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JOHN RAWLS Oo LIBERALISMO POLITICO "Anno oe ite CONFERENCIA IY A IDEIA DE UM CONSENSO SOBREPOSTO Vimos ialmente que oliberalismo politico procura responder 3 queso: como é possvel haver uma socedade escvelejusa,cujs ci- adios lives e iguas esto profundamence divididos poe doutrinas te Tigiosas ilosstcas e moras confliantes e ae incompativeis? As erés primeinss conferéncias apresentarim o primeira etgio da expos dla justiga como eqhidade, enquanto uma visio auro-sustentada volta dla para esa questo, Ese primeieo estigio apresenta os principios de Justiga que especifcam os termos eqlitativos de cooperagio entre ci- adios © mostra quando as instieuiées basicas da Sociedade So just. ‘O segundo estigio da exposigio — para 0 qual nos voltamos ago- 1 — considera de que maneia a sociedade democritica bem-orde- ‘ada da justica como equidade pode esabelecere presevar a unida- dee a estabilidade, dado o pluralismo razaivel que he €caracteratico [Numa tal sociedade, uma doutrina abrangentee razosvel nfo pode Barancir a base da unidade social, nem oferecer 0 conteido da ra2d0 ppablica sobre questdes politicas fundamentais. Porcanco, para que. fique claro como uma sociedad bem-ordenada pode ser unificada e cextvel,introduzimos outta idéta bisica do liberalismo politico, que ‘amina junto com ade uma concepso politica de justiga, a saber, a idéia de um consenso sobreposto de doutrinasabrangentes¢ 1204 ‘eis, Ness tipo de consenso, as doutrinaseazodveis endostam a con- cepgdo politica, cada qual a parte de seu ponco de vista especiico. A lunidade socal Beseia-se num consenso sobre a concepcio politica; € 4 estabilidadeé possivel quando as doutrinas que constituem 0 con- senso sio aceitas pelos cidados politicamente ativos da sociedade, ¢ a exigéncias da justiga no conflitam gravemente com os interesses 179 ‘essencitis dos cidador, tis como formados e incentivados pelos ar- ans soins dessa sociedade. ‘Depos de considers come o liberalism politico propriamente di 04 possvel e de explicar« questi da esabilidade,fago uma distin- «lo enere oconsenso sobreposto e urn madus vend. A seguit, examino ‘arias objegbes 3 idéia de unidade social baseada num consenso desse tipo. EsstsobjecBes precisam ser respondidas, pois sioobsticulos a0 «que acredto sera mais zoive base de unidade socal 20 nosso alcance §1. Como o liberalismo politico € possivel? 1. Uma das dstingBex mais importantes que hi entre as concep= es de jusige € a existente entre aquelas que admicem uma plurali- Gade de doutrinas abrangentes e razofveis, ainda que conflicanes, cada qual com sua pr6pria concepgzo do bem, e aquelas que dizem hhaver apenas uma concepsio desse tipo a ser reconhecida por todos (0s cidados plenamente rtzoiveise racionais. As concepgées de jus- tiga que se situam em lados opostos dessa linha divisia sto discin- tas de muitas maneieasfundamentas. Patio e Aristcele, ea rad 0 crit representada por Agostinho e Tomés de Aquino, situam-se fo lado de um Gnico bem razosvel eracional. Essasvisbesafiemam, ‘que as insticuiges slo justficsveis na medida em que promovam efe- tivament esse bem. De fato, comegando com 0 pensamento greg0. 8 tradigio dominante parece ser a de que hi apenas uma concepgio ra zoavele raconal do bem, O objetivo da filosfia politica — sempre vista como parte da filosofia moral, ao lado da teologiae da mesa sica-— €, portanco, determinaranatuteza eo conte dessaconcepeio do bem, O utilitarismo clissico de Bentham, Edgeworth eSidgwick faz parte desta traicio dominance. Vim que o liberalism politico supée, 20 contrério, que hi mui- tas doutrinas abrengentesrazosves e confiantes, cada qual com suas 1mm fie man ts So erie i, lo expose pa Jsenh ave Th My Presnell Pre oe Ronald won, “The onus fess Te Twn Lasso re ln Ge ake iy Unie 180 ¥ préprias concepgdes do bem ecicla qual coerente com a plenaracio= falidade das pessoas humanas, ento quanto se pode verficar com 0s ‘ecutsos de uma concepgto politica de justia’. Como dissemos antes, 6.2) essa pluralidade razodvel de doutrinas conflitances e inco- -mensuriveis é vista como um produto caacteristico da razio prtica no decorter do tempo sob inscirugées livres e duradouras. Porcanto, | questo que a tradiclo procurou responder aio cem resposta:ne~ ‘shuma doutrina abrangente € apropriada enquanto concepgio poli- ‘ica para um regime consicucional 2. Antes de perguntar como é possivel haver liberalismo politico, -goscaria de observar que a relagio politica num regime consticucio- ral eras duas seguinces caraceristicasespeciais [Em primero lugar, é uma rlagio de pessoas dencro da eserucuea bsica da sociedade, uma