Você está na página 1de 313
PROF. AELFO MARQUES LUNA Materials de Engenharia Elétric Volume I Revisdo das Propriedades dos Materiais Estudo dos Dielétricos MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA VOLUME | PROF. AELFO MARQUES LUNA APRESENTACAQ Desde 1973, quando comeyamos a lecionar a disciplina de "Materiais Elétricos ¢ Magnéticos" para os alunos do curso de Engenharia Elétrica da UFPE ¢ da Escola Politécnica, pertencente a extinta FESP, hoje UPE, observamos além da caréncia de obras didéticas em lingua patria sobre o tema considerado, uma certa dificuldade na abordagem dos assuntos pelo fato de estarem dispersos em muitos livros, em publicagdes técnicas, ou ‘em catélogos e artigos apresentados em congressos ou seminatios de engenharia, Assim sendo, em margo de 1979, com © propésito de tentar reunir numa s6 obra todas as informagGes possiveis sobre os materiais usados pela engenharia elétrica, reunimos nossas notas de aula e publicamos o primeiro volume do livro texto "Materiais para Engenharia Elétrica", editado pela Companhia Hidroelétrica do Sdo Francisco- CHESF, empresa na qual, na época, exercia minhas atividades profissionais, concomitante com as de docente, Neste primeiro volume foi apresentado uma introdugdo as propriedades gerais da matéria e um estudo sobre os materiais dielétricos. A idéia original era publicar mais 4 volumes tratando respectivamente do estudo dos materiais condutores, dos semicondutores € dos magnéticos, encerrando 0 quinto volume com uma abordagem sobre os principais problemas da construgao elétrica, Por razies varias esse projeto ficou restrito ao primeiro volume ¢ a elaboragdo de trés apostilas sobre materiais condutores, semicondutores ¢ magnéticos, complementando de forma parcial o nosso projeto inicial. Decorridos mais de 20 anos da nossa primeira tentativa editorial observamos no horizonte nacional a surgimento de poucas obras tratando do tema, além das reedigdes do clissico “Eletrotécnica Geral" do prof. Emnani da Mota Rezende, cita-se entre elas a obra de prof Walfredo Schmidt ("Materiais Elétricos", em dois volumes, publicados pela Edgard Blucher, editados por sina! em 1979) ¢ posteriormente o livro de Deleyr Barbosa Saraiva, "Materiais Elétricos" editado pela Guanabara-2, em 1983. Deste modo constatamos a permanéneia, da falta de um maior oferta de livros didéticos em lingua portuguesa sobre 0 assunto, um pouco atenuada pelas obras anteriormente citadas. Tal constatagéo nos animou, desde 0 ano de 2000, a voltar a trabalhar no projeto de fazer um livro texto mais completo, ou methor dizendo compilar numa obra mais completa ¢ atualizada sobre os materiais usados pela engenharia elétrica, baseado como sempre cm minhas notas de aula e na compilagiio de varios autores conceituados. cujas obras constam na nossa bibliografia Entendemos que o objetivo da disciplina, hoje chamada na UFPE, de "Tecnologia dos Materiais", é de capacitar os alunos no conhecimento das propriedades e das téenicas de processamento dos materiais utilizados pela Engenharia Elétrica, visando subsidiar sua selegio criteriosa , baseada na anélise de suas propriedsides, permitindo assim que se possa ‘aumentar a eficiéncia, a vida Gtil e a confisbilidade das maquinas e equipamentos elétricos, bem como reduzir os seus custos de manufatura ¢ de manutengao, Depreende-se dei a importincia do estudo das propriedades dos materiais, tanto nos seus aspectos qualitatives, quanto quantitativos. A abrangéncia dos assuntos tratados nesta disciplina caractetiza uma abordagem de natureza multidisciplinar, transformando-se numa excelente oportunidade para aplicagao dos conheeimentos de Fisica € Quimica, aprendidos no inicio do curso de engenharia. conceito de propriedade é percebido nesse trabalho como a “a reagho peculiar que 0 material apresenta quando solicitado por um agente externo". A modema Ciéncia dos Materiais vé uma importante correlagdo entre a estrutura dos materiais e as suas propriedades, principio este que possibilitou um extraordindrio desenvolvimento desta nova ciéncia, Neste primeiro volume, nos Capitulos II e IIL, € feito inicialmente uma recapitulagao das principais teorias sobre a estrutura da matéria, bem como sobre as diversas formas de agregago da matéria, Em seguida, nos Capitulos IV a IX, ainda obedecendo um critério de revisdo, so abordadas as principais propriedades mecéinicas, térmicas, clétricas, magnéticas dticas € quimicas dos materiais, sendo esta diltima propriedade enfocada mais sob o ponto de vista dos fendmenos de degradago dos materiais, No Capitulo X ¢ realizada uma introdugdo geral ao estudo dos dielétricos, descrevendo as suas principais caracteristicas, tais como os fendmenos de polarizagiio e de perdas.. Nos capitulos XI e XII sfo estudados os materiais dielétricos gasosos, explorando-se com mais detathes 9 seu comportamento condutivo e a sua rigidez dielétrica, quando submetidos a campos elétricos uniformes e no uniformes. A seguir so consideradas as principais propriedades e aplicagbes do ar, nitrogénio, hidrogénio, diéxido de carbono, gases nobres e gases eletronegativos, destacando 0 hexafluoreto de enxotre (SFs). O efeito Corona ¢ as "descargas parciais" so também objeto de uma andlise no Capitulo XII, No Capitulo XIII so examinados os liquidos dielétricos, em particular os éleos isolantes de origem mineral, enumerando as suas principais caracteristicas, aplicagdes , ensaios laboratoriais e os métodos de recuperagio de dleos contaminados. No capitulo XTV também. sto tratados 05 dleos sintéticos a base de bifenis policlorados (ascareis) e outros dleos resistentes ao fogo, tais como 0s fluidos de silicone, ésteres organicos e outros. No capitulo XV € desenvolvida uma introdugao mais detalhada dos dielétricos sélidos, abordando-se os fendmenos de condutividade e diversos tipos de rigidez dielétrica que se ‘manifestam, em especial a disrupgao de natureza eletrotérmica, onde o fator temperatura & relevante. Nesta Capitulo, ainda ¢ elaborado um estudo minucioso sobre o envelhecimento térmico dos materiais ¢ dos fatores que afetam este processo, culminando com a apresentagao da_classificagdo térmica dos materiais isolantes elétricos, estabelecida pela IEC (Comissao Elétrica Internacional). Encerrando este Capitulo as mais extenso, é feita uma descrigio_analitica dos _fenémenos que ocorrem quando do aquecimento/reftigeragao das méquinas elétricas, destacando a importancia dos dispo de arrefecimento utilizados por elas. ‘Nos capitulos XVI ¢ XVI sdo estudados os polimeros de origem natural ¢ sintética e suas aplicagdes sob a forma de produtos plastics, salientando-se entre eles os silicones. No ‘Capitulo XVIII sao abordados os vernizes, as massas “compund", os betumes e asfaltos ¢ as ceras. Nos Capitulos XIX e XX sio considerados os materiais dielétricos fibrosos (papel e papeldo) as micas. Finalmente nos Capitulos XXIa XXII sio vistos a porcelana e © vidto como materiais diclétricos e suas aplicagdes mais importantes sobre a forma de adores no Capitulo XXIII. E nosso proposito, no Volume If, desenvolver um estudo semelhante sobre os materiais condutores, semicondutores e magneticos, encerrando assim este extenso e multidisciplinar conjunto de informag6es sobre os materiais usados pela engenharia elétrica. Esperamos que este livro texto possa ser itil aos nossos alunos de Curso de Engenharia Eleniea, modalidede Fletrotéenica e ficamos na expectativa de receber as criticas ¢ contribuigdes que possam aprimora-lo. Para a elaboragdo de um trabalho desta natureza foram despendidas muitas horas de trabalho, muitas vezes noites a dentro, em detrimento de nosso lazer e da companhia de nossa familia, mas que nos proporcionou imenso prazer to vé-lo concluido. Sem sombra de diividas elaborar um livro téenico ¢ um ideal digno de qualquer sacrificio e nos conforta a certeza de dividir com os nossos leitores os conhecimentos e experiéncias que aqui tentamos transmitir. Fazemos questio de frisar que as figuras e graficos usados neste trabalho tiveram todos eles as suas fontes de origem devidamente indicadas. Por fim queremos dedicar este nosso trabalho a minha querida esposa Vania, que muito nos estimulou e aos nossos preciosos filhos ¢ netos.. Prof. Aelfo Marques Luna Recife; outebrode2004— flexfe, Janta & 2006 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume [DICE DOS ASSUNTOS Volume I Tem | Assunto Pagi ‘Capitule T= Tntrodugto Ti introduslo e perspectivas histOricas 1 12 ‘Citneia dos Materiais ¢ Engenharia 2 13 ‘Conceito de propriedade 3 it ‘Critérios de selegto dos materials 4 15 (Classifieagao dos materiais 4 16 [Qualitatividade —e — quantitatividade das, s propriedades 7 Relevincia da metrologia é 18 no Brasil eos orgios 7 19 Cielo dos materia a 1.10 [Recursos ¢ reservas de materials 9 ‘Um exemplo da multiplicidade dos materials no] 12 ‘campo da engenharia el6trica Capitulo HM - Estrutura atémica e Nignsbes| interatémicas 21 Estrutura da matéria- Breve histérico 3 22, ‘A dualidade do elétron 16 23) ‘Caracteristicas importantes das partieulas| 16 subatémicas ‘A tabela periédica de Mendeleyev 7 ‘As ligagées atémicas wo Ligacdes idnicas 19 ‘Ligacies covalentes 19 Ligacdes metilicas 2 Ligacdes secundirias ow fracas 23 Em busea dos tijolos fundamentals da matéria =| 24 Leitura para reflexio > ‘Capitulo III - Estados da matéria 3a [O estado gasoso 28 32 ‘O estado liquide 29 33 ‘O estado sélido 31 33.1 __ [As extruturas eritaiinas 31 33.2 | Estruturas amorfus 32 333 [Bstruturas mistas 33 38 Classificacio dos materiais slides 34 36 ‘Algumas conclusées 36 Capitulo IV - Propriedades mecdnicas ‘Natureza dos esforcos mecinicos B Deformagbes elisticas e plisticas 40 Duetilidade e maleabilida a z Dureza a a5 ‘Outras propriedades 45 Capitulo V - Propriedades termicas Escalas termomeétricas e unidades de calor B MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume I Capacidade calories 2 ‘Transmissio do calor 30 Expansio t€rmica 52 Capitulo VI- Propriedades elftrieas ei Condutividade e resistividade eletrica 5 62 ‘Bandas de energia nos materials s6lidos 57 63 Condugho elétrica em termos das bandas de[ 60 energin ‘Mobilidade dos elétrons a Resistividade dos meta @ Tnflugncia da temperatura Gl Tofluénein das impurezas 64 Influéncia das deformagbes plisticas oh Semicondutividade 6 ‘Os materias islantes (delétricos) 6 ‘Capacitineiae coustante dielétricn os Rigidez delériea o Capitulo VII - Propriedades magnéticas 7a ‘Os fendmenos magnéticos 7h 72 Dipolos magnéticos Ti 73 [Campos magnéticos © outresparimetros|"—— 72 maguéticos 7A_ | Nogées sobre a origem dos fendmenos magnéticos a TE | Cinssfiengo dos materiais magnéticos 75. Capitulo VII - Propriedades Sticas ar tos bisicos 9 82. Ses da luz com 0s sides aL [8.3 [Polarizagto eletrdnica - 82 Ba Propriedades Gticas dos metais 8 os Propriedades Gticas dos nko metals 84 86 Fendmenos de fuminescéncia 35 Lasers 85 Capitulo 1X Propriedades quimicas 3a Reatividade quimiea 3 92 Corrosto e degradagio dos materia $8 93 ‘Conceito de corrosio 39 94 Processo de deterioragio por dissolugio quimica 39 95 Oxidugio eletroquimica dos metais 30 96 ‘Oxidaglo eletroquimiea do ferro em atmoafera|” 92 imida a7, Fendmenos de corrosto galvanien 3 98 Prevengio da corrosio 37 9.8.1 Revestimentos protetores 38 Proteslo eat6dica 9, Uso de inibidores de corrosio 99, vitar a formagio de pares galvinicos 39) ‘Capitulo X = Bstudo dos dielétricos 101 | Conceito de dieétrico 102 102 [Dieltrico Ideal versus dieletrico real 103 ‘Mecanismos de polarizaeio nos dielétrisos 104 Perdas nos materiais dieéiricos 107, Propriedades higroseépicas Wos materinis 110) Capitulo XI Propeledadee gerals dos gases dielétricos u a 9 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF, Aelfo Marques Luna - Volume | Til [ Coniideragies init Tia Os gases dielétricos AIS ‘Condutividade don eee 5 11.4 | Perdas dielétricas nos gsaes 117 115 | Disrupedo eldtrica dos gases 118 Capitulo XII Dielétricos gavoaos esas aplicagbes 2:1 | Vantagens da téenien de isolapto gasosa ia 12.2 [Estmdo do ar 127 12.3 | Beito corona 128 Descargas incompletas 131 12:5 | Descargas parcial 131 12.6 Estudo do nitrogénio_ 133 12.7 —}Gis earbinico 133 12.8 | Estudo do hidrogénio 133 12.9 | Estudo dos gases nobres 134 12.10 | Estudo dos guseseletronegativos 138 1.11 | Estudo do SF, e suas aplicaSes 135 12:12 [Outros gases eletronegatives 138 (Como aconteceoefeito pelicalar 139 Capitulo XIII = Liquidosdielétricos ‘Comportamento-dosliguldos dieléricor ia Condlutvidade das dielétricoslquides tai Rigierdielétricn dos Vquidos iso 143 Gteo nineral derivado do petréleo 148 Propriedades dos dleos minerais isolantes: 146 Garacteristinsfisieas 146 (Caracteristcaselétricas 146 (Caracteristieas quimicas 17 ‘Campos de aplicagSes dos deosisolantes 148 ‘Anilise do éleo mineral isolante 150 Ensaio de rigider\ dilérica 1S Teor de apm 153 “Teor de acidez ou indice de neutralizagio 153 “Tensto interfacial 153 Fator de poténcia 154 ‘Andlise cromatografica dos gases disolvidos 155 Gases permanentss 158 Métodos « equipameator usados para realizar a] ~~ 157 andlisecromatografica 139 | Reeuperagio dos Sleos miners soantes 57 139;1 | Técnicas de recondicionamento 158 13.9.2 —[ Téenleas de regeneracio 159 ‘Capitulo XIV = Geos sinticos stu dos ascares : 1a Processo de obtengso do ascarel 163 Propriedades do ascarel 163 Aplicagdeseletrotéenicas do ascarel 164 ‘Outras aplcasées do ascarel 168 O acidente de Yusho, no Japio 166 Interdisfo descarte do asearel no Brasil 166 2 ——[ luidos de silicone 167 14.3 | Outros liguidordilGiicosressientes ao Fogo 166 143.1 Esteres organi 169 14.3.2 |Hidrocarbonetos de alto peso molecular (R-Temp) 170 ML MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume 1 143.3 [Novos liquidos resistentes a0 fogo 170 ‘Capitulo XV = Dielétricos silidos isa Estudo da condutividade dos dielétricas sOlidos 17 18.2 [Estudo da rigidez dielétrica dos sdlidos 173 152.1 [Fatores que influenciam s variagho da rigidez| 174 dielétrien dos slidos 15.22 | Tipos de disrupslo dielétries dos s6lidos 175 153 |Envelhecimento térmico 178 15.3.1 [Lei de Montsinger 178. 1532 |Lei de Dakin 179 154 |Classificagdo térmica dos materiais isolantes| 181 elétricos TSS |Fatores “que afetam 0 envelhecimento dos] 183 materinis isolantes 156 | Mecanismos de aquecimento/refrigeraglo das| 184 smquinas elétricas Refrigerasdo direta__ de enrolamentos de] 188 hidrogeradores Capitulo XVI - Polimeras 16a Introdugio Dr 162 [Os hidrocarbonetos 192 16.3 Moléculas poliméricas 192 164 | Processos de obtenco dos polimeros 193 16.4.1 |Polimerizagio por adigao 194 16.4.2 | Polimerizacio por condensagio 195 16.5 |Estrutura molecular dos polimeros 197 16.6 | Comportamento térmico dos pe 199 168 | Polimeros naturais 199 16.9 | Pollmeros sintéticos 201 16.9.1 | Pollmeros termoplisticos 201 16.9.2 | Polimeros termoestaveis 204 16.11 | Elastmeros ou borrachas 205 16.111 [Principals tipos de elastémeros 207 16.2 |Modalidades de aplicagies dos polimeros 208, ‘Uma reflexto ecolégica 208 ‘Capitulo XVII - Plisticose silicones Td Definigées e composigUes dos plisticos 2 17.2 | Obtengio industrial dos produtos plisticos 212 17.3 [ Aplicagdes dos materials plisticos 215 17.4 [Siticones 215 17.5 | Propriedades gerais dos silicones 216 17.6 | Processos de obten¢do dos silicones 217, 17.7 | Diferentes tipos de silicones 219 ‘Capitulo XVIII ~ Vernizes, miassas “compound”, betumes/asfaltos e ceras 18.1 [Os vernizes aE 18.1.1 | ClassificagSes dos vernizes 223, 18.1.2 | Cuidados na aplicasto dos veralzes . 226 18.1.3 | Métodos de Impregnacdo 237, 18.2 | Massas ¢" compound” 229 18.3 | Betumes 0 asfaltos 230) 184 |Ceras 231 "Transformadores encapsulados em resina (eecos) _ (Capitulo XIX - Materiais fibrosos Vv < 4 a a a « q « « « < q « q q 4 4 « 4 4 4 4 4 4 q 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 « 4 4 « 4 4 4 4 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. Aelfo Marques Luna - Volume | 19:1 [Os materials fbrosos Ba 19.2 [Madeira 235, 19.3 |Fapet 138 ‘Um pouco de historia 236 19.4 |Tipos de papéis usados como isolantes 238. 19.5 | Aplicagées do papel _ 239 19.6 | Papelio dielétrico 241 19.7 __| Fibras sintéticas 2402 Uso de capacitores para corregio do ator de] 243, poténeia Capitulo XX A mien i ‘A mica a5, 20.2 Processos de extragio da mica 246. 20.3 cipais propriedades das micas 246 20.6 Produtos micacéos usados pela inddstria elétrica 247 205 Mica sintética 299 ‘Capitulo XXI - Produiot cerfimicos FIR Porcel 251 21.1.1 | Obtengio da porcelana 252 22 Prineipais propriedades da porcelana 258, 21.3 [Aplicagses eletrotécnicas da porcelana 259 21.4 | Outras variedades de poreclana 260 ‘Capitulo XXII - Estudo do vidro ma ‘O que é 0 vidro 102, 22.2 | Fendmeno de transigio vitrea 262 2.3 Tmportincin da velocidade de resfriamento do} 264 videp 2a.4___ | Tipos de video 266 22,5 Processos de obtengao do vidro 269 22.6 | Propriedades do vidro 270. 22.7 | Aplicagbes eletrotéenicas do vidro 270. 22.8 | Fibras ae vidro 27 Tim poueco da hist6ria do video 213, (Capitulo XXIII - Estudo dos isoladores 2B Estudo dos isoladores usados em linhas de] 275 transmissio ‘Tipos de isoladores Te Nivel de isolamento para as linhas de alta tensto 280, Caracteristicas mecinicas ¢ elétricas dos Isoladores |__281 ‘Correntes de fuga nos isoladores 282 Poluigho nos isoladores 282 Esforgos solicitantes nos isoladores 283, Distribuigdo das tensdes nas cadeias de isoladores 286 Estudo comparativo entre os diversos isoladores 288, Bibliografia consultada Dados biograficos do autor ‘Tabelas de conversio -MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 CAPITULOI 1.1 - INTRODUGAO E PERSPECTIVAS HISTORICAS (Os materiais cercam 0 homem de todos os lados e desempenham um papel crucial na cultura e desenvolvimento da humanidade. Na habitagdo, no transporte, nas vestes, rnas comunicagées, no lazer ena alimentaga0, ou seja em cada segmento do Estrutura—* — Propriedades > Desempenho MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL I 1.4- CRITERIOS DE SELECAO DOS MATERIAIS Hé varios critérios nos quais so baseadas as decisbes finais para selegdo adequada dos materiais, O primeiro de todos é a caracterizagio das condigBes de servigo, a partir das quais € possivel delinear as propriedades requeridas pelo material'a set Utilizado, Somente em raras oportunidades as propriedades de.um material atendem dd forma ideal as condigées de servigo, onde € entdo necessério buscar uma solugdo de compromisso entre as propricdades. Exemplo classic envolve a resisténcia rmecfnica e ductilidade dos materia: normalmente, um material que tem alta resisténcia mecdnica tem uma limitada ductilidade. Em tal condigdo um razoavel ‘compromnisso entre duas ou mais propriedades pode tornar-se necessério. {Um segundo critério considera a degradacdo das propriedades que pode ocorrer com 0 material quando em servigo. Exemplo: redugao da resisténcia mecdnica como decorréncia de temperaturas elevadas ou de corrosso ambiental Finalmente, um aspecto que provavelmente supera em importincia aos outros ros citados 6 a questdo econémica. Quanto custard o produto final 2 material é ‘encontrado com facilidade na natureza’? E também em quantidades adequadas para atender a demanda comercial ? Seu processamento é complexo ou simples 2. Muitas ‘vezes um material pode ser encontrado com um elenco ideal de propriedades, fentrelanto, 0 seu custo é proibitivo. Mas uma vez. ¢ inevitével adotar uma solugao de compromisso entre os diversos requisites. 