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Capitulo IT TRIBUTOS NO SISTEMA CONSTITUCIONAL BRASILEIRO opgao do legislador constituinte de 1988 e seus efeitos jurfdicos Todo trabalho legislative de natureza constituinte passa, em teoria, pela definicdo, dentre um leque de alternativas para estruturagao do Texto Constitucional, do modelo a ser adotado. Dentre as alternativas que se apresentam, tem especial relevo a escolha de um texto ge- nérico, sintético, de earéter meramente principiolégico ou, diversamente, de um conjunto de prescrigées mais espe- effieas, que vise A reducdo dos graus de abstragao ou subjetividade, na interpretacéo e aplicagao do direito. A adogao de uma ou outra alternativa produz efeitos radi- calmente distintos na ardem juridica, cuja estruturacéo se inicia. Define-se, em sintese, a amplitude e o grau de liberdade para a atuacéo do legislador infraconstitucional, Grraupo Arauisa diz ser plastica a Constituicdo que “se adapta as varidveis necessidades dos tempos e das cireuns- tancias, porque suas formulas — por serem sintéticas e ge- néricas ~deixam larga margem a seu desenvolvimento inte- Sraco, mediante leis ordinérias, costumes e interpretacdes PAULO AYRES BARRETO variadas.” De outra parte, é “exaustivo e complexo o sistema constitucional que trace todos os contornos do sistema, de maneira hirta, nada relegando a legislatura.”* O sistema passivel de ser erigido a partir da Cons- tituigao de 88 dista de ser sintético ou genérico. Nao se carac- teriza pela plasticidade. Ao revés, nossa Constituicéo é rigida. Cuida de talhar, minudentemente, diversos subsis temas, dentre eles o tribut4rio. Com efeito, nao ha sistema constityicional que se assemelhe ao nosso, na extensividade no trato da matéria tributdria. Tal opgao legislativa, j4 de longa tradicao no Brasil, produz relevantes efeitos juridicos Gostemos ou nao dela, € forgoso reconhecer que foi o ca- minho escolhido pelo legislador constituinte. Em conse- qiiéncia, a aproximagao que o intérprete haverd de fazer a0 direito posto ter ndo apenas como ponto de partida a Constituigao Federal; mais do que isso, exigir-se-4 um longo ¢ espinhoso trabalho exegético, realizado exclusivamente nesse plano constitucional, para entao se perquirir sobre 0 contetido de comandos normativos infraconstitucionais Como salienta SAcHa CALMON NavaRRo Coztto, 0 Brasil 60 pais cuja Constituigdo ¢ a mais extensa e minuciosa em tema de tributagdo. Este cariz, tao nosso, nos conduz a trés importantes conclusées: primus - 0s fundamentos do Direito ‘Tributario esto enraizados na Constituicéo, de onde se projetam altaneiros sobre as ordens juridicas parciais da Unido, dos Estados e dos Municipios; secundus ~ 0 Direito Tributério posto na Constituigdo deve, antes de tudo, merecer as primicias dos juristas e dos operadores doDireito, porquanto é o texto fundante da ordem juridico-tributéria; tertius ~ as doutrinas foraneas devem ser recebidas com cautela, tendo em vista as diversidades constitucionais.” 54 Sistema Constitucional Tributério Brasileiro, p. 14 535. Grnat.oo Arautsa, Sistema Constitucional Tributério Brasileiro, p. 20. 56, Curso de Direito Tributdrio Brasileiro, pp. 41 © 48. 28 a CONTRIBUICOES: REGIME JURIDIC, DESTINAGAO E CONTROLE omplexo o sistema Registre-se, por oportuno, que a opgio pela extensi- ecomp ornos do sistema, de vidade prescritiva da Constituigio brasileira revelou-se mais atura.” intensamente em alguma matérias, como a tributéria. Em outras, como ja destacamos anteriormente, 0 caminho trilhado foi outro. Se abrirmos hoje o Texto Constitucional, no capitulo dedicado ao sistema financeiro nacional, encontraremos um tinico dispositivo, vazado em termos bem genéricos, que delega a lei complementar a misséo de estruturar tal sistema.” Jo a partir da Cons. onérieo, Nao se carac- 1ossa Constituigao nte, diversos subsis- feito, nao ha sistema sso, na extensividade redo legislativa, ja de Em matéria tributdria deu-se 0 oposto. Se o legislador intes efeitos juridicos. constituinte cuidou de repartir competéncias, classifica: onhecer que foi o ca tributos, estabelecer os direitos fundamentais do contr stituinte. Em conse- Duinte, fixar conceitos, repartir a receita tributéria e vineular ste haverd de fazer. a0 © produto arrecadado, jé no plano constitucional, é nese ) ponto de partida a plano, que haveremos de encontrar balizas, parametros, , exigir-se-4 um longo limites, mecanismos de controle da percusséo tributéria no zado exclusivamente Brasil. E, somente apés o-esgotamento da atividade inter- 0 se perquirir sobre 0 pretativa nesse plano, é que cabera o exame de contetidos Mraconstitueionais. prescritivos postos em outros niveis hierdrquicos. vanno Corto, o Brasil No titulo VI da Carta Magna (“Da Tributagiio e do Orga- ‘tensa e minuciosa em mento"), temos o Capitulo I, “Do Sistema Tributério Na- ss0, nos conduza trés cional”, Em breve digressdo, procuraremos identificar os indamentos do Direito limites decorrentes do sistema positivado. Como j4 con. stituigao, de onde se signamos", a idéia de sistema nos eonduz.a nogéo de limite. juridicas parciais da E necessario verificar o que a ele pertence e o que esta fora ; secundus ~ 0 Direito dele; quais sa0 as prescrigdes que delineiam o sistema deve, antes de tudo, tributério nacional; e o que, por conseqiiéneia, néio compe 0 ‘operadores do Direito, sistema de tributacao erigido. O cuidadoso exame da outorga om juridieo-tribu om ser recebidas com wives les constitucionais.”"* 51. Presereve o art. 192, da Constituigéo Federal: “O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover 0 desenvolvimento equilibrado do Pafs e a servir aos interesses da coletividade, em todas 85 partes que o compoem, abrangendo as cooperativas de crédito, sera regulado por leis complementares que dispordo, inclusive, sobre a Paticipagdo do capital estrangeiro nas instituigoes que o integram.” ae 58. Ver item 1.2 do Capitulo 1 iro, p. M4 ‘Tributdrio Brasileiro, p. 20. 29 PAULO AYRES BARRETO constitucional de competéncia, em matéria tributéria, constitui uma primeira etapa no proceso de identificagao das caracteristicas relevantes desse sistema. tributaria 2.2 Competéns A Constituicdo Federal de 88 pode ser definida como uma verdadeira Carta de competéncias. O legislador contribuinte repartiu, de forma minudente, as competéncias impositivas dos entes tributantes. Vale dizer, definiu 0 espectro de atuagao legiferante em matéria tributéria. Nesse sentido, competéncia legislativa 6, para PavLo DE BaRRos Canvatto, ‘a aptidio de que séo dotadas as pessoas politicas para expedir regras juridicas, inovando 0 ordenamento positivo. Opera-se pela observancia de uma série de atos, cujo conjunto caracteriza 0 procedimento legislativo.”* Definida a competéncia pelo legislador constituinte, tem o legislador infraconstitucional a faculdade de exercité. la, Por vezes, tal faculdade assume a feicao de um verdadeiro nte tributante. E 0 que ocorre, por exemplo, com dever do e1 oICMS. Os comandos prescritives que delimitam a compe: téncia tributéria atribufda aos entes politicos (Unido, Estados, Municipios e 0 Distrito Federal) consubstanciam as normas de estrutura referidas anteriormente." Muito se debate sobre o aleance de tais prescrigées normativas. Para Rogur Carrazza, “a Constituigao, ao discriminar as com- peténcias tributérias, estabeleceu — ainda que, por vezes, 59. Curso de Direito Tributdrio, p. 217 60. Roque Cannazza conceitua competéncia tributéria como “a aptidéo para criar, in abstracto, tributos, deserevendo, legislativamente, suas Pipdteses de incidéncia, seus sujeitos passives, suas bases de edlculo e suas aliquotas", Curso de Direito Constitueional Trbutdvio, p. 303 61 em 1.3 do Capitulo 1 x70 1 matéria tributaria, zesso de identificacio tistema, ade ser definida como éncias. O legislador jente, as competéncias Vale dizer, definiu 0 atéria tributaria. Nesse para PavLo pE BaRRos das as pessoas politicas rando 0 ordenamento de uma série de atos, nento legislativo.”* gislador constituinte.