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John Eloi bezel ae Engenheiro Civil, Captruto | EREA 4992-0/RN PERCOLACAO DE AGUA EM OBRAS DE TERRA 1.1 O Fluxo Laminar e a Lei de Darcy No curso de Meiniza dos Sole (Sousa Pinto, 2000), estudou-sea percolacio de agua em meios porosos, adotando-se, basicamente, duas hipoteses: a) aestrutura do solo é rigida, isto é, 0 solo nao sofre deformagdes e nio ha o catreamento de particulas durante © fluxo; b) € vilida a Lei de Darcy € 0 fluxo é, portanto, laminar. Para que ocorra movimento de 4gua entre dois pontos (A ¢ B) de um meio paroso, é necessirio que h tama diferenga de carga total (AH = Hy- Fi), sendo a carga total H definida por a em que zé a carga altimétrica e 1/'Y,, a catga piezométrica Em 1856, Darcy propés a seguinte relagio, com base no seu classico experiment com permeimetro: Q= kid Q sendo Qa vazio de Agua; i, 0 gradiente hidriulico, isto é, a perda de carga total por unidade de comprimento; A éa dea da seco transversal do permeimetro; c k, 0 coeficiente de permeabilidade do solo, que mede a resisténcia “viscosa” a0 fluxo de dgua e varia numa faixa muito ampla de valores, como mostra 0 desenho abaixo. Fste fato, acrescido a sua grande vatiabilidade, para um mesmo Obras de Terra 14 depésito de solo, torna sua determinagio experimental problemitica: é quase him parimetto nia mensurivel. Ou, om moitas citcunstincias, 0 maximo é quando se conhece sua ordem de grandeza, isto é, 0 expoente de 10. Valores de K em omis log (K)= 40 £ 6 4 2 0 2 Arges Sites reins Pediegulhos Granto Granite Intacto Fissurado Ha uma complicagio a mais: para colos geanulares, como as areias, grossas, com diimetros iguais ou maiores que 2 mm, o fluxo é turbulento e a velocidade € aptoximadamente proporcional 4 raiz quadrada do gradiente. O fluxo s6 ¢ laminar para solos na faixa granulométrica entre as areias grossas © as atgilas, e com gradientes usuais (1 a 5). 1.2 Reviséo do Conceito de Rede de Fluxo e do seu ‘lracado Conceito de rede de fluxo Considerem-se as situagdes indicadas nas Figs. 1.1 ¢ 1.2. A totalidade da carga AH, disponivel para o fluxo, deve ser dissipada no percusso total, através do solo. Tela Flt Fig. 1.2 Fluxo confinado, unidimensional Fluxo confinado, bidimensional © trajeto que a agua segue através de um meio saturado é designado por linha de fluxo: pelo fato de o regime ser laminar, as linhas de fluxo no podem se cruzar, conclusio que é constatada experimentalmente, através da injeco de tinta em modelos de areia. Por outro lado, como ha uma perda de carga no percurso, haveré pontos cem que uma determinada fragio de carga total jé tera sido consumida. O lugar geométrico dos pontos com igual carga total € uma equipotencial, ow linha equipotencial Ha um mimero ilimitado de linhas de fluxo ¢ equipotenciais; delas escolhem-se algumas, numa forma conveniente, para a representacio da percolacio. Em meios isotrépicos, as linhas de fluxo seguem caminhos de miéximo gradiente (distincia minima); daf se conelui que as linhas de fluxo interceptam as equipotenciais, formando Angulos retos. No Apéndice I, encontra-se uma demonstracio matemitica dessa propriedade das redes de fluxo, ¢ as Figs. 1.1 1.2 aprescatam ilustracdes de fluxos uni e bi-dimensionais, Em problemas de percolacio, é necessiria a detetminacio, a priari, das linhas-limite ou condigées de contorno, Por exemplo, para a Fig, 1.2, as linhas BA e CD sio linhas equipotenciais-limite, e as linhas AE, EC e FG sio linhas de fluxo-limite, Para a barragem de terra da Fig. 1.3, AB é uma equipotencial- limite; e AD e BC sio linhas de fluxo-limite. A linha BC é uma linha de fluxo, poréin cui cundigoes espetiais: € conhecida como linlia de satuayin, puis ela separa a parte (“quase”) saturada da parte nfo saturada do meio poroso. Além disso, cla é uma linha fredtica, isto é, a pressio neutra (u) é mula ao longo dela. Esta tiltima propriedade é extensiva i linha CD, que, sem ser linha de fluxo ou equiporencial, € uma linha-limite, que recebe o nome de linha livre. Finalmente, pela expressfo (1) conclui-se