluem as vantagens obtidas com novos materials e processos; a melhoria do desempenho em servico, incluindo ‘aumento de vida e confiabilidade mais elevada; o atendimento de novas exigencias legais; muclangas nas condig6es de ope- racéo; reducdo de custo; melhora de desempenho e competitividade. ‘A Figura 7.32 mostra uma alternativa para a tarefa de selecao de materials. Figura 7.32 Sistematica para selecao de materiais. Identinteagao des necessidades Expocticagao do Sesempanho de componente Identificagao das propriedades Tata de + propredades Gerago do alternatives: Tete de materials cancdatos ‘Selegao de ‘material T ——___, ‘Matera seleclonado Iniciaimente, a analise dos aspectos criticos dos SSC e, sobretudo, das condicdes de servico e oambiente em que o pro- duto deverd operar determinarao os requisitos que deverao ser atendidos pelo material a ser escolhido. Com 0s requisitos estabelecidos, deve-se traduzi-los em propriedades criticas do material e nos valores maximos ou mi- rnimos dessas propriedades. ‘As possiveisalternativas em termos dos materiais candidatos so obtidas comparando-se as propriedades criticas com as respectivas propriedades de materiais existentes, para identificar quais sao aqueles que tém potencial para atender as ex- (continua 268 | PARTE 2 © Modelo Quadro7.7__Selecdo de Materiais (continuacao) {géncias. Por exemplo, quais os materiais que tém a resistencia a0 escoamento maior do que um limite fixado ou quais mate- Fiais que tém uma densidade menor do que um limite dado. Dessa forma, limita-se 0 universo de materiais que serao, submetidos a uma analise mais detalhada. ‘Aescolha do materia a ser utilizado se dé pela analise das alternativas de materials em termos de desempenho do pro- duto, custo, fabricabilidade e disponibilidade, com o objetivo de identificar o material que melhor atende ao problema. ‘Apés selecionar o material, é necessario conhecer as formas e tamanhosnos quais esses materiais sao disponiveis comer- cialmente. A Tabela 7.3 mostra essas informagdes. Eles podem ser obtidos em varias formas: fundidos, extrudados, forjados, barras, placas, chapas, folhas, arames e pos-metilicos, endo-metalicos. Tabela7.3._ Formas Comercialmente Disponiveis de Materiais Material Disponivel como Aluminio PAB TAEL Cobre elatio PAB T AGL Magnésio P.BTaEL Agos P.BTAEL Metais preciosos BEBLAL Zinco PLB a Plastico: Pb. Elastomeros, P.BTe Ceramica (alumina) PBTAS Grafite PBT A P-placa ou chapa, F-folha, 8 - barra, T- tubo, A -arame, E ~formas estruturais, L-lingotes para fundicdo. Os caracteres mintisculos indicam disponibilidade limitada. A maloria desses materiais sio disponiveis na forma de po A atividade de anslise dos SSCs marca um momento importante na atividade ODFK no Projeto de projeto, pois permite que a equipe de projeto possa prever os impactos do ciclo ene de vida no projeto do produto. A nao-consideragao ou estimativa inadequada desses fatores leva a decisdes “pobres” e problemas imprevistos no projeto do produto, os quais resultardo em atividades de reprojeto. PrevisGes adequadas fossibilitam 4 equipe de desenvolvimento do produto criar projetos superiores com desempenho satisfatdrio em tados os aspectos. Isso no somente reduz 0 niimero de iteragées de reprojeto, o tempo de desenvolvimento ¢ 9s custos de desenvolvimento e manufatura, mas também melhora a percepgdo do produto por parte dos clientes. Entretanto, existem dificuldades para prever esses aspectos do ciclo de vida nas primeiras fases do proceso de projeto do produto. Essas dificuldades vio desde o nivel de abstragao do produto nas primeiras fases até a quantidade e complexidade desses aspectos. Assim, para auxiliar os projetistas a melhor avaliar os impactos do ciclo de vida relativos as suas decisdes de projeto, empresas e pesquisadores desenvolveram virios métodos e fer- ramentas de auxilio as decisées de projeto, denominadas de abordagens DFX (Design For X, Projeto para X). O *X° representa qualquer uma das varias consideragdes que ocorrem 20 longo do ciclo de vida, tais como: quali dade, manufatura, produgio ou meio ambiente. Os métodos DFX podem se apresentar de diferentes forma Pode ser na forma de um procedimento ou um conjunto de regras ou diretrizes, ou pode ser um software que rea- Projeto Conceitual | 269 liza varios tipos de andlises, resultando em estimativas de custo, manufaturabilidade ou desempenho, que so, centio, utilizados pelos projetistas nas tomadas de decisio. Além disso, o DFX € uma das mais efetivas aborda- gens para a implementacao da Engenharia Simultanea. O DPX pode ser considerado uma base de conhecimentos com o objetivo de projetar produtos que maxi- mizem todas as caracteristicas como: alta qualidade, confiabilidade, servicos, seguranga, usuarios, meio ambicn- tee tempo de mereado — ao mesmo tempo que minimiza os custos do ciclo de vida e de manufatura do produto, A importincia de qualquer metodologia DFX, principalmente no Projeto Conceitual, deve-se ao fato de que as decisées tomadas nessas etapas tém 0 maior efeito nos custos ce um produto pelo menor investimento. Adicionalmente, essas decisdes sio responsaveis pela determinagao de aspectos relacionados & funcionalidade, geometria e propriedades do produto; isto ¢, define-se o desempenho e a competitividade do produto por todo o seu ciclo de vida. Principalmente no aspecto de qualidade, a qual nfo pode ser construida em um produtoa nao ser que seja projetada nele; ¢ no da atratividade econmica, j4 que o produto deve mostrar-se economicamente viavel para todos os envolvidos, desde o fornecedor de matéria-prima até o recuperador. Quadro 7.8 Relacdo de DFX {A seguir serdo apresentados 0s DFXs mais comumente encontrados na literatura e que sao utilizados em empresas, dando uma visio geral das caracteristicas ¢ abordagem de cada um. Projeto para Manufatura (Design for Manufacturability, DFM): concentra-se no entendimento de como o projeto do pro- duto interage com outros componentes do proceso de manufatura e na definicao de alternativas no projeto, para a confi- guragao desse, visando custos, qualidade e produtividade. Pode ser encontrado com nome de projeto para a produtividade. Projeto para Montagem (Design for Assembly, DFA): envolve 0 projeto do produto, verificando funcoes, formas, materials proceso de montagem. Gera reducdo de custos em razao do tempo de montagem, reducao de componentes e, muitas vvezes, a simplificagao da manufatura. Projeto para Manufatura e Montagem (Design for Manufacturing and Assembly, DFMA):compreende a uniao dos princt- pos do DFM com DFA. Projeto para Qualidade (Design for Quality, DFQ): este método visa agarantia do atendimento dos requisitos para a quall dade do produto. Implica gerenciamento de todo o processo, definindo e controlando fatores, que influenciam e garantem a qualidade. Projeto para Reciclagem (Design for Recycling, DFR): aqui sio definidas regras e recomendacoes que visam auxiliar no projeto do produto, a fim de reaproveitd-to ou partes dele para outros fins. Tem uma relacao com alguns principios do mé- ‘odo de Projeto para Desmontagem. Projeto para Custo (Design for Cost, DFC): implica, de maneira geral, trabalho com os custos diretos (materials, desenvol- vimento etc, e indiretos (transporte, estoque etc.) da companhia, elacionado ao processo de projeto. Objetiva estimaretra- balhar para a redugao desses custos, controlando, assim, 0 proceso. Projeto para Ciclo de Vida (Design for Cycle of Life, DFCL):trata de fatores que envolvemo ciclo de vida do produto, baseado nos custose incertezas, de maneiraafornecer um modelo otimizado para especificacso do produto e paramettos do proceso. Projeto para o Meio Ambiente (Design for Enviroment, DFE):ter 0 propésito de minimizar 0 impacto ambiental do pro- duto e de sua producdo. Apresenta aspectos relacionados com o dominio de estratégias de marketing e politica de decisoes Igerenciamento), e em um nivel operacional relacionado ao dominio de projeto de produtos (projetistas). Assemelha-se aos conceitos de projeto para sustentabilidade e toda a gama de ecoferramentas e Green Design. Projeto para Controle Dimensional (Design for Dimensional Control, DDC), objetiva reconhecer e gerenciar o controle di- mensional durante oprojeto, manufatura e montagem. Abrange fatores como reducao do tempo do ciclo de vida, complext- dade do produto, etc. Projeto para Servico (Design for Service, DFS): compreende na adequacao do produto para a operacao, manutengao, facil -4cess0.a componentes, etc; de maneira a garantir a performance contra confltos entre diferentes servigos que possam ser executados no produto. (continua) 270 } PARTE 2 _O Model Quadro 7.8 RelacdodeDFX (continuagao) Projeto para Confiabilidade (Design for Reliability, DFR): visa a identificacao de fatores que influenciam a confiabilidade do produto. Dessa forma, projetistas podem modelar seuss projetos de maneiraa identificar, potenciaisfalhas e tornar 0 pro- dito confiavel. Projeto para Desmontagem (Design for Disassembly, DFD): engloba as <écnicas de projetar visando a desmontagem do produto, preocupando-se também como descarte dessas pecas. Nesse método, ocorre uma ligagao com conceitos de pro- Jeto para reciclagem. Projeto para Manutenabilidade (Design for Maintainability, DFMt): concentra-se no projeto para manter o produto em funcionamento durante seu ciclo de vida, levando em conta a manutencas, inspecdo, reparo, padronizagao etc. Tem forte relacionamento com métodos que tratam da ergonomia, estética, confiabilidade e montagem. Projeto para Fatores Humanos: (Design for Manability): concentra-se na relaco entre o homem e o equipamento. Assim, tem-se o envolvimentode fatores psicolégicos (reagSes para com o meio amsiente, expectativas, necessidades etc) eantropo- Imeétricos (dimensées fisicas, humanas ete.) Fm algumas literaturas é denominado também como Projeto para Ergonomia certezas a respeito do produto ‘com base em informacées técnicas ¢ econdmicas de fatores que podero provocar algum distirbio no produto, providenciando, assim, uma nova configuracdo e diminuicao das incertezas. Projeto para Competicao: (Design for Competition): trata diretamente de fatores envolvidos como processo dedesenvol vimento de produtos ea equipe de projeto. Sao abordados o uso de ferramentas como Andlise dos Modos de Falhas e seus Efeitos (FMEA); Projeto para Montagem (DFA); QFD (Casa da Qualidade) e Priorizacao de Estratégias Ambientals (EPS), no sentido de implementé-las no proceso de maneira eficiente, obtendo bons resultados. Projeto para Modularidade (Design for Modularity: tido como um método sistematico de geragao e selecao de conceitos ‘modulares para produtos,utilizando, paraisso, ferramentas como OFD, matrizde selecao de Pugh, método DFMA, entreoutras. Projeto para Inspecao (Design for Inspectabilty): esté voltado para o controle na manufatura do produto, sendo este um ‘método que disponibiliza répida e precisamente um feedback do controle do processo de fabricagao. Projeto para Padronizacao (Design for Standards): tem por objetivo a unificagao e a determinacao de solucdes por meio da limitagao das possibilidades dessas, sem causar conflitos. Utiliza, para isso, normas nacionais ou internacionais para a pa- dronizagéo de elementos, componentes, materiais, procedimentos de testes etc. Projeto para Estetica (Design for Aesthetics): este método trata da adequagao entre fungao do produto e formas agrads- veis, levando em conta Areas de engenharia, producao, vendas, distribuicao, uso e descarte; sempre objetivando a estética do produto, Projeto para Armazenagem e Distribuicao (Design for Storage and Distribution):trata de toda a questao da armazenagem e distribuicao do produto. Compreende, também, alguns trabalhos na drez de embalagens, envolvendo questoes de como projetar visando a apresentacio, seguranca etc, do produto pela embalagem. Projeto para Mérito Técnico (Design for Technical Merit: método que suporta a tomada de decisdes antes da realizacao, das fases do proceso de projeto. tido como uma métrica paraa previsio de rscos, limites de performance, confiabilidade e economia, Projeto para Compatibilidade Eletromagnética (Design for Electromagnetic Compatibility): tem por objetivo trabalhar com, equipamentos eletrénicos, levando em conta as interferéncias eletromagnéticas que esses equipamentos podem gerar. Projeto para Sequranca (Design for Safety): este trata da seguranca do usuario do produto, ou seja, todas as questoes vol- tadas seguranca (também atendendo a normas), que o produto deve forecer para quem estiverenvolvido com ele em seu ciclo de vida. Projeto para Auxiliona Logistica (Design for Supportability): consiste no gerenciamento dos recursos, suprimentos, insta- legbes, equipamentos etc., compondo todas as consideracdes necessarias para 0 projeto com um efetivo e econdmico au- xilio durante todo 0 ciclo de vida do produto. ie Design for Manufacturability (DFM, Projeto para Manufatura) € uma abor- DFM no ProjetoConceitual dagem que enfatiza aspectos da manufatura ao longo do processo de desenvolvi- mento do produto. 0 DFM é uma abcrdagem que visa chegar a um produto com ficar a qualidade do produto. Além disso, é uma das praticas mais integrativas durante 0 de- senvolvimento do produto. baixo custo sem (Prot Concent | 271 O DFMesti relacionado com o entendimento de como 0 projeto do produto interage com 0s varios com ponentes do sistema de manufatura, de maneira que os componentes que formario 0 produto apés montagem Sejam faces de ser fabricados. Assim, 0 projeto do produto e o projeto do processo nio podem de modo algum ser tratados como entidades separadas. Portanto, para maximizar a qualidade das primeiras decisbes de projeto €, por conseguinte, minimizat as mudangas de engenharia nas etapas subseqiientes, é necessério levar em conta as informagoes relativas 3s ativi- dades do sistema de manufarura, tanto quanto possivel, no comeco do processo de projeto. O DFM ji pode ser levado em conta na definiggo da arquitetura do produto ena analise dos SSCs, ausiliando aequipe de desenvolvimento a obter SSCs que tenham eficiente eelevada mamufacurabilidace, O DEM aunilians nna definicao inicial dos melhores processos de manufatura para os SSCs assegurando que a forma desses SSCs seja a mais adequada para os processos selecionados. Para qualquer componente, existem muitos processos que podem ser usados em sua manufatura, Para cada processo de manufatura, existem diretrizes que, se observadas, fornecerio componentes de elevada qualidade e com minimo desperdicio, Mais detalhes a respeito da selecio de processos so mostrados no Tépico 7.10, mais adiante, neste capitulo. Quad¥o7.9 Principio e Recomendacbes do Projeto para a Manufatura A simplificacio de componentes € do projeto do produto é uma boa oportunidade para reduzir custos e aumentar a qua~ lidade, Entretanto, essas aces necessitam ser avaliadas caso sejam o caminho mais facil para o desempenho da funcao do componente. Os principios e métodos do DFM fornecem uma abordagem estruturada para a obtencSo de projetos simpli Cados, A complexidade do produto pode ser bastante reduzida pela utilizacao de médulos para a montagem de produtos, Por meio de modulos padronizados, uma ampla variedade de produtos pode ser montada a partir de um numero limitado de médulos, e dessa maneira simplificando o projeto eo processo de manufatura. A simplificacao e a padronizacao elevam a eficigncia do projeto e da produc. um grande niimero de principios erecomendacées propostos pata a obtencao de alta qualidade, baixo custo, faciidade cde automagao e melhor manutenabilidade. Exemplos desses principios ¢ recomendacbes para 0 DFM sao listados a seguir: + Reduzir ontimero de componentes, diminuindo a possibilidade de componentes com defeito ou erros de montagem, para, assim, reduzr o custo total de fabricacdo e montagem dos produtos e aumentar as chances de automasao do processo, + Utiizarcomponentes e materials padronizados, para faciltar as atividades de projeto, simplificar o almoxarifado e pa- dronizar as operacbes de manipulacdo € montagem. Componentes comuns resultam em pequenos almoxarifados, custos reduzidos e alta qualidade. A aprendizagem do operador fica simplificada e tem-se uma grande oportunidade para automacdo, como resultado dos altos volumes de producao e padronizaao de operacoes. + Projetar paraaa facil fabricacao pormelo da selecdo de processos compativeis com os materials. Deve-se selecionar ma- terials compativeis como processo de producao para minimizar o tempo de processamento sem deixar de atender as tespecificacbes funcionas, Evitar geometias desnecessérias que irdo envolver processamento extra e/ou ferramental mais complexo, Deve-se aplicar as recomendagées apropriadasa cada processo de fabricacao, Processamentos secunds- ios. tais como acabamento superficial, pintura, revestimentos, tratamentos térmicos e movimentacao de material — evem ser evitados sempre que possivel, pois podem ser tao dispendiosos quanto o processamento primar, + Unilizar as caracteristicas especiais dos processos. A equipe de projeto deveré identificar as capacidades especiais dos processos de fabricacao que s80 aplicdveis ao seu produto e tar vantagens deles, Por exemplo, na injegao de plés- ticos, as pecas jd saem coma coloracdo ea textura desejadas; na sinterizagao, as pecas apresentam porosidades que podem ser aproveitadas para a retenco de lubrificantes, de forma a nao ser necessariaaintrodugao de buchas parao Faso de mancais, Aproveitando-se as caracteristicas especials de certos processos, pode-se eliminar multas operacdes adicionais e mesmo componentes separados. + Considerar no projetoa facilidade para a verificacao do produto e seus componentes, propiciando que os testes eins pecdes acorram da forma mais natural possivel. + Evitartolerancias estreitas além da capacidade natural do processo de manufatura. Apesar de os custos extras na fabri aco de toleréncias estreitas ja serem bem documentados ediscutidos, esse fato, muitas vezes, nfo é bem apreciade pelos projetistas. Os custos elevados de tolerdncias estreitasresultam nos seguintes aspectos: custos elevados de ust (conten 272 | paRTE2 © Modelo Quadro7.9 _Principios e Recomendacdes do Projeto para a Manufatura_(coninuasdo) nagem em razao da preciso necessaria, operacoes extras, como reti‘icacao, polimento e lapidacao, apds 0 processa- ‘mento inicial das pecas, maior frequéncia na afiacao de ferramentas ciclos de operacdo mais longos, mais refugos € servicos de recuperacao de pecas, mao-de-obra qualificada e treinamentos, materiais mais caros, maior investimento ‘em equipamentos de metrologia e de testes, + Projetar os produtos com “robuste2”, para compensar incertezas na manufatura, testes e uso do produto. + Projetar de acordo com 0 volume esperado. Cada processo tem um volume econdmico de produsao. Assim, conhe- cendo-se o volume de producdo de uma peca ou produto, deve-se adequar o projeto ao correspondente proceso de fabricacao, e dessa forma obter as vantagens do processo. Por exemplo, nao se deve projetar uma peca para fundicao ‘em matriz, caso o seu volume de producao seja tao pequeno que o custo da matriz nao possa ser amortizado. + Projetar produtos modulates para faciltar a montagem. + Projetar para facil servico Sa Design for Assembly (DEA, Projeto para Montagem) tem por principal obje- DFA no Projeto Conceitual tivo simplificar a estrutura do produto a fim de reduzir custos. Segundo Bakerjian (1992), 0 projeto para montagem também compée o conhecimento cientifico, ne~ cessério & arte de projetar, como uma filosofia, um processo ¢ uma ferramenta. Como filosofia consiste em examinar o projeto ja na etapa conceitual com o objetivo de diminuir os custos do produto e amenizar a transigao do desenvolvimento do produto até a montagem final, seguida de um melho- ramento continuo e produgio ininterrupta de um produto de qualidade. Como processo consiste em criticar, a todo o momento, os métodos ¢ as solugdes adotadas tentando sim- plificar ou eliminar a montagem enquanto mantém o projeto flexivel ao analisar e questionar a arquitetura do produto, o relacionamento entre os componentes, o mimero de componentes, os métodos de seguranca e 0 pro- cesso de montagem. Ou seja, guia a exploragio de novas formas de efetuar as tarefas de manufatura ao preparar a equipe de projeto a desafiar as solugdes usuais e fazer sugestdes a novas abordagens. Como ferramenta, consiste em obter informages sobre as vérias alternativas de projeto ponderando-se caracteristicas, tais como: 0 mémero total de componentes, a dificuldade de manipulagao e insercio, e o tempo de montagem. As ferramentas de DFA auxiliam o projetista a entender partes ou concepgdes especificas