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PROJETO DE LEI N.° S30/KIlI3 (PSD, CDS-PP) - «LE| QUE DEFINE OS PRINCIPIOS QUE REGEM A COBERTURA JORNALISTICA DAS ELEIGOES E DOS REFERENDOS REGIONAIS» PROPOSTA DE SUBSTITUIGAO REGIME JURIDICO DA COBERTURA JORNALISTICA EM PERIODO ELEITORAL E REGULA APROPAGANDA ELEITORAL ATRAVES DE MEIOS DE PUBLICIDADE COMERCIAL Capitulo | Disposi¢des comuns Artigo 1° Objeto ‘1 -A presente lei estabelece o regime juridico da cobertura jomalistica em periodo eleitoral pelos Orgs de comunicagao social. 2 - A presente lei regula, ainda, a propaganda eleitoral através de meios de publicidade comercial Artigo 2° Ambito de aplicagao 1. A presente lei aplica-se a todos 08 orgéos de comunicagéo social que estéo sujeitos & jurisdigdo do Estado Portugués, independentemente do meio de difuséo e da plataforma utiizada, 2 A presente lel aplica-se as eleigées para Presidente da Republica, para a Assembleia da Republica, para o Pariamento Europeu e para os érgaos das autarquias locais, 3-0 cisposto na presente lei no é aplicével as publicagSes doutsinérias que sejam propriedade de partidos politicos, coligagdes ou grupos de cidadéos concorentes a atos_eletoras, independentemente do meio de difuso ¢ da plataforma utiizada, desde que tal facto conste expressamente do respetivo cabegalho. Artigo 3° Periodo Eleitoral < 1 0 period eleitoral compreende 0 periodo da pré-campanha eleitoral e 0 periodo da campanha eleitoral 2- 0 periodo de pré-campanha eleitoral corresponde ao periodo compreendido entre o dia seguinte ao termo do prazo para apresentagéo de candidaturas nos tribunais competentes e a data de inicio da campanha eleitral 3-0 periodo de campanha & 0 que se encontra fixado na lei eletoral , Capitulo It Cobertura jornalistica em periodo eleitoral Artigo 4° Principios orientadores da cobertura jornalistica em periodo eleitoral ‘A cobertura jomalistca pelos érgos de comunicagao social do periodo eleitoral deve assegurar ‘0 esclarecimento dos eleitores, o contraditorio entre os projetos politicos a sufragio, 0 direito de informer e ser informado e os principios constitucionais de liberdade de propaganda, igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas candidaturas e imparcialidade das entidades piblicas perante as candidaturas. Antigo 52 Regras jornalisticas 1 = 0 tratamento editorial das varias candidaturas deve respeitar os direitos e os deveres ‘consagrados na legislago que regula a atividade dos jomalistas e dos Orgdos de comunicagao social, bem como os respetivos estatutos @ cddligos de conduta 2 - 0 direito @ informagao deve ser salvaguardado, com respeito dos principios de liverdade, independéncia e imparcialidade dos 6rg8os de comunicagao social e dos jomalisas face a todas as candidaturas. 3 - Os jomalistas devem exercer 2 atvidade com respeito pela ética profissional, informando com rigor e isengdo, e respeitando a orientagao e os objetivos definidos no estatuto editorial do 6rgao de comunicagéo social para que trabalhem. 4 - Consideram-se atividades jomalisticas, para efeitos da presente lei, todas as noticias, reportagens, bem como entrevistas ou debates ou outro género jornalistico, sob orientagao editorial 5 ~0s atos de propaganda dos candidatos ou partidos, incluindo os tempos de antena, so da ‘ua iniciafiva e inteira responsabilidade, ndo sendo confundiveis com o trabalho editorial 6 — Os Grgaos de comunicago social que integrem candidatos a0 ato eleitoral como ccolaboradores regulares, em espaco de opinido, na qualidade de comentadores, analistes, colunistas ou através de outra forma de colaboragio equivalente, devem suspender essa partcipagao e colaboragao durante o periodo da campanha eletoral e até ao encerramento da votapdo. Artigo 6° Plano de cobertura jornalistica do periodo eleitoral ie } 4-08 comunicagao social que fagam a cobertura jomalistica do’ periodo eleitoral entregam a | Fi comissdo mista a que se refere o artigo 10.°, antes do inicio do periodo de pré- orgsha 0 seu fam Ge cots Tas_porsinebe_datia owen omeadamente, 0 modelo de cobertura das agbes de campanha das diversas candidaturas que, se apresentem a sufragio, a realizagdo de entrevistas, de debates, nos termos previstos no artigo 5 desepatonens alamadas. de otistes especiais ou dé outros formatos informativos, de oma a assegurar os pins refs aga 2—No periodo da campanha eleitoral, o plano de cobertura assegura a vinculagao dos érgaos de comunicagao social a0 cumprimento do principio de igualdade de oportunidades e de {ratamento das diversas candidaturas, 3. = Os formatos informativos definidos no plano de cobertura devem ser cleramente lentfcaveis pelos destinatérios através de uma referéncia ao ato eleitoral 4—No caso dos operadores de televistio em sinal aberto, o plano de cobertura inclu o rateio dos debates televisivos, uma vez realizado nos termos don." 3 do artigo 8.