1,5-CLASSIFICAGAO DOS MATERIAL Existe uma imensa variedade de materiais e sob o ponto de vista de suas aplicagdes na Engenharia _podem ser classificadas de varios modos. (Os materiais podem ser agrupados segundo o seu estado de agregagto, assim tem-se ‘os materiais no estado gasoso, liquide e sélido. A Ciéncia pesquisa atualmente outros estados de agregagiio dos materiais tais como 0 “plasma” e a “matéria condensada” Os materiais podem ser de origem natural ou sintétiea ¢ também podem ser de natureza inorgdnica ou orgdnica. (Os materiais inorgdnicos compoem a maior parte da crosta teragtre. So encontrados nas rochas ¢ constituidos de metais ¢ seus derivados, 6xi iroxidos, sulfetos, silicatos, cloretos etc. Isto é, pertencem ao denominado reifo Mineral. ncluem ainda ‘compostos de todos elementos, com exceso do carbono cm \ubstincias organicas. ‘Os materiais orgénicos compreendem a grande parte dos produtos renovaveis, pertencentes aos reinos Animal e Vegetal. Todos contém carbono hidrogénio, podendo apresentar também em sua composi¢do atomos de oxigénio, nitrogénio, tenxofte ou fésforo. Um exemplo desses materiais © dos mais antigos é a madeira. ‘Aos materials naturals 0 homem acrescentou uma grands diversidade de outros produtos , destacando-se entre eles os pollmeros sintéticos, cuja caracteristica principal & apresentarem pesos moleculares elevados. Os polimeros so produtos rgdnicos, para os quais a matéria prima principal 0 petréleo. Sn Le OH EOOOHLOO44444ORHEOEOAEE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 1.6- ASPECTOS DE QUALITATIVOSS E QUANTITATIVOS DAS P ROPRIEDADES © conhecimento cientifico de uma propriedade, ou seja, 0 conhecimento cientifico da reapio que o material apresenta quando solicitado por um estimulo extemo, pode ser de natureza qualitativa ou quantitative, © primeiro resulta de tepresentagdes ‘esqueméticas que ajudam 0 observador a determinar previamente quais as variaveis ue podem ser controladas. Como exemplo considere-se a informag2o qualitativa de que a resistividade dos metais condutores aumenta com a temperatura., ou seja, limita-se a uma descrigfo fendmenolégica da propriedade e dos fatores nela rvenientes. Por outro lado 0 conhecimento cientifico quantificado , como o préprio nome diz, mede os resultados produzidos pela reagio do material ao estimulo cextero, este também devidamente mensurado. A propriedade € assim caracterizada por um nimero, que & expresso mediante um “sistema de unidades”, bem definido e tuniversalmente aceito, némero este obtido por meio de procedimentos ou processos de medigdo devidamente “normalizados”, os quais parametrizam a ago dos fatores extemos varidveis que podem influenciar a quantificagao do conhecimento. ‘Adotar procedimentos ou processos normalizados significa dizer que as medigSes da propriedade devem obedecer a um conjunto padronizado de operagies © usar instramentos de medi¢do devidamente aferidos. Esses procedimentos assim padronizados constituem a origem das normas. AS normas so acordos documentados que contém especificagdes técnicas ou outros critérios precisos destinades « ser utilizades de forma sistemitica, tanto sob formas de regras, diretrizes ou definicdo de caracteristicas para assegurar que os materiais, produtos, processus e servicos sito aptos para seu emprego adequado e confidvel. ‘A idéia de medir esté intrinsecamente associada as atividades do engenheiro. Pitdgoras, famoso matematico que viveu alguns séculos antes de Cristo, dizia que os “ndmeros regem o mundo”. Lord Kelvin dé também uma mensagem muito importante sobre a quantificagiio dos fendmenos observados pelo homem: “Quando podemos medir alguna cousa de que falamos e podemos expressa-ta em mimeros nds sabemos algo sobre ela; mas quando ndo podemos expressa-ta em ‘mimeras, nosso conhecimento um conkecimento pobre e insuficiente © conhecimento cientifico quantificado das propriedades dos materiaié possibilita seleciona-los de forma correta e adequada, ou seja, permite a escolha criteriosa de materiais de BOA QUALIDADE. Nos dias atuais, de economia globalizada fortemente competitiva valoriza-se muito a “qualidade” dos materiis, entendendo-se como tal esse atributo ou condiggo dos materiis que os distingue de outros e Ihes determina uma ceracteristica peculiar mais valiosa.. Por este conceito acima expresso a qualidade parece ser, a primeira vista, uma idéia Yaga, se 0 processo de sua avaliagao permanecer no campo puramente qualitativo, ou seja, no cxpressar-se quantitativamente por melos de ntimeros, como ¢ recomendado por Lord Kelvin, Pode-se afirmar que a METROLOGIA, consituida pelos sistemas de ur fs tmetricas, reconhecidos universalmente, tais como o Sistema Internacional SI, sistema CGS ete, em conjunto com « NORMALIZACAO, constituida por sta ¥ MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 pelo conjunto de normas, técnicas intemacionais e nacionais, formam um “continuum” que desdgua na caracterizagio da QUALIDADE. METROLOGIAs—— NORMALIZACAO Z QUALIDADE, ‘Nio pode haver qualidade sem normalizagéo ¢ esta para sua aplicaglo, depende de medigSes com instrumentos aferidos adequadamente ¢ da expressio das grandezas medidas, segundo um sistema metrolgico universalmente consagrado, Tem-se . portanto, a METROLOGIA como base, a NORMALIZAGAO como referéncia © @ QUALIDADE como fim. O niimero que mede, ou seja, 0 ntimoro tetrico, & 0 fundamento de todos 0s conhecimentos cientificas ¢ técnicos © veio transformar a QUALIDADE ~ uma idéia relativamente vaga - em QUANTIDADE, ‘uma idéia precisa. 1.7- RELEVANCIA DA METROLOGIA. E preciso frisar que a metrologia ndo se preocupa tio somente com uso adequado de sistemas de unidades padronizadas © reconhecidas, mas também com a aferigo © calibragio dos instrumentos de medigfo utilizados nos provessos produtivos ¢ comerciais. Para tal mister existe no Brasil uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Indistria , do Comércio ¢ do Turismo, denominada INMETRO ~ Instituto Nacional de Metrologia, Normalizagio ¢ Qualidade Industrial que atua como érezo executive do Conselho Nacional de Metrologia, Normalizagdo ¢ Qualidade Industral ~ CONMETRO, colegiado este que € drgio normative do Sistema Nacional de Metrologia, Normalizacto e Qualidade Industrial - SINMETRO. Esta estrutura fol crlada pelo Governo Federal pela Lei n. 5966 de 11/11/1973, cabendo a0 INMETRO substtuir 0 entdo Instituto Nacional de Pesos e Medidas — INPM e ampliar seu raio de ago a servigo da sociedade brasileira. Historicamente, desde o Primeiro Império, 0 pals preocupou-se com a uniformizagso das medidas brasileiras, que eram na época numerosas e confusas, sendo, portato, causadoras de transtomos comerciais prejutzos financeiros. Mas apenas em 1862, D Pedro TL promulgava a Lei Imperial n. 1137 e com ela oficializava, em todo terrt6rio nacional , o sistema métrico decimal francés, tendo sido o Brasil uma das primeiras nnagBes a adotar 0 novo sistema decimal, que seria paulatinamente utilizado em todo o mundo. Em 1961, com a criag%o do Instituto Nacional de Pesos e Medidas - INPM, jé mencionado anteriormente, foi implantado no pais o Sistema Nacional de Unidades ‘em todo territério nacional. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA VOL 1 1.8- A NORMALIZACAO NO BRASIL E OS ORGAOS INTERNACIONAIS No Brasil conjunto de Normas Técnicas para as engenharias € coordenado e claborado pela “Associngao Brasileira de Normas Técnicas- ABNT™ A.ABNT € uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940 e reconhecida bito nacional como intemacional, sendo a representante no Brasil da IEC ¢ da ISO, ‘Tabalhos de elaboragdo das normas técnicas s8o realizados por meio de Comités, Nestes Comités so reunidos diversos profissionais de cada setor especifice de renomada experiéncia técnica. A ABNT jétem no seu acervo mais de 7500 Normas Técnicas. A obediéncia rigorosa as Nonnas Técnicas ¢, sem sombra de dividas, o aval mais valioso do engerhoire para sssegurar, tanto a qualidade dos materiais como dos produtos © DAS obras resultant. A nalureza das normas da ABNT pode ser identifcada por mieio das siglas que precedem a sua numeragto: —[Classificagio NB |Procedimento Especificagio PB |Padronizagao Método, SB_|Simbologia Terminologia Convém anotar que nas normas INMETRO (precedido pelas let foi registada na ABNT. Dente os diversos Comités da ABNT, 0 de n.03, trata especificamente dos assuntos relacionados com a érea da Engenharia Elétrica Observa-se que as Normas Técnicas da drea clétrica so fortemente jn hormas européias, especialmente nas normas da Intern ABNT, além do nimero de registro da norma no tras NBR), também consta o ndmero com que a norma rganiza¢do mundial que elabora e publica pezinas internacionais para tudo aquilo que é tratado pela eletrotéenica . eletroniee ¢ do fomentar 0 desenvolvi Conexas no mundo, tendo em vista a facilitagto do comérc as nagdes, bem como desenvolver a cooperagio nos dor tecnico e econdmico, de bens e servigos entre ios intelectual, cientifico, MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 ‘Outros paises possuem também Srgiios de normalizagio que sio influentes no ccontexto internacional, tais como: - ‘ANSI- American National Stendards Insitute. - ASTM- American Society for Testing Materials yor NEC- National Electrical Code ve & DIN- Deutsches Institut fr Normung 3 AFNOR- Associ Frangaise de Normalisation ¥ BSI- British Standards Institute . GOST- Russia - VDE- Alemanha * IRAM- pilus Arent de. omen de Materiales ay . COPANT — Corncss2d Pane Prrertcana 60 VS ’ MN = AesOecd ctor Percy, Adbrerint Faces 4 or 1.9-cICLO DOS MATERIAIS. * °° ~ Le. Mar make pois, Mower Eewepein, Lt VOIm Teen uy (Os materiais consumidos pela humanidade podem ser visualizados como fluindo num. vasto ciclo de materiais, ou seja, poucos sfo 0s materiais que podem ser usados no seu estado natural ou bruto. Na sua grande maioria eles sio elaborados, ow seja, submetidos a diversos processos de transformagées fisicas © quimicas que 0 ‘conduzem a sua forma final de uso. Assim as diversas etapas do processamento sto: Estado bruto [So extraidos da terra por meio de rocessos de mineraco. perfuracio, exploragio et. Exemplos: petréleo, metais. Extragdo das ervores nas florestas ete Estado bruto intermediario (Os materiais so convertidos em) materiais BASE, ou seja,| beneficiados. (Os metais por processos metalingicos so transformados em lingotes; 0 ppetr6leo em produtos petroquimicos (naftay; em madeira serrada; em ipedras compostas etc. Materials de engenharia (Os lingotes de metal alumiinio so transformados em fios isolados com [produtos potiméricos derivados do petréleo; @ madeira € transformada| em madeira compensada; os produtos petroquimicos sfo transformados em componentes plisticos etc "Uiilizagio como produto final Ultimo estégio & a aua utilizagio nos equipamentos, méquinas, dispositivos etc. -MATERIAIS DE ENGENHARIA FLETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA VOL 1 A capacidade de produgio dos materiais ¢ estreitamente ligada aos recursos naturais © as possibilidades de reciclagem dos residuos. Nos dias atuais a acumulagao de equipamentos ¢ de bens de consumo ¢ acompanhada de um excess0 localizado de ‘materiais usados (sucatas). Apés seu desempenbo a servigo do homem, os matcriais fetomam como sucata ou sob a forma de residuos e percorrem 0 caminho de volta a terra, ou se vidvel penetram no denominado “cielo de reprocessamento”. Exemplos significativos sto exibidos pelo aluminio, ferro, cobre, vidro, papel etc. H4, portanto, um sistema global de transformagdo regenerativa. A recupera¢do para os polimeros orginicos é mais dificil em face de sua estrutura quimica ser mais complexa Neste ciclo existe uma forte interagao entre @ matéria, a energia envolvi Processos e 0 meio ambiente. MATERIA. >| ENERGIA MEIO AMBIENTE Po Esses trés elementos nfo podem ser desassociados, particularmente nos dias de hoje quando a qualidade do espago vital & muito questionada pelos ambientalistas.. Muitos dos materiais que usamos sio derivados de fontes niio renovaveis, isto &, de recursos impossiveis de serem regenerados. Nestes incluem-se 05 polimeros, para os quais a matéria prima bisica € 0 petnileo. Estes recursos esto se tomando aradualmente escassos, o que demandaré as seguintes providencias: 4) Descoberta de novas reservas adicionais; b) © desenvolvimento de novos materisis que possuam —propriedades comparéveis, porém apresente impacto ambiental menos adverso; ©) Maiores esforgos de reciclagem e/ou o desenvolvimento de novas teenologias de reciclagem. Como decorréncia desse quadto esté se tomando cada vez mais importante considerar © ciclo de vida dos materiais “desde 0 bergo até o seu timulo”, em relagéo ao seu processo global de fabricacto. Na Fig, 1.3 € apresentado um diagrama descrevendo o ciclo dos matetiais, com as suas maliplas fases de transformagées sucessivas, que vlo da exploragio dos recursos naturais até a formagdo dos residuos. Uma gestio dtima deste ciclo & muito dificil de se realizar na pritica. 1.10 - RECURSOS E RESERVAS DE MATERIAIS Os recursos de um elemento quimico sfo constituldos pela quantidade deste elemento disponivel na crosta terrestre, nos oceanos e na atmosfera e que podem ser extrafdos no futur. Para calcular os recursos de um elemento deve-se ter em conta a sua concentraszo ‘media na crosta terrestre até uma profundidade relativamente baixa, ou seja, 1 km de rofundidade. Esta porgdo limitada da crosta terrestre corresponde a uma massa de MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL cerca de 10 ton. A concentragio media dos elementos quitmicos na crosta terrestre & geralmente muito baixa para que os trabalhos de extragio ¢ obtengdo da maioria dos metais sejam rentéveis, Somente as jazidas, ou seja, somente nas zonas onde a concentragto de um mineral € importante, valem a pena ser exploradas comercialmente. AA parte dos recursos que é atualmente susceptivel de ser explorada economicamente & ‘denominada de reserva. As reservas s0. muito menores que os recursos © o limite ‘entre os dois € determinado pelo conjunto de fatores econémicos ¢ tecnol6gicos relacionados com a sua exploragdo. Eles variam ao longo do tempo ¢ dependem igualmente das estratégins econdmicas praticadas pelos paises possuidores dessas riquezas e dos grandes grupos industriais, DISTRIBUICAO PORCENTUAL DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS NA CROSTA TERRESTRE, NOS OCEANOS E ATMOSFERA Cresta Continental ‘Oeeanos, “Rimosters ‘(dkm) Massa de 10” Massa 10" ton Massa de 10" ton Oxighnio 47% Niropiaio 79% Silke 7% Hidrogtata 10% Onigéaio 19% ‘Aluminio 376 ‘Argénio 2%: Ferra 5% Calcio 4% Sodio 3% Pottssio 3%, Magnesto 276 7 Titanio 04% Dados extaidos & Ivo “Tniodueton Ia Science des Wairiant” de Wied Karz, Jean P. Meicier& Giaké Zambel Presses Polytechniquset Universes Romaine Suse. De acordo com a tabela acima, nove elementos quimicos compoem 99.4% da massa da crosia terrestre. Entre eles en -se dois metais muito importantes: 0 ferro ¢ 0 aluminio que sfo atualmente pfoduzidos cm larga escala. A concentragao média dos outros metais da crosta terrestfe e.__que)nio figuram na tabela ¢ inferior a 0,01%, ow seja, inferior a 100 g/ton. E 0 caso do-eobre que é, entretanto, produzido numa escala pproxima a do aluminio. A costa terrestre € composta, em cerca de 96% de seu volume, por éxidos que constituem recursos inesgotiveis para a fabricagio de produtos cerimicos. Os polimeros orginicos sto claborados a partit do carbono ¢ de hidrocarbonetos que ‘constituem igualmente de recursos muito extensos. A extragio ¢ a fabricagdo de produtos exigem uma enorme quantidade de energia, decorrendo dai que 0 prego dos materiais € fortemente dependente do custo da ‘energia. Do ponto de vista energético, os materiais organicos sto particularmente favorecidos, pois a energia necesséria @ sua sfntese (conteddo enengético intrinseco) ¢ 20 seu processamento € muito menor do que aquela necesséria & obtenglo © fabricagao dos metais e dos produtos cerémicos. Certos metais, como por exemplo, 0 aluminio, em particular, é consumidor intensivo de energia elétrica. Para se obter um kg de aluminio consome-se cerca de 13,4 kWh de energia elétrica. O crescimento da demanda pelos metais vem sendo contido pela sua substituigdo por materiais ‘orgfnicos em face de razses relacionadas com o custo da energia. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 CICLO DOS MATERIAIS Fig. 1 CONCEITOS CHAVES Desempenho do material Estrutura do material Metrologia ‘Normalizagio ‘Normas Técnicas da ABNT Normas IEC ¢ 180 Propriedade do material Processamento do material Qualidade Recursos ¢ reservas MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF, AELFO MARQUES LUNA = VOL 1 UM EXEMPLO DA MULTIPLICIDADE DOS MATERIAIS NO CAMPO DA. ENGENHARIA ELETRICA, Os materiais so frequlentemente caracterizados por suas funges ou suas propriedades mais tipicas: materiais de alta resisténcia mecdnica, condutores elétricos, imas permanentes etc. Para melhor conhecer as fungSes miltiplas que devem possuir os materia, observe-se a composigo de uma linha eléirica de alta tenso(foto acim. © cabo que deve transmitir a corrente elétrica deve ser um bom condutor de eletricidade. Como a tensfo elétrica € muita clevada, suspendem-se os cabos acima do solo (dai a expressdo inglesa muito usada “overyhead ines”) ¢ usa-se 0 ar como isolante, justificando assim a existéncia das torres de sustentagéo da linha. Para © numero de torres, © cabo condutor deve ser leve € bastante resistente & ruptura. Sabe-se que'os melhores condutores elétricos so os metais no estado puro: 0 cobre € 0 aluminio preenchem este ultimo requisito, entretanto, 0 aluminio no apresenta uma resistencia mecinica satisfatéria, Entdo € preciso usar um cabo condutor eomposto de varios matcriais. A alma do cabo € constituida de fios de ego muito resistentes as solicitagdes mecdnicas elevadas, mas caracterizados por uma condutividade elétrica fraca. A transmissio da energia eléttica ¢ predominantemente pelos fios de aluminio dispostos em volta da alma de ago do cabo, pois este apresenta uma condutividade bem maior que 0 ago. AAs torres sto fabricadas de ago para poder resist a tragdo dos cabos condutores, que nelas so suspensas e tensionados. O ago deve ser protegido contra a corrosio por meio de uma pintura protetora de natureza polimérica, ou por um revestimento metalico, como por exemplo, de zinco, a qual confere ao ago una melhor resistencia 0s ata sf, Tal processo de protecdo denomina-se “zincagem a quente” -owBalvanizagao”, ~~ Elementos isolantes so necess&ti05 para fixar 05 cabos condutores no alto das torres metalicas. Esta importante fungdo ¢ cumprida por meio dos isoladores feitos em | porcelana, que ¢ um material cerdimico. Podem ser usados isoladores de vidro,“como alternativa aos de porcelana. O concreto, que ¢ outro material cerimico, também ¢ usado nas fundages das torres. Acrescente-se ainda toda uma miscelénea de ferragens galvanizadas para efetuar as conexées entre os cabos € os isoladores ¢ destes com as estruturas de sustentagio. Conclusao: quase uma dezena de materiais é necessdria para a construgo de uma linha de transmissao de alta tensao. A combinagio eriteriosa de suas propriedades permite estabelecer um sistema funcional adequado aos propésitos do projeto. ‘Trata- ‘se evidentemente de um cxemplo pouco complexo, entretanto, mostra que toda realizagdo técnica coloca geralmente cm jogo um numero significative de materiai ‘cujas propriedades devem ser combinadas judiciosamente. Ri RR RRR REE RE EEE EERE BEE EEE EEOEEEEEEEEEERERAAABEERED MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA — VOL 1 CAPITULO IT ESTRUTURA ATOMICA E LIGACOES INTERATOMICAS Uma razio importante para se ter uma compreensio da estrutura e das ligasdes interatomicas se deve ao fato de que ela permite explicar as propriedades de um material, Por exemplo, 0 earbono, que pode existir tanto na forma de grafite como na forme de diamante, Enquanto, o grafite ¢ relativamente macio “como graxa” ao tato, o diamante € 0 mais duro material conheeido. A matéria com a qual é feito 0 mundo composta de particulas discretas, de dimensdes submicroscépicas e onde as leis de Comportamento sio descritas pelas teorias atBmicas. Os estados de organizagio da matéria sto muito variados, desde a desordem completa dos dtomos nos gases até a ordem ditatorial, quase perfeita dos stomos num monocristal, 2.1- ESTRUTURA DA MATERIA ~ BREVE HISTORICO. A curiosidade do homem sobre a constituigdo da matéria € muito antiga, remonta aos [lsofos gregos que defendiam a tese de que a matéria nfo é continua e sim composta de Pequenas particulas indivisiveis chamadas dtomos (palavra grega que significa no divisive), Esta teoria € devida ao filésofo Demécrito que viveu quatrocentos anos antes de Cristo prevaleceu por mais de 20 séculos, até as chamadas leis ponderais de John Dalton (1805), que afirmavam: 8) A matéria é constituda de pequenas particulas chamadas de étomos; b) 0 tomo ¢ indivisivel e sua massa e seu tamanho é caracteristico para cada elemento quimico; ©) Os compostos sto formados de atomos de diferentes elementos quimicos. Em 1811 Amedeo Avogadro, completou a teoria atémica de Dalton, criando o conceito de molécula e em 1883 Lord Kelvin fez. a primeira estimativa do tamanho dos Atomos ¢ moléculas, cerca de 10° cm. A essas teorias segui-se uma fascinante histéria de modelos descobertas sobre a intimidade da matéria a qual vale a pena fazer uma breve retrospectiva. J. Thomson, em 1897, descobre experimentalmente que o étomo éra composto de Particulas com carga elétrica positiva, chamada depois de protons e de particulas carregadas hegativamente, as quais ele deu o nome de elétrons. Este titesmo J.J. Thomson, induzido por Lord Kelvin, formulou, em 1904, um modelo que deserevia o atomo como uma esfera de eletricidade positiva © no seu interior estavam distribuida os elétrons, Como a matéria ; via de regra, é eletricamente neutra, considerou-se que a carga elétrica dos prétons e dos elétrons devia ser a mesma a fim de se cancelarem, 13 +B 4 Ee=energia final £ hh =constante de Planck (6,5262 x 10° Js) e v a freqléncia da radiagdo. "Uw'>") y yet MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 Entretanto, em 1911 este modelo foi derrubado pelas experiéncias de Emest Rutherford com 0 espalhamento de particulas alfa (niicleos de hélio) quando bombardeava laminas finas de varios materials. Rutherford propos assim um novo modelo, no qual a carga elétrica positiva estava concentrada numa regigo central do dtomo , muito pequena, chamada de nicleo , ¢ os elétrons girariam em torno do niicleo, atraidos eletricamente. Um a a X | modelo bastante similar ao sistema planetirio. Veja a Fig. 2.1 (a). Contudo este novo modelo de Rutherford apresentava uma séria dificuldade: se os elétrons giravam em toro do niicleo, de acordo com a teoria classica do magnetismo, irradiavam energia sob forma de ondas eletromagnéticas; assim sendo os elétrons perderiam energia / neste movimento de rotagao e se precipitariam sobre o niicleo do tomo. Veja a Fig. 2.1(b). ‘A resposta para este impasse foi concebida por Niels Bohr (1913) quando afirmou que os elétrons de um dtomo sé podem mover-se em determinadas drbitas ao redor do nticleo, sem absorverem, nem emitirem energia. Segundo Bohr 0 numero dessas érbitas podia ser até 7 (para dtomos maiores) ¢ receberam 0 nome de “niveis ou camadas eletronicas” i 5 Ae] S 7 seio0 earegaco e eF pesivamente se @ ©) Fig, 21 (4) Model do dtomo de Rutherford. (6) 0 eron_preciptndos sobre o nileo do domo, (Adaptado do livro de Angelo Fernando Ps Edt. Hemus~ SP). ““Materiais de Engenharia - Microestrutura e Propriedades” Foram designadas a partir do ndcleo pelas letras K.L,M,N,O,P € Q. Niels Bohr também afirmava, em um segundo postulado, que um elétron pode passar de um nivel para outro, bastando para tanto o fornecimento de energia (por exemplo calor) para que um ou mais elétrons absorvam esta energia passando para estagios encrgéticos mais elevados. Se o tomo adquire energia suficiente, o elétron pode até separar-se do tomo, ficando este ionizado. Em caso contrario, se 0 elétron passa de uma érbita de maior energia para uma de menor energia, como decorréncia deste movimento 0 elétron emitird radiago, A energia radiante emitida ou absorvida surgira como um féton, de freqligncia v, de acordo com a equacio: -Er=hv (2.1) energia inicial “vee aod ye Oe MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 Se E-> Ej, 0 dtomo absorveré um foton; se, a0 contrério, E; >Erele emitird um foton Entretanto, a teoria de Bohr ndo foi capaz de explicar diversos problemas relevantes levantados pelos cientistas. Na verdade Bohr usava os conhecimentos da mecdnica clissica de Newton e estes eram insuficientes para esclarece-los. ‘Novas contribuigdes foram sendo propostas e a teoria de Bohr foi modificada com base na mecénica quantica. Entre as novas contribuigdes importantes tais como a proposigdo de Sommerfeld, em 1916, afirmando que 0s elétrons de um mesmo nivel néo estéo igualmente distanciados do néicleo, porque as érbitas além de circulares podem ser elipticas. Esta abordagem sugere que todos os elétrons de uma mesma camada nfo sfo iguais. Esses elétrons se subdividem em subcamadas energéticas ou subnivcis.. Esscs subniveis podem set de 4 tipos: s, p, de f. Estas designagdes derivam do inglés: s de ‘sharp”; p de “principal”; d de “difuse” e f de “fine”. Nacleo Fig, 2,2 — Represemtagto do étomo de aluminio segundo modelo de Bohr. (Adaptado de Angelo Fernando Padilha ~*Materiais de Engenharia ~ Microestrutura e Propriedades"- Edt, Hemus -SP), As camadas ou niveis eletrOnicos K,L.M... ete, anteriormente citadas, podem também ser identificadas em fungiio do seu numero de ordem (n), a partir do niicleo, conforme indicado abaixo kK oL Oo P @Q nS a=6n=7 Cada capa ¢ limitada a um némero maximo de elétrons dado por 2.n°, onde n é também denominado de NUMERO QUANTICO PRINCIPAL. De acordo com esta restri¢ao sto preenchidas as diversas camadas, até que o tomo alcance o seu niimero total de elétrons. A tabela abaixo mostra a seqiléncia de preenchimento de conformidade com a equagdo 2n”. Cama |S, a Elétrons EK z L 5 M if N 32 o 30 = > 7 g 3 1s 4% MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 Por sua vez o numero maximo de elétrons em cada subnivel ¢ 2, 6, 10 € 14. A representagio mais usada ¢ a segui sypSaive ti No sentido de melhor entender a redistribuigdo de energia nos subniveis das camadas eletrénicas uma boa ajuda é prestada pelo PRINCIPIO DA EXCLUSAO DE PAULI, 0 qual postula que cada um destes subestados energéticos nao pode ser ocupado por mais de que dois clétrons, e assim mesmo de “spins” opostos. O conceito de “spin” esta relacionada com 0 movimento de rotagio que o elétron tem em torno de si mesmo, além daquele movimento de translagiio ao redor do niicleo. Este “spin” gera um momento magnético quantico denominado de MAGNETO DE BOER e cujo valor € 9,29 x 10° apap.” Dive 2.2- A DUALIDADE DO ELETRON Mas a revolugdo produzida pela mecénica quantica foi mais além ao ser estabelecido por Louis de Broglie, em 1924 a dualidade sobre a natureza do elétron. De Broglie props que em determinadas circunstincias os elétrons poderiam se comportar ‘como ondas. Assim foi demonstrado experimentalmente que um feixe de elétrons ao atingir a superficie de um cristal apresentava uma difragdo semelhante a uma onda. ‘Ao interpretar esta dualidade onda-particula do elétron Werner Karl Heisenberg formulou 0 principio da ineerteza, segundo 0 qual ndo é possivel determinar com preciso a posigao a quantidade de movimento de um elétron em um étomo.. ‘Assim, na mecénica clissica pode-se falar em raio do tomo, enquanto na mecénica quantica diz-se valor mais provavel do raio, ou seja, esta variavel € tratada em termos de probabilidade. No modelo quiintico, o elétron pode ser visualizado como uma “névoa de eletricidade” ao invés de uma simples particula. Veja a Fig. 2.3. 2.3 - CARACTERISTICAS IMPORTANTES DAS PARTICULAS SUBATOMICAS Observou-se que todos os atomos, com exce¢do do atomo de hidrogénio, possuem uma massa maior do que teriam se fosse levado em conta apenas 0 nimero de prétons de seus nnicleos. Tal observago conduziu a descoberta de outra particula no nicleo, chamada de neutron. Sua descoberta é creditada a James Chadwick, em 1932 Resumindo-se: cada étomo € constituido de um niicleo muito pequeno composto de protons e néutrons, envolvido pelos elétrons. . Os elétrons e prétons tem carga elétrica idéntica, ou scja, de 1,6022 x10" coulomb, mas de sinais opostos. Os néutrons sto eletricamente neutros. Prétons ¢ néutrons tém aproximadamente a mesma massa (1,6725 x 107” kg), a qual € cerca de 1836 vezes maior que a massa do elétron (9,1095 x 10°" kg) wa ee teen eee eee0e020202020202020004000202008080088 "MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 O niicleo € muito pequeno (107% cm), extraordinariamente denso e carregado positivamente, Em um dtomo eletricamente neutro o numero de protons é igual ao némero de elétrons. O numero de protons de um atomo identifica 0 elemento quimico ¢ & chamado de numero at8mico (representado pela letra Z). Por definigdo o numero de massa de um étomo (representado pela letra A) é a soma das massas de seus prdtons ¢ néutrons.. Na realidade é a massa média dos étomos neutros de um elemento e resulta na maioria dos casos de varios isétopos (étomos com o mesmo numero de protons, porém com um numero de néutrons diferentes; notar ainda que a palavra isétopo significa iso-igual e topo=lugar, ou seja, elementos isétopos tém mesmo numero atémico e estiio no mesmo lugar na classificagao periédica de Mendclcycy.) Os isétopos de um elemento tem as mesmas propriedades quimicas, mas tém massas diferentes. Oraio do nticleo ¢ aproximadamente de 10 a 10 do raio do étomo. Isso leva a cret que a ‘matéria é praticamente um grande vazio. O chio sob os pés de uma pessoa consiste em Atomos que, em mais de 99,9 %, so espagos vazios. Em proporgao ao tamanho de seu niicleo o sistema atmico é to vazio quanto 0 vazio césmico. Outra constante muito importante ¢ o numero de Avogadro (6,020 x 10” )que representa a quantidade de Stomos que hé em um atomo-grama de um elemento. Representa também o ‘numero de moléculas que ha em uma molécula-grama. | i i Iatdncia do ndclect Fig. 23 — Comparago entre © modelo clissico de Bohr (a) © © miodelo quantico (b) em termos de probabilidade. (adapatado de Z.D. Jastrzebsky ~ “The Nature and Properties of Engineering Materials”. Eat John Wiley & Sons- NY -US) 2.4— A TABELA PERIODICA DE MENDELEYEV A tabela periddica dos elementos foi criada por Dimitri Ivanovich Mendeleyev, em 1869. Naquela época eram conhecidos apenas 63 clementos, hoje so conhecidos 107, sendo 92 naturais. O principio bdsico que norteou Mendeleyev foi de que as propriedades dos elementos sto fungdes periddicas de seus nimeros atémicos. 7 -MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 ‘A grande contribuiglo da tabela periédica dos elementos para a quimica foi a sua capacidade em prever a existéncia de clementos desconhecidos, para os quais Mendeleyev deixou posigbes vagas na sua tabela. Com 0 auxilio da tabela periddica, o estudo da qi tornou-se muito sistemético. A ‘organizago da tabela esté relacionada com a configurago eletrénica dos: dtomos. A seqléncia dos elementos ¢ disposta na ordem crescente de seus nimeros atémicos, em linhas horizontais, denominadas “periodos”. Tomou-se 0 cuidado de deixar na mesma coluna, elementos de propriedades quimicas semelhantes, ou seja, os elementos que estio na mesma coluna vertical formam compostos semelhantes. De forma mais descritiva a tabela periddica de Mendeleyev apresenta-se composta de 7 periodos, duas séries ou familias de terras raras ¢ de dezoito colunas. conforme a Fig. 2.4. Existem ainda duas séries ou familias de terras raras, denominadas de “Lantanideos” ¢ de “Actinideos”. A primeira citada compreende 15 elementos ( La ao Lu). Esses quinze elementos deveriam ficar na terceira casa do sexto periodo, entretanto, por comodidade foram discriminados numa linha fora da tabela. AA segunda série, também com 15 elementos ( Ac ao Lw) deveriam ficar na terceira casa do sétimo periodo, mas costuma-se colocé-los numa linha & parte. Cada uma das dezoito colunas reiine os elementos quimicos que mais se assemelham entre sina formacao de compostos. vara og mans om ye Ne Nites —Mevas-| Moe) NZ PREENCHDAS te] Pelctulol rine) }} ee pis [cifar| }}} "tv [er oan] Fel Colts] cu] z0] “{60/ce| aa) Se [Br [er] ) } +” _[e[i [iol Te [io] Rf | hal Cal 7 (Sn) so| te lt [xe] FP PEE Cal [iel Pe [elf [Ee [un] of [eo [tole fan] PPE ED te i ae == af [or nal m| se €n| co) ro [Oy] to er tm| volte] ) PP Ft T L_—fef et ol al all ssa CIES] ) PPEPLD Fig 2.4~ Tabela Peridica de Mendeleyey 8 aan 2000244000040 0020202000408 x ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL I 2.5- AS LIGACOES ATOMICAS nobt ralmente os Stomos tendem a agrupar-se para formar agregados dos quais resultant as estruturas dos materiais. O estado de agregacdo pode ser sdlido, liquido ou gasoso, dependendo do tipo de direcionalidade da intensidade das forgas de coestio atémica denominadas de “tigagdes interatmicas”. As forgas de ligagao interatémica podem ser classificadas segundo sua intensidade em “ligagdes primdrias ou fortes” © “ligacdes secundérias ou fracas”, sendo aquelas dez vezes mais intensas que estas. As cnergias de ligagdo primarias séo da ordem de 100 kcal/mol, enquanto as consideradas fracas envolvem energia de coesio da ordem de 10 keal/mol. As ligages primédrias podem ser de trés tipos: Os Ly. raramente podem ser encontrados isoladamente., com excegdo dos gases Ligagdo Ionica Ligagao Covatente Ligagdo Metética 2.5.1 -LIGACOES IONICAS A ligagao idnica, também conhecida como eletrovalente, resulta da atragio entre fons positivos e negativos. Os elétrons de valéncia cedidos pelo Stomo ionizado positivamente passam a orbitar na camada de valéncia do atomo ionizado negativamente, formando pélos eletrostiticos de atrag8o coulombiana. Um exemplo tipico de ligagao idnica é 0 da formagao de cristais de cloreto de sédio, o conhecido sal de cozinha. Assim o atomo do sédio que possui um unico elétron na sua camada externa, cede este elétron ao étomo de loro, o qual por sua vez ja continha sete elétrons em sua camada externa. Por meio desta transferéncia, a particula do sédio fica com a camada externa completa € estivel (i ‘camada do ne6nio); a particula de cloro também fica com a camada externa completa (igual & camada de arg6nio). As particulas produzidas por transferéncias de elétrons, tal como descrito, so conhecidas como fons. Veja a Fig. 2.5. As ligagdes iGnicas so caracteristicas nos cristais de sais inorgénicos em geral (cloreto de sédio, cloreto de magnésio, fluoreto de litio etc) € de certos compostos cerdmicos, tais como éxido de aluminio, éxido de magnésio etc. Vale observar que neste tipo de ligag4o hé um comprometimento total de todos elétrons cconstituintes da tiltima camada dos étomos envolvidos na liga. 2.5.2 ~ LIGACOES COVALENTES Na ligacdo covalente, um ou mais elétrons sto compartilhados, entre dois étomos gerando uma forga de atragdo entre os dtomos que participam da ligagdo. Nestas condi¢Ses, seus elétrons de valéncia passam a orbitar indiferentemente nas camadas externas dos tomos envolvidos. Este tipo de ligago é muito comum na maioria das moléculas orgénicas. 19 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 Suponha-se, para ilustrar: dois étomos do gis. fliiorcombinam-se por meio de ~AL compartthemento de um par de elérons, confore fig. Or formagdo da molécula do fluor. fig Pig, 2.5 - A transferéncia de clétrons na formapao do NaC! produz camadas extemas estavels. Os fons negatives © positivos que se formam se atracin mutuamente através de forgas coulombianas, constituindo assim as igagGes iGnicas. ( Adaptado de Mauricio Prates de Campos Filho - "A estrutura da materia’ - Editora dda Unicamp - 1991 - SP) Desta maneira cada étomo fica com a sua camada externa composta por oito elétrons, como se fosse 0 gés nednio. Os dois dtomos mantém-se ligados por meio das forgas elétricas envolvidas pelo compartilhamento dos elétrons que pertencem aos otbitais extemos de ambos os tomos. Por esta razfo, a ligagio covalente é uma ligago quimica forte e estavel. Dois atomos de hidrogénio combinam-se de forma similar, assim como 0 oxigénio e nitrogénio (Fig. 2.6). A particula formada pela combinagio de dtomos é chamada de molécula.Esta combinagao pode conter mais de dois dtomos e pode também ser constituida de atomos de elementos distintos. Desta forma a agua ¢ formada pela ligago covalente de dois étomos de hidrogénio e um Atomo de oxigénio A. ligagéo covalente apresenta freqllentemente caracteristicas de direcionalidade preferencial . Em outras palavras, ela geralmente resulta em um determinado angulo de ligaca0, como indicado na Fig. 2.7 que representa a formagdo da molécula de agua. Numa ligago covalente ideal, os pares de elétrons so igualmente compartilhados. Na ligag3o covalente da égua, por exemplo, ocorre uma transferéncia parcial de carga fazendo com que © hidrogénio fique levemente positive ¢ 0 oxigénio levemente negativo. Este 20 2222286244086 2 28 00 EEDEGLSEASAALALLERSALEASEAELLOAD MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL I compartithamento desigual resulta numa ligagdo “polar”. Somente nos casos onde os dois Jados da molécula sao idénticos, como no Hye no No, a ligagdo ¢ totalmente apolar. A ligagfo entre Atomos distintos tem sempre algum grau de polaridade. Nas ligagSes covalentes observa-se também um comprometimento total dos elétrons das dltimas camadas dos étomos envolvidos. CO Ch) @® bisoad Finoad o7eA, o © a bres ke ® Fig. 26 ~ Arrano esquemético dos elétons da camads mais externa, nas igagSes covalentes para: (2) Oxgini: () Nitrogénio () Hidrogenio;() for () Hidreto de flor. (Adaptada de Lawrence H. Van Vlack ~~Prinetpios de Ciencia ‘dos Materias” - Bat. Edgard Blicher SP, Fig. 2.7 ~ Formagao da motéeuta polar da Sgua por meio da ligaglo covelente (Adaplado de Meurfcio Prates de Campos Fillo esirutura dos Meteriais"- Editora da Unieamp- 1991 ~ SP) ar MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 2.5.3~ LIGACOES METALICAS ‘A ligagio. metilica resulta da interagfo de étomos iguais ou muito similares que apresentam a tendéncia de se ionizar positivamente. Nestas condigdes os dtomos perdem seus eléirons de valéncia e formam fons positivos. Os eléirons assim liberados, denominados de elétrons livres, formam uma espécie de gas ou nuvem eletrénica ao redor dos ions, criando um aglomerante eletro-magnético que atrai os fons positivos em todas diregdes do espago, mantendo-os ligados fortemente entre si. Veja a Fig. 2.8. DOO POOOODOO: _wrpcrravaroos OOO OOOO OOO EE GO.9:9.O9.9 OOOO wow oe sremons BOPDOOOO.O-OG Awnroana necarvanenre Fig. 28 — Representaydo simpliicada da natureca de ligagdo matdica, A nuvem cletrinica funciona como um aglomerante, mantendo os nicleos postivos unidos(Adaptado de R. Higgins ~“Propriedades e Esteuturas dos Materiais ‘ers Engenharia". Diel - SP) Este tipo de ligago & peculiar dos metais, como o préprio nome indica. Os metais tém um, dois ou no maximo trés elétrons de valencia. Estes eléirons fracamente presos ao niicleo rio esto ligados a um iinico étomo, mais esto mais ou menos livres para se movimentar por todo o metal, formando o gis eletrdnico. A Fig, 2.9 ilustra a explicagdo enunciada = poole. Fig. 29 — Formagdo da esutura do cristal de sida por meio de uma ligusdo metilicn.(Adaptado de Mauricio Prates de ‘campos Filho "A Estrutura dos Mateviais™ Hit. da Unicamp- SP) 2, q : q 4 « q a q a a q a < < a q a a a « « a « d 4 a 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 Os dtomos de um metal, assim ligados esto distribuidos de tal maneira, que seus fons se posicionam segundo uma configurasdo cristalina regular. Este tipo de ligagdo interatémica € peculiar dos metais, que constituem cerca de trés quartos dos elementos existentes. Apenas uma oitava parte dos elementos so “no metais” (a outra oitava parte sio os metaldides). Sdo os elétrons livres, resultantes da ligagdo metélica, que concedem aos metais suas Principais caracteristicas: alta condutividade elétrica e térmica, opacidade, brilho superficial e deformabilidade plastica. 2.8.4 — LIGACOES SECUNDARIAS OU FRACAS Vv As ligages secundarias ou fracas esto associadas a ligagbes primérias covalentes/como < por exemplo, nas estruturas moleculares € recebem a denominagao de forcas de van der Waals. em homenagem ao fisico holandés que estudou este tipo de interagdo entre as moléculas. A direcionalidade caracteristica das ligagdes covalentes causa um desbalanceamento da carga elétrica, fazendo com que as moléculas atuem como dipolos elétricos e se atraiam centre si, como no caso das moléculas de agua, ilustrada na Fig. 2.10(a) Os polimeros em geral tém sua estrutura formada por longas moléculas covalentes unidas entre si por meio de ligagSes dipolares fracas fornecidas por pontes de “hidrogénio € outros radicais. A Fig. 2.10 (b). mostra a ligagao entre duas cadeias do polimero PVC. Por fim deve ser destacado 0 fato de que em geral, mais de um tipo de ligagdo estara atuando na formagio da estrutura de um material, podendo haver, isto sim, a predomindncia de um determinado tipo. cy onto © 4. 4 FEEL er si oe oe @ . ) Fig. 2.10 (a) Ligagdes secundrias entre mol&culas de fgua (Adaptado de Mauricio Prates Campos Filho —"A Bsirura ‘dos Materiais™- dt. da Unicamp ~ SP) - (b) Ligagda secundéia entre daae cadeias de PVC ( Adapted de Angelo Fernando Padilha ~ "Materais de Eogenhariw- Microestruurae Propriedades"-ah. Hemus+ SP) 2B MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 No caso dos metais, quanto menor o numero de elétrons de valéncia do étomo maior seré a predomindncia das ligagées metalicas. E 0 caso do Sédio, Potdssio, Cobre, Prata ¢ Ouro, que apresentam elevada condutividade elétrica e térmica, devido a alta mobilidade de elétrons livres na formagao de suas estruturas cristalinas. No caso dos metais com clevado ‘numero de elétrons de valencia nos atomos, como € 0 caso do Niquel, Ferro, Titénio, Tungsténio e Vanédio, ja aparece uma parcela apreciavel de ligagdes covalentes atuando ‘em conjunto com as ligages metélicas. Isto também explica a menor condutividade elétrica térmica destes metais, assim como a sua maior resistencia mecdnica (ligagdes reforgadas) € seu maior ponto de fusdo. A predomindncia das ligagdes covalentes em relagio as ligagSes metélicas j4 aparece nos materiais semicondutores como 0 Germénio, Silicio e Selénio. De uma maneira generalizada pode-se afirmar que as ligagdes metélicas sfo tipicas nas estruturas dos elementos a esquerda da tabela Periédica de Mendeleyev e as ligagdes covalentes dos elementos a direita da mesma, havendo uma proporgao varidvel dos dois tipos de ligagdes nos elementos intermedisrios Da mesma forma, as ligagdes iOnicas sfo peculiares na formacdo de estruturas de compostos resultantes da combinagao de elementos opostamente situados nos extremos da tabela Periédica. Se o material é composto de elementos ndo situados nas extremidades da tabela, haverd uma proporgdo varidvel de ligagdes idnicas e covalentes na sua estrutura, Por outro lado combinagio de elementos situados & da tabela pode resultar em moléculas por meio de ligagdes covalentes (compostos organicos em geral). Nestas condigées as ligagdes secundarias surgem para manter as moléculas unidas entre si na estrutura como um todo. Outra observagtio importante: a ligago metélica ndo existe na compostos orgénicos¢ inorgénicos. Os compostos cermicos sfo formados por ligagdes idnicas coadjuvadas por ligagdes covalentes. Nos compostos cerdmicos as ligagdes covalentes reforcam as ligagdes idnicas, concedendo a estes materiais alta dureza ¢ alto ponto de fusao. No caso dos compostos organicos, em particular os polimeros que formam os plastics ¢ borrachas, predominam totalmente as ligagées covalentes coadjuvadas pelas ligagées secundérias (fracas). Observe-se que a auséncia de ligagdes metalicas na formagto estrutural dos materiais cerimicos e poliméricos (auséncia de elétrons livres) explica a baixa condutividade elétrica e tét “a destes materiais, isolantes térmicos e elétricos. Leitura para reflexio EM BUSCA DOS TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA MATERIA Desde Demécrito sabe-se que tudo no mundo ¢ feito de étomos. Embora o tomo dos gregos seja diferente do ‘tomo modemo, a idéia de que a materia e feta de entidades fundameniais indivisiveis, sobreviveu até hoje ‘como uma das herangas culturais da Grécia Antiga, 0 tomo modemo nfo € indivisivel como o das gregos antigas. Os étomos tém um micleo composte pro ‘rotons e néutrons, por sua vez orbitado por elétrons. O mais simples dos étomos ¢ 0 da hidragénio, eujo nicleo tem apenas um priton ¢ um elétron, enquanto 0 de ur8nio