que, 20 longo das linhas BC e CD, tem-se H= 2, isto é, a carga é exclusivamente altimétrica NA ¥ Pode-se provar que, uma vez fixadas as condicdes de contorno, a rede de fluxo € Ginica. Tragado da rede de fluxo (método grafico) Para representar uma rede de fluxo, convém que sejam constantes tanto a perda de carga entre duas cquipotenciais consecutivas quanto a-vaz4o entre Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 15 Fg 1 Fluxo néo confinado ou gravitacional Obras de Terra | duas linhas de fluxo consecutivas. Tal representagio simplifica bastante 0 seu tracado. Considere-se novamente a rede da Fig. 1.2. Os elementos 1, 2 € 3 fancionam como pequenos permedmetros. Aplicando-se a Lei de Darcy, 16 | tem-se: re e em que £é 0 coeficiente de permeabilidade; Ab; (i = 1, 2.€ 3) sio as perdas de catga total nos elementos 1, 2 € 3, respectivamente; I, é 0 comprimento médio do elemento ina direcio do fluxo; e 6; € a largura média do mesmo elemento. E ébvio que g; = g2 por continuidade do fluxo e = g; pela definicio de rede, isto € ay 43 = is @ Ademais, ainda pela definigio de rede de fluxo, deve-se ter: Ab, = Ab, = Ab, Substituindo-se (3) em (4) e tendo-se em conta (5), resulta: by _ 4, Pp To a £4 Y Dai se segue que, para satisfazer as condi¢des enunciadas, deve-se ter: b = = constante 7) z ” Pa visual no tragado da rede, costuma-se tomar para a relagao (7) 0 valor 1, isto 6, rrabalha-se com “quadrados”. Note-se que, em geral, os Sqquadrades” tém lados cur- ra maior facilidade ES vos, como mostra a Fig. 1. Critério para validar assim, tanto 0 elemento 1243, “quadrados” de lados como 0 2478 sio “quadrados”. curvos (Casagrande, 1964) Para verificar se uma tegidio da rede de fluxo é um “quadrado”, é necessério subdividi-l, tragando-se novas linhas de fluxo e equipotenciais, analisar se as subareas sio “quadrados”. © luxo € confinado quando nfo existe linha freética, como nos casos ilustrados pelas Figs. 1.1 € 1.2; caso contririo, ele é denominado fluxo gravitacional ou nao confinado (Fig. 1.3). De um modo geral, a posigzo da linha fredtica é parte da solugio procutada e deve ser determinada Jeruno por tentativas, satisfazendo as Linha Freatica ah seguintes condicdes: 2 sn a) ao longo dela, a carga é puramente altimétrica; dai que a an diferenga entre as ordenadas dos Vs pontos de encontro de duas \ypgencas equipotenciais consecutivas com —4-an a linha fredtica € constante, quaisquer que sejam as equipo- tenciais Fig. 1.5); b)a linha fredtica deve ser perpendicular ao talude de montante, que € uma equipotencial, como mostra a Fig. 1.6a, A situacio indicada na Fig. 1.6b constitui uma excecio que se justifica, pois uma linha de fluxo nio pode subir e depois descet, pois violaria a primeira condicio. Assim, a linha fredtica, no seu trecho inicial, é horizontal, ¢ a velocidade no ponto de entrada é aula; ©) na saida da Agua, a linha fredtica deve ser essencialmente tangente ao talude de jusante, como mostra a Fig, 1.7a, ou acompanha a vertical (ig, 1.7b), seguindo a ditegio da geavidade. Na sequéncia, resumem-se algumas recomendacdes, feitas por Casagrande (1964), para ajudar o principiante na aprendi grifico (teagado da rede de fluxo): gem do método + estudar redes de fluxo ja construidas; + usar poucos eanais de Auxo (4a 5, no méximo) nas primeiras tentativas de tracado da rede; Capitulo 1 Percolagdo de Agua em Obras de Terra 7 Linha freética: as cargas so puramente altimétricas (Casagrande, 1964) Fic. 16 Condigées de entrada de uma linha freética (Casagrande, 1964) Obras de Terra Condicées de saida de uma linha freatica (Casagrande, 1964) * “acertar” a rede, primeiro, no seu todo, deixando os detalhes mais para o fim; + as transic&es entre trechos retos ¢ curvos das linhas devem ser suaves; em cada canal, o tamanho dos “quadrados” varia gradualmente. Uma vez desenhada a rede de fluxo, pode-se obter: a) aperda de égua ou vazio (Q) por metro de segio transversal. Se n, for o ntimero de canais de fluxo, n, 0 mimero de perdas de carga eH a carga total a sex dissipada, deduz-se facilmente a seguinte