® Maculdade de exereité- eigdo de um verdadeiro orre, por exemplo, com e delimitam a compe ates politicos (Unido, deral) consubstanciam teriormente." Muito se rig6es normativas. Para 10 discriminar as com- ainda que, por vezes, a tributdria como “a aptidéo, sndo, legislativamente, suas jvos, suns bases de eélculo © sional Tributdrio, p. 303: IBUICO REGIME JURIDICO, DESTINAGAO E CONTROLE, de modo implicito e com certa margem de liberdade para o legislador - a norma padréo de incidéncia (0 arquétipo genérico, a regra-matriz) de cada exacao. Noutros termos, ela apontou a hipétese de incidéncia possivel, 0 sujeito ativo posstvel, o sujeito passivo posstvel, a base de céleulo posstvel ea aliquota possivel, das vérias espécies e subespécies de ributos. Em sintese, 0 legislador, ao exercitar a competéncia ributdria, deverd ser fiel norma-padréo do tributo, pré- tragada na Constituigéo.”* Aires Barreto assim se manifesta sobre o tema: “Pacialmente informe, mas jé insculpido nos seus tragos ligeiros, 0 tributo se prefine na Constituigéo mesma. Obviamente, nao se tem os contornos nitidos da hipdtese de incidéncia, reservados lei ordinéria, Néo obstante, cinzelada esté a sua prefiguracdo, inserita pela indicagdo da sfntese do critério material, ou pela eleigéo dos contribuintes possiveis." Questéo fuleral ¢ precisar, exatamente, a margem de atuagto do legislador infraconstitucional. Em outras pala- vras, precisar se todos os critérios que haveréo de compor a regra-matriz de incidéncia esto efetivamente definidos na Constituigéo, como defende Rogue CarrazzA, ou, reversa- mente, se hd uma boa margem de discricionariedade para a atuagao do legislador, na medida em que o Texto Constitu- ional, ao referir as competéncias impositivas, alude a ex- Pressées que comportam um espectro maior de acées a elas relacionadas. Nesse sentido, nao haveria referéncia na Constituigao Federal, por exemplo, ao verbo a ser associado 20 complemento ‘renda e proventos de qualquer natureza’. Atal complemento poderia vincular-se o verbo ‘auferir’ ou, 82. Curso de Direito Constitucional Tributério, pp. 311 € 312 88. Base de Cielo, Aliquota e Principios Constitueionais, p. 34 PAULO AYRES BARRETO diversamente, o verbo ‘pagar’. A mingua de expressa pre- viséo, abrir-se-iam ensanchas para uma livre opcao por pa do legislador infraconstitucional. Estamos convencidos de que se, no plano legal, hé ur certa margem de discricionaridade para a definicdo dos precisos contornos da regra-matriz de incidéncia, hé limites estabelecidos, no altiplano constitucional, que restrigem esse espectro de atuacao. No exemplo adrede referido, conquanto 0 verbo ‘auferir’ nao tenha sido expressamente associado ao complemento ‘renda e proventos de qualquer natureza’,a sua prevaléncia deflui da consideragao de outros comandos normativos de igual hierarquia, como o prinefpio da capacidade contributiva. Realiza fato signo presuntivo de riqueza quem aufere renda. Aquele que a paga néo manifesta capacidade contributiva, pois perde renda; nao tem acréscimo, mas sim decréscimo patrimonial; ndo agrega riqueza nova. Logo, conquanto o verbo “auferir” nao tenha sido expressamente referido na Constituicao Federal, a inter- pretac&o que se coaduna com as demais presericées nela contidas ¢ a que associa o verbo “auferir” (ou outro de sentido equivalente) & expressdo “renda e proventos de qualquer natureza Em stimula, 0 entrelagamento das normas constitu- cionais, balizadoras do exercicio da competéncia tributaria impositiva, reduz a margem de liberdade de atuagéo do legislador infraconstitucional na composigao das regras- matrizes de incidéncia tributéria. Reconhecemos a existén- cia de uma certa margem de discricionariedade para a precisa demarcagao dos critérios conformadores da norma Gi. Em nolavel obra, na qual examina o Imposto sobre a Renda, Rowe CCanrazza preleciona que “os contribulntes (pessoas fisicas ou juridicas) tom o direito constitucional subjetivo de s6 serem tributados pela pessoa politica competente e, ainda, desde que observe a regra-matriz exacional, pré-qualifieada no proprio Texto Supremo.” Imposto sobre a Renda (Perfil