° Antigo 72 Publicacées de caracter jornalistico ‘Durante o periado eleitoral, as publicagées noticosas, diarias ou néo diérias de periodicidade inferior a quinze dias, devem dar tratamento jomalistico ndo discriminatério s_ diversas candidaturas em termos as mesmas serem colocadas em condigées de igualdade. 2A igualdade a que se reporta 0 numero anterior traduz-se na observancia do principio de que as noticias ou reportagens de factos ou acontecimentos de idéntica importncia deve corresponder um relevo jomalistico semelhante, atendendo aos diversos fatores que para 0 efeto se t8m de considera. 3—As diversas publicagSes podem inser formatos de opiniéo, de andlise politica ou de criag80 jomalistica relativas as eleigdes e &s candidaturas, mas em termos de o espaco normalmente ‘ocupado com esses formatos néo exceda 0 que é dadicado a parte noficiosa e de reportagem, € desde que observado o disposto no niimero seguinte. 4 ~ 0s formatos referidos no numero anterior no podem assumir uma forma sistemética de propaganda de certas candidaturas ou de ataques de outras, de modo a frustrarem-se os objetivos de igualdade visados no n.°1 5 - E expressamente proibida a inclusdo na parte meramente noticiosa ou informative de ccomentirios ou juizos de valor, ou de qualquer forma darhes um tratamento jomalistco tendente a defraudar a igualdade de tratamento das candidaturas, Artigo 8° Debates entre candidaturas no periodo eleitoral 1 Sem prejuizo da iberdade de promogao de debates pelos érgaos de comunicagao social com vista ao esclarecimento dos eleitores em relagdo s candidaturas que se apresentem a sufragio no periodo de pré-campanha eleitora, deve ser assegurado 0 respeito pelo pluraismo € iversidade dos intervenientes, através da fxagdo e publcitagéo dos critérios objetivos que presidiram a sua escolha ~ — “= Presume-se vatficada_o cumprimento do disposto no nimero anterior desde que seja, pelo garantida a presenga das candidaturas das forgas poliicas ja representadas no érgo _cla eleigao Vai Ter TUga¥ € que se apresentem a sufragio, ou daquelas candidaturas que sejam ‘por estas Forgas polificas apoiadas. 30s operadores de televisdo em sinal aberto devem assegurar entre sia fixagao de critérios de realizagio dos deveres minimos felaivos & realizagio do debates televisvos e assequrar @ distribuigéo equitativa da sua transmissao, ficando sujeitas a mediagao obrigatoria da comissao_ ‘mista-@ que se refere 0 artigo 10.° caso nao cheguem a entendimento, Artigo 9° Queixas 1 ~ 0s representantes das candidaturas que se considerem prejudicadas pela atuacao dos ‘rgdos de comunicagao social desconforme as disposigses da presente lei podem reclamar, em ‘exposigdo devidamente furdamentada, para a comisséo mista a que se refere o artigo seguinte, 2A comisséo mista pode promover as consultas ou diigéncias que entender necessérias, em ‘especial a auiéncia dos representantes das candidaturas alingidas e do érgao de comunicagao social visado, devendo decidir no prazo de cinco dias a contar do recebimento da reclamacao. 3 ~ Tomada a decisd, esta é comunicada ao érgdo de comunicagéo social visado, que deve dar-the cumprimento no prazo de quarenta e oito horas. Artigo 10° Comissao mista E criada, junto da Comisséo Nacional de Eleigées (CNE), uma comisso mista integrada: a) Pelo Presidente da CNE, que preside; b) Por um vogal da CNE, eleito por dois tergas dos membros daquele drgao; ©) Por um membro do Conselho Regulador da ERC - Entidade Reguladora da Comunicagao Social 2A comissao mista é um érgdo da administrago eleitoral e funciona durante todo 0 periodo eleitoral,iniciando as suas fungSes no dia seguinte ao da publicagao do deoreto de marcacao do ato eletoral 3 Compete & comisséo: a) Aprovar o seu regulamento de funcionamento; b)Rececionar os planos de cobertura, a que se refere o artigo 6.°; ) Apreciar os planos de cobertura, a que se refere o artigo 6.°, com vista & sua validagao; d) Fiscalizar o cumprimento dos planos de cobertura pelos érgaos de comunicagdo social @) Assegurar que a cobertura jornalistica respeita os principios definidos no artigo 4. f) Assegurar que as publicagdes de cardter jornalistica dao um tratamento jomnalistico no ciscriminatorio as diversas candidaturas, nos termos do artigo 7.