esrutura de instieuigdes bisicas na qual 6 ingressamos pelo nascimentoe da qual s6safmos pela morte (ou, pe- lo menos, assim podemos apropriadamence supor), Para n6s, parece {que simplesmence nos materializames, por assim dizer, vindos de lugar nenhuum, nessa posigfo do mundo social, com codas a5 suas vancagens e desvancagens, de acordo com nossa boa ou mi sorte. Digo de lugar nenhum porque nio cemos uma idencidade piblica ou pablica anterior: no viemos de outro lugar para entrar nesse mundo social. A sociedade politica €fechada: estamos dencro dela, ndo entra ‘mes ou stimos voluntariamence; na verdade, nio podemosfaxé-lo Em segundo lugar, o poder politico sempre & poder coeritivo ba- seaclo no uso que o Estado faz das sangSes, pois 35 o Estado tem toridade para usar @forga a fim de impor suas leis. Num regime 2. qu ¢ que embor lg gsc fiona qo, dad edt ecu so rea, pees re conepio ure dobro pode dears plt $e conn orga rane de Kat Mil a ja doin: {sive pepe ut vn ups saps Sera Mar a “Sarin dea ett vn, por cones ae ve ei th eet cing man ene sec ine {TA ceqrie de rempen de em pe oqo mca Ma ‘Se emis nrelei ge d seaeplie x 1st racterfatica especial da telaclo politica € que 0 po- der politico é em dltima insténcia, o poder do pablic, isto é,o poder ‘dos cidadios livres eiguais na condigio de corpo coletvo. Esse po- der éregularmence imposco aos cidados enquanto individuos e en {guano membros de associagées, alguns dos quis podem nio acecat 5 razdes que muitos dizem justficar a estrutura geal da autoridade politica —a constituigio — ou, quando a aceitam de fo, poder justificados muitos dos esarucos promulgados pela A qual esto suis, da legitimidade da esrucura gerl da au ‘oridade, a qual aidéia de razdo pablica (VD est intimament liga- 4s, O pano de fundo dessa questo € que, como sempre, vemos 0 ci ddados como azoivei acionas, bem como lives iguais, camber ‘vemos a diversidade de douerinasreligiosss, filos6ficas e moras a ove, encontradas em sociedades democriticas, como wma caracte- ristica permanence de sua culcura pablica. Dado iso, e consideran= ddo-se 0 poder politico como o poder dos cidados como um corpo coleivo, perguntamos: quando esse poder € apropriadamente exerci do? Em ourraspalavns,& luz de que principiose ideas deveros,en- ‘quanto cidadios lives ¢ iguas, cer condigGes de nos vermos no exer~ cicio desse poder, e nosso exercico precisa ser jusifcivel para outros cidados e deve respitarofato de serem eazniveis eracionais? ‘Acessa pergunta,olibeelismo politico responde: nosso exercicio de poder politico é inceitamente apropriado somente quando es de cordo com uma constituigio,cujas elementos essenciais se pode ra ~zoavelmente esperat que todos os cidadios, em sua condicio de livres ¢iguais, endossem 3 luz de principios¢ideaisaceiciveis para sua ra- io humana comum, Esse € 0 principio liberal de legitimsdade. A es ‘i defnigdo acrescentamos que codis a quests tratada pela legis- lacura que digam respeico 20s elementos essenciais ou a questOes ‘ar qea ierc de peo econ opin ceed ‘late ein (7.32) ln velo rca do amin de polis ae {age dating de ecco A sire nbn um coma ms peo then opr gtr suv lsd ura uname sb poe (035, Ferner qoes ug um gut mparaneee deve cts a trem sip Sp gue wa co dao mann poste docs eae ‘hectare os pes uo ods pene, go lone nes oes 192 bisieas de justia, ou que sobre eles incidam, também devem see re- solvida, tanto quanto pessivel, pelos prinipiose ides que podem, ser endossados da mesma forma. Somente uma concepio politics de jusciga da qual se possarazcavelmente esperar que todos os cidadios ‘endossem pode servir de base razio & jusifcagio publica Digames, entio, que, num regime consticucional, hd um domi- no especial do politic idencficado plas duas caracteristias descri~ ‘as acima, entre outta. O politico distingue-se do assocacional, que € voluntécio de formas que 0 politico nio o€;e também se diferen- cia do pessoal e do familial, que sio afetivos, ambém estes de for. ‘mas que o politico ndo 0 € (0 associacional, o pessoal eo familial sio, apenas ers exemplos do nio-poliico; hi outros). 