tem 92 protons e 92 elétrons e pode ter até 146 néutrons | Os fisicos estudaram esse axsunto nas décades de 30 a 50 e empregaram processos envolvenda 2s particulas em niveis de energia cada vez maiores. A idéia do processo ¢ fazer colidir objetos com energias altissimas em fantisticas méquinas denominadas de “aceleradores de particulas” e ver o que acontece. Por 24 ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL 1 ‘exemplo, a colisdo de um préton ¢ um nicleo de um étomo de ouro ¢ observeda por meio de detectores de partculas, que sfo méquinas capazes de fotografar 0 que acontece durante © apbs a colisfo. Os resultados ‘turpreenderam 08 cientistas. Esses experimentos rovelaram a existéncia do contonas do outres particules “elomentares”, resultados da transformagao entre cnergia e massa, prevsta pela teoria da relatividade especial ‘de Einstein, A'energin de movimento des particulas € transformada em matéria, em novas perticula, durante @ colisio. {A descoberta dessas centenas de particulas conduziu 05 fisicos & questionar 0 proprio conceito de “particula clementar’, dado originelmente ao elétron, proton néutton. Afinal, os fisicos se depararam com uma ‘embaragosa situagdo; a matéria ¢ feita de centenas de tijolos fundamentais. Nos anos 60 o fsico americano Murray Gell-Mann sugeriu d que essas particulas eram compostas por outras menores que ele chamou de “quarks”, expresso tirada de um romance do. famoso eseritor inglés Charles Dickens. A idéia proposta por Murray Gell-Mann é simples. Do mesmo modo que os vérios étomos podem ser explicadas por combinag®es de prétone, neutros elétrons, otsas varias particulas podem ser explicadae por combinagSes de apenas algune quarks. Com iss0, 0s fisicos chegaram a uma nova clasificagdo das partculas fundamentals da matéria: as ue slo compostas por quarks e as que ndo S80 compostas por eles. As particulas que nfo sfo compostas por ‘quarks sdo chamadas de léptons, do grego leve. O elton, por exemplo, € um Képton. Os Iépton so particulas {que viajam sozinhas, Por sua vez todas as particulas compostas por quarks interagem através da forca nuclear forte, responsével pela cossio do nucleo atémico. Como nécleo ¢ feito de protons e néutrons, os prétons softem uma repulsto eléricae algo mais forte que essa repulsto tem de estar agindo para manter a coesto do nicleo, Essa “cola” nuclear é a forga nuclear forte © deriva dos quarks que constituem o niicleo at6mico. Portanto, protons ¢ néutrons sto feitos por quarks, trés para ser preciso. Outra caracteristca dos quarks & que les sto particulas que esto presas no interior de particulas maiores e nunca so encontradas isoladamente, Sabe-te que existem seis quarks, todos observiveis em aceleradores de particulas. O mais pesado 6 0 “top” ‘quark, foi observado em 1996 no Fermilab, notévellaboratdrio de pesquisasfisicas existente perto de Chicago — BUA. A esses seis quarks so acrescentados_seis l¢ptons e com iss0 chegamos aos 12 tjolos fundamentals dda matéria, em sua versfo atual. Fica no ar a seguinteindagagSo: o que acontecerd quando os aceleradores de particulas desenvolverem maiores niveis de energia em seus experimentos ? Pariealas que estie presas no Tnterior de na. poticulas maiorea © munen 3B encontradasisoladamente ELETRON ELETRON. [UP ~——Tpown ‘em tomo do| NEUTRINO — |0 proton contém | ndutron contém formada por este| nicleo alémico e é| Neutrinos sfo| dois, 0 néutron| dois; 0 préton grupo responsivel pela| particulas sem| eontém apenas um. | contém apenas un, cletricidade. earga; bilhSes de | elétrons neutrinos atravessam corpo humane | cada segundo A matoria dessas| MUON MUON. ‘CHARM | SERANGE pariculas 6 existiu| “Parente” mais [NEUTRINO [Parente mais) "Parente mais depois do Big Bang| pesado do elétron |Surgem —em| pesado do“up” | proximo do “down” fe hoje & produzida algumas | apenas em) TAU desintepragies. de| TOR |orrom aceleradores Mais pesado ainda | particulas Recentemente Mais pesado sinda ‘A matéria formada| descoberto dessas particulas ¢ TAL: chemeda de NEUTRINO “materia exética Ainda nto escobero, $6 existe nateoria 25 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AFLFO MARQUES LUNA - VOL 1 SERVACOES antiparticula gémea (com a mesma massa ¢ carga trocada). O"antiglmeo” do elétron & o positron, porque tem carga elética positva 2) Recomenda-se a Ietura dos livros de Marcelo Gleiser: “Retalhos Céxmicos” e “A danga do Univers, Ambo editados pela Edt. Companhia das Letras. Out livro interessante e “Gigantes da Fisica", de Richard Brennan, capitulo 8, que trata das teoras de Murray Gell-Mann, editado por Jorge Zahar Editor CONCEITOS CHAVES Atomo Elétron, proton e néutron ‘Camadas ou capas eletrinicas Numero quantico principal Principio de exclusio de Pauli Spin Magneto de Bohr Numero atmico ‘Numero de massa Numero de Avogadro ‘Tabela Periddica de Mendeleyev Ligagio idnica Ligagao covalente Ligagao metélica Ligagao secundaria ( van der Waals) QUESTOES PARA ESTUDOS. 2.1 ~ Sob 0 ponto de vista cientifico e tecnolégico explique o que se entende por “propriedade” de um ‘material ¢ qual a importincia do seu conhecimento, tanto qualitative, como quantitativo, no estudo da engenharia dos materiais. 2.2 ~De onde derivam as propriedades dos mater 23 — Enumere 2 natureza das principais propriedades que interessam mais de perto a tecnologia dos rmateriais? 2.4 ~ Quais sto os critérios uilizados para uma seleslo crteriosa dos materiis? 2.5 — De quantos modos os atomos se igam na constituigso intema da materia? 2.6 ~ Dadas as configuragdes eletrénicas abaixo apresentadas, identifique os elementos quimicos que os caracterizam: a) 18°2s22p%3e"3p° 1) 1s!2s!2p'3e'3pa! ©) 8282p" 2.7 ~ Quais séo 0s tipos que caracterizam as ligagOes primérias ou fortes e porque elas s4o assim chamadas em ‘ontraposigao com as denomlnadas ligagoes secundarias ou fracas? 2.8 - Explique o que se entende por forgas de van der Waals ? 6 eee ee ee eee eee MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL | 29-Cite exemplos de ligagdes secundérias 2.10 - Qual a caracteristica prinejpal das particulas chamadas "eptons" ? 2.10- Como é constituldo a estrarura interna de um néutron ¢ de um préton ? 7 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL | CAPITULO HI Neste capitulo é abordado os diversos estados da matéria. Todos os elementos ¢€ seus compostos podem existir sob a forma de gases, liquidos ¢ sélidos. O estado no qual um elemento ou um composto existe, depende da combinagao de temperatura e pressio a que o mesmo esta submetido Em especial sera discutido neste capitulo as estruturas cristalinas ndo cristalinas dos 31-0 ESTADO GASOSO Neste estado os atomos ou moléculas do composto estio em movimento continuo e aleatério e colidem entre si e com as paredes do recipiente que os contém. As colisées contra as paredes do recipiente dao origem & pressio exercida pelo gis. Considerando 0 volume do gas constante, devido a expansdo restringida, 0 resultado € que a pressio ird aumentar com o aumento das colisdes com as paredes do recipiente. Esse movimento rand6mico das particulas deve sua descoberta ao boténico Robert Brown, em 1827 e so peculiares nos gases e nos liquidos, tendo isto levado a formulagao da teoria cinética da matéria. Este estado da matéria 6, portanto, caracterizado pela desordem total ou caos. A velocidade média dos étomos ou moléculas de um gés € proporeional a temperatura absoluta e pode ser encontrada pela formula: Vo =V3kTim ms (3.1) Onde: 2 Vp velocidade media avs , constante de Boltzman (1,38 x 107 J/K) ; temperatura absoluta Kelli massa molecular do gés,’gramas . Bae Exemplo; o hidrogenio a 300 K, a velocidade média de suas particulas € de 1600 m/s. Na sua caética e permanente agitagdo térmica os Stomos ou moléculas do gas esto também continuamente colidindo umas com as outras . A distncia média que uma molécula do gis poderd percorrer antes de colidir com outra molécula é chamada de “livre percurso médio” (A). © caminho médio livre dependerd da densidade do gés. Exemplo: um gés posto a | atmosfera de pressdo ( que corresponde a 101.300 pascal — unidade de pressio do SI) ea.uma temperatura de 273 K apresenta um “livre pércurso médio” de 10° cm. 8 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL I 3.2-O ESTADO LiQUIDO Se no estado gasoso a temperatura baixar a energia média dos dtomos decresce ¢ pode-se atingit um nivel de energia média, no qual as forgas de van der Waals que atuam entre os dtomos sio capazes de sobrepor-se a0 movimento cinético dos étomos. Entdo, aqueles dtomos que estiverem em nivel energético menor que a energia cinética media, atraem-se mutuamente, de tal maneira, que se juntam. Deste modo cles se condensam, formando gotas de Iiquidos que caem sob a ago da gravidade. Neste ponto, 0 restante da energia cinética transforma-se em calor (calor latente de vaporizagao). Nos liquidos niio existe arranjo ordenado dos dtomos ou moléculas; estas particulas ainda estio livres para movimentar-se, isto é, um Iiquido possui mobilidade. Nos liquidos, os étomos ou moléculas resvalam umas sobre as outras ¢ variam algo em suas localizagées mituas Continuam estando juntas, mas ndo detém uma disposig4o regular determinada; em lugar disso o agrupamento de moléculas varia continuamente em torno de uma posigdo dada. ‘A natureza da agitago térmica de uma molécula no liquido difere daquela no gis, no obstante as moléculas de um liquido se moverem em zig-zag, contudo, elas demoram-se por um certo tempo em cada ponto de mudanga de diregéo, onde vibram com a uma freqiéncia de 10'? a 10" c/s. Sio vibragdes térmicas dadas pela expressao! ___F= kWh _onde: 62) constante de Planck ( 6,6262 x 10% J.s) cconstante de Boltzman (1,38 x 10” J/K) > — T=temperatura absoluta Kelvin be ‘A mais importante caracteristica dos liquidos ¢ a viscosidade ¢ esta resulta do atrito intemo entre as partfculas que oferecem ao cscorregamento de umas sobre as outras. A viscosidade pode ser concebida como o coeficiente de resisténcia ao escoamento. Os liquidos so mais viscosos que os gases, pois aqueles tém uma densidade muito maior. A viscosidade pode ser definida a partir da lei de Stockes, cuja expressio ¢ formulada a seguir: v =F/ 6am, 63) é a velocidade desenvolvida por um corpo esférico de raio x, impelido por uma forca F num liquido cuja viscosidade dindmica é 1. No SI a viscosidade dindmica é expressa em Pas, e no sistema CGS medida em Poise. Denomina-se viscosidade cinematica dos iquidos o quociente da sua viscosidade dindmica pela sua densidade. As unidades usadas para viscosidade cinematica nos sistemas SI e CGS sto respectivamente m’/s e cm/s, esta liltima também chamada de stocke, abreviadamente St. O inverso da viscosidade € denominado de “fluidez”. Na Tabela 3.1 estilo indicados os valores da viscosidade dinamica de alguns liquidos A viscosidade dos liquids pode ser medida por varios processos empiricos. Um método classico € baseado na medida do tempo despendido para uma certa quantidade de liquido fui através de um orificio, Usando o viscosimetro de Engler verifica-se quanto mais lento 29 eee tee ee eee eee eeeneeeaenenee MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 ° by. x Tabela 3,1—-VISCOS DADE _BIVAMI ca dz LIQUIDOS 10° Pas 10° Pas [Agua 1,01 |Aleool metilico 0,59 Mereétio 1,69| Aleool 119 Benzeno 0,65] Bter 0,23 Glicerina 850 ‘Temperatura considerada de 20°C © liquido se escoa em relagfio a uma mesma quantidade de agua a 20°C. © resultado é expresso em grau Engler, 0 qual apresenta o inconveniente de nao poder ser utilizado nos cAleulos de viscosidade, segundo as definigdes dadas anteriormente. Entretanto, conduz. a uma melhor avaliaedo fisica desta grandeza . Nefa a ilustragto da Fig. 3.1. Existem outros tipos de viscosimetros, tais como-o de Sherwood (usado na Gré-Bretanha) & © de Saybolt, empregado nos Estados Unidos. O viscosimetro de Engler € muito utilizado na, Europa Continental. Fig. 3.1 - Viscosimetro de Engler (Adaptado de A.Reiny/ M, Gay ¢ R. Gonthier ~*Materiais”-Edt Hemus- SP) ‘recipients em lato A cont oiquido do qual se quer conheoer a vscosidade.O replete B eantém Agua. Um copa Ae aquecimento(resistécin)C permite levara gua & temperature deseada, com ajuda do termometto DO termometo E indie temperatura de ensio do liguido a medi. ‘Quando esa temperatura € tingid eeva-se a este FO liquid escre pelo bocal G na proveta 1 Duas marcas Hi eH Idan un vole de 200 cr es i oie an hy apr am ont, © depois dep guns ¢ guido chegn 8 Hy, Os raus de Engler represenam o quociente do tempo de eseoumento de 200 eit do iuido ‘onsiderado pelo tempo de escoamento de 200 em’ de Agus a 20°C, sendo as duas medidas fetes aravés dem mesmo iio de 2,8 mm de dimer invero, Tendo asim o tempo de escoamento de 200 onde guido i temperature de °C, divides ei tempo pelo tempo de ‘excoamentoT, de 200 en de 4gua destilada a 20°C. Es timo tempo é dado por um aimero que @ caacersticn do viscostmetro xe valor é proxi de 1,655 Assim emvse;"E, = T/ Te 30 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 3.3- O ESTADO SOLIDO ‘Auma temperatura mais baixa, o liquide comeca a solidificar-se. Este é um processo onde 08 itomos ou as moléculas passam de um estado desordenado para um estado de arranjo no ‘espago, ou seja, as particulas ocupam posigdes definidas no espago, porém vibram em torno de uma posigtio de equilibrio. A natureza dos deslocamentos das moléculas ou dtomos é diversa daquela apresentada pelos liquidos e gases Os sélidos so divididos em teés grupos, de acordo com o arranjo da sua estrutura interna: cristais, amorfos e mistos. Os cristais sto caracterizados por uma rigorosa e regular ordem de arranjo das suas particulas constituintes no espago, formando as denominadas estruturas cristalinas. Os sélidos amorfos sao caracterizados pela falta de uma ordem regular das posigoes relativas no espago das suas particulas constituintes. © préprio vocébulo amorfo significa sem forma. Costuma-se denominar os sélidos amorfos de liquidos super resfriados. Exemplos: 0 vidro, as resinas etc, O material amorfo difere do cristalino porque néo tem “ponto de fusto” definido. Por fim os s6lidos de estrutura mista so aqueles em que seus elementos constituintes esto na fase cristalina e amorfa. Exemplo: os materiais cerémicos. 3.3.1 — AS ESTRUTURAS CRISTALINAS ‘A maioria dos materiais usados pela engenharia, em particular os metais, apresenta-se sob a forma de estrutura cristalina. Isto &, segundo um arranjo atémico no qual os étomos (fons) se agrupam ordenadamente no espaco, obedecendo a um padrdo repetitivo e sistematico nas 1wés dimens6es, dando lugar formagdo de um ou mais cristais. O material de estrutura cristalina pode ser monocristalino ( um Gnico cristal) ou policristalino ( constituidos de diversos cristais unidos entre si pelos seus limites). A forma policristalina é a mais frequentemiente encontrada. trabalho mais importante descrevendo ¢ classificando os reticulados cristalinos deve-se a0 fisico francés Auguste Bravais. Segundo este fisico existem sete sistemas primarios de uulados, a seguir enumerados: cubico, hexagonal, tetragonal, ortordmbico, romboédrico, monoclinico e triclinico. Observe a Fig, 3.2 Estes sistemas podem estar arranjados de 14 maneiras diferentes. Assim tem-se o sistema ‘cubico de corpo centrado (CCC) e o sistema cilbico de face centrado (CFC), ilustrados na Fig. 3.3 Um dos pardmetros que determinam o tipo de estrutura cristalina € 0 numero de coordenagio, definido como o nimero de tomos vizinhos a qualquer 4tomo da estrutura, Os mimeros’ de coordenagdo das estruturas CFC e CCC da fig 33 sto 12 e 8 respectivamente. Numa rede cristalina, a menor unidade geométrica tridimensional que se repete é denominada de célula elementar da rede. 31 a O02 O 042244288 22800682044080820208 028080080 880808088 ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 Grande parte dos s6lidos se apresenta sob forma cristalina, em especial a maioria dos metais comuns se cristaliza no sistema cubico. Scio atts - CEC (cubo de face centrada) ~ Ag, Al, Au, Cu, Ni, Pt, Fe-yetc. CCC (eubo de corpo centrado) ~ Cr, K, Li, W, Mo, Na, Fe-a ete ‘No sistema hexagonal (H) temos os seguintes metais: Be, Cd, Mg , Zn etc. Veja a Fig. 3. Um exemplo muito lembrado é do cristal de eloreto de sédi de face centrada (CFC), veja Fig. 3.5 As substdncias cristalinas exibem anisotropia de varias propriedades, tais como: constantes elésticas, constantes dticas, condutividade elétrica e térmica, dilatagdo térmica e até a reatividade quimica de suas superficies depende da orientagao cristalina (anisotropia significa que o material tem propriedades variéveis com a dirego). Aa i 4 Mopodisico Mee” Teinigo—Haragonal_Rombotarco Sotraday Soe , cristalizado no sistema cubico ake Sgpiehew Siphon ac Sn Ease i Teragoan fees Cento Getadas simples Cate Fig. 3.2~ Os 14 retculados de Bravais.(Adaptado de Lawrence Van VIack - “Prineipios de Ciencia dos Matriais” Et gant Blacher ~ SP) 3.3.2 - ESTRUTURAS AMORFAS Como foi salientado nem todos sélidos sto cristalinos. Assim alguns apresentam um arranjo de seus atomos ou moléculas com uma contiguragtio geométrica irregular, decorrendo dai o uso da expresso amorfo, ou seja, sem forma definida, Situam-se nesta classificagéo os vidros © as resinas termofixas. Costuma-se chamar os s6lidos amorfos como liquidos super esfriados e de fato, sob 0 ponto de vista estrutural nfo existem diferengas significativas entre um solide amorfo e um liquide. Por convengao, a 32 + MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 viscosidade € utilizada para distinguir um vidro de um liquido; acima de 10" poise, a substincia é considerada amorfa.. Estes sélides amorfos nfo se fundem a uma temperatura definida, como no caso dos materiais cristalinos. Ao contrario, eles amolecem, gradual tomando-se mais fluids e com o aspecto de liquidos com elevada waa es amorfas sto habituaimente isotrépicas. HW a) Fig. 3.3 ~ Celulas unitirias, supondo-se serem os fora esferasrigidas: a) cubica de faces centradas © ) cbiea de corpo centrado ( Adpatado de Angelo Fernando Paiilha ~"Materais de Engenharia ~ Miccoesirutiras ~ propriedadesda Edt Homus- SP) Fig. 3.4 Fig. 3.5 strona hexagonal compacta, (a) Vista esquemitica, mostrendo a localiza dos cents dos &tomos. (3) sfeas ines Fig, 3.5~ Esintura tridimensional do clorto de so. 0 ction de sii € igualmenestraido por todos os sis Gnions de clove que o cercem, (Ambas figuras adapadas de Lawrence Van Viack ~ "Prinipios de Citncla dos Materais”- Ed. Fagacd Bicher~ SP) Fig. 34 3.3.3 - ESTRUTURAS MIST AS. Classificam-se neste grupo as resinas termoplisticas © as cerémicas. Nestes materiais ocorrem regides cristalinas em uma matriz amorfa, ou seja, apresentam um certo grau de 3 Se anmeanaseecesacecenanesaaanesasaeeeeseneneace MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL I 3.4— CLASSIFICACAO DOS MATERIAIS SOLIDOS Os diversos materiais sélidos podem ser classificados segundo suas composigdes, suas microestruturas ou por suas propriedades Normalmente so considerados trés grandes grupos de materiais: ‘© Os metais e suas ligas—~, © Os polimeros organicos Jp ascertmtens, \ Fig. 3.6 ~ Iustracio interessante apresentads por William Callister Jrem seu livro "Cigncia Engenharia de Materiais: Uma introdugao" - Edt. LTC-Sde Paulo, onde o recipiente de um produto de consumo mundial & fabricado a partir de trés tipos de materiais diferentes. As bebidas slo ‘comercializadas em Iatas de alumfnio (metal), na foto superior; em garrafas de vido (cerémica) na figura central e plésticas (polfmeras), wa foto inferlor. 