no pro- duto que requerem melhorias, por discriminar o efeito de cada parte na montagem total. Assim, 0 conhecimento proporcionado pelo DFA pode ser usado para sintese da qualidade embutida no produto com o emprego de seus principios ao avaliar qualitativamente 0 quio simplificado é a arquitetura do produto e o relacionamento entre os componentes. © DFA na zvaliagio de determinada montagem, como também na anilise de produtos, examina cada componente individualmente ea sua relagdo com os demais a fim de conhecer o produto em detalhes, desvendando os pontos fortes e fracos desse. Tais empregos apresentam-se titeis na comparagao de produtos concorrentes (benchmarking); acac de grande serventia na fase de planejamento e desenvolvimento (Sousa, 1998). Na fase de Projero Conceitual, catilogos de exemplos, com principios e diretrizes, ¢ listas de controle (checklists) sio as ferramentas de maior aplicagio e eficiéncia em termos do DFA. Na atividade de modelagem funcional, o DFA pode ser aplicado por meio do questionamento da decomposicio das fungSes principais e pelos indices que medem a eficiéneia da montabilidade do produto, Os mesmos indices sio usados na matriz. de decisio na escolha das melhores concepgGes alternativas. O DFA, ainda, direciona o projeto para que o produto tenha um menor ntimero de pegas, cuja unio seja ‘mais eficiente, melhorando a qualidade. Além disso, pode-se obter as seguintes vantagens: 1m simplificagio dos processos de montagem; im redugao das operagbes de manipulacio; * jeto Conceitual | 273 1m possibilidade de maior padronizagio e modularizac4o dos produtos; 1m Menor mimero de passos ¢ ajustes (set-ups) de processamento; m_menor quantidade de pontos/superficies de encaixe; e mt redugio de problemas de tolerancia (stack-up).. Segundo Sousa (1998), projetos simplificados obtidos com o uso das técnicas do DFA muitas vezes re~ sultam em uma redugio no custo dos componentes, significativamente maior que no custo de montagem. O projeto de fixagdes usadas na montagem também se torna mais simples. No projeto para montagem, outros aspectos sao também considerados, tais como: projeto para a flexibili- dade, racionalizagio funcional, processos de alimentagao, aperto e inserco, esuas relagoes estruturais. A equipe de projeto realiza decisdes envolvendo: a arquitetura do produto; co mimero de componentes; a geometria dos componentes; 08 métodos de unio; as tolerincias de montagem; composicio de superficies; ¢ m materiais. ‘A interdependéncia desses parimetros também influi na determinacio do método e tipo de montagem. As possibilidades de suprir um componente sfo restritas pela sua geometria. A geometria ¢ as tolerdncias limitam 0 nivel de automagdo — com o qual é possivel dentro do custo-meta, A estrutura ¢ o projeto das linhas de mon- tagem s4o enormemente infiuenciados pela estrutura do produto. As instalagdes e as ferramentas necessirias sio determinadas pelo método de montagem e pela forma das partes. Segundo Sousa (1998), o DFA procura racionalizar a estrutura do produto buscando o grau maximo de qualidade. Essa racionalizacio permite inclusive uma melhor racionalizacio operacional das empresas, aumen- tando também a produtividade, jé que provoca a utilizacio das capacidades dos processos individuais de fabri- cago até o seu maximo em ordem de manter a estrutura do produto o mais simples possivel. Outras vantagens € contribuigdes do DFA sao: i simplificagao do produto pela redugio de componentes individuaiss tm possibilidade de fazer estimativas do custo de montagem ¢, posteriormente, estimar o custo dos compo- nentes; m fornece um procedimento sistematico para analisar um projeto proposto pelo ponto de vista da mon- tagem; estimula a engenharia simulténea; i redugo maior nos custos de manufatura, tanto para pequenos volumes de produgo quanto para altos volumes; m reducio dos custos gerais (overhead costs); m cstabelece uma base de dados de tempos de montagem e fatores de custos; ¢ tm redugao dos problemas associados a variagio dimensional e fungdes das submontagens ou componentes em miquinas complexas. © DFA surgiu a partir do conceito de Design for Manufacturing and Assembly (DFMA, Projeto para Manufatura ¢ Montagem) decorrente da necessidade de re- DFA versus DFM projetar produtos para a automatizagio da montagem quando a automacao da pro- 274 | parte 2 © Modelo dugio era a questio central das empresas em busca da competitividade, eda dificuldade de transmitir o ponto de vista do chio de fabrica para os membros da equipe de projeto, Sua importancia cresceu e tornou-se uma meto- dologia complementar 20 Design For Manufacturability (DFM, Projeto para Manufatura) — Sousa (1998). As diferencas basicas que ajudam a compreender melhor a metodologia de projeto para montagem sio mostradas a seguir. No geral, o DEA enfoca: m a consolidagio dos componentes; m amontagem vertical com o auxilio da gravidade; 1m 0150 de caracteristicas de orientagiio e insergao nas partes; ¢ 1m arevisio do Projeto Conceitual por meio do consenso da equipe de projeto (promove a Engenharia multinea). Jéo DEM: m compara o uso de diferentes combinacdes de materiais e processos de fabricagZo selecionados para as partes de uma montagem; ¢ 1 determina o impacto no custo com o-uso desses materiais e processos. Ou seja, o DFM analisa cada componente em separado e tende a recomendar partes de formas simples em substituicdo a um componente de forma geométrica complexa, achando o mais eficiente uso da geometria do componente com relacao a0 processo de fabricacao, e, em geral, ocasionando um aumento do niimero de com- ponentes. Por outro lado, 0 DFA avalia todo o produto, nao apenas as partes individualmente, buscando simpli- ficar a arquitetura do produto e objetivando o mais eficiente uso ¢a fungao do componente. A busca pela reduco do mémero de componentes — principalmente os niio-essenciais, como fixadores no integrais (parafusos, rebites, molas etc.) — leva a equipe de projeto.a desafiar os limites impostos pelos materiais ¢ processos disponiveis e a buscar novas solugdes. Considerando que, no processo de projeto de um produto, existe uma intensa relagio de fangao coma for- ma, os materiais ¢ os processos de producio selecionados, e, nesse tltimo, incluem-se os processos de fabricagao € montagem, conforme mostra a Figura 7.33(a), a abordagem do DPM enfoca prioritariamente os aspectos da relagio entre a forma, o material e processo de fabricago de um componente, conforme mostra a Figura 7.33(b). Diferentemente, o DFA engloba o relacionamento entre a(s) fungio(6es) do produto com a forma de seus com- ponentes, seus materiais e 0 proceso de montagem, conforme mastra a Figura 7.33(c) Figura 7.33 _ Relacionamentos entre funcio, forma, materiale processo. by Forma a) DFM Forma mi Proceso de Material @___- Process o “Le Fungo = Metoria! “_¥ pracesso Fone, ° | Funcag, OFA tert ZY procosso ae ‘Montagom Projeto Conceitual | 275 Quadro 7.10 Principios e Recomendacdes do Projeto para a Montagem Aidéia basica no projeto paraa montagem é, primeiro, reduzir o numero de componentes (partes e peas) que devem ser montados, e, entao, assegurar que os componentes remanescentes sejam facels de montare fabricar, reduzindo o custo to- tal da montagem, e também satisfazer as especificacées funcionais. Os principios que norteiam o projeto para a montagem sao: 1. Simplificar integrar ¢ reduziro numero de pecas, pois cada peca constitu uma oportunidade para defeitos ou erros de montagem. Poucas pecas resultam em um menor esforgo na manufatura de um produto. Isso incluiitens tais como: tempo de engenharia, ntimero de desenho e de pecas; documentos de inventario e controle de produc; niimero de ordens de compra e venda, ntimero de embalagens, contéineres, locacdo de estoques e paletes; quantidade de equipamentos de ma- nipulagdo de materiais, quantidade de detalhes de contabilidade e calculos; catélogos e servigas; ntimero de itens de ins- pecao ¢ tipo de inspecao necessério;e quantidade e complexidade dos equipamentos e facilidades de producao, montagem treinamento. 2, Padronizacao e uso de partes comunse materiais para facilitaras atividades de projeto, minimizar inventario e padro- nizar'a manipulagao e as operacdes de montagem. Partes comuns reduzem o inventario, os custos e melhoram a confiabi dade. 0 aprendizado do operador é simplificado e tem-se uma boa oportunidade de automacao em fungao dos grandes volumes de produgio e padronizacao das operacses. 3. Projetar produtos e montagem 4 prova de erros, de modo que o processo de montagem seja ndo ambiquo. Os compo- nentes devem ser projetados para somente ser montados em uma ditecao. Chanfros, furos assimétricos e batentes podem ser usados para impedir montagens incortetas. Os produtos devem ser projetados para evitar ajustes. 4, Projetar partes que minimizem o esforco ea ambigiiidade nas orientagdes e manipulacdes. As partes devem ser proje~ tadas para ter orientacao propria quando alimentadas em um proceso. O projeto do produto deve evitar partes que se tornem emaranhadas, “encunhadas" ou desorientadas. 0 projeto das partes deve incorporar simetria, baixo centro de gravi- dade, detalhes facilmente identificaveis, superficies guias € pontos que facilitem a capta¢ao e manipulagao. Esse tipo de pro- jeto pode permitir 0 uso de automacao na manipulaco e montagem de partes, através de transportadores vibratorios, ‘tubos, magazines, rob6s e sistemas de viséo. 5. Minimizar partes flexiveis e interconexdes. Evitar partes flexiveis e fragels, tais como: correias, gaxetas, tubulagoes, cabos e armacées de arame. A flexibilidade toma dificil amanipulacao do material e a montagem, tornando as partes mais suscetivels a danos. 6. Projetar para a facil montagem pela utilizacao de movimentos simples e minimizacao do ntimero de eixos de mon- tagem. Orientagoes complexas e movimentos de montagem em varias diregSes devem ser evitados. Partes devem incluir detalhes como chanfros. O projeto do produto deve propiciar que a montage comece com um componente-base, com massa relativamente grande e baixo centro de gravidade, sobre a qual outras partes serdo adicionadas. A montagem dever ‘ser procedida verticalmente com outras partes adicionadas no topo e posicionadas com auxilio da gravidade. Isso minimiza anecessidade de reorientar amontagem e reduz a necessidade de unides temporarias e fixacdes complexas. Um produto {que é facil de montar manualmente, em geral seré mais fécil de ser montado com automacao. 