express J) A relagio entre parénteses é conhecida por relacio de forma, ou fator de forma, s6 depende da geomettia do problema. b) a pressio neutra (u) em qualquer ponto, pela expresso (I), é w=y, -(H-x) 0) ©) a forca de percolagio (F) em qualquer regio; para tanto, basta determinar o gradiente médio () nessa regio, para se ter: (10) sendo ¥,, 0 peso especifico da Agua, SPOHHSSHSSSHSHSHSSHSHSSHSSSHSHSSHSSHSESHSCHOHOSOOSEE S8OCEECO Convém frisar que 0 cilculo da vazio no requer um tragado rigoroso | Capitulo 1 da rede de fluxo, pois basta obter dela, com boa precisio, o fator de forma, ne/ng, O mesmo nio sucede com 0 célculo do gradiente ou da pressio neutra cm pontos do macico. Percolagao de Agua em Obras de Terra 19 1.3 A Equacdo de Laplace e sua Solucéo Se o solo for saturado, de modo a nio ocorrer variagao de volume, ¢ lanlv os sélidos como a Agua dos poros forem incompressiveis, eutiv, pode-se esctever: ay) que a Equacao da Continuidade; ue» so as velocidades de descarga ou de fluso, tespectivamente nas dizegSes x (horizontal) e 7 (vertival), coordenudas cartesianas, De acordo com a Lei de Darcy: Ca ab Noel hho Weiegy: (12) O sinal negativo justifica-se pelo fato de a carga h decrescer no sentido do fluxo. Substituindo-se as equacdes (12) na expressio (11) € supondo solo homogénee, isto &, &,, € &, constantes, tem-se: (13) constante: (14) que é a Equacio de Laplace para duas dimensdes. Obras de Terra 20 Fig 1.8 Pontos Singulares: vértice num contorno impermeével (linha de fluxo-limite) Fig 9 Pontos Singulares: vértice numa equipotencial-limit Fig. 1.10 Pontos Singulares: ponto de encontro entre uma ‘equipotencial-iimite e uma linha de fluxo- limite Pode-se mostrar que a Equagio de Laplace € satisfeita para um par de funcdes 6 %, conjugadas harmonicamente, e que a familia de curvas O(&,) = const. € ortogonal & familia de curvas %(sy) = const, A funcio € 0 potencial, dado por @ = -kh + const,,¢ % éa fungio de fluxo, que permite calcular a vazio (Apéndice D. Solugées analiticas da Pquagio de Laplace sio restritas a alguns casos de geometria bem simples e, mesmo assim, as fungdes matematicas usadas so muito complexas. Solugdes numéricas da Equagio de Laplace podem ser obtidas pelo Método das Diferencas Finitas ou pelo Método dos Elementos Finitos, que escapam do escopo deste curso, que se atém a0 Método Grifico, isto é, a0 tragado da rede de fluxo, tal como foi exposto. O Apéndice II da algumas informages adicionais a respeito dos Métodos Numéticos. Existe uma solucio analitiea, que tem algum intercsse peitico, referente 08 pontos singulares numa rede de fluso. So pontos em que as linhas- -limite se interceptam, for mando fngulos predeterminados, Nesses pontos, as vvelocidades de descarga podem ser nulas, finitas e diferentes de 0; ou infinitas, como mostram as Figs. 1.8, 1.9 € 1.10, extraidas de Polubarinova- -Kochina (1962). Note-se que, nas vizinhancas dos pontos singulares, quando a velocidade tende a um valor infinito, a Lei de Datcy e, portanto, a Fquacio de Laplace, nao tem mais validade. Tais reas sao tio pequenas que no afetam a solugio obtida. véfinta 40 V6 fiita +0 NA Na. NA - Za\ = \ eal = fA an v=0 vox vé tnta +0 SCHSHHSHOHHOHSHOOHOHEHOOHOHOOHHHHOCOOOCOOOOOHOOCECE SPOCHHSHSHSSOSSOSSHOSHHSSSHSHHSHOHOHHSEHSSOOOOSOSE S8OSEEE 1.4 Heterogeneidades Nem sempre é possivel idealizar, isto é, simplificar problemas de engenharia supondo a presenca de um tinico solo homogéneo. Exxistem muitas situagdes priticas, e las serio abordadas em outros capitulos, em que 0 solo de fundagio apresenta-se esteatificado, por exemplo, com a ocorréncia de camadas de solo de fundagio com diferentes permeabilidades. Ou entio, secdes de Barragens de Terra zoneadas, isto é, com a presenca de diferentes solos compactados. Mesmo uma secio de Barragem de ‘Terra “Homogénea” comporta filtzos de areia, o que, a rigor, imprime heterogeneidade ao meio poroso, -guir, seri analisado, conceitualmente, como deve ser o fluxo de 4gua através de interfaces entre materiais de permeabilidades ditetentes. Seo fluxo for