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 Esta classificagao pode ser melhor entendida com a ajuda da Tabela Periddica de Mendeleyev, na Fig. 2.4. A parte da esquerda e centro da Tabela esto ocupados pelos metais, ou seja, quase 2/3. A parte da direita ¢ preenchida pelos denominados ndo-metais, como por exemplo, 0 oxigénio. No dominio intermediério, entre os metais ¢ ndo metais, encontram-se um certo numero de elementos come o carbono, silicio e germanio, chamados de semicondutores e que escapam uma classificagdo mais simples. Os metais, na temperatura ambiente sdo sélidos atomicos (a excego do merctirio que se apresenta no estado liquido na temperatura ambiente). Os metais mais utilizados slo 0 ferro, aluminio e 0 cobre. As ligas metilicas sio em geral combinagdes de dois, ou de varios elementos como, por exemplo, o lato (liga de cobre e zinco) ¢ o bronze (liga de cobre e estanho), entretanto, as ligas podem conter elementos no metdlicos. Entre estes Lltimos encontra-se, por exemplo, 0s agos que sto ligas de ferro e carbono. Os metais se caracterizam por sua alta condutividade elétrica e térmica, S30 opacos lua visivel e podem receber polimento até que assumem grande brilho. Além do mais so freqiientemente duros ¢ rigidos ¢ plasticamente deformaveis. O que faz com o que 0s metais apresentem tais caracteristicas? Isso se deve a fato de que os metais perdem com facilidade os elétrons a fim de formar a ligag&o metélica, Ou seja, os elétrons sto deslocaveis e podem facilmente transferir carga elétrica e energia térmica. Os polimeros orginicos so materiais compostos de moléculas que formam geralmente longas cadeias de atomos de carbono sobre as quais esto fixados elementos tais como 0 hidrogénio e 0 cloro, ou de agrupamentos de étomos como o radjeal metil (-CH3). Outros elementos podem, como o enxofre, nitrogénio, silicio etc., ‘Gn igualmente integrar a ‘composigao da cadeia. Diferentemente dos metais, os quais dispéem de elétrons migrantes (livres), os elementos nao metilicos do canto superior direito da Tabela Perisdica tém uma afinidade para atrair ou compartilhar elétrons, portanto apresentam —ligagGes predominantemente covalentes.. Os polimeros orginicos apresentam propricdades bastante diversificadas (vidros plasticos, borrachas etc.) Sao quase todos isolantes elétricos © térmicos, sio leves € faceis de serem moldados. Contrariamente aos metais eles so pouco rigidos nto suportam, maior parte do tempo, a temperaturas superiores a 200 °C. Os polimeros mais conhecidos sto 0 polietileno, policloreto de vinila (PVC), poliamidas (nylon), o poliestireno, o metacrilato de metila (Plexiglass) de politetrafluoretileno (teflon) entre outros numerosos polimeros As cerdimicas so materiais inorgénicos ¢ que resultam da combinagio de um certo numero de elementos metilicos (Mg, Al, Fé..) com elementos no metilicos, onde o mais correntemente encontrado é 0 oxigénio. Tais compostos apresentam tanto ligagdes iénicas como covalentes. Originariamente 0 termo cerdmica ara reservado aos éxidos de silicio ¢ aluminio (SiO2 e ALO;), contudo, de mais a mais a tendéncia é alargar esta classificagdo ¢ incluir entre elas as combinagées de dtomos como carbono e tungsténio (WC) ou (SiC), ‘obtidos por meio de processos de aglomeracao térmica (sinterizagao). ‘Os materiais cermicos se distinguem por suas caracteristicas de refratarias, ou seja, les sio materiais que apresentam alta resisténcia a temperaturas elevadas e boas propriedades meciinicas. A maior parte deles sio isolantes elétricos e térmicos, muito embora, entre eles se encontrem os melhores condutores térmicos (exemplos; o diamante, o grafite etc.) As cerimicas sio em geral muito duras e frageis. Os vidros minerais, que 35 0G 4S 6 OO 6 44 0444646468 64040000006000000000008000000008 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL | sto combinagdes de dxidos (SiOz + Na,O + CaO) ¢ tem uma estrutura amorfa, pertencem igualmente a classe dos materiais cerdmicos. METAIS E LIGAS METALICAS Fe, AlCu,latio,agas,bronze CERAMICAS + -ALA05,8iC Vidros POLIMEROS ORGANICOS Fig. 3.7 - Compésttos Os trés tipos de materiais podem ser combinados para formar uma nova classe chamada de compésitos. So materiais constituldos de dois ou de varios outros materiais diferente que se combinam de forma sinérgica as suas propriedades especificas. A palavra sinergia deriva do prego, que significa “cooperagao”. Sinergia 6, portanto, a zssociaga0 simultdnea de Varios fatores que contribuem para uma ago coordenada, Um interessante exemplo de compésito € a associagiio de resinas de epoxy (polimeros) com fibras de vidro e que formam um compésito leve e de alta resisténcia mecdnica, encontrada em algumas estruturas de automéveis. O concreto armado & outro compésito muito usado e que resulta da combinagdo de cimento, ferro e brit A divisio dos materiais nas trés classes aqui apresentadas & baseada, sobretudo em suas caracteristicas atémicas, estruturais e sobre suas propriedades, Ela é evidentemente cémoda, mas é arbitraria. As trés categorias nao sao nitidamente delineadas. Assim sfio 36 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 encontrados certos materiais, 0s silicones, por exemplo, cuja natureza é intermediaria entre 0s materiais cerdmicos e poliméricos; analogamente materiais como o GaAs (arsenieto de gélio) que é um semicondutor pode ser classificado quer seja como metal, quer seja como material cerdmico. Finalmente o grafite que ndo se encaixa em nenhuma das trés categorias, 4j4 que apresenta propriedades comuns com as trés. A condutividade elétrica nao é apandgio dos metais, desde que certos éxidos como o éxido de vanddio (que é um material cerémico) conduz cletricidade, bem como alguns polimeros orginicos. 3.5 - ALGUMAS CONCLUSOES ‘A engenhatia lida basicamente com materiais ¢ energia sq} suas mais diversas formas Cabe ao engenheiro adaplar materiais e energia visando & obtengao de utilidades para 2 sociedade. Para isso esforga-se em selecionar_}hateriais com propriedades étimas c que atendam de forma mais adequada possivel aos seus propésilos, tanto em termos téenicos como econédmicos. Para efetuar este processo seletivo dos materiais, de forma criteriosa, ele precisa ter um intimo conhecimento das. propriedades e caracteristicas dos materiais que ele se propdem a usar. As propriedades sao as reacées que os materiais oferecem aos estimulos externos e sao ‘fatores limitadores do seu préprio campo de aplicacito, ‘Como ja citado anteriormente, as propriedades dos materiais podem ser agrupadas em seis categorias de acordo com a natureza do estimulo (ou agente extero atuante sobre os materiais), conforme quadro 3.1, As propriedades e © comportamento de um material originam-se na sua estrutura interna, onde os elétrons, particularmente os mais afastados do nicleo, sdo os que mais afetam a dessas caracteristicas. S20 esses clétrons da ultima camada do Atomo que determinam as propriedades quimicas, estabelecem a natureza das ligagdes interatdmicas, controlam 0 tamanho do tomo, afetam a condutividade clétrica e influenciam as caracteristicas dticas dos materiais. Quadro 3.1 PROPRIEDADES ESTIMULOS (AGENTES EXTERNOS) ‘Mecanicas Forgas aplicadas ‘Térmicas [Excitagdo térmica (calor) Eletricas ‘Campos elétricos ‘Magnéticas ‘Campos thagnéticos Oticas Radiagbes eletromagnéticas (luz) [Quimicas Reatividade dos elementos quimicos 37 AHSASESEHKRSERAAARAAAARARARARAAARAAAARARAR AAA ARES ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL | Em decorréncia disso o engenheiro pode selecionar e também modificar as estruturas intemnas dos materiais, visando o atendimento das exigéncias do projeto desejado, da mesma forma que o projetista de um circuito elétrico altera seus componentes elétricos. Entretanto, para fazer isso & necessério conhecer as relagdes entre as estruturas internas dos materiais ¢ as suas propriedades. Os materiais necessitam ser processados para atingir as especificagdes que o engenheiro requer para o produto projetado. O processamento usualmente envolve mais do que uma simples mudanga de forma, seja por tratamentos térmicos, mec&nicos e quimicos. Ao raro, © proceso de fabricagdo muda as propriedades de um material. Modificagdes das propriedades devem ser esperadas sempre que o processo de fabricagdo alterar a estrutura interna do material Por fim, um material, na forma de produto acabado, possui um conjunto de propriedades, escolhidas para atender as exigéncias do projeto. Ele manterd essas propriedades indefinidamente, desde que ndo haja mudanga na sua estrutura intema. Esse aspecto caracteriza 0 desempenho esperado do material. Entretanto, se o material for submetido a uma condigao de servigo capaz de alterar sua estrutura intema, deve-se esperar que as propriedades e o seu desempenho mudem, CONCEITOS CHAVES Viscosidade Esteutura cristalina Sistemas cristalinos Estrutura amorfa Estrutura Estrutura mista Livre pereurso médio QUESTOES PARA ESTUDO. 3.1 - Qual a caraeteristica principal apresentada pela estrutura intema de um material gasoso? 3.2- No estado gasoso da matéria o que se entende por “livre percurso médio" de uma particula? 3.3-B possivel calcular a velocidade de deslocamento de uma particula do gis? 3.4—Qual a caracteristica prineipal que um material no estado liquido apresenta? 3.5 —Enuncie a lei de Stockes. E qual a unidade usada no SI para medir a viscosidade? 3.6 ~ Explique o funcionamento do viscosimetro de Engler? * 3.8 ~ Baseado no funcionamento do viscosimetro de Engler indique (explicando) qual dos liquidos A ou B apresenta maior fluidez, sabendo-se que o liquido A tem uma viscosidede de 2,5 graus Engler e 0 liquide B de 1,8 grau Engler. 38 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA - VOL 1 3.9 —O que se entende por viscosidade cinemética ¢ quais as unidades usadas para medi 3.10-~ Em qual sistema cristalino a maioria dos metals ¢e organiza espacialmente? 3,11 ~ A prata cristaliza-se no sistema CFC e seu raio atbmico & 1,44 A. Qual o comps célula unitiria? 3.12 — Quais os tipos de ligagSes quimicas existentes nos materiais metélicos, cera 3.13 —0 que slo compésitos? Dé alguns exemplos. 39 ee en 2222220 eheeeeeeee =" MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 CAPITULO IV PROPRIEDADES MECANICAS & de obrigagio do estudante de engenharia elétrica entender como as varias propriedades mecinicas dos materiais so medidas e 0 que essas propriedades representam, Elas podem ser necessirias para o projeto de estruturas ou componentes que utilizem determinados materiais, a fim de que nfo ocorram niveis de deformagio cou falhns mecdnicas. 4.1-NATUREZA DOS ESFORGOS MECANICOS Os esforgos mecénicos podem ser de tragilo, de compressio, de cisalhamento ¢ de torso, conforme a Fig. 4.1. Basicamente as mais importantes sto as tensGes de tragdo € compressio.Provavelmente estas slo as primeiras propriedades de um material que sto lembradas pelo engenheiro, particularmente quando sto relacionadas com as estruturas que suportam esforgos externos e devem apresentar uma resisténcia mecénica adequada, ou seja, sofrer apenas deformagdes bastante pequenas. Via de regra o engenheiro esti interessado na tensdo ou na “densidade de forga” externa necesséria para provocar uma determinada deformago, que pode ter um carter tempordrio ou permanente. ‘A tensio é definida como a forga por unidade de area e no sistema SI é expressa em ‘Newton/m?, muito embora quando se trata do estudo dos materiais seja mais usual expressé-la em Newton/mm? ou em’, Vale lembrar que a forga por unidade de area é ‘medida no SI pela unidade denominada Pascal (1 MPa~10° Newton/m’). Freqtientemente empregam-se as unidades kgf/cm? ou kgf/mm’; outra unidade usada é a libra por polegada quadrada (pound per square inch - psi. Fig, 4.1 ~ (a) Esforgo de traglo; (b)esforga de compressiio; (c) esforgo de cisalhamento; (d)esforgo de forgo. (adapiado do livro de William D. Callister Jr= “Ciénia e Engenharia de Materia: Usa introdugo"— LTC Editora-SP) 40 MATERIAIS DE ENGENHARIA FLETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I 4.2 -DEFORMAGOES ELASTICAS E PLASTICAS A deformagao se refere a alteragio (de forma) produzida em um material sob a influéncia de uma tensio mecdinica, A deformagdo mecénica é expressa da seguinte maneita Deformagio “(Ir= 1b (4.1). onde: 1,= comprimento inicial Ir= comprimento final Na realidade a deformacao sofrida pelo material uma relagdo numérica adimensional, que mede a deformagao sofrida pelo material por unidade do comprimento original. Normalmente a deformagio ¢ expressa em percentagem e designada pela letra miniscula e, que significa “elongagdo”, outra expresso muito usada, A deformagao produzida pelos esforgos externos pode ser eldstica ou plastica, A deformacdo elistica ¢ reversivel e desaparece quando a tensio é removida. Quando a deformagio é de natureza eldstica, os atomos séo deslocados de suas posigdes iniciais pela aplicagao da tensfio, Porém quando esta tensio é removida, os atomos retornam as posigées iniciais que tinham em relagdo a seus vizinhos. A deformagao elistica € proporcional a tens4o aplicada e obedece a Lei de Hooke, a qual estabelece que, para um corpo elistico, a deformagao, é diretamente proporcional & tensio aplicada, Entende-se como médulo de Young (E) a relag&o linear que existe entre a tensdo aplicada e ‘8 deformaso eldstica que cla produz, conforme se pode observar na fig, 4.2 (i), O médulo de Young esté vinculado ao conceito de rigidez de um material ¢ seu valor é muito importante para o engenheiro. 41 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA.~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I E=tensio/deformagio (4.2) Como a deformagao ¢ um numero adimensional (me/mm), resulta que o médulo de Young medido nas mesmas unidades de tensio, ou seja, Pa ou Newton/mm?. Em virtude do elevado valor numérico de E , ele € normalmente expresso em GN/mm? ou MN/mm?, Na Tabela 4.1 sio indicados valores do médulo de Young para alguns metais e ligas, expressos em GPa. TENSAO. TENSKO DEFORMACAG PERMANENTE (1) DEFGRNIAEAS (== GEFOAMAGRO Fig. 4.2 — Diagrama da tensto versus deformagao. (i) a deformagio clastica é reversivel quando a tensto & 80 plistica, mesmo com a remogao da carga a deformacio permanece. (adaptado do iro de R.A. Higgins ~ “Propriedades e Estruturas dos Materiais em Engenharia” ~ Edt Difel -SP), TABELA 4.1 ALUMINIO. 69[ TUNGSTENIO 407 COBRE Ti0|TITANIO 107 ACO. 207|_NIQUEL. 207 MAGNESIO__45[ BRONZE 7 ‘tracionado elasticamente, sofend de 1 (leur gcse iso ‘© médulo de Young: a2 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. ‘A deformaso plastica se dé quando 0 material é tensionado acima do seu limite de clasticidade. Com a deformagto plastica, os étomos se movimentam dentro da estrutura do ‘material, adquirindo novas posigSes permanentes com respeito a seus vizinhos. Quando a tenstio € removida, apenas a deformagdo eldstica desaparece e toda a deformagio plistica produzida permanece. Veja o diagrama tensfo versus deformagao da fig. 4.2 (ii). 4.3 - DUCTILIDADE E MALEABILIDADE Deste aspecto da plasticidade dos materi que sto a maleabilidade e a ductilidade. A maleabilidade se relaciona com a capacidade do material se deformar, sem fraturar, quando submetido’a esforgos de compresséo, ou seja, é a propriedade que possui o material de ser redutivel a Kiminas mais ou menos finas, sem ruptura, sob efeito da martelagem ou da laminagdo. A maleabilidade pode ser entendida como o atributo que permite a conformagao do material por deformasiio. A ductilidade se refere a capacidede do material se deformar sem se fraturar, quando submetido 2 esforgos de trago. Todos os materiais dicteis so maleaveis, mas nem todos materiais maledveis so necessariamente dicteis. Isto porque um material macio pode ter pouca resisténcia e romper facilmente quando submetido a trag%o. A ductilidade & também conhecida como a propriedade que possui o material de ser estirado em fios e essa caracteristica € peculiar da maioria dos metais. Pode-se dizer corretamente que a ductilidade & a deformagao plastica total até o ponto de ruptura do material. Uma medida da ductilidade 6 a estrice@o que expresse a redugdo da érea da seqd0 transversal em termos percentuais em relago a rea original transversal, antes de ruptura, ou seja; decorrem duas outras relevantes propriedades % redusio drea = (area inicial — area final) /‘rea inicial x 100 A fabricago dos fios e cabos condutores resulta da aplicagtio dessa valiosa propriedade apresentada pelos metais, em particular pelo cobre e aluminio, amplamente usados pela engenharia elétrica. ‘Um conhecimento da ductilidade dos materiais ¢ importante pelo menos por dois motivos. Em primeiro lugar, ela dé uma indicago para o projetista do grau, segundo a qual uma esirutura poderd se deformar plasticamente antes de fraturar. Em segundo lugar, ela determina 0 grau de deformagio permissivel durante os processos de fabricagdo. Os materiais dicteis sio denominados de “generosos”, no sentido de que eles podem sofrer uma deformago local sem que ocorra fratura, caso haja algum erro nas grandezas de calculo das tenses de projeto. a PPUVTTTTTTTTTTTTTITIT ITTY TTI TTT Tritt tty MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I 4.4—DUREZA A dureza & outta propriedade mecénica que & definida como a resisténcia que a superficie do material apresenta & penetragdo por outro material. Existe mais de uma dezena de censaios de dureza. Historicamente a mais antiga escala de dureza é devido Mohs (1822) que é baseada na capacidade de um material riscar 0 outro, ou seja, na sua resisténcia ‘abrasao superficial era mais utilizada na medida relativa da dureza dos minerais. A‘ nesta escala o diamante encabega a lista com uma dureza igual a 10, enquanto o talco ¢ 0 Ultimo da escala com um {indice de dureza igual a um. Existem novos ensaios e escalas. Serio mencionadas de forma breve os ensaios de dureza de Brinell, Vickers , Knoop (pronuncia-se nup) e Rockwell Tabela 4.2 ‘Técnicas de ensaio de dureza —Femedeimoresie __——_pargtaparao Nimero rio Pomerat Vs Latent” Wi Supeior Crp. ee Dre? int Exe om 10 2 OL! a “em a9. cathe * son We detungtéaio ote - Wawa tie de ss Saha P water ieee <= > Sie! po Rese rena ve Reel ‘cotta im 1889 | Rosese Sopot. Uae i pot @ ‘te delat ll y oc Sper ( cosede dame 2 ed deca eng ere Gee : ates Wr tec Ws Matte} Wa 7 Ses od Ppt of oad, Ye, Mea Beker Cotas © 198 a Rea Ye Reap be Wy Sng Be Li © primeiro deles, proposto por Brinell, consiste em comprimir uma esfera de ago, de didmetro D sobre a superficie plana do material que se pretende ensaiar, por meio de uma forga P. A compressio da esfera na superficie do material causa uma mossa permanente, Esta mossa tem a geometria de uma calota esférica, de didmetro d. A dureza na escala 4 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. Brinell (HBN- Hardness Brinell Number) é calculada pelo quociente da forga apticada pela rea da mossa produzida (calota). A dureza Brinell tem unidade de pressdo, pois ¢ expressa normaimente em kgffmm?, A escala Vickers surgiu em 1925 e neste caso 0 elemento penetrador é uma pirdmide de diamante de base quadrada e com um angulo de 136 graus entre as faces opostas. A mossa, quando vista ao microscépio, tem a geometria de um losango retangular de lado d. A dureza Vickers também tem unidade de pressio ¢ é normalmente expressa em kgfimm?. A escala Knoop usa um penetrador de diamante muito pequeno, de forma piramidal. Tanto Vickers como Knoop aplicam cargas também pequenas, entre 1 a 1000 gramas e destina-se a realizagdo de ensaios de micro-dureza Finalmente o ensaio Rockwell (1922) que 6 0 método mais correntemente usado, pois é muito simples de executar e no exige habilidades especiais. O método de Rockweel permite 0 ensaio de todos os metais ¢ ligas, desde os mais duros aos mais macios. Diversas escalas so usadas a partir de combinagdes possiveis de varios penetradores ¢ diversas cargas. Os penetradores utilizados nestes ensaios sao do tipo esférico (esfera de ago temperado) ou cénico (de diamante com conicidade de 120 graus), conforme ilustrados na Tabela 4.4. Neste método o numero indice de dureza ¢ determinado pela diferenga de profundidade de penetragtio que resulta de uma carga inicial menor seguida por uma carga principal maior. Com base na grandeza das cargas citadas, a maior e a menor, existem dois tipos de ensaios: Rockwell e Rockwell superficial. No primeiro caso, a carga menor é de 10 kg, enquanto as cargas principais sdo de 60, 100 e 150 kg. Cada escala ¢ representada por uma letra do alfabeto e estio listadas com seus penetradores e cargas respectivas na Tabela 42. Tabela 4.3 Escala de dureza de Rockwell ‘Slanbaio da ssl Penoiador ‘Carga pins A Diamante 60 B Tea com 1/16 poh 100 c ~___ Diamante 150 D Diamante 100. E fra com U8 po 10 F Esfera com 1/16 pol 60. € sfera com W/16 pol 156) i ‘Esera com 1/8 pol 60 K Esfera com Lif pol 150) ara ensaios superficiais, a carga menor é de 3 kg; valores possiveis para a carga principal sio 15, 30 ou 45 kg. Essas escalas estio identificadas por um 15, 30 ou 45 (de acordo com a carga) seguido pelas letras N,T, e W, dependendo do tipo do penetrador. Os ensaios superficiais so feitos para corpos de prova mais fino e delgados. A Tabela 4.4 apresenta as varias escalas superticiai Ao especificar a dureza Rockwell ¢ superficial, tanto o nimero indice de dureza como 0 simbolo da escala deve ser indicado. A escala Rockwell ¢ sempre indicada pelo simbolo HR, seguido pela identificagio da escala apropriada, Exemplos: 80 HRB representa uma 45 aaeeaescennaananaanaasdstasancasan a a a a a a2 eee MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. dureza Rockwell de 80 na escala B; e 60HR30W indica uma dureza superficial de 60 na escala 30W. 0 dispositivo modemo para efetuar medigdes de dureza Rockwell é automatizado e muito simples de usar; a leitura da dureza ¢ direta e exige apenas alguns segundos. ‘Tabela 4.4 Escalas de dureza Rockwell superficial ‘Simmbolo da scale Pension Ca principal a 13N 15 30N, 30 sn a ist Fife com 1/16pal 15 307 Estfera com 1/16 pol _ 30 sT sera com 1/16 pol 5 15W, Esfera com 1/8 pol is 300. Esfera com 1/8 pol 30 a5W Esfera com 18 pol & 4.5 - OUTRAS PROPRIEDADES ‘A tenacidade & a medida da energia necesséria para tomper o material. Difere da resistencia & tragdio (ou & compresséo), que é a medida da tensio necesséria para romper 0 material. ‘A maneira como a carga é aplicada é muito importante para determinagao da tenacidade. Para uma condigdo dindmica e quando um entalhe ou ponto de concentragdo de tensfo est presente, a tenacidade é determinada por ensaios padronizados de Charpy e Izod. Outrossim, a tenacidade medida por ensaio de impacto é uma propriedade indicativa da resisténcia do material a fratura quando uma fenda esté presente. Para a tenacidade medida sob a condigao estética cla pode ser determinada pelos resultados obtidos no diagrama tensio versus deformaglo; é representada neste caso pela drea sob a curva tenslo versus deformagéo até 0 ponto de fratura ¢ sua unidade € energia por unidade de volume do material (J / m’). A resiliéncia & a capacidade do material absorver energia quando deformado elasticamente ¢ devolver esta energia quando a carga aplicada é removida. Ela também é mensurada pela rea sob a curva tensdo versus deformago (no regime elastico) ¢ expressa em unidades de energia por unidade de volume do material. Denominam-se materiais resilientes aqueles que apresentam uma elevada tensio (trago ou compressio) associada a um baixo modulo de elasticidade, Materiais com tais caracteristicas so usados para fabricagao de molas. A fluéncia (na literatura técnica inglesa conhecida como “ereep”) ¢ outra propriedade que pode ser definida como uma deformagao continua que ocorre, com a passagem do tempo, em materiais sujeitos a uma tens%o constante. Esta deformagio ¢ plastica ¢ se verifica mesmo que a tensio atuante esteja abaixo do limite de escoamento do material A 46 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I resisténcia ao escoamento de um material é a medida da tensio estitica que este pode ssuportar sem que apresente qualquer deformago permanente. Um exemplo interessante de fluéncia tem ocorrido com os cabos aéreos das linhas de transmissio elétricas de alta tensfo. Grandes vos sujeitos a uma tensio mecénica constante, durante muitos anos, sofrem um processo de fluéncia, acarretando um aumento da flecha dos condutores e alteragdes das distincias minimas do condutor energizado a0 solo. Finalmente a “fadiga” que se refere a uma forma de falha do material sob a ago de tenses ‘lutuantes ou repetidas. Sob estas condigdes é possivel ocorrer a fratura do material, mesmo que o nivel de tenso aplicado seja consideravelmente mais baixo que o valor limite que 0 ‘material pode suportar sob uma carga estitica. O termo “fadiga” é usado porque este tipo de falha normalmente ocorte apés um longo perfodo de tensdes ciclicas. A fadiga & importante porquanto é apontada como a responsive! por 90% das faléncias metélicas. Outrossim, a fadiga é catastréfica e insidiosa, ocorrendo sua falha de forma sibita ¢ sem aviso. Muitas causas da fadiga so devidas a vibragdes nao previstas e muitas vezes nfo detectadas. No campo da engenharia elétrica ocorrem casos de fadiga, com rompimento de fios condutores dos cabos de aluminio usados em linhas agreas de alta tensiio. No ponto de sustentagéo, 0 cabo sofre esforgos altemativos provocados pela vibragdo produzida pelos ventos. Veja a foto da Fig. 4.3, Fig. 4.3 ~ Danificagio produzida num eabo condutor ACSR de uma vibragao edliea. Observam-se virias pernas partidas do cabo. Foto do autor. ia de transmissf0 produzida por " e222 2228 4424444420444 282446 2040286884208 022800098 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA - VOL. I CONCEITOS CHAVES Tensfio de tragaio Tensio de compresstio Deformagao elist Deformagao plastica Elongago Médulo de elasticidade ou de Young Lei de Hooke Maleabilidade Ductilidade Dureza Escala Brinell Tenacidade Resiti Fluéneia Fadiga QUESTOES PARA ESTUDO 4.1 ~ Enumere as propriedades mecénicas mais importantes dos materiais utilizados em engenharia elétrica? 