7. Projetar para uniio e fixacdo eficientes. Parafusos, porcas e arruelas consomem muito tempo na montagem e sao diff- ceis de automatizar. Nos lugares em que eles devem ser usados, deve-se utilizar a padronizacdo para minimizar a variedade; fenos lugares em que nao 0 sao, utilizar conectores do tipo engate rapido, snaps e adesivos, Deve-se ter em mente que cada elemento de fixacao é mais um componente a ser armazenado, manipulado e posicionado; que os elementos de fixacao nao so baratos; e que os elementos de fixacao sao concentradores de tensoes, Nao existem regras para a qualidade de um pro- jeto com relacio ao numero de elementos de fixacao separados. Obviamente, um excelente projeto teré poucos elementos de fixacdo separados, ¢ 0s existentes sero padronizados. Projetos pobres, por outro lado, necessitam de varios e diferentes elementos de ficacao para a sua montagem final. Se mais do que 1/3 dos componentes de um produto sao elementos de i- xagao, amontagem deverd ser questionada 8. Projetar produtos modulares para faclitar a montagem. Um projeto modular deve minimizar o nimero de partes eas vatiacdes de montagens e processos de manufatura, enquanto produz um grande numero de variantes do produto durante ‘amontagem final. Esse procedimento minimiza o numero total de itens a serem manufaturados, conseqilentemente redu- Zindo os itens de controle e melhorando a qualidade. Médulos podem ser manuufaturados e montados em paralelo para re- duziro tempo alobal de producdo do produto, e sao mais facilmente testados antes da montagem final. 276 | PARTE2 _O Modelo 7.7 Defi ergonomia e estética do produto ‘A maioria dos produtos funciona em coordenagio com as pessoas. A ergo- Ainteracao entre 0 noma esta relacionada com as caracte-isticas, habilidades, necessidades das pessoas eae ae e, em especial, com as interfaces entre as pessoas e os produtos. As quatro formas basicas de intetagoes das pessoas com os produtos sio: pelo espago de trabalho ocu- pado em torno do produto; como fonte de poténcia para o produta; atuando como um sensor, e aruando como um controlador. Essas quatro formas de interagio entre pessoas e produtos formam a base de estudo dos cha ‘mados fitores bumanos, que desempenham um importante papel na atividade de projeto de produtos. Assim, os fatores humanos devem ser levados em conta para toda a pessoa que entrar em contato com o produto, quer seja na etapa de manufatura, como nas etapas de operacéo, manutengao € reparo, ¢ descarte. ‘Além disso, os fatores humanos estio fortemente relacionados com a qualidade e a seguranga do produto, Como principal atributo da qualidade, deseja-se que o produto funcione como esperado. Isso significa uma ex- pectativa de que os produtos possam ser usados de maneira confortivel, ou seja, devers existir uma boa compati- bilidade entre o produto e 0 usudrio dentro do espaco de trabalho. Espera-se que os produtos sejam ficeis de usar, ou seja, necessitem de uma minima poténcia para seu acionamento. Espera-se, ainda, que os produtos possam ser facilmente sensoreados e que seu controle seja logico eamigivel. Com relacio 3 seguranca, normal- mente produtos considerados inseguros no sio vistos como produtos de qualidade. De fato, espera-se que ne- nhum dos usuarios possa vir a ser ferido e nenhuma das propriedades do produto venha a ser destruida com 0 us0 do produto (exceto quando o produto € projetado para tal). Para obter-se um projeto adequado em termos de ergonomia, deve-se considerar as seguintes recomenda- des (Magrab, 1997): mt Adequar 0 produto as caracteristicas fisicas e a0 conhecimento do usuario, Evitar que o usuario tenha que exercer movimentos e forgas extremos ¢ complicados. Usar convenes, SSCs ¢ arranjos normalizados. im Simplificar e reduzir as tarefus necessirias para a operagio do produto. Os controles e suas fungdes de- ver‘io ser 6bvios; ¢ as informacées operacionais deverio ser claras, visiveis e nfio ambiguas. m Prever os possiveis erros humanos, implementar restrig6es para prevenir ages incorretas por parte do usuario, ¢ informar ao usudrio que determinados modos de operacio foram selecionados. No projeto ergonémico de produtos, deve-se, ainda, considerar a idade, género, alcance, destreza, forga e visio dos usuarios. Problemas de ergonomia associados ao projeto do produto podem afetar o sistema de manufatura que produz o produto. Algumas caracteristicas do produto que influenciam a e-gonomia do sistema de manufatura sao: m Fragilidade e peso dos componentes. a Tamanho, quantidade e torque de aperto dos elementos de fixagio. m Posicao ¢ localizagao das superficies. m Acessibilidade folga dos componentes. m Identificagao e diferenciagio de componentes. Quadro 7.11 Ergonomia © termo ergonomia deriva do grego ergon (trabalho) e nomos (regras). Sua origem remonta a Segunda Guerra Mundial, em que fisiologistas, psicélogos, antropélogos médicos engenheiros trabalharam em conjunto para resolver os problemas. causados pela operago de maquinas complexas, sendo os resultados obs idos de tal interacao aproveitados pela industria durante o pés-guerra (Dul & Weerdmeester, 1995). : (continua) Projeto Conceitual | 277 Quadro 7.11 Ergonomia (continuacao) Existem duas escolas distintas em ergonomia, porém complemen- tares. A primeira delas, denominada ergonomia fisica, aborda a inte- ragao homem—sistema em questao em termos de conforto fisico, tratando de aspectos antropométricos (dimensdes do corpo humano, postura, movimentos ¢ esforcos)¢ ambientais do trabalho [ruldos, vibra- ‘es, iluminacéo, clima, substancias quimicas etc). As ferramentas utili- zadas por essa escola de ergonomia incluem uma série de regras, quadros e tabelas, os quais definem as condicdes mais adequadas ou confortaveis para a realizagao do trabalho. A segunda escola, a ergonomia cognitiva, aborda a interacdo, homem—sistema por meio da andlise da troca de informagses (em ‘ambasas direcdes) entre o operador eo sistema, Nesse caso, a ergonomia néo enxerga somenteo sistema do ponto de vista do operador, mas tambema interacao entre eles eas reacdes dessas, interacoes. Dessa forma, a ergonomia cognitiva atua na definicao da melhor for- ‘made transmitire receber tals nformagoes, de forma a atingir o objetivo desejado. As principais ferramentas utilizadas por essa escola sao 05 cha- maclos modelos cognitivos, os quais descrevem de forma qualitativa os diferentes modos de processamento de informacoes (divididas em per- formance baseada em habilidades, em regras ¢ em conhecimentos) de ‘uma pessoa em um ambiente de trabalho. ames CABS pomorl ComnraAl de 227, p.68-70. Os produtos nao deverio somente atender as fungbes téenicas definidas na es- trutura de fungdes, mas também ser esteticamente agradaveis para os clientes. A es- tética € uma parte fundamental dos produtos, pois é 0 que normalmente atrai o consumidor para a compra, despertando o sentido visual e © desejo da aquisigio. estética do produto esti ligada a tudo aquilo que o consumidor percebe, do ponto de vista da aparéncia, como a configuracio das formas, des superficies e das cores, predominando os aspectos relacionados 4 beleza. Os principais atributos estéticos de um produto so: o estilo ea mensagem simbélica e semantica do produto. Segundo Baxter (1998), o estilo de um produto a ser desenvolvido ou em desenvolvimento ¢ influenciado pelos produtos antecessores, pela marca ou identidade da empresa, pelo estilo dos concorrentes e pelo benchmar- king do estilo. Quando for o caso de reprojetar um produto ja existente e bem-sucedido no mercado, e se no houver ne- nhuma exigéncia nova do mercado, € recomendavel que se mantenha a identidade visual do produto anterior, possibilitando o reconhecimento visual pelos compradores habituais ¢, conseqiientemente, a compra. Logotipo, nome da empresa, combinagdes de cores ¢ formas, embalagens, disposicio de detalhes e outras caracteristicas servem para identificar 0 produto no mercado. Empresas que possuem uma imagem positiva no mercado devem preservar essa identidade e passé-Ia aos consumidores por meio do produto. Novas empresas ou empresas que entram em um determinado mercado jé existente podem seguir tendéncias de estilo adotadas por empresas ji estabelecidas nesse mercado, De qualquer forma, é muito importante a andlise das caracteristicas que determinam a identificagio dos produtos ji existentes no mercado. O benchmarking do estilo, a partir da observagio das cores, materiais, acabamentos superficiais, detalhes € formas dos produtos existentes, permitira que se possa verificar quais sio as tendéncias de estilo para o produto. O simbolismo do produto consiste na identificagio ou relacionamento dos valores sociais e pessoais dos consumidores, com o estilo do produto. Os valores sociais estio ligados ao estilo de vida dos consumidores. Abeleza também é fundamental 278 | até 2 O Modelo O simbolismo do produto esté ligado aos valores sociais e pessoais do consumidor e seu relacionamento com o estilo do produto. Assim, é importante que seja identificado o estilo de vida dos consumidores em poten- cial e quais as caracteristicas que os consumidores mais valorizam nos produtos. A seméntica do produto esta re~ lacionada com tudo aquilo que o produto quer comunicar. tratamento desses attibutos estéticos do produto sio os temas tratados pela area conhecida como design ou como desenho industrial. Na verdade, os profissionais dessa area tratam de temas mais amplos, como descrito no Quadro 7.12. Quadro 7.12 _ Definicdo de Design ou Desenho Industrial Em muitos paises, existe 2 dficuldade de traduzir o termo design. Essa palavra possul muitos significados, pois é um angli- cismo incorperado a lingua portuguesa, em decorréncia da falta de traducbes capazes de exprimir o correto sentido da aco, bastante diferente de desenho— embora a representacdo gréfica seja parte imprescindivel de seu exercicio, No dicionario Mi- chaels, design é definido como “1.Planejamento ou concepgio de um projeto ou modelo. 