4, Dada a existEncia de um regime constiucional razoavelmente bbem-ordenado, dois pontos sfo centrais para o liberalismo politico, Primeiro as questdes sobre os fundamentosconsticucionais e25 ques Bes de justiga sica devem, tanto quanco possivel, ser resolvidas unicamence por meio do apeloa valores polcios. Segundo: outea ver ‘com respeico iquelas mesmas questdes fandamentais, 08 valores po- liticos expresos pelos princpios e idais dsse regime normalmente ‘cém peso suficiente pura superar codos os ourros valores que podem entrar em conflto com eles, ‘Ao defender esas convieges, claramente estamos supondo uma \determinada telacio entre valores politicos elo-politcos. Quando se diz que fora da Igreja no hi slvagio e, por conseguinte, que um regime constitucional no pode ser aceito a menos que seja inevité- vel, precisamos dar uma resposta. Em vista de IL-3, dizemos que ‘uma doucrina assim ado €razodvel: ela prope o uso do poder politi 0 piblico — um poder no qual ot cidadios tém uma pare igual — pra impor uma visio conectada a elementos constiucionas esen. Ciais sobre os quas € provével que os cidadsos, enquanta pessoas ra 3. pt pd rome de do it signa quien, Ui mac eta era queso ds etme oe dei poste ei Sapo (leap cng ox da pale sec op land ota ‘lesen reac, Puma ceo go pps tie gic note 183 zoiveis, divirjam ineransigentemente. Quando hi uma pluralidade de doutrinas razoiveis, no ¢razodvel querer usar as sangies do po- ‘der do Eseado para corigi ox pun aqueles que discordam de és, ‘Aqui € importance enfatizar que essa resposta ado significa, por cexemplo, que a doutrina ers elsia melam salts nio sej verdadeia Dig, isso sim, que aqueles que quetem usar 0 poder politico do pa Dlico paca impd-la ndo estdo senda razodveis (1:3). Ndo se est zendo com isso que aquilo em que acreditam sea falso. Uma repos: ta gerada por uma visio abrangente — 0 tipo de resposta que gortarfamos de evitar na discussio politica —diria que a douttina fm questio exprime uma compreensdo equivocads da nacureza divi= nae, por iso, ndo € verdadeira. No entanto, como veremos adiante fem 4, talvesnio seja possvel evita inceiramence sustentar sua in ‘verdade, mesmo ao considerar elementos consticucionas essencais “Mas um ponto bisico € 0 de que, 20 dizer que no € razoivel im- por uma doutring, embora porsamos rjeicar essa doutrina como in- Correa, no ofazemos neceseriamente, Muito pelo contririo:é viel para a idéia de liberalismo politico que possemos, sendo perfeica- mente coerentes, afirmar que nfo seria razoivel empregar 0 poder politico para impor nossa propria visio abrangente, que devemos, fo hi dvida defender como razodvel ou verdadeirs, 5. Finalmente chegamos 3 questo de como, tal como 0 caracte~ ‘ize, 0 liberalism politico ¢ possfvel. Em outras palavas, como os valores do dom{nio especial do politico — os valores de um subdom‘- fio do rena de todos s valores — normalmente superam quaisquer ‘outs que possam confliar com eles? Ousea: como podemos defender ‘nossa douttine abrangentee, 20 mesmo tempo, afitmar que do seria ‘azovel usar o poder estatal para obter a adesio de alguém a ela? (A resposta esse questo, cujos wirios aspectosdiscutitemos a par- tir de agora, rem dus parces complementares. A primeira diz que os valotes do politica sio valores muito importantes e, por isso, no € facil supers-les: esses valores overnam a estrutura bisica da vida so- cial — os proprios fundamentos de nossa existencia’ —e especifi- ‘cam os rermos essencais da cooperacio politica e socal. Na justica 6A ine de} S Mi, Ueda 5.23 184 como equidade, alguns desses grandes valores — os valores da jusi- ‘8 — so expressos pelos principios de jusciga para a estrucura basica entre eles, os valores de igual liberdade politica e civil igualdade ‘lative de oportunidades; os valores da feciprocidade econémica; as bases socais do respeico miicuo entre os cidados. (Outros valores politicos importantes — os valores da raxdo p- blica — so expeesss pelas direerizes da indagacio pablicae pelos passes dados pata cotnar tal indagacdo livre e publica, além de bem Jnformad ¢ rxzoivel, Vimos em 14.1 quea concordincia sobre uma concepgio politica de justiga de nada serve sem uma concordincia ‘oncomitante sobre as diretizes da indagacio pica eas normas pata avaliar a evid2acia, Os valores da razdo publica nao incluem so- mente 0 uso apropriado dos concetos fundamentas de julgamenco, infertnciae evidéncia, mas também as virtues da razabilidade e da ‘mparcialidade, demonstradas pela adesio aos critérios eprocedimen= {0 do conhecimento correntee pela aceitagio dos métodos econcl~ sbes da ciéncia, quando aio slo controvertidos. Também devemos, respeitar os preceitos que governam a discussio politica razoével, [Em conjunto, esses valores exptessam o ideal politico liberal se _gundo 0 qual, como 0 poder politico €0 poder coeritivo de cdadios livres eiguais enquanto corpo coletvo, esse poder deve ser exercido, ‘quando esto em jogo elementos constitucionaisessencais e ques- oes bisicas de justige, somente de formas que se pode esperar que ‘rds os cidadios endossem, 6, Portanto,o liberalism politico procura apresentar uma Vs esses valores como aquees de um dominio especial — 0 politico — «por conseguinee, como