4.2~ O que se entende por deformagao elssticae plistca de um material? 43 ~ Faga um gréfico mostrando as relagdes entre as tenses mectnicas aplicadas a um material e as ‘doformagies devorrentes. Explique a lei de Hooke e fale sobre 9 médulo de Young, 44 ~ Uma barra com o ditmetro igual a 1,25 cm, suporta uma carga de 6500 kgf. Qual a tensio que solicita a barra? Seo material da barra possui um médulo de elasicidade de 21000 kef/mm’, qual a deformaggo que a barra softe ao ser solicitada pela carga de 6500 kgf? ‘4.5 — Uma barra de aluminio com 1,25 cm de difmetro possui duas marcar que distam entre si de 50 em. Os seguintes dados s80 obtidos quando cargas de trafo slo progressivamente aplicadas na barra. Carga — kg Distincias enire as marcas, em mm 900, 30,03 1800, 50,09 2700 50,15 3600 54,80 Pergunta-se qual & 0 médulo de elasticidade da barra? 46-0 que se entende por “dureza” de uma material.? Como medir esta grandeza? 4.7— 0 que se entende por “ductilidade” “maleabilidade” de um material? Ressalte a importincia dessas propriedades nas aplicagSes em engenharia elétrca 4.80 que se entende por “tenacidade” de um material ? 4.9~ Explique o que significa “resiliéncia” de um material equal o campo de aplicagSes que esta propriedade muito apreciads. ? 4.10 ~Considere uma barra cilindrica fabricada com uma determinada liga de metais e que tem um diémetro de 8mm. Uma forga de 1000 N ¢ aplicada axialmente na barra cilindrica, produzindo no seu diémetro uma Fedugéo elistica de 2,8 x 10 mm. Calcule 0 modulo de elasticidade desta pesa, sabendo-se que a relaylo. ‘entre as elongagGes radial ¢ axial ¢ de 0,3. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I CAPITULO V PROPRIEDADES TERMICAS As propriedades térmicas esto relacionadas com 0 comportamento material perante # aplicacdo de calor. £ importante fazer uma distingao entre calor € temperatura, Calor é energia sob forma térmica ¢ a temperatura representa 0 nivel de atividade térmica do material. 5.1 - ESCALAS TERMOMETRICAS E UNIDADES DE CALOR © material ao absorver energia sob forma de calor, sua temperatura aumenta € suas dimensdes sio alteradas. A energia calorifica pode ser transportada para regides mais frias, tanto pertencentes ao mesmo espécime como para outros materiais, desde que estas regides ou estes corpos estejam sujeitos a temperaturas diferentes. No caso de ‘um mesmo corpo fala-se em gradiente de temperatura, {As escalas termomeétricas mais utilizadas sfo: as escalas Kelvin,de graus centigrados Celsius © de graus Farenheit, usada pelos ingleses e americanos. © SI recomenda utilizar a escala de graus absolutos Kelvin, cujas relagdes com Celsius e Farenheit sdo as seguintes: K =273,15° +t °C K =255,37 +5/9t°F As relagdes entre Celsius e Farenheit sfio dadas pelas expresses abaixo; °F =9/5 °C +32°C °C -=5/9 CF -32) A energia sob forma de calor, assim como a energia mecdnica, é uma coisa intangivel. ‘A unidade de calor nfio pode ser conservada no Instituto de Padrées. Trés unidades existem de uso muito freqtiente: Grande caloria ou quilo-caloria -keal Pequena caloria ou caloria-grama -cal Bristish Thermal Unit -BTU A grande caloria é definida como a quantidade de calor necesséria para aumentar de um grau centigrado a temperatura de um quilograma de égua. A caloria-grama é a quantidade de calor necessaria para aumentar de um grau centigrado um grama de agua. O BTU por sua vez, corresponde a quantidade de calor necesséria para elevar de um grau Farenheit uma libra d’dgua (1 libra = 0,45359 ke). I keal = 1000 cal 1 BTU = 0,252 keal = 252 cal 49 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I Uma relagdo importante entre as unidades de calor ¢ as unidades mecénicas de energia foi obtida pelas experiéncias de Joule para determinagao do equivalente mecénico do calor. Nesta experiéncia certa quantidade de energia mecénica mensurdvel é completamente transformada em uma quantidade de energia térmica, também mensurdvel. Nos processos mais modernos a energia elétrica é convertida em calor por meio de uma resisténcia elétrica imersa na agua, Os resultados dao até hoje: 1 keal Leal 4.186 joules 4,186 joules 5.2 - CAPACIDADE CALORIFICA Um material quando aquecido experimenta um aumento de temperatura significando que alguma energia foi absorvida pelo mesmo. A capacidade calorifica é a propriedade indicativa da habilidade do material absorver energia calorifica de uma vizinhanga extema. Representa a quantidade de energia requerida pelo material para produzir um aumento de uma unidade de temperatura. Ou, em outras palavras, a capacidade calorifica & a relagio entre a quantidade de calor cedida ao material € 0 acréscimo de temperatura correspondente que se verifica no material Matematicamente pode ser expressa assim: CHdQidT 1) Onde dQ é a energia requerida para produzir a mudanga de dT de temperatura, ou ainda: C=QAT (52) pode ser expresso em keal ou cal por graus centigrados ou Kelvin, No caso de AT = 1, 8 capacidade calorifica ¢ igual numericamente a quantidade de calor que deve ser cedida a0 corpo para aumentar sua temperatura de um grau. Denomina-se de capacidade calorifica especifica de um material a, sua capacidade calorifica por unidade de massa (mm) desse material. Designa-se pela letra ¢ minascula: c=Q/maT (5.3) A capacidade calorifica especifica é expressa em Jkg.K, ou J/g.K e também por cal/g°C ‘A equagdo acima, quando escrita assim: Qz=meAT |, (6.4) representa a equaco geral da teoria calorimétrica, ou seja, diz da quantidade de calor que é absorvida por um corpo de massa m e capacidade calorifica especifiea c, quando submetido a uma variagio de AT graus. 50 ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 Na realidade a capacidade calorifica especifica pode ser mensurada, de acordo com as condigdes ambientais que acompanham 0 processo de transferéncia do calor. Uma deles considera a capacidade calorifica especifica cy mantendo o espécime da amostra sob volume constante, outro considera constante a pressdo e neste caso ¢ denotado de fp. A grandeza de ep € sempre maior que ¢,, entretanto, esta diferenga € muito pequena para a maioria dos materiais s6lidos, na temperatura ambiente, Abaixo sto indicados alguns valores de ¢» (expressos em J/kg.K) x Tabela 5.1 > volones BE

Ty a tensfio introduzida seré de compressio (<0) . Se a barra for resfriada (Tf < To) a tensdo imposta ao material serd de tragdo (0 > 0 ). Tabela 5.3 (propriedades térmicas de alguns materiais) [Material GORER) [CCI ]_ECWinRY ‘METALS € LIGAS ‘Aluminio 300 236 27 ‘Cobre 386; 179 398 ‘Ouro 128 142 315 Ferro) a8 118 30 Niguel 443 13,3 90 Prata 235 197 428 Tungstéaio 138 45 178 “Ago 1025 “486 12,0 31.9 ‘Ago puro 316 302 16,0 ie Latao(70Cu-30Zn) 375 20,0 120 Kovar (54Fe-29Ni-17C0) |__460__| 5,1 1 Tavar (64Fe-36Ni) 500. i ‘CERAMICOS Alumina (ALO3) 7, 76 3 Magnesia (MgO) 940 13,5 31,7 Silica fundida (SiO) 740. 14 Vidro Pyrex 850 La idro soda-cal 340 9.0 ir POLIMEROS Polietileno (alta 1850 106-198 0,46-0,50 densidade) Polipropileno 1925 145-180 O12 Teflon 1050 126-216 0,25 Baquelie 1590-1760 12 Os Nylon 6.6 1670 lad O24 Tabela adaptada de William D. Callister Jr. ~ “Citncia ¢ Engenharia de Materiais: Uma Introdueto” - LTC Editora-SP 35 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 CONCEITOS CHAVES ‘Temperatura Escalas termométricas Caloria ‘Capacidade calorifica Capacidade calorifica especifica Coeficiente de condutividade térmica Condugao térmica por convecga0 Condugao térmica por irradiagao Coeficiente linear de expansdo térmiea ‘Tenses térmicas QUESTOES PARA ESTUDO 5.1 ~ Caleule a quantidade de energia necesséria para elevar a temperatura de 20 para 150°C de 5 kg. dos seguintes materais:aluminio, fero e polietileno. 5.2 ~ Qual a elevagtio de temperatura necesséria para que uma amostra de ago (steel 1025, veja tabela), ‘com 25 libras de massa ea 25 °C, absorva 125 BTU de energia térmica. ? 5.3 - Enuncie quais sto as diversas formas que o calor pode ser transmitido e destaque qual destas Formas & a mais largamente utilizada para o arrefecimento dos equipamentos eletro-eletrOnicos, 54 — Uma parede com 12,5 om de espessure possui uma condutividede térmica de 0,000495 calemfem? °C, Qual a perda de calor por hora, através desta parede, se a temperatura interna € de 55 Cea externa de 20°C 5.50 coeficiente médio de dilatago térmica de uma barra de ago € de 13,5 x 10°C. Qual variagho de temperatura ¢ neessia para produzir a mesma variago linear que uma tensBo de 63 kgf? 5.6 ~ Os sistemas de arrefecimento dos dispositivos eletro-cletrGnicos so extremamente importantes na definigdo da poténcia que pode ser posta em jogo pelos equipamentos, sem prejuizo da estabilidade térmica dos materiais que os constituem, especialmente os dielétricos © semicondutores. Explique porque um diodo tem sua potencia aumentada quando se coloca sobre ele uma “aleta” metalica. Qual a natureza da dissipagdo térmica que se verifica e qual o fator predominante que concorre para esse aumento ? 5.7 « Um condutor com isolagio de PVC € colocado no interior de um eletroduto metélico fechado, ‘exposto ao tempo. Descreva como a energia térmica gerada pelo condutor energizado ¢ dissipada no meio ambiente. Quais 0s recursos que poderiam ser utiizados para aumentar a poténcia de dissipayao com o mei de ambiente? 5.8 ~ Descreva os mecanismos tmicos de arrefecimento de um transformador. Indique quai s80 os agentes geradores de calor neste tipo de equiparnento ? 56 6662 OOOO AOAE4AEAOAEAEOAAAEDADABADADE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I 7 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I CAPITULO VI PROPRIEDADES ELETRICAS As propriedades elétricas dos materiais decorrem da interagio de campos elétricos com as particulas eletricamente carregadas existente no seio do material, 6.1 -CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE ELETRICA. A condutividade elétrica revela a facilidade do material transmitir uma corrente elétrica quando sujeito 2 um gradiente de tensio elétrica, A lei de OHM relaciona a intensidade da corrente elétrica I (carga elétrica por unidade de tempo que atravessa a segdo reta do material condutor) com a fensao elétrica aplicada U. U=R (6.1) onde R é a resisténcia que o material oferece a passagem da corrente, U ¢ expresso em volts (1/C), a corrente I em ampéres (C/s) eR em ohms (U/A). A grandeza de R ¢ influenciada pela natureza do material ¢ pela geometria do corpo. Deste modo: R=pWVA,onde: (6.2) p € a resistividade, ou seja, a caracteristica do material que independe da sua geometria, | a distancia entre os dois pontos na qual a tensio elétrica é aplicadae a segdo transversal A. Tem-se assim: p =RA/L 63) As unidades da resistividade so expressas em ohm.metro. O conceito de condutividade elétrica também é usado para caracterizar o material. A condutividade elétrica € simplesmente o inverso da resistividade assim como 2 condutincia é 0 inverso da resisténcia , expresso no SI pela unidade Siemens. E um indicativo da maior ou menor facilidade de condugao elétrica que o material apresenta. As unidades de condutividade sio (ohm.m) “! ou Sicmens/m, os =l/p (6.4) Na discussdo sobre as propriedades elétricas dos materiais ambos os conceitos de condutividade e resistividade serdo considerados. Aduz-se ainda que a lei de Ohm pode ser também assim formulada: J=0E (6.5) 56 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I Onde J é a densidade de corrente do espécime (ou seja VA) e E representa a intensidade do campo elétrico, ou seja, a tensio elétrica aplicada entre os dois pontos do material dividida pela distancia que os separa, isto é: E-ul (5.6) ‘A demonstragao da equivaléncia das duas expressdes da lei de Ohm é deixada aqui como um exercfcio para o leitor. Os materiais apresentam uma fantstica série de valores de condutividade elétrica, estendendo-se sobre 27 ordens de grandeza. Provaveimente nao ha outra propriedade fisica que exiba uma tdo larga faixa de variagdo quanto a condutividade elétrica De fato uma das maneiras de classificar os materiais é de acordo com a sua maior ou menor facilidade com que conduzem a corrente elétrica. Desta forma os materiais podem ser agrupados em condutores, semicondutores e isolantes ou dielétricos. Os metais se apresentam como os methores condutores, com uma condutividade tipica de 10’ (Q.m)'. No outro extremo desta série esto os materiais de baixa condutividade, variando de 10" a 107° (Q.m)', sio os denominados materiais isolantes. Materiais com condutividade intermediéria, geralmente de 10° a 10° (Q.m)''sio chamados de semicondutores, 6.2 - BANDAS DE ENERGIA NOS MATERIAIS SOLIDOS Como jé foi abordado no capitulo 2 para cada stomo individualmente existem niveis discretos de energia que sio ocupados pelos elétrons, arranjados em camadas ¢ subcamadas. As camadas so designadas por nimeros inteiros (1,2,3, etc.) ; as sub- camadas pelas letras (s, p ,d ,¢ f). Para cada uma dessas subcamadas existem, respectivamente, um, trés, cinco e sete estados energéticos. Os elétrons, na maioria dos dtomos preenchem primeiramente os estados de mais baixos niveis de energia, Iembrando ainda que apenas dois elétrons, de spins opostos, podem ocupar cada estado energético, conforme o principio de exclusdio de PAULI. A configuragio dos elétrons em um dtomo isolado é representada pelo amranjo.desses elétrons dentro dos estados permitidos O material sélido pode ser concebido como constituido de um elevado mimero de fitomos, N dtomos, que inicialmente esto separados uns dos outros ¢ que sto reunidos, juntos uns aos outros ¢ ligados entre si por ligagdes interatomicas, de modo a formarem um arranjo atOmico ordenado, como por exemplo, nos materiais cristalinos, Quando os dtomos esto separados entre si por relativas longas distancias, cada étomo independente um dos outros e ele tera niveis e configuragdes energéticas dos seus elétrons como se fosse isolado. Entretanto, quando se avizinham de outros tomas, os elétrons de cada étomo so perturbados ou agitados pelos elétrons ¢ niicleos dos tomos adjacentes. Essa influéncia é tal que cada distinto estado atémico pode desdobrar-se em uma serie de novos estados dos elétrons, bastante préximos uns dos outros, entretanto, espacados entre si, de tal forma que se obtém 0 que se denomina de banda de energia dos elétrons. A largura dessa banda depende da separagao interatémica e comega com os elétrons da camada mais externa, desde que eles so os primeiros a serem perturbados quando os étomos sto aproximados. E ¢ dentro de cada banda os estados de energia so ainda 37 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 discretos, muito_embora as_diferencas entre estados _adjacentes_sejam ‘xtremamente pequenas, O nimero de estados dentro da cada banda sera igual ao total de todas contribuigdes proporcionados pelos N étomos que foram reunidos juntos. Por exemplo, uma banda s consistiré de N estados, com 2N elétrons; uma banda p de 3N estados, com 6N elétrons, etc.. Na disténcia interatémica de equilibrio, pode ocorrer a no formagdo de bandas para 0s elétrons que se encontram em estados energéticos muito proximos do niicleo, com ilustrado na Fig. 6.1 Contudo, intervalos (ou gaps) podem existir, entre bandas adjacentes, tal como ilustrado na fig. 6.1. Normalmente os niveis energéticos existentes no interior dessas bandas proibidas néo sao disponiveis para serem ocupados pelos elétrons. O modo convencional de representar a estrutura das bandas de energia dos materiais slidos esta indicado da Fig, 6.2. Observa-se que sio exibidas apenas as bandas de valéncia, ou seja, aquelas que contém os mais altos niveis de energia e pela banda de condugdo que € a banda seguinte de mais alta energia e que na maioria das circunstancias encontra-se virtualmente desocupada de elétrons. As propriedades clétricas do um material s6lido so, portanto, uma conseqiléncia das estruturas das bandas de energia de seus elétrons, ou seja, do arranjo dos elétrons da camada mais externa, ou seja, mais especificamente, da banda de valéncia e da maneira como ela ¢ preenchida pelos elétrons. Evargy Earn seston ‘eecg a w Fig. 6.1 — (a) Representacto convencional da estrutura das bandas de energia dos elétrons num material sélido, na posiglo de separasdo interatomiea de equilibrio. (b) Nesta parte da figura observa-se as energias dos elétrons versus a sua separagio interatdmica para um agregado de tomos, ilustrando como a estrutura de banda de energia é gerada na posigao de separagio interatdmica equilibrads, visto na parte esquerda (a) do desenho. (adaptado de 2.D. Jastrzebski = “The nature and properties of engineering materials” - Edt. John Wiley and Sons ~ 1987 — EUA). Sio possiveis quatro diferentes tipos de estruturas das bandas de energia, conforme Fig. 6.2. a) A banda de valéncia ¢ somente parcialmente preenchida pelos elétrons. A energia correspondente ao mais alto estado preenchido pelo elétron é denominado de nivel 58 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELEO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 de Fermi ( Ej) como indicado na figura mencionada por iltimo. Esse tipo de estrutura de bandas de energia € tipico de alguns metais, em particular daqueles que tém uma camada s com apenas um elétron. (exemplo: 0 cobre), A estrutura do cobre é 1s°2s°2p°3s°3p°3d!