unidimensional, com velocidade perpendicular a interface AB, pela continuidade do fluxo (mesma vaziio), deve-se ter: pois a drea da segio transversal (4) é constante. Se o fluxo for ainda unidimensional, com velocidade paralela & interface AB, deve-se ter: ry SLED Op MOO My MAN pois o gradiente hidraulico é o mesmo ao longo de AB. Capitulo 1 Percolacao de Agua em Obras de Terra 2 Fl Fluxe unidimensional através de materiais diferentes Fig 1.12 Fluxo unidimensional ‘em duas camadas Obras de Terra Numa situagio genérica, decompondo-se os vetores », ¢ ») mas componentes normal e tangencial, deve-se tet: Yn = Yan 5) ies, Saas 6 hk (16) a7 que é uma telagio de proporcionalidade direta. Se se quiver smanter a mesina perda de aga entre equipotenciais © a mesma perda de égua em todos os canais, ao se passar de um solo para o contro, deve-se ter: sendo ga perda de égua em um canal e Ada perda de carga entre equipotenciais; be /sio as dimensGes médias dos “retingulos”, num ou noutro meio, conforme © indice for 7 ow 2. Dai segue que: (4/4) Ae G74) AL ” que é uma relagio de proporcionalidade inversa. A Tig, 1.13 ilustia duas solugGes vilidas pata a mesiua segiv de bartagen, com y= 5k,. A vazio pode set caleulada tanto em um como no outro meio. Se o que se deseja & 0 céleulo da vaz4o, é possivel, valendo-se da engenhosidade, simplificar 0 problema pela “homogenizagio” dos solos presentes, feita de forma criteriosa. Fo que se veri a seguir. 1.5 Problemas Praticos em que a Incégnita é a Vazdo - a Engenhosidade Para uma elasse de problemas de percolagio em meios heterogéneos, em que a incégnita é a vazo, ou pode ser rediuzida a ela, é possivel levantar algumas hipéteses simplificadoras que possibilitam a determinacio de parimetros significativos de projeto. Si0 os casos do dimensionamento de tapetes “impermeaveis” de montante, cuja solugio aproximada foi desenvolvida por Bennett (1946), € 0 dimensionamento dos filtros horizontais de areia, tratados analiticamente por Cedergren (1967). Inicialmente, a titulo de ilustracio, mostrar-se-4 como usar a engenhosidade resolver 0 problema da vazio a set bombeada de uma escavacio. 1.5.1 Problema da escavagio entre duas pranchadas, em meio heterogéneo Considere-se 0 problema de escavacao, indicado na Fig, 1.14b, extraido de Bolton (1979). E possivel estabelecer um intervalo de variacio da v: o é, seus limites superior e inferior, supondo que o solo constituido ora de areia (£,, = 10? on, limite superior, ora de atcia siltosa (& £,/10), limite inferior. Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 23 Fe LIF Exemplos de redes de fluxo bidimensionais em meio poroso heterogéneo (Cedergren, 1967) Obras de Terra tem-se: 6 _&H =kH-" = 24 2 1B *22 Logo, o refetido intervalo seri H H 26 4s on (Gra 6 Fig 1.14 Escavagdo em solo homogéneo: tragado da rede de fluxo para determinar a vazio (Bolton, 1979) que é uma superestimativa da vazio real, isto €: H 2S tic Oya hy A ou, numericamente, 108 (9, (270 Sm, Fig 1.14b Escavacao em solo heterogéneo: simplificacao do problema para determinar o limite superior da vazao (Bolton, 1979) Utilizando-se a rede de fluxo da Fig, 1.14a, vilida para solo homogéneo, (19) 20) E posstvel estreitar ainda mais esse intervalo, atentando-se para 0 fato de ABCD, na Fig. 1.14b, ser um permedmetro. Admitindo-se que DC AB sio equipotenciais, ‘com cargas totais iguais a He 0, respectivamente, 0 que é uma hipétece propo sitalmente exagerada, tem- se, pela Lei de Darcy: Ql) (22) em litros por hora e por metros de secio transversal da escavacio, © que possibilita, para fins priticos, o dimen- sionamento das bombas de recalues para manter © fundo da escavacio 1.5.2 “Tapetes Impermedveis” de montante de barragens de terra Considere-se 0 problema de uma Barragem de Terra, indicado na Fig, 1.15, que se prolonga para montante através de tapete dito “impermedvel”. termo entre aspas é de certa forma, impréptio, pois 0 tapete é construido com solo e apresenta uma certa permeabilidade £, espessura z» Suponha-se quea barragem se apoia em solo de fundagio de espessura