Constitucional e Temas Especificos), p. 33. CONTRIBUIGOE: 7 {EGIME JURIDICO, DESTINAGAO B CONTROLE instituidora de tributo, desde que observadas as balizas gua de expressa pre- gus de expr fixadas constitucionalmente. {livre opgao por parte Nao so poucos os limites, parametros e balizas postos no plano constitucional. As referéncias signicas constituem um primeiro e importante limite. O legislador constituinte, ao aludir aos voedbulos ‘renda’, ‘servicos’, ‘receita’, ‘propriedade’, ‘imposto’, ‘taxa’, ‘contribuigéo’, dentre outros, estabelece um primeiro limite interpretativo, consistente na identificagao de seus respectivos contetidos semanticos. x0 plano legal, hé uma para a definigao dos ineidéncia, ha limites onal, que restrigem iplo adrede referido. ido expressamente a si yroventos de qualquer Além dos limites semanticos, a decisao de se dar feigo onsideracao de outros as espécies tributdrias, j4 no plano constitucional, impée, quia, como o principio como corolério, a necessidade de se investigar quais sao fato signo presuntivo essas espécies, em que se diferenciam e qual o regime juele que a paga nao juridico aplicdvel a cada uma delas. Esse esforco exegeético pois perde renda; nao haverd dese pautar, exclusivamente, pelas disposigées cons- ratrimonial; nao agr titucionais correlacionadas ao tema, prescindindo-se, assim, bo “auferir” nao tenha em primeira aproximacéo, das prescrigées veiculadas pelo ituigdo Federal, ainter- Cédigo Tributario Nacional. Para tanto, é fundamental ter smais preserigdes nela presente o relevo dos conceitos constitucionais e os meca- nismos de que dispomos para apreendé-los. Cabem, pois, tir” (ou outro desentido i : algumas reflexées sobre os conceitos na Constituicéo, proventos de qualquer 2.3 Conceitos constitucionais > das normas constitu- competéncia tributaria ‘Todo Texto Constitucional traz, em seu bojo, uma série yerdade de atuagao do de signos, cujo sentido pode ser obtido a partir de diferentes omposigso das regras- perspectivas. Ha conceitos definidos primariamente pela econhecemos a existén: prépria Constituigéo. Ha signos mencionados, com funcéo ericionariedade pare 8 prescritiva, em relagéo aos quais assume-se venha a ynformadores da norma prevalecer'a sua acepcao de base, seu sentido técnico- juridico preexistente. Significacées especificas no discurso juridico devem ser obtidas a partir dos textos normativos posto sobre a Renda, Roaus ou do uso de juristas, e nao dos dicionérios.* Como predica ‘pessoas fsieas ou juridieas) serom tributados pla pesso8 108, Ogre eee 55. CE, Ricanpo Guastint, Distinguiendo: Estudios de Teorta y Metateoria so Supremes Impose del Derecho, p. 229, 33 PAULO AYRES BARRETO Kant Lanenz, “termos que obtiverem na linguagem juridica um significado especifico, como, por exemplo, contrato, crédito, impugnabilidade, nulidade de um negécio juridico, heranga, legado, sao usados nas leis, na maioria das vezes, com este significado especial.”* Nao € usual a preocupagao do legislador constituinte ‘em estabelecer, claramente, conceitos no plano constitucio- nal. As referéneias terminolégicas surgem como se univocas fossem suas significagées. Se, de um lado, essa univocidade ie outro, que tais refe- nao existe, é necessario reconheet réncias delimitam as possibilidades interpretativas. Misant1. Denzt ensina: “O coneeito secciona, sele Quanto maior, entao, for a ebstracdo, tanto mais abrangente seré o conceito, porque abrigaré um maior ntimero de objetos e, em contrapartida, tanto mais vazio seré de contetido e significado.”" Ha duas posturas, radicalmente distintas, adotadas pela Dogmatica Juridica, diante dos signos constitucionais. Para os adeptos da teoria legalista, o legislador infra-consti- tucional teria ampla margem de liberdade para manipular ‘ocontetido seméntico dos vocabulos postos no Texto Consti- tucional. O conceito de renda, exemplificativamente, seria aquele definido pela Lei. Jé tivemos a oportunidade de re- futar a aplicagao da teoria legalista em nosso sistema ju- ridico®. Deveras, qual teria sido o sentido de se conformar tum Texto Constitucional rigido, que trata de forma exaustiva virias matérias, como, por exemplo, a tributéria, para depois conferir ao legislador infraconstitucional poderes para tudo alterar, mediante livre estipulacao de conceitos? Para ficar ‘apenas em um exemplo dos efeitos que a prevaléncia dessa $6, Metodologia da Ciencia do Direito, p. 452 67. Direito Tributério, Direito Penal e Tipo, p. 35. 