°4s'. Assim, cada atomo de cobre tem apenas um elétron na banda 4s, entretanto quando juntos N étomos, a banda 4s é capaz de acomodar 2N elétrons. Desa forma somente metade das posigdes dentro da valéncia 4s esta preenchida. Como existem estados de energia vazios adjacentes 0s estados ocupados, a aplicagio de um campo elétrico pode acelerar facilmente 0s elétrons produzindo a corrente elétrica. b) © segundo tipo € também encontrado nos metais cuja banda de valéncia esté totalmente preenchida, porém essa banda recobre a banda de condugao, a qual, como é sabido na auséncia desta superposigio seria completamente vazia. O magnésio é um metal que pode servir de exemplo para este caso: 1s’2s°2p°3s", cada tomo isolado de magnésio tem dois elétrons de valéncia, entretanto, quando © sblido formado as bandas 3s ¢ 3p se sobrepem. Os elétrons de valéncia podem ter suas enetgias aumentadas, pela ago do campo elétrico, dentro da banda 3p, de tal forma que o magnésio conduz eletricidade muito facilmente. A situagio ilustrada na Figura 6.2, letras (a) e (b) sto peculiares dos metais, onde a passagem de elétrons da banda de valéncia para a banda de condugdo ¢ relativamente facil de ser efetivada. ©) Finalmente as duas iltimas estruturas de bandas (Fig. 6.2, letras c) e d) sd0 semelhantes: para cada uma delas todos os estados energéticos na banda de valéncia esto completamente ocupados, contudo, néo ha superposigao entre elas. Entre elas existe uma banda proibida. A diferenga entre esses dois tipos de bandas depende da magnitude de suas respectivas larguras. Para materiais denominados de isolantes, a banda proibida ¢ relativamente larga (> 2eV), enquanto que para os materiais chamados de semicondutores € estreita (< 2eV). O nivel de Fermi para esses dois tipos de bandas situa-se perto da parte central da banda proibida. Valence ae a © Fig, 6.2 —-As possivels e variiveis possibilidades de estruturas de bandas de energia nos sélidos. (a) A estrutura de banda de energia dos elétrons encontrada em metais tais como 0 cobre, na qual esto disponiveis estados energéticos acima e adjacente aos estados preenchidos na mesma banda, (b) A estrutura de banda de energia dos elétrons tipiea de metals tais como o magnésio, na qual ha uma superposie#o da banda preenchida de valencia com a banda vazia de condugSo. (c) Estrutura de banda de energia de materiais isolantes; a banda preenchida de valencia é separada da banda vazia de condugo por uma relativamente grande banda proibida (“gap"> 2eV). (0) A estratura de banda de energia de elétrons ¢ encontrada em semleonautores, com a mesma configuragho dos isolantes, excetuando neste caso que a largura dla banda proibida ("gap") & relativamente estreita (< 2eV). (Adapatado de William D. Callister Jr ~ “Ciéneia e Engenharia de Materiais ~ Uma Introduc0” ~ Kditora LTC - Sao Paulo) 39 ae ee OOO OOOOSOOOEOOOADLOOEADEALEAABEOOE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA — VOL. I 6.3 - CONDUCAO ELETRICA EM TERMOS DAS BANDAS DE ENERGIA E importante anotar que somente os elétrons com niveis de energia maiores que o nivel de Fermi podem ser influcnciados © acelerados na presenya de um campo elétrico(num metal o nivel de “Fermi é a energia que corresponde ao estado eletrénico preenchido mais elevado a 0 K) .Esses elétrons que participam do proceso de condugiio elétrica sfio denominados de “elétrons livres”. Para os materiais que exibem o modelo de ligagdes metélicas, supée-se que os elétrons de valéncia tém liberdade de movimento e formam o chamado “gés eletronico” que é distribuido de forma uniforme através da estrutura cristalina cujos vértices so ocupados pelos ions formados pelos nicleos dos 4tomos metalicos. Muito embora esses elétrons n&o estejam vinculados a nenhum dtomo em particular, eles devem experimentar alguma excitago externa para tomarem-se portadores de carga. Os materiais semicondutores ¢ isolantes exibem modelos de ligagdo tipo iénica ou covalente, onde todos elétrons da camada de valéncia esto comprometidos. Os estados energéticos vazios adjacentes ao topo da banda de valéncia preenchida no sto disponiveis. Para tomar-se livre 0 elétron tem de ser algado através da banda de energia proibida, na diresdo dos estados energéticos vazios que existem na banda de condugdo, Iss0 somente sera possivel com o aporte ao elétron de uma certa quantidade de energia que é igual a diferenga entre esses dois estados, ou seja aproximadamente igual a diferenga entre as energias das bandas de valencia e condugao. Como jé visto, em muitos materiais a banda proibida apresenta uma largura relativamente grande, expressa em elétron-volts ( eV = 1,602 x 10"! J). Muitas vezes esse aporte de energia pode ser de origem nao elétrica, tais como: calor, radiagSes (lu2), sendo mais usual esse aporte ser de natureza elétrica, niimero de elétrons que podem ser excitados termicamente para alcangarem a banda de condugo depende da largura da banda bem como da temperatura. Para uma dada temperatura, quanto maior for a largura da banda proibida, menores serlio as probabilidades de que um elétron de valéncia alcance um novo estado energético dentro da banda de condugdo, isso resulta em muitos poucos elétrons condutores, Em outras palavras, numa dada temperatura uma banda proibida de grande largura resulta em baixa condutividade elétrica. A distingdo basica entre semicondutores e isolantes reside, portanto, na largura da banda proibida; para os semicondutores ela € estreita e para os materiais isolantes ela é relativamente larga. Acrescente-se que nos materiais isolantes as ligagdes atémicas sio idnicas ou covalentes e deste modo os elétrons sio fortemente ligados aos seus dtomos individuais. Por outro lado aumentando-se a temperatura, de um semicondutor ou de um isolante, resultaré num aumento da energia térmica que € disponivel para a excitago do elétron, Deste modo mais elétrons podem ser algados para a banda de condugao, o que resulta num engrandecimento da condutividade elétrica do material. Nos semicondutores as ligagdes sto covalentes (ou predominantemente covalentes) € relativamente fracas, o que significa que os elétrons de valéncia nao estao fortemente vinculados aos seus tomos individuais. Consequentemente esses elétrons podem ser removidos mais facilmente por uma excitagfio térmica do que nos isolantes. 60 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 6.4 - MOBILIDADE DOS ELETRONS A interago do campo elétrico aplicado com os elétrons livres existentes no seio do material determina uma aceleragiio dessas particulas, em direg&o oposta ao sentido do campo, em virtude de ser uma carga negativa. De acordo com a teoria quantica nao existe nenhuma interagao entre um ciétron livre acelerado € os dtomos que constituem uma rede cristalina perfeita. Como se sabe 0 elétron é uma particula pertencente a familia dos “leptons”, ou seja, das particulas viajantes ¢ se desloca com uma velocidade escalar média de 10° cm/s Em tais condigées todos os elétrons livres poderiam ser acelerados continuamente pelo campo, enquanto sua agio perdurasse, 0 que acarretaria uma elevagio continua da corrente com o tempo. Entretanto, observa-se que a corrente elétrica busca um valor constante, a partir do instante que o campo ¢ aplicado, indicando assim que existe 0 que poderia ser denominado de “forgas friccionais” que contrariam a aceleragio dos elétrons pelo campo extern. Essas “forgas friccionais” decorrem do espalhamento ou as deflexdes no percurso dos elétrons provocadas pelas imperfeigdes existentes na rede cristalina, tais como: impurezas de tomos,(étomos intersticiais ou substitucionais), vacdncias, deslocamentos ¢ vibragdes térmicas dos proprios étomos. Quando da ocorréncia de um evento de espathamento, o elétron perde energia cinética e muda de dirego de seu movimento, conforme esti ilustrado na Fig. 6.3. Contudo, registra-se um deslocamento real do elétron, na direg%o oposta a do campo e ¢ este fluxo direcionado de portadores de carga que constitui a corrente elétrica, Esse deslocamento efetivo do elétron sob a ado do campo (drifty velocity, ou velocidade de arraste)) é designado de vg e sua ordem de grandeza é da ordem de 107 emis. Seating eves bags Fig. 63 — Diagrama esquemstico mostrando © caminho percorrido por um elétron que sofre deflexdes provocadas pelos eventos de espalhamento a que & submetido.( Adaptadp de William D. Calister ~“Ciéncia « Engenharia de Materiis- Uma Introdusao * ~ Editora LTC ~ Sio Paulo) © fendmeno da dispersio sofrida pelos elétroris é a manifestagdo da resisténcia oferecida pelo material a passagem da corrente elétrica Varios parametros podem descrever este fenémeno do espalhamento dos elétrons. O primeiro deles é a velocidade va de deslocamento efetiva do elétron (arraste) sobre a ago do campo elétrico . Ela representa a velocidade média de deslocamento do a aa a eee e2eeeeaee MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I elétron na diregdo imposta pelo campo. Esta velocidade ¢ proporcional ao campo elétrico. Va =He-B (67) ‘A constante de proporcionalidade jt, € denominada de “mobilidade” ¢ é uma medida com que se desenvolve o movimento de arraste das cargas (elétrons). Sua unidade € 0 metro quadrado por volt.segundo (m’/ V.s). A condutividade o da maioria dos materiais pode ser expressa como: o =n. (68) onde, m representa o numero de elétrons livres por unidade de volume e e representa carga elétrica do elétron ( valor absoluto ) que é de 1,6 x 10” C. Conelui-se assim que a condutividade ¢ proporeional ao nimero de elétrons livres ¢ a mobilidade do elétron. 6.5 — RESISTIVIDADE DOS METAIS Como ja observado anteriormente os metais so excelentes condutores de eletricidade. A tabela a seguir apresentada relaciona a condutividade, na temperatura ambiente, dos prineipais metais condutores utilizados pela industria elétrica. Tabela 6.1 Metal ‘Condutividade (Q-m)"" x 10" Prata 68 |__—“Cobre 60 Ouro a3 lumtnio 38 1 Ferro io Plating 094 ‘Ago puro 02 Sabe-se que a alta condutividade dos metais decorre da clevada quantidade de elétrons livres existentes neste tipo de material e que podem ser facilmente excitados para ‘ocuparem estados energéticos vazios, acima do nivel de Fermi, Nesta altura é conveniente discutir a condutividade dos metais em termos da resistividade, a reciproca da condutividade, ou seja: p= lle =1/n.e. pe (6.9) Desde que as imperfeigdes da rede cristalina atuam como principais causadores do espalhamento dos elétrons, o aumento delas determina o aumento da resistividade do metal, A concentraglo dessas imperfeigbes depende dos seguintes fatores: temperatura, composigao ¢ grau de encruamento do metal. a MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 ‘Tom-se notado experimentalmente que a resistividade total de um metal ¢ a soma das contribuigdes oriundas das vibragdes (érmicas, das impurezas e das deformagdes plasticas sofridas pelo material.. Isso pode ser assim representado: Prot = Pt + Pit Pa 10) nas quais p, pi, € Pa Tepresentam as contribuigdes individuais das vibragdes térmicas, imperfeigdes e deformagdes, respectivamente. Esta expresso € conhecida como “regra de Matthiessen”. A influéncia de cada uma das p varidveis da equagao 6.10 sobre o total da resistividade do material é demonstrada pela Fig. 6.4, a qual representa as variag6es da resistividade versus temperatura do cobre ¢ de algumas ligas deste metal com o niquel (estados recozido encruado). A natureza dos aumentos individuais de cada uma das parcelas da regra de Mathiesen esto indicadas para a temperatura 100 °C , na figura mencionada. Temperate) 400-300-200 =190_ oso cos saz hei vests (2m x 10-6) Tiss 100 $50 Tempers) Fig, 64 Grito representativo da variacdo da resstividade versus a temperatura para o cobre puro e tris liges de cobre-niquel tem fuma eles submetide a wm processo de deformarae mecdnica, AS uigbes pera aumento da resistividade decorrentes da excitagho térmica, impurczas ¢ deformacio estao indicadas na ordenada de -100C — (Adaptado de William D. Callister Jr. ~“Citncia e Engenharia de Materiais - Uma Lotrodugao" - Editora LTC ~ Sao Paulo) 6.5.1 - INFLUENCIA DA TEMPERATURA Para os metais puros a resisti ‘equago abaixo: idade varia linearmente com a temperatura, conforme a Pr = Po + Pot(T To) (6.11) a MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I Nesta expresso anterior cy representa o coeficiente de variagdo da resistividade do metal com a temperatura, peculiar a cada metal e é definido por: a=AT/p,Ap (12) Essa dependéncia do componente de resistividade térmica é decorrente do aumento da vibragio da rede cristalina e das outras irregularidades do cristalino, que funcionam como centro de eventos de espalhamento dos elétrons. 6.5.2- INFLUENCIA DAS IMPUREZAS, A introdugio de impurezas no metal, sob forma de solugdo sélida, determina um acréscimo de sua resistividade do material. Na temperatura ambiente, a influéncia produzida no cobre puro pela introdugdo de um impureza como 0 niquel pode ser vista na Fig. 6.5. verifica-se que um porcentagem de niquel acima de 50% toma-o solivel no cobre. Os dtomos de niquel no cobre agem como centro de espalhamento dos elétrons livres. Eo aumento da concentragao de niquel resultaré num aumento da resistividade. eleuicaeisthaty (10 A= md CSCS Corocetin vt Ni Fig. 6.5 ~ Grafica representative da variagfo da resistividade do cobre versus a composigo da liga cobre-iquel, na temperatura ambiente. ~ (Adaptado de William D. Callister Jr ~“Ciéncia e Engenharia de Materiais — Uma Introdugio” ~ Editora LTC ~ Sio Paulo) 6.5.3 - INFLUENCIA DAS DEFORMAGOES PLASTICAS As deformasées plisticas também determinam a clevagio da resistividade dos materiais, como resultado de um acréscimo do nimero de deslocamentos na rede cristalina’ do metal, provocando um aumento da freqiiéncia de cspalhamento dos elétrons, O efeito das deformagdes plisticas sobre a resistividade pode ser também observada na Fig. 6.4. MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 6.6 - SEMICONDUTIVIDADE A condutividade dos materiais semicondutores n&o 6 t&o alta como a dos metais, entretanto, eles apresentam caracteristicas outras que tornam o seu emprego especialmente itil no campo da Microeletrénica. As propriedades elétricas desses materiais sto extremamente sensiveis a presenga de concentragdes minimas de impurezas em sua composigdo. Denominam-se semicondutores intrinsecos aqueles materiais cujo comportamento clétrico baseado na estrutura intrinseca do material puro; quando as caracteristicas elétricas sto ditadas pelas impureza neles introduzida, o semicondutor é chamado de extrinseco. Em capitulos mais adiante este assunto serd estudado com mais detalhes. 6.7 - OS MATERIAIS ISOLANTES (DIELETRICOS Sido considerados isolantes aqueles materiais que apresentam uma _baixa condutividade, ou em outras palavras, materiais que exibem uma alta resistividade e sto utilizados para impedir a passagem da corrente elétrica, conforme ja foi visto nas, segdes 6.1 ¢ 6.3. Dicionétio Brasileiro de Eletricidade, da ABNT, define isolante como "wm ‘material no qual a banda de valéncia é uma banda cheia, separada da banda de conducdo por uma banda proibida, de largura tal que, para passar elétrons da banda de valéncia para a banda de conducao, é necesséria uma energia tho grande que & capaz de causar a ruptura do material”. O dielétrico ou isolante pode também ser conceituado como um material cuja propriedade fundamental é a de ser polarizével por um campo elétrico. Os dipolos nos materiais isolantes decorrem de um arranjo assimétrico das cargas positivas e negativas dos atomos ou moléculas. Normalmente estas cargas tém uma simetria elétrica, ou seja, os centros de cargas negativas e positivas coincidem. Sob a ago de um campo elétrico estas cargas experimentam uma distorgao dessa simetria criando pequenos dipolos elétricos, denominados de dipolos “induzidos”. Pode cocorrer que determinados tipos de materiais, em virtude de uma natural assimetria elétrica exibem a presenga de dipolos “permanente”, cuja existéncia independe da agio do campo elétrico externo. A interago dos dipolos com 0 campo elétrico resulta em uma das mais importantes aplicagdes dos dielétricos que so os capacitores. 6.7.1. ~ CAPACITANCIA E CONSTANTE DIELETRICA Quando uma tensio clétrica é aplicada num capacitor, uma das placas toma-se positivamente carregada e a outra negativamente carregada, com o sentido do campo elétrico do positive para o negative. 65 Aa ee eee onnanagesancanannnanaasaaaaanaananane MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I A capacitincia C ¢ definida como a relagio entre a carga elétrica Q das placas por unidade de tensfo aplicada V, tem-se assim: ‘ c=Qiv (6.13) A unidade de capacitancia é coulomb/volt ou farad. Ao se considerar um capacitor de placas paralelas, conforme Fig. 6.7(a), tendo o vacuo na regio entre as placas, a ‘capacitncia pode ser calculada pela expresséo: Co= eA 14) Lo. - ~ so Diiete i Fig, 6.6 ~ Um capacitor de placas paralelas. (2) quando o vicuo esti presente; (b) quando um dielétrico € inserido entre as placas. (Adaptado de K.M. Ralls, T.H. Courtney and J. Wulff “Introduction to Materials Science" Edt. John Wiley and Sons ~ EUA) Onde A representa a area das placas ¢ | o espagamento entre elas. A constante 6 ¢ chamada de permissividade elétrica absoluta do vicuo € é uma constante universal, cujo valor € 8,85 x 10"? farad/metro. Se um material dielétrico for inserido na regidio entre as placas do capacitor ora considerado na Fig. 6.7(b), entao, a capacitincia ¢-determinada por: CHeA/l (6.15) 66 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I Onde ¢ € a permissividade absoluta do meio dietétrico interposto, ¢ © qual exibe uma grandeza bem maior que €, Denomina-se permissividade relativa, muitas vezes também chamada de constante dielétrica a seguinte relagao: em el & 6.16 ‘A constante dielétrica pode também ser definida como a relagio entre as capacitancias Ce Co, anteriormente estabclecidas pelas equagées 6.15 6.14, respectivamente. Outrossim, pode-se caracterizar a constante dielétrica como a relagdo entre as cnergias armazenadas pelo capacitor nas situagdes (b) e (a) da Fig. 6.7, ou seja: er = (ACW I(EN?) (6.17) A energia armazenada refere-se a0 trabalho realizado pelo campo elétrico no deslocamento relativo das cargas elétrica (positiva ¢ negativa) existentes no seio do material dielétrico. Esse fenémeno, que serd estudado mais adiante se denomina polarizagao. ‘A constante dielétrica é uma grandeza adimensional ¢ maior que a unidade. Ela representa o aumento da carga clétrica armazenada no capacitor pela insergao do meio dielétrico entre as suas placas. A constante dielétrica é uma das propriedades de importincia fundamental a ser considerada no projeto de um capacitor. Na tabela abaixo esto indicados os valores da constante dielétrica de alguns materiais sélidos: Tabela 6.3 Material €,(60hz) |__e (1Mbhz) Mica 48 15-1000 Porcelana 60 6.0 Vidro 69 6.9 Nylon 6,6 40 3,6 Polietileno 23 2,3 Teflon 21 2 Para os gases a constante dielétrica é aproximadamente igual a 1; para os liquidos varia numa faixa maior que a dos sdlidos. Exemplos: dgua 80; dlcool etilico 26; dleo mineral isolante 2,2 ete. significado fisico da constante dielétrica pode ser mais bem entendido como sendo ‘uma caracteristica de elasticidade elétriea do dielétrico. Nessa hipétese os elétrons orbitdrios, parecem estar elasticamente ligados ou restritos ao niicleo do étomo, como se fossem presos por tiras elésticas. Conquanto esses elétrons possam ser relativamente deslocados das suas drbitas, 0 deslocamento ¢ limitado ¢ diretamente proporcional ao campo eléirico a que esto submetidos. Deste modo, considere-se um capacitor de placas paralelas em presenga de um dielétrico de espessura d, sendo A a area das placas e Q a carga acumulada em cada uma delas. Como a intensidade do campo € uniforme, tem-se que: 07 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. Q=CV=c(AM).V (6.180 Ou fazendo um novo algébrico: QA = &(V/d) =e8: (Vid) 6.19) Donde extrai-se a expresso: & = (QA)! & (Vid) (6.20) Analisando a expressiio acima obtida, observa-se que a constante dielétrica pode ser associada analogicamente com o inverso da relago mecinica tensio/(deformagao) (modulo de elasticidade de Young) que rege as deformagées elasticas dos materiais (lei de Hooke). Assim 0 esforgo do campo elétrico V/d produz a deformagao elétrica na estrutura do material expressa pela densidade de carga elétrica acumulada (Q/A). Isso mostra que a concepgio de atribuir aos materiais diclétricos uma clasticidade elétrica é apropriada. 6.7.2, ~ RIGIDEZ DIELETRICA Quando um campo elétrico, bastante clevado, é aplicado através de um material dielétrico, um grande mimero de elétrons pode subitamente ser excitado para niveis de energia da banda de condugdio. Como resultado deste fendmeno a corrente elétrica através do dielétrico aumenta de forma considerével dramética, podendo acarretar irreversiveis degradagées no material ¢ talvez sua perda definitiva, Esse aumento considerivel da corrente conduz a formagSo de um arco elétrico (centelha) e conseqdente perfuragiio do material. Este fendmeno é conhecido como “disrupgdo dielétrica”. A rigidez dielétrica representa a grandeza do campo elétrico necessério para produzir a disrupgao dielétrica do material Sendo um campo elétrico, a rigidez dielétrica é expressa pelo gradiente da tensiio elétrica, ou seja, volt por unidade comprimento do Sistema Internacional (SI). Pode-se também dizer que a rigidez dielétrica é o valor limite de campo elétrico que o material isolante pode suportar sem romper-se cletricamente. Normalmente a tensio elétrica é medida em kV e a medida de comprimento, no caso a propria espessura do dielétrico, em cm ou mm. Nos Estados Unidos costuma-se medir a rigidez dielétrica em Volt/mil (mil corresponde a um milésimo da polegada; 1 mil = 0,001 polegada). No caso dos materiais sblidos, quando da disrupgio dielétrica, ocome a sua perfuragdo, verificando-se a destruigao parcial ou total do dielétrico, os quais ndo mais recuperam as suas propriedades isolantes originais, mesmo com a retirada do campo elétrico, A danificago do material tem caracteristicas irreversiveis. Entretanto, nos materiais gasosos ¢ liquidos a perfuragio dielétrica nao tem caracteristicas inreversiveis. Cessada a ag3o do campo elétrico o material regenera-se e readquire sua 68 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I propriedade dielétrica. Mais adiante esses aspectos serdo abordados quando do estudo mais detalhado dos materiais dielétricos. Varios fatores influem no valor da rigidez dielétrica de um material isolante, podendo-se alinhar de forma suméria os seguintes: 2) Natureza do proprio material; b) Espessura do material dielétrico; ©) Temperatura; d) Natureza do campo elétrico (constante ou alternado); c) Geometria dos eletrodos; f) Freqiiéneia; 2) Progresso da carga aplicada. Na segio dedicada ao estudo dos materiais dielétricos estes fatores serio mais estudados e avaliados. CONCEITOS CHAVES Condutividade elétrica Resistividade elétrica Resisténcia elétrica Densidade de corrente Material condutor Material semicondutor Material isolante (dielétrico) Banda de energia Banda de valencia Banda de condugdo Nivel de Fermi Mobilidade dos elétrons Espalhamento dos elétrons na rede cristalina Forgas friccionais Velocidade de arraste dos elétrons Regra de Mathiessen Capaci Constante dielétrica Permissividade elétrica absoluta do vacuo Permissividade elétrica relativa Rigidez dielétrica QUESTOES PARA ESTUDO 6.1 —A que temperatura a prata tem a mesma resistividade do ouro a 50°C? 6.2 ~ Determine a temperatura na qual a resistividade da prata é 10 ohm.nm (atengto para as unidades)? 