uma visio que se sustenta por si mesma Cabe 40 cidados individualmence — como parte da liberdade de luz de sua rao humana comues ‘consciéncia — estabelecet a forma pela qual os valores do dominio, politico se relacionam com outros valores de sua douerina abrangen- €e, Pois sempre supomes que os cidadios em cuss vides, uma abran- gence e ourra politica; « que sua visio global pode ser dividida em ‘duas pares, apropriadamente celacionadss. Fsperamos que, a0 fazer isso, possamos, na pritica politica de fato, fundamentar os elemen- os consticucionaisessenciais ea instiwigoes bisicas da jusica uni 185 ‘camence em valores politicos, compreendendo-se esses valores como, base da rzio eda justficagio pablicas, ‘Mas, para que isso aconcesa, precisamos da segunda parte —com- pplementar — da resposta& questio de como o liberalismo politico € possivel. Essa parte diz que a histéria da religiao e da filosofia mos- ‘a que hi muitas formas razodveis de entender 0 reino mais amplo dos valores de modo a serem congruences ou servirem de apoio, ou pelo menos de modo ano conflitarem com os valores apropriados 20 dominio especial do politico, da maneita especificada por uma concepsio politica de justice. A histria nos fala de uma pluraidade de doutrinasabrangentes que ado slo desatrazoadas. Isso possibilita ‘um consenso sobreposto, reduzindo, assim, 0 conflio entre os valo- res politicos ¢ os outros valores. §2. A questio da estabilidade 1. melhor apresentar justiga como eqlidade em dois estigios (13.67. No primeiro ertégio ela €arcculads como uma concepio, politica (e moral, evidentemence) auto-suscentada pa bisica da sociedade, Somence depois disso, ¢ com seu contetdo — pincfpios de justiga e ideas. ‘enfeentamos, no segundo estégio, o problema de saber se 2 justica como equidade €suficientemence estivel, Se no for, io se cata de uma concepilo politica satisfasria de justia, devendo ser cevista de alguna forma, ‘provisoriamente formulado, é que 1B di gin cormepnde i at prt do pet qu pa ps “pn ce eee conn fe dpa expen, ogo, uae [fmm sna sede bended pelo pice slcenar na pee pate neti, eo grove ea memo un ean eae 9 basa Fars ‘Souapr is eeiecn pi, Yer cp, VLR. © sure en fi pic {Sua rope eager oe Psp econ ime ue i de ‘moetnrm at taetemene ee gti on ede ep (but sana, $8 Sr etd pte pp 1,30 6 186 ‘A estabilidade envolve duas questes: a primeira € saber seas pes soas que crescem em meio a insieuigbes jusas (como a concepcio politica as define) adquitem um senso de justigasufciente, de modo a geralmence agirem de scordo com essas insticugies. A segunda € saber se, em vista dos tos gerais que caracterizam a cultura politica « pliblica de uma democracia — e, em particular, o fat do plurais- mo razosvel —, » concepsio politica pode se 0 foco de um consenso sobreposto. Pressuponho que esse consenso consista em douerinas abrangentese razosveis que, em uma esteucura bisica jus (como a conceptio politica define), provavelmence persstrdo econquist io adeptos no decorrer do tempo. ‘Ambas as questdesFequerem uma resposta em separado. A pri- ‘meira € respondida pela exposiclo da psicologia moral (1:7), de aco sdo.com a qual os cidados de uma sociedade bem-ordenada adqui- em um senso de justica nocmalmente suficiente, de tal modo que agem de acordo com seus arranjos justos. A segunda é espondida pela idéia de um consenso sobreposto€ pelo enfrentamento das vi- ‘as difculdades geradas por ele (§§4-7). Embors o problema da esabilidade tenha estado presence para ngs desde o comeco, sua discussio explicitainicia-se apenas se- _gundo esto, pos agora dispomos dos principio de justia para a extrutura bisica. © contetdo desses principos ao éafeeado de ma- neira alguma pelas doutrinasabrangentesespecficas que podem exis- tir na sociedade. Iso porque, no primeiro estigio, a justca como ‘eqllidede abstea o conhecimenco de concepgies especificas do bem, ‘que os cidadios tém e parce das concepges politicas compartilhadas de sociedade e pessoa, requeridas pela aplicagio dos idess princ pics da a2Zo petica. Assim, embora uma concepgio policica de jus- tiga lide com o faro da pluralismo razoive, essa concepcio no € por Iicica da forma errada, isto €, sua forma e contetdo milo do afecados pelo equilibria de pode politico cxistente entre doutrinas abrangen ‘es, Nem seus prineipios exprimem um compromisso entre as dou tinas predominances, 187 ‘0 fazem parted justiga como eqidade enquanco concepgo politi= a Essa restr invocam as idéias de razonbilidade e racionalid de que se aplicam aos cidadios ese manifeseam no exercicio de suas capacidades morais. As estigdes no se referer, emborao limiter, ‘0 conteida substantivo da concepces