68. Cf, Pauro Avnes Basneto, Imposto sobre a Renda e Precos de Transferencia, p. 69. 34 5 CONTRIBUIGOES: REGIME JURIDICO, DESTINACAO & CONTROLE \linguagem juridica concepgao tedrica ensejaria, lembramos que a redagdo exemplo, contrato, original de projeto de lei que deu origem & Lei Comple- am negécio juridico, mentar 104/2001 pretendia alterar 0 caput do art. 43 do a maioria das vezes, Cédigo Tributario Nacional, para dispor que o fato gerador doimposto sobre a renda passaria a sera aquisigao de receita, E, aprovado esse projeto, outro poderia advir para dizer que auferir renda é suportar prejuizo. Em sintese, em face da rigida discriminagao de competéncia impositiva, plasmada constitucionalmente, a chamada teoria legalista nao resiste a mais superficial andlise. jislador constituinte to plano constitucio- 2m comose univocas do, essa univocidade outro, que tais refe- erpretativas. Uma segunda postura seria a de reconhecer a exis- - saipei, téncia de um conceito constitucional posto ou pressuposto.”” Se aaa Vale dizer, caberia ao intérprete buscar identificar os conceitos nto mais abrangente ede constitucionalmente plasmados ¢ té-Los como caracterizadores 1 maior ro mais vazio sera de (69. Preceituavam 0s artigos 43 e 44 do referido projeto: “Art. 43. 0 stintas, adotadas imposio sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como tHiatinies,-adot fato gerador a aquisicéo de disponibilidade econémica ou juridica de 3nos constitucionais, receita ou de rendimento proventent slo, do capital, do +8 qualquer t gislador infra-const- trabatho ou da combinagéo de ambos. § 1* Gonstituem também fato lade para manipular igerador do imposto de que trata o caput, os acréscimos patrimoniais, : ria de que trata 0 parégrafo anterior, quando forem decorrentes de receita ifcativamente, seria ou de rendimento sujeitos a tributagéo nos termos do caput. § 3" A oportunidade de re- incidéncia do imposto independe da denominacéo da receita ou do m nosso sistema ju- endimento, dalocalizagao, eondicéo juridica ou nacionalidade da fonte, tido de se conformar da origem e da forma de percepedo. § 4* Na hipétese de receita ou de pdefoere eouution rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerd as condigdes ¢ 0 bade formna eiaustivn momento em que se dard sua disponibilidade, para fins de ineidéncia ‘butéria, para dep do imposto referido neste artigo. Art. 44, A base de eéleulo do imposto tal poderes para tudo 0 montante: I~ da receita ou do rendimento, ou da soma de ambos, coneeitos? Para ficar deduzidos os valores admitidos em lel, observados os limites por ela a apievalaicia deiza fixados em fungéo da atividade econdmica; e Il ~ do acréscimo patrimonial, de qualquer natureza. § 1° A lei especificara as hipoteses «© a8 condigdes em que se admitird seja a base de céleulo do imposto determinada de forma presumida ou arbitrada. § 2* A base de eéleulo, >resumida nio poderd ser superior ao valor apurado na forma do caput, 4s ‘determinado em fungho dos limites ali referidos re a Renda’ e Pregos de 70, Nex, a propésito, José Anzun Lina Goxgatves, Impasto sobre a Renda > Pressuposios Constituctoncis, ; 35 PAULO AYRES BARRETO de verdadeiros limites a serem observados pela legislacao de nfvel hierarquico inferior” Essa segunda postura com- porta variagdes, conforme se tenha presente um maior” ou menor nivel de imprecisao ou vaguidade dos conceitos no Ambito constitucional. Por certo, reside nesse aspecto 0 grande desafio posto ao intérprete. Em outras palavras, até que ponto é possivel encontrar, a partir de exegese eminen- temente constitucional, os especificos contornos conceituais de cada