2.0 produto desse planejamento". No site da Associacao de Designers de Produto (ADP)" adota-sea seguinte definicao de design, —utilizada pelo Consetho Internacional de Sociedades de Desenho industrial (\CSID)*: Design é uma atividade criativa cuja finalidade é estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, servicos e seus sistemas, compreendando todo seu ciclo de vida. Portanto, design ¢ 0 fator central dahumanizacaoinovadora de tec- nologias eo fator crucial para o intercambio econémico e cultural. O design procura identificar e avaliarrelacOes estruturais, lorganizacionais, funcionais, expressivas e econdmicas, visando: + ampliara sustentabilidade global e a protecao ambiental (ética global), + oferecerbeneficios e liberdade para a comunidade humana como um todo, usuarios finaisindividuais e coletivos, pro- tagonistas da industria e comércio (ética social); + apoiara diversidade cultural, apesar da globalizacéo do mundo (ética cultural); e. + daraos produtes, servicos e sistemas formas que expressem (semiologia) e sejam coerentes com (estética) sua propria complexidade. 0 design diz respeito a produtos, servicos e sistemas concebidos a partir de ferramentas, organizag6es e légica introdu- das pela industrializacdo — nao apenas quando produzidos por meio de processos seriados. O adjetivo “industrial” ass0- ciado ao design deve relacionar-se.ao termo industria, uno seu sentido de setor produtivo, ou em seu sentido mats antigo de “atividade engenhosa, habilidosa”, Assim, 0 design € uma atividade que envolve um amplo espectro de profissoes nas quais produtos, servicos, grfica, interiores e arquitetura, todos participam. Juntas, €ssas atividades deveriam ampliar ainda mais — de forma integrada com outtras profissbes relacionadas — o valor da vida. © design tem como resultado finala configura¢ae de um produto. Constitu-se um importante valor para quemcriae para ‘quem possui direito de o produzir, vender e divulgar. ‘Alei que requlamentaa profissao de designer no Brasil compreende dues categorias basicas do design: industrial e grafico, *O design é uma atividade especializada de carater técnico-cientifico,criativo e artistico, com vistas & concepgao e desen- volvimento de projetos de objetos e mensagens visuais que equiacionem sistematicamente dados ergondmicos, tecnolo- gicos, econémicos, sociais, culturais e estéticos, que atendam concretamente as necessidades humanas, Assim sendo, constitulse um elemento fundamental para agregar valor e criar identidades visuais pare produtos, servicos e empresas, definindo, em ultima andlise, a personalidade das empresas no mercado. O design, em geral, classificado em duas catego- tias basicas: Design Industrial: relaciona-se com as areas de bens de consumo, de capital, maquinas e equipamentos, construcao civile ambiente. Design Gréfico: compreendendo a elaboracao de logotipos, imagens corporativas sinalizacao, editoragao, impressos em geral, videos, entre outros. ‘Alguns especialistas separam ainda a categoria de Design de Embalagens, pela especificidade do conhecimento técnico envolvida nessa area. Informagdes retiradas de http://www2.ciesp.org br/detect/design/conceito.htm. Acessado em: 15/2/2005. 15/2/2005 * Veja hutps// wwww.icsid.org, Acessado em: 15/2/2005 Veja hetp//wwwaadp organizacio.br. Acessado xin? Projeto Conceitual | 279 7.8 Definir fornecedores e parcerias de co-desenvolvimento Conforme colocado no Capitulo 2, o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de produtos & ‘um dos fatores responsiveis pela melhora do desempenho desse processo em termos dle protlutividade, veloci- dade c qualidade do produto. A definigio de parcerias de co-desenvolvimento pode ocorrer durante toda a fase de Projeto Conceitual do produto. No momento da definicio inicial dos SSCs, ¢ possivel fazer uma escolha i cial das parcerias e fornecedores. Para tal escolha, sugere-se que sejam considerados os seguintes critérios: A definigao de parcerias de co-desenvolvimento pode ocorrer durante toda a fase de Projeto Conceitual do produto. No entanto, tal qual ressaltado na Figura 7.1, € durante a atividade de anilise dos SSCs que serio iden- tificadas 0 maior niimero de possibilidades de tais parcerias, sendo os parceiros formalmente definidos durante a atividade de selecio de concepedes alternativas. A seguir sio apresentadas algumas questoes para auxiliar na definigdo dos fornecedores e parceiros. a) Perfil da empresa * Solidez: O fornecedor possui uma situagio estavel e vontade de investir em longo prazo? + Habilidade global: O fornecedor consegue suportar a empresa dentro da drea geogréfica em que a ‘empresa opera? O fornecedor pode aruar em diferentes atividades do PDP, tais como: desenvolvi- mento, producto, langamento entrega e distribuicio? *+ Dependéncia: Qual é 0 volume de negécio com relagio aos clientes do fornecedor e qual o tamanho ‘ea importincia desse negécio para o fornecedor? A dependéncia ser grande ou pequena? Qual a es- trutura de clientes que tem fornecedor? b) Gerenciamento * Gestio: O fornecedor utiliza procedimentos modernos de trabalho — por exemplo: equipes multi- funcionais e planos de negécio em longo prazo? + SatisfagZo do cliente: © fornecedor faz uso de procedimentos eficazes para monitorar a satisfagio do cliente? * Procedimentos de TOM: O uso dos eri mento da qualidade. + Geréncia de risco: O fornecedor possui conhecimento ¢ utiliza procedimentos nesse campo? Pode incorporar riscos nos processos produtivos, como planos de contingéncia, protecio contra fogo? Pode incorporar riscos ambientais e perigos administrativos, como problemas em sistemas computa- dorizados e de comunicagio? ©) Meio ambiente * Sistema de gestio ambiental: O fornecedor € certificado e aplica o sistema de gestio ambiental de acordo com a ISO 14001? + Avaliagio ambiental da empresa: Como o fornecedor esti sendo avaliado em termos das suas pri- ticas, produtos e servigos? d) Qualidade + Sistema de qualidade: O fornecedor esti certificado e aplica um sistema de gestio da qualidade de acordo com as normas especificas do seu setor de atuacio? + Planejamento da qualidade: O fornecedor possui e aplica um procedimento para o planejamento da qualidade, incluindo o uso de métodos como FMEA e teste de capabilidade? + Confiabilidade: O fornecedor acompanha a qualidade dos produtos finais ¢ a influéncia de seus pro- dutos com relagio a garantia, freqiiéncias de falhas, reclamagoes de cliente ete.? + Resolugio de problemas: O fornecedor possui um procedimento formalizado e eficaz para a reso- Iucio de problemas? érios para premiacoes da qualidade no proprio desenvolvi- 280 | paRTe2 _OModelo ° 8) h) i) d Logistica * Sistema logistico: O fornecedor aplica um sistema para o gerenciamento logistico do material que entra, do controle de producio e da distribuigao? * Precisio na entrega: O fornecedor é capaz de satisfazer as exigéncias em termos de tempo de quanti- dade de entrega. + Flexibilidade: O fornecedor é capaz de se adaptar a mudancas e novas programagoes de entrega? P6s-mercado * Documentagio: © fornecedor tem capacidade e vontade de auxiliar a empresa com documentagio técnica do produto, inclusive apontando as responsabilidades do fornecedor no projeto? * Literatura de apoio: O fornecedor é capaz de auxiliar na elaboragio de manuais de operagio e manu- tencio? * Cooperacao: O fornecedor é capaz de fornecer partes sobressalentes em um prazo especifico? Man- ter os precos estiveis ¢ apoiard os trabalhos pés-mercado? * Garantia: Qual é 0 tempo e a extensio de garantia que o fornecedor pode oferecer? Competéncia + Tecnologia industrial e de produto: Qual é 0 conhecimento que o fornecedor tem do produto? Dos sistemas funcionais, de pesquisa e desenvolvimento € dos processos industriais? Qual € a compe- téncia interna de desenvolvimento que 0 fornecedor possui? + Engenharia industrial: Quais sio os padrdes que o fornecedor possui com relagdo aos meios da pro- dugio, locais da producio, equipamentos, maquinas, ferramental e controle de produgio. * Apoio e comunicagao com 0 cliente: © fornecedor pode oferecer servi¢os, apoio, presenga e veloci- dade de resposta? * Comunicagio eletrénica: O fornecedor utiliza a Internet para enviar e receber mensagens? Desenvolvimento de produto * Apoio ao proceso do desenvolvimento de produtos: Qual é a estrutura que o fornecedor possui em termos de desenvolvimento de produtos, incluindo recursos para pesquisa, engenharia do produto, verificagio (testes) ¢ validacao? ‘+ Experiéncia de engenharia: O fornecedor possui experiéncia de engenharia devidamente documentada? + Tecnologia em engenharia do produto: O fornecedor faz uso de tecnologias modernas, apoio com- putacional (CAE/CAD) e linhas de comunicagio desenvolvidas? * Prot6tipos: O fornecedor é capaz de fornecer prototipos dentro do prazo estipulado ¢ com uma con- five relagio com o padrao de produgio em massa? * Pesquisa ¢ desenvolvimento: Quais os recursos existentes para P & D e qual a politica da empresa? * Mudangas de projeto: O fornecedor faz uso de procedimentos de controle, incluindo todas as ativi- dades necessérias para as mudangas de projeto? Produtividade * Processo interno de redugio de custos: O fornecedor é capaz de conduzir uma racionalizagao tanto no produto quanto na manufatura? E capaz de utilizar métodos de medigao de desempenho e melho- ramento de seus processos? * Custos-meta: O fornecedor é capaz de trabalhar de modo cooperativo para a determinacio e moni- toramento dos custos-meta? Compras + Processos de fornecimento: O fornecedor € capaz de conduzir um processo efetivo de avaliagio, se- lecdo, fixando requisitos e desenvolvendo seus préprios fornecedores? avira 7 Projeto Conceitual | 281 + Desempenho dos subcontratados: © fornecedor é capaz de proceder um acompanhamento ¢ avalia- ‘do sistemitica dos fornecedores secundarios (ou subfornecedores) com relagio i qualidade, pre~ cisio de entrega, cooperagio ¢ taxa de melhoria? Vale destacar que os parceiros serio formalmente definidos durante a atividade de selegio de concepgoes alternativas. 