abrangentes do bem, 4, Um enteate mour qu segue dies coe ia de Ronald Deka ‘Speen em Founda Liberal Ege Ton Lar Ha Vel (ae Eke Cry Une fh Pe 190) mo 1. Suen ema emo pK pede sate (eps ago) poem guru nde 2 ‘mis gc ls pcp pce eden en cr peeps an 4 ‘liu ibe decile qr elo proper conde pr psn ote {ito ef dee nn peste 9d do ea como tee (Src, Moa eur mos fle a al cones soba bes, ‘else cn smh cre dee po, emblem erie prema fcas enextt os el. Cam oma do eae eed ‘Bere ene mol go dao or icp oi ie eo ld, ese ‘eve una erp gage ng we Dom un nero gu ar pen die Beta Ue onan di pas peel ‘td inn © aed comre eo sega ergs ue Dern im ‘eumceptcs suman do bom dea eu conc ea de leo malo (ate) no pus guru aie cme td, ets inns Suns ba ews mune sd sees ent de ras eee pao ean dia Se eet, onsale pss tes eur ds aides) gnc pda de ve lic Nis eno sbeis ae i dt ‘Dowd com oben sang e Kan Mile a a io maa fede nde leper pape Se ap pr ern oi. 260 CONFERENCIA VI A IDEIA DE RAZAO PUBLICA’ ‘Uma sociedade politica, e, na verdade, codo agente razovel ea ional, quer seja um individuo, uma familia, ues associagdo ou mes~ ‘mo uma confederacio de sociedades politica, tem uma forma de ar ticular seus planes, de coloca seus fins numa ordem de prioridade € cde comar suas decises de acordo com esses procedimentos. A forma como uma sociedade politica fez isso sun razio; a capacidade de fa- 8-lo também 6 sua zo, embors num sentido diferente: é uma ca- pacidade ineleceual e moral, baseada as capacidades de seus mem- bros humanos [Nem todas as rates so razdes pblicas, pois emos a razdes ao ppblicas de igreas, universidades e de muitas outras asociagies da sociedade civil, Em tegimes aristoceiticos e aurocrticos, quando 0 bbem da sociedade & considerado, isso ndo € feito pelo pablico, se é [que ele existe, mas pelos governsntes, sejam quem forem. A fa2i0 prblica écaraceeristica de um povo democritico: € a razio de seus ‘idadios, daqueles que compartitham o satus da cidadania igual. 0 objeto dessa razio é 0 bem do pablico: aquilo que a concept poli tca de justia requer da estrucurabisica das instiuigBes da socieda- 1, Da confor fom as ela pri ver Unie de Cairne Irie onl de ever omg de marge Se 990d elder trun qe neehrinome en emeagen 81 Melia rp de tia eve oe eet becca tude cn tet el st {Shy eiorstwre om Gu Wn a Wean, (Maree David Eton 261 dee dos abjetivos fins a que dever servit.Portanto, a razto pili ‘4 € pablica em erés sentidos: enquanco a razZo dos cidadios como tis, 4 razdo do pilbico; seu objeto €0 bem do pablico eas ques- ‘es de justia fundamental e sua natureza econceito sfo pablices, sendo determinados pelos ideais e prineipios express pela concep 0 de justia politica da sociedade econduzidos 3 vista de codos s0- bre esta base (Que sasio piblica deva ser entendida dessa forma e respeitada pelos cid ndo é,evidentemente, uma questo juidica. Enquanto ‘concepo ideal de cidadania para um regime democriico constitu ional, ela mostra como as coisas devem ser, considerando as pessoes ‘is como uma sociedade just e bem-ordenada as encorajarie a set Desceeve o que é possivel e pode via se, mesmo que isso nunca ocor- 13 eno € menos fundamental por isso. $1. As questies ¢ fruns da razao piblica 1. A ida da rao pblica ¢ frequentemente discutida, tem uma longa histériae, de alguma forma, €amplamente aceita’. Meu obje tivo aqui centar expressi-la de forma aceicivel, como parce de uma ‘oncepsio politica de justiga que 6, num sentido amp liberal 21.0 nage pola ing de Kan ee opal ero rad en “What isthe 178m dsr ene ages ls Hct ‘lsu anes cde de Kane come por ee x Cro Pon Bae B76 57 in ee Se ar Onrs Nel Cora Ras Cable Cage Unveaty Ps, 1989 cap. 2. The Pic Uo Reso” Vera Seu fui rete, -Vinatng Reon Ph nb Cnpn Kan, spin poe hint Cnki Urey Preis tase Dei je Ey ae el Lo Camb Cab ret Pros. ‘em A Mater Primes 39-71, Ces acme, Pato of Moral Compleat "altel {Erle Pal Foory 18 aon de 9901 Tomar Nel, Equal mt Pea (Ror rk OnfrdUnney Pr, 991, cp. Par dope de ma Sus vl (i de dorcel, ser Jomo Coben “Delibetin s Deocai 262 ara comecar, eu ditia que, numa Sociedade democeitica, a ra2i0 pblica € a razio de cidados iguais que, enquanco corpo coletivo,, cexercem um poder politico final e coercitivo uns sobre os outros 20, ‘promulgat leis eemendar sua constituicio. © primeiro problema é ‘que os limites impostos pela eazio pica nfo se aplicam a todas as, quests polities, mas apenas aguelas que envolvem o que podemos ‘chamar de “elementos constieucionais essenciais™ e questdes de jus tiga bsica (estas tleimas so especificadas em §5), Isso significa que somente valores politicos devem resolver questdes fundamencais tas ‘como: quem tem direito a0 voto, ou