ze permeabilidade ep. NA. Solo ‘Compactado K=10" oms © solo de fundacio é 1.000 vezes mais permeiivel do que 0 solo da barragem, de modo que o problema pode ser simplificado da forma indicada na Fig, 1.16. A BLL, Ff facil ver que no trecho que vai de Ba CG, 0 fluxo é confinado, unidimensional (isto é, BCC’B’é um permedimeto), de modo que a perda de carga b varia linearmente. No trecho AB, a situacio é mais complicada, pois hé entrada de gua em AA’e em AB, Capitulo 1 Percolayau de Agua em Obras de Terra 25 Fgh “Tapete impermeével” de montante de uma barragem de terra: parametros envolvidos Fl. “Tapete impermedvel” de montante de uma barragem de terra: simplificagéo do problema Obras de Terra 26 Para os casos em que ky / &, > 100, pode-se admitir que o fluxo no tapete é essencialmente vertical ¢, na fundacio, horizontal, Nessa forma, a vaziio pelas fundacdes & dada por: = x ob ee +f? 4 rz ae @) em quer 2 = AB é 0 comprimento teal do tapete “impermeéel” ¢ Q, é a vazio que entra por AA” Por outro lado, a vazio pelas fundacdes vale, pela Lei de Darcy: 4 4) com: de cuja solugao extrai-se: h(a Cc) Nessa expressiio x, € sfio os comprimentos indicados na Fig, 1.16. Tudo se passa como se existisse um tapete de comprimento x, totalmente impermeavel (& = 0), ¢ 0 problema fosse de percolacio unidimensional. Em ‘outras palavras, € como se a fundagao fosse um grande permedmetro, de comprimento (x, + B) Dessa forma, a vaziio pela fundaciio pode ser calculada pela Lei de Darcy, expresso (2); H O.S% oe . Oy = Ae apy @ E pocsivel provar que a solupio’ atin, devida a Bennett, subestima a © que € contra a seguranca, No entanto, para ky/ &, > 100, este fato é itrelevante. 1.5.3 Filtros horizontais de barragens Capitulo 1 Percolagao de Agua © problema aqui é saber qual deve ser a espessura Hyde um filteo | CTO NTO CC pras de Terra horizontal (Fig, 1.174) e com que material granular precisa ser construido para que deixe escoar a vaziio O de gua petcolada pelo macico de terra. Hiduss | 97 hipéteses simplificadoras: uma delas superestima a espessura ¢, a outra, subestima-a. Em ambos os casos, pata bom funcionamento do sistema de drenagem, admite-se que, na entrada do filtro horizontal, 0 nivel d’4gua represado tenha uma altura igual 4 espessura Hy. : ‘A primeira hipétese simpli- ficadora (Fig, 1.1'7b) equivale a admitir que 0 filtro trabalha em carga, utilizando toda a sua se¢io para 0 fluxo da 4gua (subestima, pois Hy). Aplicando-se a Lei de Darcy tem-se: Fg 117 Filtro horizontal de uma harragem de terra: 4) pardmetros envolvidos; 5) filtro em carga; ¢) filtro livre [A segunda hipétese (Fig, 1.170) admite que o filtro trabalha livremente, com a existéncia de uma linha fredtica, sto é, a sua segio plena nao é utilizada no escoamento da Agua. Nessa situacio, vale a Equagio de Dupuit (Polubarinova-Kochina, 1962): 2 42 (2 = bs 2 29) ‘na qual os simbolos tém os significados indicados na Fig, 1.18, Obras de Terra A aplicagio desta equacio resulta em: &, HY us e if j hE ag) 28 2 eae oe oF. Bee | Ns ; Fg lia hy K a LW: sendo; Permeametro de Iho Dupuit: fluxo no sid confinado = bs Hn Logo: Ly ze L real ¢ Soy @1) Ry No caso do filtro horizontal captar gua também das fundagdes, pode-se provar que a designaldade acima contimna valida, devendo-se substituir Q por Qun+ Gr! 2 Ome Q;teferem-se, respectivamente, 3s contribuigdes do macigo e das Fundagdes para a vazio total (Q). 1.6 Anisotropia Os solos dos _aterros compactados e da maioria dos depésitos naturais sio, na realidade, meios anisotrépicos, isto é, a permeabilidade varia coma direcio do fluxo, Para se ter uma ideia do grau de Fig 1.19 anisotropia, suponha-se que um Solos heterogéneos: depésito de solo formou-se por camada de solo sedimentagio de particulas de arcia estratificado, que se Tne fina, silte e argila, na tranquilidade de repete em ere ‘éguas paradas de um lago, e que, a cada profundidade metro de profundidade, 0 perfil do subsolo 6 0 indicado na Fig. 1.19a. Bo facil ver que num Capitulo 1 permeiimetro com 0 arranjo Percolayao de Agu na Fig, 1.19b, em que a