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So tantas pessoas, tantas pessoas.

No me encontro mais em meio delas.


Apenas as vejo,no como pessoas. No mais.
As vejo como problemas. Problemas que no posso resolver.
As bocas se partem, dentes se cortam ao meio.
Um senhor de idade graceja com furia atras da multido, que esperneia por ateno.
"Resolvam meus problemas."
Existe apenas uma soluo e ela brilha no escuro, faz mes chorarem.
A soluo fria, porem no calculista.
Ouo outro grito saindo da janela de vidro. Os problemas querem entrar. A porta es
ta trancada.
Eu e meu ar condicionado. Meu maior consolo.
Outro grito. A maquina de ventilao sobre a minha cabea para de funcionar.
Sinto o calor cortando meu peito.
Abro a gaveta, mas o stress quem pega a arma l dentro.
As pessoas fazem loucuras no calor.
Um brilho no escuro. Uma lgrima materna.
Problemas no solucionados.
Malditos problemas.

Apanhei o telefone. Outra ligao a ser feita, nem imaginava que aquela seria a ulti
ma como bom homem.
Digitei nove numeros. Um erro idiota. Estava Nervoso.
Alguem atende, uma voz feminina doce como o toque de uma me.
Ela me acaricia com suas palavras.
"Vou transferi-lo."
As luzes se apagam, o telefone fica mudo.
Uma voz rouca.
"Diga"
Eu mal abro a boca e posso ouvi-la carcarejar palavras diabolicas. Fico indefeso
.
Ela grita em meus ouvidos que enchem de sangue e raiva.
Meus timpanos transbordam e adentram o telefone. Ouo meu sangue escorrer pelas li
nhas.
Ouo um engasgo do outro lado. Uma tocida, um pedido de ajuda. Desligo o telefone.
Estico os dedos em direo aos numeros. Penso em chamar a policia.
Um pouco de sangue escorre do telefone e cai sobre minha cala.
Esse no o meu sangue. Meus ouvidos esto limpos.
Minha mente est tranquila.
Sinto fome.

"Pausa pro almoo."

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