que religides devem ser toler das, ou a quem se deve asseguratjgualdade equitativa de oportuni~ dade, ou ter propriedades. Estas e questbes semehances so o obje- ocespecial da ruzio pablia, Mut, se nio a maiora, das questdes publicas no dizem respei- 0 a extes problemas essenciais a legislaao fiscal, por exemplo, € mites leis que regulam a peopriedade; estatutos que protegem 0 ‘meio ambiente ¢ conteolam a poluiio: a insiruigio de parques ma- consis ea presevagio de éeas de vida silvestre ede especies de ani mais e plantas; ea previsio de fundos para os moseus eas artes. E lao que, por vezes esses problemas envolvem, de fto, questesfun- -damencais. Uma definigdo completa da razio pibics deverialevar fem conta essa outras questbeseexplicar, com mais detalhes do que posso apresentar agus, de que manera dferem dos elementos consti- ‘ucionaisessencaise das questdes de justigabisica, e por que as es ‘trgBesimpostas pela r2230 piblica podem aio se aplicar a elas; ou, caso se apliquem, alo € da mesma forma, ou com o mesmo rigor. ‘Alguém pode pergunca: por que nfo dizer que todas as quests ‘em relasio Rs quais os cidados exercem seu poder politico finale Teg The Glan nner Asn Hain Ose Bs ick 189), ‘Sie afar paca Kot Grew, Reis Comicon n/a Chace pipe oa Be: Rat Ay "The Spr of Ch td Seat ad the OUigar af Ca lly an ab Afr vet 155) Pan Wetman, “The Spracon of Chchen Ste See Quetian fe Prdene ‘Ro Phan nt able Af 2 anean Se 990) came ere de Ah me tne edie fale, oscno Pah and Jie de Lawrence Slam, DePa ron 39190). 263 seria alguma ver admissive sar de seu imbito de valores politicos? Respondendo a iss, esclarego que meu objetivo € considerar primei- £00 caso mais importante em que as questées politicas dizem respei ‘0. questdes mais fundamentss, Sendo respeitetmos aqui os limi tivo was sobre os outros esto sujeitas A ranHo publica? Por que ‘esd razo pica, no serénecessirio respeitéclos em parte alguma Se eles se aplicam aqui, podemos entio passa para 0s 0uC0s C480, Mesmo assim, admito que, em geral, € extremamence desejivel f= solver quest&s politica invocando os valotes da raxdo pica. No entanto,talvez nem sempre isso sea possive 2. Ouera caracterstica da razio piblica€ que seus limites do se aplicam a nosias deliberagiese refleses pessoais sobre quests pol ‘eas, nem i ciscussio sobre elas por parte de membros de associagBes ‘como a igejas e universidades, consctuindo cudo isso uma parte vi tal da culeura de fundo, Nio hé dvida de que aqui €adequado que a8 consieragbes religioas, flosicas e morais de muitos ripos de- sempenhem um papel, Mas o ideal de eazdo piblica aplica-se aos ci- adios quando atuam na argumentacdo politica no fram publico e, por isso, eambém aos membeos dos partidos politicos e 20s candida os em campanhs assim como a outros grupos que os apéiam. Aplica- se igualmente 3 forma pela qual o cidadios devem vorar nas eleicbes, ‘quando os elementos constitucionais essencias e as questdes de justi- «2 bscaestdo em jogo. Portant vvema 9 discurso public das eleicdes, quando aquelas questes funda- mentais esto em jogo, como também a forma pela qual 0s cidados deve escolher no que vora a respeico dessus questdes ($2.4). Caso 0 ideal de rao publica nfo 56 go contritio, o discusso pablico core orisco de ser hipécrita: 0s cida- «os falam uns com os ouctos de uma forma evoram de outra 'No encanto, é preciso distinguir entre «forma pela qual o ideal de eazio pablica¢e aplica aos cidadios ea forma como se aplica 3s diversas autoridades do Estado. Esse ideal aplica-se aos Féruns oft- ciaise, por isso, as leisladores, quando falam no recinto do parl ‘mento, ¢ 20 exccutivo, em seus atos ¢ pronunciamentos publicos Apli do, a0 supremo tribunal numa democracia constitucional com con- se ambém, de uma forma especial, a judicitioe, sobrecu 264 + role daconstieucionalidade das les ("evisio judicial). assim por- que os juizestém de explicate justificar suas decisBes como decides Daseadas em sua compreensio da consttuigio, de estatutose prece- dents relevances. Como 05 aos do legslativo e do executive no pe ism set justifcados dessa manera, o papel especial do tribunal faz dele um caso exemplar de raz palin (§6). {§2, Razio piblica eo ideal de cidadania democritica 1. Volto-me agora para aquilo que, para muitos, é uma dificulda- de bésica da idéia de r2240 publica, uma dficuldade que a fax pare- ‘er paradoxal, Perguntam eles por que 0s cdadios, ao discuti € vo tar sobre as questdes politicas mais fundamentais, devem respeitar ‘oslimites da razio piblica? Como pode ser azoivel ou racional, quan= do questoes bisicasestZo em jogo, que os cidadios apelem somente pra uma concepséo piblica de