% 9) Exercer a mediacéo nos casos em que os operadores de televiséo em sinal aberto néo cheguem a entendimento quanto a realizagao de debates e & distribuigdo equitativa da sua transmisséo; h) Assegurar que os debates televisivos respeitam as regras © os critérios referidos no artigo 8°, i) Receber, apreciar e decidir as queixas apresentadas pelos representantes das candidaturas que se considerem prejudicadas pela atuacao dos érgaos de comunicagao social descanforme as cisposigdes da presente le |) Exercer as demais competéncias decorrentes da execucdo do disposto na presente Ie. 4 — A comissao funciona nas instalagdes da CNE e é por esta apoiada em termos de meios humanos, administrativos, tecnicos e logisticos. Capitulo it Propaganda eleitoral através de meios de publicidade comercial Artigo 11° Publicidade comercial 4 — A partir da publicagaio do decreto que marque a data da eleigdo & proibida a propaganda politica feta direta ou indiretamente através dos meios de publicidade comercial, 2 — Sao permitidos os aniincios pubiicitérios, como tal identficadas, em publcagdes peridcicas, desde que ndo ultrapassem um quarto de pagina e se limitem a utiizar a denominagao, simbolo € sigla do partido, coligagéo ou grupo de cidadéos e as informagdes referentes & reaizagao ~nunciada. 3 ~ So igualmente permitidos, nos mesmos termos do numero anterior, antincios publicitérios nas estagies de radioditusdo de &mbito local e bem assim nas redes sociais e demais melos de cexpressio através da internet, 4 — Nos vinte dias posteriores & marcagao do dia de realizagao do ato eleitoral, os partidos palticos © dermis entidades concorrentes ao mesmo devem notifcar, por via eletronica, a Comisso Nacional de Eleigdes sobre os servigos de publicidade comercial que pretendem utilizar, comunicando-os igualmente & Entidade das Contes e Financiamentos Polticos. '5 ~ No periodo referido no n 1 é proibida a publcidade institucional por parte dos éxgéos do Estado da Administragdo Publica de atos, programas, obras ou servigas, salvo em caso de ‘grave e urgente necessidade piblica. Capitulo IV Utilizagdo da intemet Artigo 12° Internet e redes sociais 1 = 0s érgos de comunicagéo social observam na ullizago da internet as mesmas regras @ que estéo adstritos, por forca da presente lei, em relagao aos demais meios de comunicacéo. 2.~ Os cidados que no sejam candidatos ou mandatarios des candidaturas gozam de plena libérdade de utiizacao das redes socials e demais meios de expresséo através da internet. 3 - As candidaturas, candidates, mandatérios, partidos politicos, ooligagées e grupos de cidados eleitores gozam de plena liberdade de utiizagao das redes sociais e demais meios de expresso através da internet, com excegéo da utiizagéo da publicidade comeicial, que se rege nos termos previstos no artigo anterior. — Capitulo V Regime sancioniatério Artigo 13° Violagao dos deveres dos drgaos de comunicacao social 1 - Aempresa proprietéria de érgaos de comunicagéo social que, fazendo a cobertura do periodo eleitoral, no apresente 0 plano de cobertura exigido pela presente lei ou que nao o cumpra depois de validado pela comisséo mista a que se refere o artigo 10.° é punida com uma coima de € 5,000 a € 50.000. 2 Na mesma coima inoorre a empresa proprietaria de érgdos de comunicagéo social que néo der, nas publicagdes de cardter jomalisico a que se refere o artigo 7.,tratamento jomalistico ‘no discriminator &s diversas candidatura. 3 - Incorre igualmente na mesma coima 0 érg8o de comunicagdo social que intngir 0 disposto non’ 6 do artigo 5.’ 4.- As coimas previstas nos nimeros anteriores so agravadas em um tergo nos seus limites minimo e maximo em caso de reincidéncia, 5 - Os destinatérios de decisdo indvidualizada aprovada pela comisséo mista quanto a auséncia ‘0u insuficiéncia do plano de coberturaficam sujetos a0 pagamento de uma quantia pecunidria a pagar por cada dia de atraso no cumprimento, contado da data da notticago da decisto. 6 - 0 valor diario da sangéo prevista no niémero anterior & fxado em € 1000 e reverte a favor do Estado Artigo 14° Publicidade comercial ilicita 1- Quem promover ou encomendar, bem como a empresa que fizer propaganda comercial em violagao do disposto no artigo 11° é punido com coima de € 15,000 a € 75.000. 2A coima prevista no niimero anterior é agravada em um tergo nos seus limites maximo em caso de reincidéncia, imo e Artigo 15° Orgao competente Compete @ Comisséo Nacional de Eleigées, com recurso para a secgao criminal do Supremo Tribunal de Justiga, aplicar as coimas correspondentes 4s contraordenacdes previstas no presente capitulo. Capitulo VI Disposigées finais Artigo 16° Norma revogatéria ‘So revogados: a) O Decreto-Lei n.°85-D/75, de 28 de fevereito. a) 08 attgos 54°, 63.°@ 122.° do Decreto-Lei n.°319-A/76, de 3 de maio; ) Os artigos 64°, 72° 131.° da Lein.® 14/79, de 16 de mai ) Os artigos 46.*, 49.°, 209° @ 212.° da Lei Organica n° 1/2001, de 14 de agosto Artigo 17° Entrada em vigor ‘A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicagao. Palacio de Sao Bento, ... de abril de 2015 Os Deputados,

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