signo positivado ou, reversamente, qual 0 espago existente para que o legislador infraconstitucional colabore para precisar tais conceitos. Estamos convencidos de que, em nosso sistema juri- dico, cunhado minudentemente pelo legislador constituinte de 88, 0 labor-exegético no sentido de reduzir fortemente a vaguidade ou itnprecisdode conceitos constitucionais haverd de ser intenso, Acreditamos, ainda, que ha bons caminhos para realizar tal mister. ‘A mera mengao a um signo, como “tributo”, no Texto ‘Magno impée, como esforgo exegético inicial, investigacao sobre 0 uso'dos juristas em contexto anterior a instalagéo da nova ordem juridica. Sobre terem contetidos seménticos afe- veis em cotejo com nossos dicionérios, 08 signos constitu: cionais tém um uso juridico conhecido, passivel de ser investigado. Nao ha diivida de que havia, no momento da instalagdo da nova ordem juridica, um conceito conhecido, de certa forma sedimentado, de tributo. Logo, o primeiro esforgo serd 0 de reconhecer esse conceito. Ato continuo, impende examinar se tal conceito confirma-se em face desta nova ordem ou se foi por ela alterado. 71. Bspecificamente sobre 0 conceito de renda, ver também Ronexro Quinaca Mosqurxa, Renda e Proventos de Qualquer Natureza. O Imposto ¢ seu Conceito Constitucional 72. Nesse sentido, ver Ricavo Lovo Tonnes, Sistemas Constitucionais Tributdrios, p. 310. 36 ° ados pela legislacdo gunda postura com- vsente um maior” ou ade dos conceitos no side nesse aspecto © a outras palavras, até de exegese eminen- ‘ontornos conceituais mente, qual 0 espace ynstitucional colabore m nosso sistema juri legislador constituinte e reduzir fortemente a constitucionais haveré que hé bons caminhos imo “tributo”, no Texto ico inicial, investigagao anterior & instalacao da ntetidos semanticos afe- trios, os signos constit™ jecido, passivel de ser = havia, no momento da ‘um coneeito conhecido, jbuto. Logo, 0 primeiro conceito, Ato continuo, onfirma-se em face desta ido. renda, ver também Ronrtro Qualquer Natureza. © Imposto ‘ance, Sistemas Constitucionais CONTRIBUICOES: REGIME JURIDICO, DESTINACAO B CONTROLE Nesse sentido, ANDREI Pir Ten VeLtoso classifica os conceitos constitucionais em recepcionados ou auténomos, advertindo que “ndo se presume 0 acolhimento de conceitos auténomos. Pelo contrario, deve-se fundamenta-lo ‘adequadamente, de forma a preterir a regra prima facie de ineorporagao dos conceitos preexistentes, que é assentada nna regra do ‘uso comum’ e impée ao intérprete trabalhar inicialmente com a hipétese de que a Constituicéo nao se afastou das convencées lingiifsticas preexistentes, sujei tando-a a confirmagao sistematica.”” E prossegue, ao reco- nhecer que “as regras de incorporagéo prima facie de ‘conceitos preexistentes, nao sendo regras a priori, 36 so passiveis de superacio por robustas razées em contrario, rando-se, assim, conceitos auténomos.”* ‘As convengées lingifsticas preexistentes devem ser um primeiro e importante parametro na busca das significagdes constitucionais. Evidentemente, alteracdes podem ser leva- das aefeito, o que se apura mediante interpretagao das novas prescrigdes normativas. Em sintese, abe ao intérprete, em face de cada signo constitucional, perquirir sobre sua recepgéo com base na sua acepeao juridica preexistente ou avaliar se ocorreu alteragdo (positivagéo de coneeito autonomo), demonstrével em exegese sistemética da novel ordem juridica. Destarte, ‘0 € livre o legislador infraconstitucional para dar a feigao ‘que Ihe convém ou lhe parece mais adequada, aos conceitos constitucionais referidos. Quanto mais extenso for o rol de prescrigdes constitucionais e, consequentemente, a referén- cia a termos que nos permitam concluir pela recepeao de conceitos preexistentes, maior seré.a possibilidade de uma definigdo estrutural do sistema j4 no plano constitucional. Como corolario, é forgoso admitir que sistemas normativos Concettos ¢ Competéncias Tributdrias, p. 331 74. Conceitos ¢ Competéncias Tributdrias, p. 332,

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