justica,e aZo para a verdade como tum odo, tal como a véem? Evidentemente, a questdes mais funda- ‘mentais devem ser resolvidas apelando-se para as verdades mais im- portantes, mas estas podem transcender em muito a razio public! ‘Comeso procurando resolver ese peradoxo, e invocinda pars tan 0 um principio de legitimidade liberal explicado em IV:1.2-5, Lembre-se de que esse principio vinculs-sea duas caactersticase&- peciais da rlacio politica ente cidadies democréicos, ‘A primeita diz espeitorelagio entre pessoas no interior da es- ‘rutura bisica da sociedade na qual nasceram e onde normalmente passam coda a sua vida A segunda é que, numa democracia, o pode politico, que sempre € um poder coercitivo, & 0 poder do pliblico, isto é de cidados li- tes ¢iguais enquanto corpo coletivo. ‘Como sempre, supomos que a diversidade de doutrinas eeligio- sas, flosficas e moras razosveis encontrada em sociedades demo- criticas é uma caracterstica permanente da cultura pica, e fo uma simples condigio histérica que logo desapareced 265 [Uma vez suposto tudo isso, perguntamos: quando podem os ci adios, por meio de seu voto, exercer de forma apropriada 0 poder politico coercitivo uns sobre os outros quando questdes fundame {ais estio em jogo? Ou: luz de que principios ideais devemos exer- cer esse poder, se fzé-lo deve ser algo justifcivel dance dos outros fem sua condigio de livtese iguais? A essa pergunea, 0 liberalismo politico espande dizendo que nosso exercicio do poder politico é proprio e, por isso, jutificével somente quando &exercdo de acordo ‘com uma consti¢uigio cujos elementos essenciais se pode razoavel- mente esperar que todos os cidados endossem, & luz de principios © ‘deais aceitveis para eles, enquanto tazoiveis eraciomas. Esse é 0 principio liberal da legitimidade. E, como oexercicio do poder pol tico deve set legitimo, 0 ideal de cidadania impie 0 dever moral c ‘io legal) — 0 dever de civlidade — dese ser capar de, no cocante a essas questdesfundamentais,explicar aos outros de que maneira os, principios e poiticas que se defende e nos quais se vota podem ser Sustentados pelos valores politicos da razio pablica. Esse dever tam> bbém implica a disposicio de ouvie es outros, ¢ una equanimidade para decidir quando & razvel que se fagam ajustes para conciiar 05, propria poncos de vista com os de outros 2, Alguns poderiam dizer que os limices da razio pablica api cam-se somente aos féruns oficiais e, por isso, somente 20s leislado- res, quando, por exemplo, se manifestam no parlamento, ou ao exe cutivo e ao judiciério, em seus atose decistes pablico, Se respeitam, 2 razio pablica, entdo os cidadios dispem de razbes piblicas que justificam as leis com as quais devem concotdar eas politicas que a sociedade segue. Mas iso no vai longe o bastante. ‘A democraciaenvolve, como jé assinalei, uma relagio politica en tte cidados no interior da estrorura bisice da sociedade na qual nas ceram e na qual narmalmence passam coda a sua vida; isso implica sinda uma parce igual no poder politico coercitive que os cidados, ‘exercem uns sobre 0s outros ao votar,e de oucras formas também, 266 yy Enguanto razoiveiseracionis, sabendo-se que endossam uma gran- de diversidade de douteins religisaseflosicasrazoiveis, 0s cia- igs devem estar dispostos a explicar a base de suas agbes uns para {5 outros em termos que cada qual razoavelmente espete que outros possam aceitar, por serem coerentes com a liberdade ¢ igualdade dos ‘idadios. Procurae satisfizer essa condigio € uma dis tacefis que ese ideal de politica democréticaexige de n6s. Entender como se com- porear enquanto cidadio democritico inclui entender um ideal de ‘aio pablica. ‘Além diss, os valores politicos realizados por um regime consti- tucional bem-ordenade sio valores muito importants, do Feil superi-los; 0s ideais que expressam nio devem ser abundonados le- vianamence. Assim, quando 2 concepgio politica &sustentada por lum consenso sobreposto de doutrinas abrangentese razaiveis, 0 pa- radoxo da razdo pablica desaparece. A unifo do dever de civilidade ‘com os grandes valores do politico produz o ideal de cidadios gover- nando a si mesmos, de um modo que cada qual aredita que seria ra oGvel esperar que os outros acitem; e ese ideal, por sua ver, €sus~ tentado pelas doutrinasabrangeaces que pessoas razoéveis defender, (Os cialis defender o ideal da r2230 piblica nio em consequncia de uma barganha politica, como num mada vind, mas em vireude de suas préprins doutrinas razodve's. 3. Por que o aparente paradoxo da razio publica no é um para- dora € algo que fica mais claro depois que nos lembramos de que exis- ‘tem casos conhecidos com respeito