w ue er tee Sp | Snobs sistema paralelo, 0 gradiente 7 29 hidriulice é canstante ¢ vale H Lakes @2) Ny Ce ou — fon Fic. 1.19 é 2 z Solos heterogéneos: de forma que a vazio total é dada poe ‘pus untdbuarcionel Por: —— em paralelo Sea permeabilidade média do sistema for designada ky, tem-se: o=4,(4).54 ba ge G4) isto é, num sister paralelo, é, a média ponderada dos & No caso de sistema em série Fig. 1.192), quem é constante é a vazio (continuidade de fluxo), sendo £,,a permeabilidade média do sistema, tem-se, aplicando-se a Tei de Darcy: w | Fig. 1.19 Solos heterogéneos: fluxe unidimensional em série H=ES, Obras de Terra 30 donde: A € a frea da secio transversal do permeimetro, Logo, L4 k= 05) XG /4) oe isto 6, hy € a média harmonica dos &; Como a média harménica é inferior 4 média ponderada, segue-se que ky € menor do que &,, De fato, para o caso apresentado na Fig, 1.19a, tem-se 90-107 +10 +10 90 +10 donde: Sc houver anisotropia, a equagio diferencial que rege o fluxo de Agua seri dada pela expressio (13). Se for feita uma simples transformacio de coordenadas, recai-se na Equaciio de Laplace, expressfo (14), que vale para meios isouGpicos, ‘Tal ajuste de escala compensa os efeitos da anisotropia. A rede de fluxo € tragada na secio transformada, tornada isotrépica, ¢, porhomotetia, volta-se segiio original, na qual arede de fluxo nfo serd formada de “quadrados”, SSCHSHSHSSHHOSCESSHSHSHHSSSSSHOHSHOSSSHSHSOHSHSSOSHSCHECESE SPOCHHCOHSHSSESSSHSHSSSHSSSSSSSHOHOSSHSHOHSSOHESSOSCEHOESES Na seciio transformada, 0 coeficiente de permeabilidade & equivalente é dado pela seguinte média geométrica: b= [hob on Bevidente que, para o célculo da vazio, que depende do fator de forma (1%/m)y pode-se valer da sesio original ou da transformada, indiferentemente. Para a estimativa dos gradientes hidriulicos, deve-se recorrer exclusivamente 4 secio original, pois os comprimentos tém de ser os reais, ‘A Fig, 1.20 ilustea algumas redes de fluxo para uma mesma segao de barragem, mas com diferentes relagdes de permeabilidade. Obviamente, com um coeficiente de permeabilidade horizontal progressivamente maior, a rede s facilidade de estende-se cada vez mais para jusante, pois a 4gua tem m percolar na direcio horizontal. ky =k, 1.7 Fluxo Transiente Se 0 nivel do reservatério da barragem da Fig. 1.21 tor clevado instantaneamente, até a posi¢fo indicada no desenho, haveri um avanco Capitulo 1 Percolagao de Agua em Obras de Terra 31 Fig. 1.20 Exemplos de redes de fluxo bidimensionais, nao confinadas, em meios anisotrépicos (Cedergren, 1967) Obras de Terra 32 Fig 121 Fluxo transiente: avango ‘gradual da linha de saturacdo (Cedergren, 1967) Fig. 1.22 Fluxe transiente: rebaixamento répido do nivel d’égua do reservatério (Cedergren, 1967) gradativo de uma linha de maior saturagio, que, com o tempo, passari pelas posicdes 1, 2, ..11, sendo esta tiltima correspondente ao regime permanente do fluo. ‘A Fig. 1.22 mostra o movimento da linha de “saturagio” (ou freitica) apds um rebaixamento ripido (instantineo) do nivel do reservat6rio; no final do proceso, a linha freatica estabiliza-se numa posicio de equilibrio, em novo regime permanente de fluxo para 0 novo nivel do reservatério. Ambos 0s casos sio exemplos de fluxo transiente em que um solo parcialmente saturado torna-se mais saturado com o tempo ou vice-versa. an Na zona de saturagio, a Normal equacio da continuidade é valida, eh speieas assim como a Lei de Darcy. Dai poder-se construir redes de tluxo como se 0 fluxo transiente fosse uma série de luxos permanentes, ue se sucedem no tempo. No exemplo de rebaixa- mento ripido, as linhas de fluxo partem da linha de saturacio ou freitica; no regime permanente, Ini un pasalelismo entce clas NA, sepaivaao e Se a posicio da linha de satutacio fosse conhecida em cada instante, o tragado da rede seria feito como se 0 fluxo estivesse em regime permanente; ‘mas, de novo a sua posigio é parte da solugio procurada, Uma das maneiras de se obter 0 avango da linha fredtica € com 0 Modelo fisiew de Hale-Shaw, com uid viscoso, A esse