7.9 Selecionar a concep¢ao do produto objetivo principal dessa atividade é 0 de escolher, dentre as concepgdes geradas pelas atividades anterio- res, o melhor desses conceitos — 0 qual sera transformado no produto final. A principal dificuldade envolvida nessa tarefa encontra-se na principal caracteristica da fase de Projeto Conceitual: informagoes técnicas ainda limitadas e abstratas. Portanto, se faz necessiria a utilizagao de métodos ou procedimentos sistemiticos, compativeis com a limi tagio de informagdes, e que auxiliem na tomada de decisio quanto & selecio da melhor concepeao. A Figura 7.34 mostra as tarefas desta atividade. Figura 7.34 Tarefas da atividade “Selecionar a concepgao do produto”. Concepgées geradas ARGhSa es COonrte® alterativas Projeto Gonceitu a elecionar a Valorar as concepebes ‘concepgao do reer en alternath > ‘Solecionar a concepgdes mais, adequada Concepeao escothida Crees documentos de apoio ees ere Especiticagdes:neta Necessidade dos clientes Matriz de deciso eee £ importante notar que o termo se/egdo ou escolba, aqui utilizado, implica ages de valoracao, comparacao ¢ tomada de decisio. Como essas ages sio fortemente inter-relacionadas, para se obter o maior mimero de infor- mages para a tomada de decisao, os conceitos devem ser valorados de forma compreensiva, cobrindo um ample espectro de objetivos, ¢ também ser expressos na mesma linguagem e no mesmo nivel de abstragio. Existem dois tipos possiveis de comparacio: absoluta e relativa. Na comparagio absoluta, cada conceito é di- retamente comparado com algum tipo de informacio, conhecimento, experiéncia e, dependendo do caso, al: guns requisitos. O segundo tipo ¢ caracterizado pela comparacio dos conceitos entre si. Una das maneiras mais usuais para a avaliago das varias alternativas de concepgao geradas é utilizando-s ‘uma matriz, na qual as alternativas e os critérios de avaliacio sio colocados na primeira linha e primeira coluna 282 | parte2 OModelo respectivamente. Esse método € conhecido como Método de Pugh ou Método da Matriz. de Decisio (veja a Fi- gura 7.35). Os critérios de avaliago podem ser algumas ou todas asespecificagdes-meta, ¢, para os casos em que as concepcdes geradas esto representadas com um nivel elevado de abstragio, as necessidades dos clientes podem ser tomadas como critérios. Além desses, poderiio ser adicicnados outros critérios relacionados a outros aspectos, tais como: estética do produto e parcerias de co-desenvolvimento. Nesse método, uma das concepedes geradas € escolhida como referéncia, e todas as outras concepedes so comparadas com essa referencia. Para cada critério de avaliagio, o julgamento poder indicar que a concepgio & “melhor que”, “igual a” ou “pior que” a concepgao de referéncia. Ao final desse proceso, um escore montado para cada concep¢io alternativa (coluna). Para os critérios em que uma dada concepeao for considerada “melhor que”, atvibui-se um “+”, para cada critério. Da mesma forma, para o critério que for julgado como sendo “igual a” referencia, atribui-se um “S”; e, para o critério que obtiver um “pior que”, tem-se um “~”. As concepgaes que obtiverem o escore numérico mais alto, ou 0 maior niimero de (+) que excede o niimero de (~) deveriio ser consi deradas como mais adequadas. Figura7.35 Modelo de Matriz de Decisio. ___ Goncepsoes % oe tees referencia) / Gitério 1 ritério2 Gritério 3 o rterion 0 Total + o oral - ° Total Global ° Os escores no devem ser tratados como medidas absolutas do valor das concepsées, ¢, sim, como uma orientagio. Os escores obtidos podem ser interpretados da seguinte forma: mt Se uma concep¢io ou grupo dessas tem um bom total global ou um grande ntimero de escores “+”, éim- portante identificar quais aspectos dessa concepgao sio melhores que os da referéncia. Da mesma ma- neira, os escores “~” mostrario quais as necessidades especialmente dificeis de ser atendidas. m Se virias concepgdes obtém o mesmo escore para um dado critério, deve-se examinar cuidadosamente esse critério, Pode ser que seja necessirio um desenvolvirento maior na area de conhecimento desse critério para que sejam geradas concepges melhores. Também pode ser o caso do critério ser ambiguo, on seja, poder ser interpretado de diferentes maneiras. Se o critério tiver baixa importincia, nao se deve despender muito esforco para clarificé-lo. Entretanto, se critério é importante, devem ser empregados esforgos e recursos ou para gerar novas concep¢des ou pars clarificar o critério. m Para conhecer mais o problema, deve-se refazer as comparacdes utilizando a concep¢io com 0 mais alto escore, como sendo a nova referéncia. Essa iterago deverd ser feita até que claramente surja o melhor conceito. Projeto Conceitu Entretanto, existem dois aspectos importantes a serem considerados: 0 primeiro € que o “+” e 0 “-" no dio indicagao de quanto melhor ou quanto pior do que a referéncia éa concepgio para determinado critétio de ava~ liagdo. O segundo € que os critérios de avaliagao nao sio igualmente importantes. Assim, pode-se utilizar a ma~ triz mostrada na Figura 7.36, que considera um peso para cada critétio de avaliagio. O peso total é a soma de cada escore multiplicado pelo peso de importincia de cada necessidade. Um $ conta como 0, um “+” como 41 € um “como -1. Figura7.36 Modelo de Matriz de Decisao com o peso dos critérios. Concepsoes Peso Concepcio | Concepcio2 | Concepcio3 4 a Conceprao. 1 (referéncia) ™ Gitérios | Grtériot | Pi ; 0 Giiteio2 [2 0 crtéios | 3 ° Pr. 0 ° Durante a fase de Projeto Conceitual, diferentes testes podem ser realizados conforme mostra a Figura 7.37 scrvem para varias tomadas de decisio, inclusive para a selegio de concepgbes. Cada método de teste possui seus objctivos, abordagem tipos de modelagem. Os quatro tipos de testes mais gerais sio: testes explora- tories, testes de avaliagao, testes de validacio ¢ testes de comparagio. A seguir, esses testes sero descritos com mais detalhes. Figura 7.37 Tiposde testes. Es) =) =) ss) Fee Os testes exploratérios podem ser realizados no inicio do processo, ainda na fase de planejamento, quando © Escopo do Produto ainda esta sendo definido e potenciais solugdes esto sendo consideradas. O ideal é que o Time de Desenvolvimento tenha um bom conhecimento do perfil dos usuarios ¢ das necessidades dos clientes. O objetivo desses testes € examinar ¢ explorar o potencial de possiveis idéias do produto e responder a algumas perguntas do tipo: O que os usuarios pensam sobre o uso do conceito?; As funcionalidades basicas das idéias pos- suem valor para os usuérios?; A interface com o-usuério éadequada e operavel?; Como o usustrio se sente com re- lagio a idéia>; As hipoteses e consideragbes sobre os clientes esto corretas?; Algum dos requisitos foi entendido erroneamente? 284 | parTe2 0 Modelo Esse tipo de anilise inicial é potencialmente mais eritico que todos os tipos de prototipagem ¢ avaliacdes, uma vez que se 0 desenvolvimento € baseado em consideragdes ircorretas sobre as necessidades dos clientes — inevitavelmente, mais tarde, os problemas aparecerio. Dados obtidos a partir de observagdo, entrevistas e dis~ cuss6es tenderao a ser qualitativos. O ideal é que os usudrios usem o produto sem treinamento ou preparacio, para avaliar o produto. Algumas medidas quantitativas podem ser utilizadas, tais como: o tempo para realizar uma tarefa, mimero de falhas ou erros de operagio. Os testes de avaliacio envolvem a andlise mais detalhada de solugdes especificas jd em um ponto ligeira- mente mais adiante no desenvolvimento do produto. O principal objetivo de um teste de avaliacio € assegurar que as escolhas de projeto sejam apropriadas diante das considerag6es iniciais. Os testes de avaliagio tenderao a forcar sobre a usabilidade ou o nivel de funcionalidade oferecido, e, em alguns casos, pode ser apropriado para avaliar niveis iniciais de desempenho. Assumindo-se que a concepeao escolhida é a correta, o teste de avaliagao assegurara que ela esta sendo implementada adequadamente e responders a questoes mais detalhadas como: A concepgio é utilizavel?; A concepcio satisfaz a todas as necessidades dos clientes?; Como a concepgio seri mon- tada e testada?; Poderd o usuario completar todas as tarefas conforme desejado? ‘Testes de avaliacdo normalmente necessitam de modelos mais complexos ou detalhados que nos testes ex- ploratérios. Uma combinagio de modelos analiticos, simulagdes e mock-ups (nao necessariamente na forma final) podera ser usada. O processo de avaliagio é Jativamente informal, incluindo os clientes internos e externos. As informagGes obtidas sio tipicamente qualitativas e baseadas na observagio, discussio e entrevistas. Os testes de validago normalmente realizados mais no final do processo de desenvolvimento servem para verificar se todas as especificagoes-meta do produto foram alcangadas. Podem incluir usabilidade, desempenho, confiabilidade, manutenabilidade, montagem e rabustez. Os testes de validacio servem para verificar a funcio- nalidade e 0 desempenho da versio que ser produzida, Normalmente, o teste de validagao € a primeira oportu- nidade de avaliar o produto como um conjunto formado pelos vérios componentes, mesmo que esses tenham. sido testados individualmente. Portanto, o produto devera ser representado 0 mais pr6ximo possivel da sua for- ma final, incluindo embalagem ¢ documentagao de processo. ‘Também se inclui dentro dos testes de validacio qualquer avaliagio formal necessaria para certificagio, seguranca ou requisitos legais. Comparando-se com os testes de avaliagao, esses testes tém como mais énfase a experimentagao rigorosa e consistente. Os dados oriundos desses testes sio predominantemente quantitativos, baseados na medicio do desem- penho. Em geral, esses dados sto confrontados com o desempenko esperado. Aspectos de usabilidade poderio ser colocados em termos de velocidade, preciso ou taxa de uso, mas sempre na forma de dados quantitativos. Os testes comparativos podem ser realizados em qualquer estigio do processo de projeto, para comparar uma concepeao, produto ou elemento do produto contra alguma alternativa, Essa alternativa pode ser uma so- lucio existente ou uma alternativa de projeto. ‘Testes comparativos podem incluir a captura de ambos — de- sempenho e dados de preferéncia — para cada solugio. Esses testes podem ser usados para estabelecer uma preferéncia, determinar superioridade ou para o entendimento das vantagens e desvantagens de diferentes alter- nativas de solugio ¢/ou concepcio. 