as quaisreconhecemos que & pee iso alo spelar para a verdade como um odo, tal como a vemos, mesma quando é de fil aceso, Considere como, no julgarsenco de lum crime, as regras da evidénca limitam o testemunho que pode ser Jneroduzido, com 0 propésito de assegurar ao acusado o direiofun- -damencal de ter um julgamento justo, Ni 36 as evidéncias baseadas ‘em rumores so excludas, como tambem as que sio obtias por bus- case aprecasies arbitririas, ou por abusos praticados contra 0s acusa- dor ao se lhes deter sem informié-los de seus direitos. Tampouco se pode obrigar uma pessoas testemunhat em um peocesso no qual seja scusada. Finalmente, para mencionar uma restrigo que tem um fun- 267 _damento muito diferente, nose pode obeigar que cBnjugestestemu- ‘ahem um conta o outro, pars procegero importante bem da vida fa nliare para mostra rexpeico publico pelo valor dos laces ative. Pode-se objetar que esses exemplos estdo muito distantes dos li= mites envolvids em recorrer somente 3 razdo publica. Talvez ese jam distances, mas a idéia€ conhecida. Tedos esses exemplos so ca- Sos nos quaisreconhecemos o dever de ado decid tendo em vista a verdad toda, pata dessa forma podetmas respeitar um direico ou de~ ‘ver, ou promover um bem ideal, ou ambas us cosas. Os exempls ser- ‘vem ao propérito, como muitos utros serviriam, de mostrar como, rmuitas vezes, € perfeitamenterezoivel prescindie da verdade como, tum todo, ekem-se aa forma pela qual o suposto parsdoxo da razio, pblica€resolvido, O que precss ser demonstrado é se ese respeito 0s limites da razio piblica por parte das cidadios em geral € uma texigencia de certs direitos eliberdades fundamencais e seus conres- [pondentes everes, ou se promove cetos valores imporcantes, ou am- bas as coisas O liberalismo politico apdia-se na conjectura de que os, direitos e deveres, assim como os valores em questio, m peso suf ciente para que os limites da razdo pablicasejam justificados pelas avaliagbes globeis des doutrnas abrangentes razofveis, uma ver que ‘esas doutrnas tenham se adaprado & concep de justia 4. Com respeito a questbes poiticas Findamentais, 2 idéia de azo ppblicarejita as visBes comuns do voro enquanto uma questio pri~ ‘vada ou aé pessoal. Um ponto de vista € ode que as pessoas podem ‘vorar apropriadamence em favor de suas peferéncase interesessociais © econdmicos, pars no falar de suas avesbes e 6dios. Dizem que a democracia € 0 governo da maiora, ea maioria poe fazer o que qui sec. Um outro ponto de vista, muito diferente, 60 de que as pessoas, podem vorar aaquilo que véem como certo e verdadeiro, tal como Tndicam suas conviegGes abrangentes, sem levar em conta as razbes prblicas, [No entanco, ambos esses pontos de vista so semelhantes, porque fnenhum dees reconhece o dever da civilidade, nem respeit os limi 268 ‘da eazio pibica quando se cata de vorar em questées de elemen- ‘os consicucionaisessenciaise de justca bisica. O primeira € guine do por notsas preferinciase ntereses, 0 segundo pelo que entende= _mos sera verdade coda, Em comparagio, a ruzio publica, com seu dever de civilidade,oferce uma visio sobre o voto a respeito de ques ties fandamentais que, de ceta forma, lembra Do contrat sia! de Rousseau, le va o voto como um ato que, em eermos ideas, expr ‘me nossa opinizo em relagio a qual das alternativas promove o bem ‘comum da melhor manera §3. Razdes ndo-piblicas 1, A natureza da pablicafcaré mais clara se considerarmos as diferengas entre ela eat razdesnfo-pablicas. Em primeiro lugar, hi ‘muitas razbes ndo-piblicas, mas apenas uma eazio pblica. Enere as, sazbes no-pablica,cemos as de todos as tipes de asociagSes:igeeas ce universidades,sociedades centficase grupos profissionais. Como jd disse, para agir de forma razoivel erespoasével, 0s 6rgioscoletvos,, sim como os individues, peecisam de uma forma de argumencasio, sobre o que deve se feito. Essa forma de argumentacdo¢ pablica com. respeito a seus membros, mss nZo-publica com eespeito a sociedade politica «aos cidadios em geral, As razbes nio-publicas compreen- dem as muita rzics da sciedade civil efazem parte daquilo que ch mei de “culeura de fundo" em contraste com a culeura politica pi blica. Essa rads so socais,e certamente no so privadas “Tadas as Formas de argumentagio — quer individuais,asociaci- tivas ou poliicas — precisam respeiear certos elementos comuns: 0 6 Thiel Cnrat io Nap. HA 7A ung publi palia ns eae diol ne pia eid na ‘nS rads um no pads ca ie beste O quest fc mus nates Seances seid ue coniuem a fn = ‘yer uma rane domain igumen — ao fms rome bond opciinde que com ane com sao ples gute 269

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