fespeito, veja-se, por exemplo, Harr (1962). QuzSTOES PARA PENSAR 1 Justifique por que « de fluxo limites. ta livre ndo & nem uma equipotencial nein urna linha A link livie & uma linha de saida do Nuxo d'igua: é onde vio ter outias links de fluxo, que cruzam com ela. Logo, cla nfo é uma linha de fluxo. [linha live é uma linha feeétiea, Portanto, # = Oca sua carga é puramente altimétrica, portanto varivel. Logo, ela também no é uma equipotencia 2, O.que é fluxo gravitacional (ou ndo confinado)? © que sio a linha de saturagio a linha livre nesse tipo de fluxo? Destaque © que ha de comum entre elas € indique a propriedade fundamental que as caracteriza. (O fluxo gravitacional é 0 fluxo que se processa por agio da gravidade, num meio poroso niio confinado, isto é, sem que se conhegam todas as condigdes de contorno. ‘Allinha de saturagio é uma linha de fluxo limite, porém com condigdes especiais: cla separa a parte (“quase”) saturada da paste no saturada do meio poroso. ‘A linha livre também uma linha limite, sem ser linha de fluxo ou equipotencial Recebe esse nome pelo fato de a égua fluir por ela livremente. (O que hi de comum entre elas: a) 0 desconhecimento, a pron, das suas posigées ou dimensdes, 86 determinadas apés 0 tragado da rede de fluxo; b) ambas sio linhas freiticas, isto 6, 1 = 0 ao longo delas e, consequentemente, a carga total a0 longo delas é puramente altimétrica (H = 2. 3. Qual € o conceito de rede de fluxo? Qual a consequéncia desse conceito quando ¢ aplicado a meios porosos isotrépicos, com permeabilidades diferentes (meios hererngénens)? Justifique a sua resposta Uma rede de fluxo é um conjunto finito de linhas de fluxo e de equipotenciais que sarisfarem duas condicdes: a) a perda de carga (Ad) entre duas equipotenciais cconsecutivas é constante;b) a vazio (¢) entre duas linhas de fluxo consecutivas (canais de fluxo) também é constant. No caso de meios heterogéneos, para se manter essas duas condigdes ao se passar de um solo (1) para 0 outro @), deve-se ter num canal de fluxo qualquer: bly _ bail ar Isto 6, se aum dos meios forem usados “quadados” no tracado da rede de fluxo, no outro seri necessiio usar “rctingulos”” Capitulo 1 Percolacao de Agua em Obras de Terra 33 Obras de Terra 34 4. Como se resolvem problemas de percolagio de 4gua em meios anisotrépicos? Como sio determinados os parimetros da expressio Qk Holm /ng)? Tiaga-se a tede de fluxo na sesio uansformada, toraada isotsépica, por exemplo, 57% ¢, por homotetia, wolta-se a seco original, na qual a rede de fluxo nfo seri formada por “quadrados”, O coeficiente de permeabilidade k a set usado é 0 “equivalente”, dado pela média geométrica entre &, © &.O fator de forma (n/1,) pode ser determinado na secio original ou na transformada, indiferentemente, 0 mesmo ocorrendo com H. por meio de uma relacio do tipo "= 5. Ocoeficiente de permeabilidade da solo compactado do niiclea da barragem de terra-enrocamento indicada abaixo é de 10“cm/s. Pede-se: 1) eshocar a rede de flxxo para a fase de operacio com N.A. normal: b) calcular a vazio em m/s por metro de extensio longitudinal de barragem; «) caleular a pressio neutra de pereolagio nos pontos A e B; d) caleular o gradiente hidraulico em C. Solucio: 8) esbogo da rede de fluxo 5am NA b) Q=10°8 -56-3/4=4,2-107 3/2) me SESEEUESSOHSOSSESOHOKCSSSHESOHCSSCEOSSECOSSCHOCESCELECHCECE SPCHSEKROSHOSECSSOOLESHOHSOSHOSHSEFOOOSEECESCHOSCHCCSEE ©) 4 =e aKa) = 10-42 50 kPa € 1g =290 kPa Capitulo 1 =14/10=1,4 Percolagao de Agua em Obras de Terra Di 6. Tragar a rede de fluxo para a barragem de terra homogénea, Determine o | 35, fator de forma, Solucio: NA. pS Fator de forma: n/n =2/3 Obras de Terra : Apenoice | Notas sobre a Equacao de Laplace Be Considere-se um meio isotrépico, para o qual vale a Equacio de Laplace (expressio 14). O potencial, dado por = -kh + const, satisfaz esta equacio, isto é: ar as +9 4 at ay? Pode-se provar que existe uma outra fungio Z, tal que: = ou = oe ay ” p= Z abe a) ce que também satisfaz a Equacio de Laplace, como se pode verificar facilmente, 1a fungio de fluxo. Seja