7.10 Defi O principal objetivo dessa atividade é a identificagao de possiveis processos de fabricagao dos SSCs, identi- ficando também o ferramental envolvido em tais processos. Os fatores ligados aos processos de manufatura, a0 serem considerados adequadamente no projeto, garantem que os projetos finais sejam “produziveis” ¢ que os processos de produgio sejam desenvolvidos com as necessidades de longo prazo do produto em mente. it plano macro de processo Normalmente existe mais de um método que pode ser utilizado para a fabri- cago de um componente para um determinado material. As grandes categorias de __Selegode processos de métodos de processamento de materiais sio: fabricacto . Projeto Conceitual | 285 Fundigdo —moldes consumiveis (Feitos de areia, gesso, cerimica) e permanentes (feitos de metal) = Conformagéo ¢ moldagem — laminagio, estiramento, extrusio, forjamento, estampagem, cunhagem, trefilacio, corte, dobramento e curvamento, repuxamento, rolamento, calandragem. mt Usinagem —torneamento, limagem, rasqueteamento, corte, serramento, tragagem, roscamento, recar~ tilhamento, fresagem, corte de engrenagens, aplainamento, mandrilamento, furagao, alargamento, bro- chamento, retificagio, brunimento, polimento, espelhamento, cletroerosio, usinagem quimica, usinagem eletroquimica, feixe elétrons e ultra-som, corte a laser, corte com jato d’agua, oxicorte, corte com plasma. Unido — por forma, forca e material (soldagem, brasagem, difusio, colagem, ¢ juntas mecinicas (para- fusos, rebites etc.)). 1m Operacées de acabamento — esmerilhamento, rebarbacio, polimento, lapidagao, tratamento superficial (anticorrosio, revestimentos metilicos, revestimentos nio-metilicos inorginicos, pintura, protegiio ca- todica, galvanizagio), tratamento térmico (recozimento, notmalizagio, tempera, revenido, isotérmico, endurecimento por precipitagio, termoquimico) [A selegio de um processo particular depende nao apenas da forma a ser produzida, mas também de um grande mimero de fatores. O tipo de material e suas propriedades sio consideragdes basicos. Materiais frigeis e duros, por exemplo, sio dificeis de ser trabalhados, mesmo que possam ser fundidos ou usinados de virias ma- neiras diferentes. Os processos de fabricacio geralmente alteram as propriedades dos materiais. Metais confor~ ‘mados i temperatura ambiente tornam.-se mais resistentes, duros ¢ menos diicteis que antes do processamento. Engenheiros de manufatura esto constantemente sendo demandados para a obtengio de novas solugbes de problemas de manufatura e reducio de custos. Tradicionalmente, pecas de chapas metilicas so obtidas por corte, feito por pungGes e estampos. Embora ainda amplamente utilizadas, essas operacdes esto atualmente sendo substituidas por técnicas de corte a laser. Com os avangos na automacio, 0 controle automitico da traje- t6ria do laser é possivel, produzindo uma ampla variedade de formas, com precisio repetibilidade e econom Os processos de manufatura sfo selecionados tendo-se em mente certos atributos, tais como: condigdes su- perficiais, precisio dimensional, forma e sua complexidade, taxa de producio, custos ¢ tamanhos. acabamento superficial é uma caracteristica importante nos produtos. Em geral, 0s produtos sio com- postos de pegas ou unidades que so fabricadas separadamente para, entio, ser montadas formando o produto fi- nal. O acabamento superficial de uma pega determina a aparéncia da superficie, afeta a montagem da pega com outro(s) componente(s) e também fornece protecio contra a corrosio. Existe uma relacio estreita entre a rugo- sidade da superficie e as tolerincias. Geralmente, a tolerincia deve ser maior que a distancia entre o pico mais alto 0 vale mais profundo do perfil da rugosidade superficial. As tolerancias devem ser no minimo dez.vezes © valor da rugosidade superficial média, Tolerincias e acabamentos superficiais obtidos em operagdes com tra- balho a quente nao sfo to boas quanto aquelas obtidas com operacdes com trabalho a frio. Mudangas dimensio- nais, empenamentos e oxidagao na superficie ocorrem durante o processamento em elevadas temperaturas. Alguns processos de fundicio produzem um acabamento superficial melhor que outros em razio dos diferentes tipos de materiais dos moldes utilizados e de seus acabamentos superficiais. Aintercambiabilidade de pecas manufaturadas depende diretamente da preciso dimensional e é um requi- sito-padrio de muitos produtos com producio em massa. A intercambiabilidade esta associada a vantagens, tais como: facilidade de montagem, facilidade de reposigio e padronizagio de processos e componentes. Se duas ou mais pecas sfo intercambiaveis, entio, elas devem ser fabricadas com dimensdes compativeis. Enquanto certos processos podem assegurar toleréncias dimensionais estreitas, outros nio. Isso ocorre, em geral, por mudancas na temperatura, desgaste de ferramentas, ¢ deflexdes e vibragdes entre a pega ea ferramenta. Tolerancias nas di- mensdes nada mais sio do que variagdes nas dimensdes basicas que sio permitidas para assegurar a intercambia- bilidade entreas pecas, Os custos de manufatura aumentam exponencialmente com a diminuigao das toleriincias 286 | PARTE 2 0 Modelo emelhora do acabamento superficial, motivo pelo qual deve-se selecionar o acabamento superficial e as toleran- cias dimensionais ndo melhores do que necessirio. Os produtos variam na sua forma e na complexidade de seus detalhes. Enquanto detalhes simples podem ser manufaturados através de varios diferentes processos, somente certos processos tém a capacidade de pro- duzir detalhes complexos. Para um detalhe simples como um rebaixo, existem muitos processos que nao sio ca- pazes de produzi-lo. Em outras palavras, cada processo tem suas limitagGes em relacio 4 forma e complexidade das pecas produzidas. Torneamento requer que a pega tenha simetria cilindrica; metalurgia do p6 nao pode ser usada para produzir pecas com Angulos agudos severos pelos aspectos de resisténcia. Pegas planas contendo seco transversal fina nao sio adequadas para ser obtidas por fundicio. Pecas complexas no podem ser obtidas de maneira facil e econdmica por meio da conformago. Quase tedos os processos nao podem produzir um ou mais detalhes complexos. Portanto, a complexidade da pega determinara ou nao se um processo de manufatura € candidato a manufaturé-la. Os produtos variam nfo apenas em suas formas, mas também em tamanho e peso, ¢ esses fatores podem li- mitar a escolha do tipo de processo de manufatura a ser utilizado. Como citado anteriormente, todos os processos tém um miimero minimo de pegas que devem ser feitas para justificar economicamente a utilizacio do processo. Esse aspecto deve sempre ser levado em conta quando da es- colha do processo de manufatura. O custo de um processo de manufatura normalmente é 0 atributo mais importante. E afetado pelos outros atributos: tamanho, forma, taxa de producio, tolerincias ¢ acabamento superficial. O custo das ferramentas, 0 tempo de desenvolvimento necessério para comecar a producio e o efeito do material da pega sobre o ferra- mental sio consideragdes bastante importantes. Dependendo do temanho, do projeto e da vida esperada, o custo do ferramental pode ser substancial. Para pegas feitas com materiais de custo elevado, a menor geracio de sobras proporcionar uma produgio mais econdmica. Em razao da geragao de cavacos, a usinagem pode ser mais dis- pendiosa que a conformacdo. Além dos custos de ferramentas, os custos de mio-de-obra e de equipamentos, entre outros, devem ser levados em conta. Assim, o custo de um processo tem grande influéncia sobre sua ade- quabilidade para a manufatura de uma pega. Um ou imais desses atributos podem ser utilizados para deter-ninar os processos candidatos primarios, que poderao ser adequados para a manufatura do produto. Operagdes secundirias, tais como: tratamento térmico, usinagem, pintura etc., no devem ser consideradas nesse estgio — uma vez que operagdes secundarias devem ser evitadas ou minimizadas para reduzir os custos, a manipulacio e o tempo de ciclo. Infelizmente, para muitos processos de manufatura, a satisfagio desses critérios freqiientemente envolve solucées de compromisso, de tal forma que nem todos os atributos podem ser satisfeitos de maneira desejada. Para minimizar a severidade desses compromissos, pode-se identificar as capabilidades dos processos de manufatura mais comuns de forma que os atributos mais importantes possam ser satisfeitos com um grau mais elevado. Essa abordagem é mostrada de for~ ‘ma resumida na Tabela 7.4. exo 7 , Projeto Conceitual | 287 ‘Tabela7.4 Processos de Manufatura e Seus Atributos (Magrab, 1997) ra >|>lz|>|=|>/= >|>/>|>/>|>|>|> agem por compressso Sle lela l= \ol=lelele|ele ele lal mm aye: poo064 | <013 Alto rae aig teal em Tieonoe |e Og i "<5000 = Fi ee aie lat poo [el yal | 5100 eal a 3 a 13 | Baixo < 100 Os processos de manufatura candidatos obtidos na Tabela 7.4 podem ser relacionados com os materiais ‘candidatos por meio da Tabela 7.5. Essa tabela relaciona o grau de adequacio dos materiais candidatos com os ‘processos de manufatura candidatos. Associado com cada processo de manufatura existe um conjunto de reco- ‘mendagées que indicam limitagdes geométricas (forma) especificas, que, se observadas, resultario em um pro- duto ficil de fazer e de baixo custo. Para ilustrar o significado dessas recomendagdes, utiliza-se a concepgio de ‘uma pega, mostrada na Figura 7.38. As figuras de (b) a (g) mostram de maneira exagerada o efeito de diferentes processos de manufatura sobre a geometria da pega. 288 | PARTE2 0 Modelo Tabela7.5 Adequabilidade de Materials e Processos de Manufatura (Macrab, 1997) (MATERIAIS. o-Carbono 10 de baival oferramenta :0-inoxidavel Ferroc. Ferro maledvel Ferro ductil Ferro fundido Ligas de zinco Ligas de aluminio Ligas de magnésio. Ligas de tténio Ligas de cobre Ligas de niquel igas de cobalt. Ligas de moliblénio Ligas de tunasténio, ‘ABS Acotatos Nailon Fluorcarbonos Policarbonatos Poliamidas Poliestireno pvc Poliuretano Polietileno Poliproplleno ‘Acrlico Fpoxi Fendlico Silicones, Poli Bortachas : im |m|m|m lem ain ma 2|=2|>|2). |o|o aim mim|s om + Jeo |en}« |eco|rm| rm) co coco fas] co] »|eo | + |e |m|22]22|m| x x9] 20|20|20]00]. |on foo vininmin E E E E E E E E 8 B B 8 B 8 R R R in| m] 2) w|2|@ wm + fe] + |e || c0| co} co] | | co] cx|co| co cx |0| co |20 || |r| >| 20| 30| co| 20m |mm rm ms ||| e| 2] 2] |r| E — Excelente,o material é um dos mais adequados para o processo B > Bom, material é um bom candidato para 0 proceso R > Raramente usado, o material éraramente usado no process, *"— Inadequado, o material ndo é usado ou adequado para 0 uso no processo 289 Projeto Conceitu Figura 7.38 Feito do processo de manufatura sobre a geometria — detalhes exagerados — (Magrab, 1997) (a) Conceito orginal T>) INK, A equipe de projeto, quando da anélise das alternativas de métodos para a pro- dugio de uma parte, ou produto, ou para a execucio de uma operagio dentro de um Fatores de Custo na proceso, pae-se diante de variveis de custo relacionadas aos materiais, mio-de-obra sce direta e indireta, ferramentas especiais, infra-estrutura e capital a ser investido. A penises, inter-relacio dessas variveis pode ser considervel e, portanto, a selecio do melhor proceso de fabricagio é uma tarefa nada ficil. Raramente um produto pode ser feito apenas por um método, € virios processos competitivos esto disponiveis. Dessa forma, a avaliacio e a comparagio das alternativas devem ser detalhadas c completas, de modo que se tome conhecimento por completo dos impactos dos virios farores sobre os custos unitarios. ‘Materiais: © custo unitério dos materiais um fator importante quando os métodos que esto sendo com- parados envolvem o uso de diferentes materiais ou diferentes quantidades de materiais. Por exemplo, 0 aluminio fundido em matriz apresenta um custo maior do que o ferro fundido em areia—sea pega for para a mesma apli- cacao. © processo de sinterizagao usa uma menor quantidade de material de maior custo do que o processo de fundigao c de usinagem. Cavacos, retalhos ¢ refugos podem influenciar consideravelmente o custo de materiais Mao-de-obra direta: © custo da mao-de-obra é especialmente determinado por trés fatores: 0 processo de fabricagio propriamente dito; 0 projeto da parte ou do produto; e a produtividade dos operadores dos pro- cessos. Em geral, quanto mais complexo é o projeto, mais apertadas sio as tolerancias, maior € 0 requisito de aca- bamento superficial, mais usinagem é envolvida ¢ maior seré a mao-de-obra. O ntimero de operagoes de fabricacio, para completar uma pega, é provavelmente o maior determinante do custo da mao-de-obra. Cada operacio envolve em pegar a peca, colocé-la na maquina, operar, retirar e colocé-la de lado — ¢, adicional- mente, inspegdes podem ser necessérias. Custos indiretos podem aumentar; acumulacio de erros pode ocorrer pelas diferentes fixagdes na maquina e diferentes superficies de apoio. Mao-de-obra indireta: O custo da mio-de-obra de ajustagem das miquinas, inspegées, manutengao de equipamentos, afiagao e reparo das ferramentas, movimentagao de materiais é, em muitos casos, fator determi- nante na selecao de um processo de fabricagio. Por exemplo, as vantagens do processo de forjamento podem ser reduzidas quando sto considerados os custos da mio-de-obra de mamutengio das matrizes ¢ das proprias prensas. A ajustagem das maquinas pode se tornar importante principalmente na producio de pequenos lotes de pecas. Nesse caso, € conveniente adotar um processo que requer pouca mio-de-obra de ajustagem, mesmo que a iio-de-obra no processo seja maior. Usinagens especiais: A fabricagio de dispositivos de fixacio, gabaritos, matrizes, moldes, ferramentas es- peciais, calibres e equipamentos de teste podem ser fatores importantes quando novas partes ou produtos si0 produzidos ou maiores modificagGes sio introduzidas. O custo por unidade de produgio de peca ou produto deve ser considerado para comparagées, pois esse valor € muito dependente do volume de produgio. Com um alto volume de produgio, um alto investimento em ferramentas pode ser normalmente justificado pela reducio na mio-de-obra direta, necessiria no processo. Ferramentas ¢ consumiveis: O custo resultante do uso de pastilhas, fresas, rebolos de corte e de retifi- cagio, brocas, brochas, machos ¢ cosinetes, esmeris, lixas, limas, solventes, lubrificantes, desengraxantes ¢ ou- 1108 fluidos de limpeza, pds ¢ pastas abrasivas e demais dependem em muito do processo de fabricacio. Assim, 20 selecionar um processo de fabricagio e considerando 0 custo como fator principal, os custos de ferramentas e consumiveis devem ser considerados na tomada de decisio na selegao do processo de fabricagao. Utilidades: Da mesma forma que no caso de ferramentas e consumiveis, os custos com energia elétrica, va- por, refrigeracao, calor, égua, ar comprimido devem ser considerados, quando houver diferengas considerdveis no seu uso nos diferentes processos e equipamentos, sendo analisados e avaliados para a sclegao. Capital investido: Sempre é mais ficil e de menos risco para a empresa usar, para a fabricagio de um novo produto, as facilidades de que ela dispée. Assim, a disponibilidsde de planta, maquinas e infra-estrutura devem ser comparadas com outras alternativas para as quais so necessérios investimentos de capital. Ainda existe a al- ternativa de subcontratar servicos de fabricagio. Os custos de investimento, por unidade de fabricacao, das di- versas alternativas de processos devem ser comparados para a sua selegao. Outros custos: Custos de embalagem, transporte, manctenglo, ajustagens adicionais e refugos podem também influenciar na selegio do processo de fabricagio. 7.11 Atualizar estudo de viabilidade econdmico-financeira Nesta atividade, a equipe de projeto deve, inicialmente, para as arquiteturas geradas, estimar 0 custo dessas ¢ comparar com os requisitos de custo estabelecidos na fase anterior, como forma de avaliar as arquiteturas ge- radas. Posteriormente, com as definigGes mais bem estabelecidas, as concepgdes serio avaliadas com relagio a varios critérios, inclusive 0 custo. Ou seja, como a concepgao escolhida 20 final da fase passara por um processo de avaliagao, para ser aprovada, ela deveri atender as especificagies de custo. 7.12 Avaliar fase Esta atividade segue 0 padrao da atividade genérica apreseatada no Capitulo 3, Tépico 3.4. O conjunto de especificagdes-meta geradas ¢ atualizadas durante esta fase pode ser avaliado utilizando-se os eritérios mostrados na Tabela 7.6. Tabela7.6 _Critérios de Avaliac3o do Gate da Fase de Projeto Conceitual Gritérios Viabilidade técnica Existe alguma limitagao tecnologica? As especificagoes técnicas estao sendoatendidas? Viabilidade econémica ‘As especificacdes de custo estdo sendo atendidas? Quais sdo os custos de producdo? Maturidade da tecnologia + Podem as tecnologias escolhidas ser manufaturadas pelos processos conhecidos? + Os parémetros funcionais criticos estao identificados? + Aseguranca ea sensibilidade dos parametros operacionais sao conhecidas? + Os modos de falhas s4o conhecidos? + Atecnologia é controlavel por meio do ciclo de vida do produto? ; Pte Conta | 291 7.13 Aprovar fase Essa atividade segue o padrio da atividade genérica apresentada no Capitulo 3, Tépico 3.4. Os mesmos cri- tétios verificados na auto-avaliacao da atividade anterior sio analisados pelo ‘Time de Avalia¢io, o qual, além disso, compara o produto e 0 projeto com os demais do portfélio, para avaliar 0 seu sucesso (com relagao aos ou- ‘Fos projetos ¢ produtos) ¢ o retorno financeiro esperado. 7.14 Documentar as decisées tomadas e registrar licdes apren Essa atividade segue o padrio da atividade genérica apresentada no Capitulo 3, Tépico 3.6. Ao longo deste capitulo foram descritas diversas priticas melhores. Ficaria repetitivo listé-las novamente neste t6pico. 7.15 Questées e atividades didaticas propostas Questées para reflexao Por que a modelagem funcional torna-se tio importante no inicio da fase de Projeto Conceitual? Qual a diferenga entre estrutura de fungGes e arvore de funcies? Quais as diferencas entre os métodos intuitivos ¢ sistemiticos de criatividade? Se Em termos de representagio, quais as diferengas entre uma alternativa de solugio ea arquitetara de um produto. 5. Descreva as diferentes facetas da modularidade no desenvolvimento de produtos. 6. Quais 0s aspectos positivos e negativos do envolvimento dos clientes na fase de Projeto Conceitual? 7. Quais os beneficios obtidos com a utilizagio dos DFXs na fase de Projeto Conceitual. 8. Quais séo as principais diferencas do DFM e DFA? 9. Quais os tipos de testes que melhor auxiliam o ‘Time de Desenvolvimento durante a fase de Projeto Conceitual? Atividades didaticas 1. Para o projeto original escolhido no Tépico 6.12, desenvolva a fungao global e o desdobramento na es- trutura de fungdes. 2. Para o produto a ser reprojetado, conforme definido no Tépico 6.12, desenvolva a funco global ¢ 0 desdobramento na estrutura de fungdes. 3. Para o projeto original escolhido no Tépico 6.12, desenvolva a matriz morfolégica e as alternativas de solugio correspondentes. 4. Utilize um método sistematico, um método intuitivo e um orientado para gerar principios de solugio para a estrutura de fungées gerada no item1. 5. Utilize um método sistemstico, um método intuitivo e um orientado para gerar prineipios de solucio para a estrutura de fungées gerada no item 1. 6. Para o produto a ser reprojetado, conforme definido no item 1, aplique © método da TIPS, conforme apresentado no Quadro 7.5 para a obtengio dos principio de solucio. 7. Para as solugdes geradas nos itens 3 ¢ 4, selecione as concepgdes mais adequadas. 8. Para a(s) concepgio(ées) selecionada(s) no item 7, identifique os possiveis processos materiais e pro- cessos de fabricagio dos componentes. 9. Qual a importincia da estética no sucesso de um produto? 10. Qual o papel dos fornecedores na fase de Projeto Conceitual? 292 | PARTE 2 © Modelo 7.16 Informagées adicionais BAKERJIAN, R. Tool and manufacturing engineers handbook. Society of manufacturing engineers. 4. ed. Dearborn: Society of Manufacturing Enginers, 1992. . 6. BAXTER, M. Projeto de produto: guia pratico para o desenvolvimento de novos produtos. Sio Paulo: Edgard Bliicher, 1998. ERIXON, G.; VON YXKULL, A; ARNSTROM, A. Modularity — the basies for product and factory reengineering. CIRP, 1996. DUL, J. WEERDMEESTER, B. Ergonomia pratica. Sio Paulo. Edgard Blucher, 1995. GOMES FERREIRA, M. G. Utilizagao de modelos para a representacio de produtos no projeto conceitual. 1977. Dissertacio (Mestrado em Engenharia Mecinica) — Universidade Federal de Santa Catarina, 1977. HERRMANN, J. W.; COOPER, J.; GUPTA, S. K.; HAYES, C. C.; ISHIL, K; KASMER, D.; SANBORN, P. A; WOOD, W. H. New directions in design for manufacturing, proceedings of DETC’04. ASME, Design Engineering Technical Conferences and Computers and Information in Engineering Conference. Salt Lake City, Utah USA, 28 set. 2 out. 2004. HUANG, G. Q. Design for X: concurrent engineering imperatives. London: Chapman & Hall, 1996. 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