uma linha equipotencial qualquer. Ao longo dela, 6 é constant, isto é 4o=0 Logo: oo 2 4 =0 iat oe ou, tendo em vista as expressbes (12), com ky wi det vy h=0 donde: Seja agora uma linha de fluxo que corta a equipotencial considerada. De = const, segue, de forma andloga: ay =0 Kae KH. Kae + hy =0 SECSSELCSESVOSSESOHSTOHSVOKEOCEHSEEHLOOOSCOCESECE E688 SCHHSSHSHSHSSFSHSSHSSHSHSHSESEHHOHSHOSSHEHSSSSSHOHSHEHSOHSCEOS ‘ou, tendo em vista as expressdes (1.1): Capitulo 1 = Percolagdo de Agua -v de tu dy =0 Bi em Obras de Terra donde: 37 dy ” ee St 3 aw a5) Comparando-se as expressdes (1.2) ¢ (1.3) conclui-se que as equipotenciais devem ser perpendiculares as linhas de fluxo. No caso de haver anisotropia (k,,# &,), a funcio de fuxo 7, satisfaz as expresses: %, bea ah De forma aniloga, redefinindo-se @ = -b + const, pode se provat facilmente que as expressdes (1.2) ¢ (L3) alteram-se para: as) 6) Coma o produto dos coeficientes angulates é -&y/,, diferente de -1 segue que, para casos de anisotropia, as linhas de fluxo e as equipotenciai quando se cruzam, niio sio perpendiculares. Obras de Terra 38 Aptnoice Il Alguns Métodos Numéricos para a Solugio da Equagao de Laplace Um dos métodos numéricos mais utilizados na solucio da Equagao de Laplace é o Método das Diferengas Finitas. Os seus fundamentos encontram-se amplamente divulgados em varios livros de Matematica Aplicada. Essencialmente, consiste na substituigo da Equacio de Laplace por uma 4 equacio de diferencas finitas, substituicio feita com o auxilio da formula de Taylor. Aequacio de diferengas finitas de primeira ordem 3 ele i by thy thy thy 4b, que € aplicavel aos nds de uma malha quadrada, 3 como a da Figura ao lado. ‘Uma ver feita a divisiio do meio continuo, em malhas, escrevem se as equacdes lineares para cada né e trata-se de obter a sua solucio, por meio da computacio eletrOnica. ‘Um outro método que ganhou muitos adeptos é o Método dos Elementos Finitos, que se aplica a qualquer problema de extremos. problema da percolacio de Agua em meios porosos saturados, em regime permanente, é também um problema de extremos. Através do célculo variacional, é possivel construir uma funcio cujo minimo, dentro da regiio ‘ocupada pelo meio, éa solugio procurda. Uma dedugio dessa fungi, Fungio de Dissipacio, pode ser encontrada no livro de Zienkiewez (1977). (© Método dos Elementos Fisitos consiste, na sua primeira etapa, na substituigio do meio continuo por elementos discretos, de tal forma que elementos adjacentes tenham alguns pontos em comum (nds externos); 08 elementos também podem ter nés internos. Aos nds estio associados potenciais, que passam a ser as incégnitas procuradas. A discretizagio & completada admitindo-se que o potencial de un ponto qualquer do elemento é uma fungia das suas coordenadas; em geral, a fingio éum polindmio, que deve satisfazer algumas condicdes, como ser completo, para nio haver direcdes preferenciais de fluxo, e permitir a compatibilidade dos valores dos potenciais relativos aos nés comuns a virios elementos. O mais simples dos elementos 6 triangular, com os trés nds coincidindo com os trés vértices do triangulo; a cle esti associado um polinémio do primeiro grau, SOCHHOSHOHSHOHSHOSHSHSSHCHSHEHEHSHHHSOHHHHOHSHOOHHOHOSCOHSEEEOS Uma vez realizada a discretizacio, passa-se para a segunda etapa do método, que € a minimizagio da Fungo de Dissipagio, na regio ocupada pelo meio, Com isto chega-se a um sistema de equagdes lineares, em que as incOgnitas sio os potenciais nos nés, cuja solugao deve ser obtida por meio de computadores, levando-se em conta as condicoes de contorno. Bibliografia BENNETT, P. T. The effects of Blankets on Seepage Through Pervious Foundations. ASCE Transactions, v. 111, p. 215 ss, 1946, BOLION, M. A Guade fo Sot! Mechanics, London: Macmillan Press, 1979, CASAGRANDR, A. Percolagio de Agua Através de Barragens de Terra Manual Globo, 1964, x. 5, 2° tomo, p. 155-192. CEDERGREN, H. Seepage, Drainage and Floonets, New York: John Wiley & Sons, 1967. HARR. E. 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