6.3 ~ A resistividade do cobre dobra entre 20°C @ 300 °C. A que temperatura a resistividade do aluminio se iguala ao valor maior para 0 cobre? 6.4 -Um fio de cobre possui um didmetro de 0,0027 em. O cobre possui uma resistividade p de 1,7 x 10° ohm.cm, Quantos metros de fio so necessérios para se obter uma resistencia de 3,0 ohm ? 6.5 ~ Se se usar um flo de cabre puro (resistividade ~ 1,7 x 10% ohm.cm) com 0,1 em de didmetro em ‘um cireuito eltrico transportande uma corrente de 10 A, quantos watts de calor sfo perdidos, por ‘metro de fio? Quantos watts mais sero perdidos, e o fio de cobre for substituldo por um de latdo (liga, de cobre + zinco) de mesmo diametro (resistividade do latfo = 3,3 x 10 ohm.cm)? 69 22 OOO 66086 O OOO EOHEBEEAEOHHHADARHARHHDEHOADDADOE ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA - PROF, AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 6.6 ~ Defina 0 que é constante dielética e explique o seu significado flsico fazendo uma analogia com lei de Hooke, 6.7 A constante dielétrica de uma tira de vidro é 5,1. Um capacitor usando esta tira de vidro com 0.01 ‘om de espessura deveria ter maior ou menor capacitancia que um outro semethante (com mesma area ‘das placas) usando um isolante plastica com 0,005 cm de espessura e de constante dielétrica igual a2. 7 6.8 - Defina 0 que ¢ rigidez. dielétrica ¢ quais sto 0s principais fatores que afetam sua determinagio? (Oquese entende perfurasio dielétrica de cardter "irreversivel" e "reversivel"? 6.9 — Dois materiais isolantes A e B tém rigider dieitrica de 20 ¢ 40 kV/om, respectivamente, ¢ S80 jores de mesmas. dimensbes geométricas e associados em paralelo, Indaga-se qual o valor da rigidez dielétrica do conjunto? 6.10 Qual a constant dielétricarequerida para um capacitor reter a mesma intensidade de carga, s¢ 0 espayamento entre as duas placas for reduzido de 0.10 mm para 0,06 mm, sem alteragSo da tensdo clética aplicada ? 0 isolamento atual possui uma constant dielétria de 3,3 6.11 — A pesquisa no campo dos materiais plasticos levou a um novo tipo de isolante. A sua rigidez dielétrca 6 de 38 V/u, na frequéncia de 60 c’s. Que espessura deve ter uma camada deste novo plastico para isolar um fio na tenstio de 18500 volts, na mesma freqaéncia e um fator de seguranga de 15% ? 6.12 ~ Considerando como valida a variagio linear da rigidez dielétrica, obtenha a espessura minima para 0 isolamento de um cabo de 25 kV, com uma rigidez dieldtrica de 10 V/u e adotando um coeficiente de seguranga de 20% ? 6.13 — Um capacitor de placas paralelas com um dielétrico de Sxido de tintalo, de espessura de 1 um, tem uma capacitincia de | uF . Pede-se calcular : a) Qual a tensio maxima de operago do capacitor ? ») Calcutar a densidade de cargas livres quando a tensdo aplicada € de 10 V. ( dados: permissividade relativa do éxido de tintalo 28 e rigidez dielétrica de 100 x 10° V/cm.) 6.14 - Um capacitor de placas paralelas, usando um dielétrico de permissividade elétrica relativa de 2,2, tem um espagamento intereletrodico de 2 mm, Se um outro material isolante, com uma constante ielétrica de 3,7 € inserido entre as placas do capacitor dado, pergunta-se qual seré 0 novo espagamento nevessério entre as placas para que a sua capacit6ancia permanega constante ? 6.15 ~ Uma carga de 2,0 x 107” coulombs e armazenada em cada uma das placas paralelas de um capacitor, cujas placas tém uma érea de 650 mm e um espagamento de 4,0 mm. Pergunta-se: a) Qual 0 valor da tensdo elétrica requerida para aquela acumulacfo de carga se entre as placas for inserido um ‘material de constante dielétrica igual a 3,5 7 b) Qual a tensio elétrica requerida se fosse © vacuo utitizado como dielétrico? Para esta Ultima hipdtese pergunta-se qual seria 0 valor da capaciténcia ? c) Caleule os valores do deslocamento eltrico (D) ¢ da polarizagao (P) para a hipétese proposta em a)? 70 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROP. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 CAPITULO VII PROPRIEDADES MAGNETICAS Uma compreensio dos mecanismos que explicam 0 comportamento magnético dos materiais permite alterar ou moldar as suas propriedades magnéticas, de modo a atender as conveniéncias de um projeto. 7.1 - 08 FENOMENOS MAGNETICOS © magnetismo ¢ um fendmeno pelo qual alguns materiais apresentam uma forga de atrasdo ou de repulsio, ou uma certa influéncia sobre outros materiais, a qual ¢ conhecido pelos homens ha milhares de anos, Os principios e mecanismos que explicam os fendmenos magnéticos so complexos ¢ sutis, © a sua completa compreensdio ainda escapa aos cientistas atuais. Entretanto, ‘numerosos dispositives usados pela tecnologia modema tm o seu funcionamento respaldado nas propriedades magnéticas dos materiais, tais como geradores, motores, ttansformadores, rédio, televisto, computadores, telefones, sistemas de som e video etc. 0 ferro, alguns tipos de ago e alguns minerais como, por exemplo, as magnetitas, so os mais conhecidos exemplos de materiais que exibem propriedades magnéticas. Entretanto, um aspecto nfo muito familiar € 0 fato de que todas substincias so influenciadas, num grau maior ou menor pela presenga do campo magnético. Neste capitulo seré abordado as principais grandezas que quantificam os fendmenos magnéticos, ou seja, os varios vetores de campo e outros pardimetros magnéticos, bem como uma répida descrigao de sua origem. Este tema seré mais desenvolvido no estudo especifico dos materiais magnéticos, em capftulos mais adiante. 7.2-DIPOLOS MAGNETICOS E conveniente supor as forgas magnéticas em termos de campos, ou seja, de linhas de foreas imagindrias que podem ser desenhadas para indicar a dirego e sentido que elas podem atuar em posigdes préximas a fonte geradora do campo magnético. E importante no esquecer que as forgas magnéticas sfio geradas pelo movimento de particulas eletricamente carregadas. A Fig. 7.1(a) ilustra a distribuigaio de campos magnéticos, representados por suas linhas de forga e produzidos por duas fontes: a circulagao de uma corrente elétrica numa espira toroidal © por uma barra de material magnético (ima). Em varios aspectos os dipolos magnéticos sto anstogos aos dipolos elétricos. Os magnéticos podem ser concebidos como sendo produzidos por uma pequena barra magnética, composta de pélos norte ¢ sul a0 invés da-carga elétrica, positiva e negativa, como ocorre nos dipolos elétricos. Os momentos magnéticos dos dipolos sao rtepresentados por um vetor, como indicada na Fig. 7.1 (b). 0s dipolos magnéticos so influenciados pelos campos magnéticos de modo similar a0 que ocorre com os dipolos elétricos sob a agtio dos campos clétricos, ou seja, a forga do n MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I campo magnético exerce um torque no dipolo que tende a orienta-lo na rego do campo. Um exemplo cldssico deste fendmeno é demonstrado por uma agulha magnética (Dissola) que € orientada pela ago do campo magnético terrestre. rp () Fig, 7.1- (a) Linhas de forsa de campos magnéticos formadas em volta de uma espira circular ¢ de uunia barra megnética. (b) O momento magnético de uma barra representado por um vetor, ( ‘Adaptado de William D. Callister Jr. , obra Ja cltado em figuras anteriores) 7.3- CAMPOS MAGNETICOS E OUTROS PARAMETROS MAGNETICOS s fonémenos magnéticos podem ser descritos por varios vectores de campo. O primeiro deles é 0 campo magnético H que ¢ aplicado extemamente, chamado também de “campo de excitagao magnético. Se 0 campo H ¢ gerado por meio de uma corrente I que circula numa bobina cilindrica (ou num solendide), constituido de N espiras e com um comprimento 1, conforme esquema da Fig. 7.2, tem-se a expressao 7.1 onde H é expresso em amperé.espira por metro: H=NI/I thie noth @ Fig. 7.2 ~(a) © campo de excitagto magnética H gerado pot uma bobina cilindriea, com N espiras ¢ ‘um comprimento Le na qual circula uma corrente elétriea de intensidade 1. O vetor B, de densidade de fluxo magnético, na presenga do vacuo, é y,H. (b) A densidade de fuxo magnético no material sélido inserido na bobina é igual a ull. - (Adaptado de AG. Guy ~ “Essentials Materials Seience”- Me Graw-Hill Book Co. — New York ~ EVA) n esmeaceeananeaneeceseneataenennence22ea£en&£4e0200080608 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. Outro vector importante € a “indugio magnética” ou “densidade de fluxo magnético”, denotado pela letra B e que representa a grandeza do campo intemo no interior de um material que é submetido a agaio de um campo de excitagao H. A unidade de B é 0 Tesla ou weber por metro quadrado (Wb/m’). Os vetores B e H sio relacionados entre si pela equagdo seguinte; B=pH (7.2) © parémetro p. & denominado de “permeabilidade magnética absoluia” , 0 qual 6 uma propriedade especifica de um meio no qual H introduzido e no qual B é mensurado, tudo conforme ilustrado na Fig. 7.2, A permeabilidade tem dimensdes de henry por metro ‘ou weber por amperé.metro. No vacuo tem-se B= pH (73) Onde po “permeabilidade magnética absoluta do vacuo” e se constitui numa constante universal, cujo valor é 4m x 107 (1,257 x 10°) henry/metro © vector Bo representa a densidade de fluxo no vacuo, como indicado na Fig. 7.2. Outros parémetros sio usados para descrever as propriedades magnéticas nos sélidos, um destes € a denominada “permeabilidade magnética relativa” que é mensurada pela relagio entre a permeabilidade magnética absoluta de um material e a permeabilidade ‘magnética absoluta do vacuo, Trata-se de um nimero adimensional Hr = HI Ho 4) A permeabilidade magnética relativa é a medida do grau de maior ou menor facilidade pelo qual um material pode ser magnetizado, ou seja, a maior ou menor facilidade com a qual o vector B pode ser induzido no material ante a presenga do vector H Outra grandeza vectorial magnética é a “magnetizag@o” que é denotada pela letra M ¢ definida pela expressio: B=p,H + p.M (7.5) Na presenga do campo H, os dipolos magnéticos existentes no interior do material tendem a se alinhar com o campo extemo H, reforgando sua ago magnetizante. O termo HoM na equagao 7.5 representa a medida desta contribuigao. ‘A grandeza de M é proporcional ao campo externo aplicado, tem-se assim: M= nH . (7.6) B MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 A constante Ym ¢ chamada de “susceptibilidade magnética” e € uma. grandeza adimensional. A susceptibilidade magnética e a permeabilidade relativa sfo relacionadas centre si pela expressio: Yn = ME 7) [As grandezas magnéticas podem ser eventualmente fontes de algumas confuses porque cexistem dois sistemas de unidades de uso muito corrente. © primeiro € o SI (Sistema Internacional MKS racionalizado, cujas unidades primérias sto metro, quilograma ¢ 0 segundo) O outro ¢ oriundo do sistema cgs-uem, ou seja, sistema baseado nas unidades centimetro, grama, segundo e unidade eletromagnética). As unidades de ambos, simbolos ¢ 05 fatores apropriados de conversio esto indicados na Tabela 7.1 Tabela 7.1 Grandeza | Simbolo | Unidades SI | Unidades | Fatores de conversio egs.vem Indugao B ‘Tesla ou Gauss T Woim? = 10° gauss magnética Weber/m? (densidade de fluxo) Excitagfio H “Amperé.espira Oersted Tamp.espira/m= magnética por metro 4m x 10° oersted Magnetizagio | M | Amperé.espira | Maxwell por Tamp.espira/m = por metro centimetra 10° maxwell/cm™ quadrado Permeabilidade |p, Fienry/m ‘Adimensional | 4nx 107 henry/m= no vacuo Juem Permeabilidade |, | Adimensional | Adimensional rey relativa | w’(ogs) ‘Susceptibilidade | y,,(S1) | Adimensional |” Adimensional n= Hw magnética | 7°m (cgs) 7.4- NOGOES SOBRE A ORIGEM DOS FENOMENOS MAGNETICOS ‘As propriedades magnéticas macroscépicas dos materiais derivam dos momentos magnéticos associados aos elétrons de seus étomos. ‘So conceitos complexos e que envolvem principios da mecanica quantica, os quais fogem do escopo deste trabalho. Em decorténcia disso algumas simplificagdes serio introduzidas para facilitar a compreensio do leitor. " 2k 6 OOS OABEEAAAEALADAGALORAASSOESEDAEAADSTEDHEDDD -MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 Cada elétron num dtomo tem momentos magnéticos que sto oriundos de duas fontes. A imeira esti relacionada com 0 movimento orbital do clétron em torno do niicleo do tomo; constituindo-se no movimento de uma carga, um elétron pode ser considerado como sendo uma pequena espira toroidal (loop), produzindo um pequeno magneto ¢ tendo um momento magnético ao longo de seu eixo de rotagao, como est representado esquematicamente na Fig. 7.3(a). NV 52 ‘hetton velosity \ J a wy Fig. 73 ~ (a) Dipoto magnético produzido por elétron orbital. (b) Dipolo magnético produride pelo spin” do elétron. (adaptado de Arthur L. Ruoff —*Materials Science” ) Por outro lado, a cada elétron pode esta associado com 0 momento magnético do “spin”. “Spin’ & uma palavea inglesa, consagrada pela literatura técnica e que significa giro, volta, movimento em parafuso etc, Este movimento pode ser entendido como se o elétron fosse suposto como um esfera de carga elétrica negativa girando em torno do seu proprio eixo, conforme Fig. 7.3 (b). Deste modo cada elétron pode ser concebido como um pequeno dipolo magnético, produzindo momentos magnéticos permanentes (ao longo do €ixo de rotagdo), oriundos do movimento orbital e do spin. © momento magnético gerado pelo spin pode ser somente numa direcao chamada “up” ou numa diregio anti-paralela chamada de “down” 0s atomos dos materiais magnéticos constituem assim dipolos magnéticos permanentes, decorrendo dai que magnetismo € um fendmeno de polarizagio envolvendo dipolos magnéticos, podendo scr descrito com muita semelhanga com os fenémenos dielétricos, 05 quais esto associados aos dipolos elétricos. 7.8— CLASSIFICAGAO DOS MATERIAIS MAGNETICOS Em cada dtomo os pares de elétrons orbitais situados num mesmo estado energético (principio de Pauli), orbitam em sentidos contririos de modo que 0s efeitos magnéticos produzidos se anulam, bem como os momentos magnéticos produzidos pelos spins também se cancelam entre si (spin up x spin down). 75 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I Para a grande maioria dos materiais magnéticos © campo magnético eriado pelas correntes orbitais e pelo spins dos elétrons apresenta uma resultante fraca e, portanto, no ¢ observado nenhum efeito final expressivo. Assim sendo os materiais apresentam os seguintes tipos de magnetismo: diamagnetismo, paramagnetismo e ferromagnetismo. O diamagnetismo é uma forma muito fraca de magnetismo que no é permanente ¢ somente persiste enquanto um campo de excitagio extemo € aplicado. A grandeza do momento magnético induzido ¢ extremamente pequena e de direc oposta ao campo externo aplicado. A permeabilidade relativa € menor que a unidade e a sua susceptibilidade magnética negativa, isto é, a grandeza do campo B é menor no interior do material diamagnético do que no vcuo. O paramagnetismo também é uma forma muito fraca de magnetismo e resulta do fato de que cada tomo possui um momento de dipolo permanente como resultado de um cancelamento incompleto dos momentos magnéticos orbitais e de spin. Na auséncia de um campo externo, a orientagao destes dipolos magnéticos é randdmica, de tal forma, que uma porgdo macroscépica desse material apresenta uma magnetizagdo resultante nula. Entretanto, esses dipolos so livres para se rotacionarem e se alinharem com a diregdo do campo extero, quando aplicado. Esses dipolos se alinham de forma individual e no interagem com os dipolos adjacentes (formagio de dominios). Esse alinhamento dos dipolos faz com que haja um aumento da permeabilidade relativa, que se manifesta com 6 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 grandezas maiores que a unidade, porém de valores bem préximos a ela. A susceptibilidade magnética dos paramagnéticos é positiva. Os materiai diamagnéticos e paramagnéticos oferecem apenas interesse cientifico e pouca ou quase nenhuma aplicagdo importante pela engenharia clétrica. Os materiais ferromagnéticos sio aqueles que possuem momento magnético permanente, mesmo na auséncia de um campo extemo aplicado, ou seja, apresentam uma permeabil idade relativa magnética muito elevada, muitas vezes maior do que a unidade. Trés metais apresentam pronunciadas propriedades magn 0 ferro, © niguel € 0 cobalto. A susceptibilidade magnética destes materiais é elevada, da ordem de 10°. s ‘Tabela 7.2 Permeabilidade Exemplos magnética relativa DIAMAGNETICOS <1 ‘Cobre,prata,ouro,merciirio,chumbo,gdlio ,bismuto, os metaldides, com excegde do oxigénio, et. PARAMAGNETICOS oT ‘Aluminio, paladio.platina,oxigénio,berilio,estanho, ccromo,s6dio,potissio,manganés, etc. FERROMAGNETICO| —_>>>>1 Ferro, niquel e cobalto (érbio, térbio, hélmio, disprésio, gadolinio). ‘Assim sob 0 ponto de vista prético os materiais podem ser classificados em materiais ferromagnéticos (permeabilidade magnética relativa muito alta) e materiais n&o ferromagnéticos (permeabilidade magnética relativa aproximadamente igual a 1). Em capitulo mais adiante estes assuntos serfio abordados com mais detalhes, inclusive 0 estudo dos chamados mate ‘Sferrimagnéticos e antiferromagnéticos, que se constituem em uma subclasse do ferromagnetismo. PALAVRAS CHAVES Dipolo magnético Campo de ex \¢210 magnético Permeabilidade magnética absoluta Magnetizagao Spin Diamagnetismo n Momento magnético Densidade de fluxo magnético Perteabilidade magnética relativa Susceptibilidade magnética Paramagnetismo Ferromagnetismo MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I QUESTOES PARA ESTUDO 7.1 —0 que se entende por permeabilidade magnética absoluta 7 Fm quais unidades ela & expressa ? 7.2.~O que se entende por permeabilidade magnética relativa ? Fla é uma grandeza dimensional ? 7.3 —Defina 0 que é forga magnetomotriz e unidades utilizada para expressa-la no SI’? 74 ~ Esereva a formula que relaciona as trés grandezas magnéticas seguintes: vetor B de densidade magnética de fluxo (ou vetor indugo magnética) ; vetor H campo de excitago magnético e o vetor M de magnetizacto. 7.5 ~ Como se classificam 0s materiais magnéticos a luz da permeabilidade magnética.? 7.6 — Uma bobina com niicleo de ar, com 1200 espiras, tem 60 cm de comprimento ¢ uma seglo de 100 ‘em?, Quais sfo 0s valores da induydo magnética e do fluxo magnético, sabendo-se que ela é percorrida por uma corrente elétrica de 0,5 ampére. (adotar a permeabilidade do ar igual a do vacuo, ou seja, 1,256 x 10* him)? 7.1 ~O que se entende por materiais paramagnéticos e diamagnéticos ? 7.8 — Quais os trés materiais ferromagnéticos mais importantes ? 7.9 Como se expressa o momento magnético de um dipolo consttuido por uma espira circular de rea A qual circula uma corrente 17 7.10 ~ Qual a relagao clissica entre o campo de excitagdo He 0 vetor B de indugo magnética ? 18 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AFLFO MARQUES LUNA ~ VOL. I CAPITULO VIII PROPRIEDADES OTICAS Quando os materiais sio expostos a radiago eletromagnética é importante ser capaz de prever e alterar as respostas desses materiais. Isso é possivel quando estamos familiarizados com as suas propriedades ¢ compreendemos os mecanismos responsaveis pelos seus comportamentos. 8.1 - CONCEITOS BASICOS Entende-se por propriedades dticas as respostas que os materiais oferecem quando interagem ou so expostos as radiagdes eletromagnéticas, em particular a luz visivel. No sentido clissico as radiagbes so consideradas ondas, constituidas de componentes de campos elétricos e magnéticos, que séio perpendiculares entre si e também a diregdo de propagagio, conforme Fig. 8.1. ‘ Fig, 8.1 ~ Uma onda eletromagnética, mostrando seus componentes, 0 campo elétrico E, 0 campo magnético H e 0 comprimento de onda 2, ( adaptado de Wiliam D. Callister Jr, de obra ja citada em figuras anteriores). A luz, calor (radiago térmica), radar, ondas de radio, raios-X so todas as formas de radiages eletromagnéticas conhecidas. Cada um destes tipos de radiagdio ¢ caracterizado priméria por uma especifica ordem de comprimento de onda e de acordo com a técnica usada para gera-las. O espectro eletromagnético das radiagdes, apresentado pela Fig. 8.2 exibe os comprimentos de ondas das radiagdes, desde os raios-y (emitidos por materiais radioativos), com comprimentos de onda da ordem 10m, passando, pelos raios-X, ultravioleta, visivel, infravermelho ¢ finalmente as ondas longas, com comprimentos da ordem de 10° m. ‘A luz visivel ocupa uma faixa bastante estreita do espectro das radiagdes luminosas, ficando num intervalo entre 0,4 ¢ 0,7 um. A percepgio das cores da luz visivel € uma fungdo pelas variagdes do comprimento de onda no interior desta faixa do espectro. Por exemple, uma radiagéo com 0,4 jm aparece como violeta, enquanto verde ¢ vermelho 0 - MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF, AEJLFO MARQUES LUNA - VOL. | ocorrem préximos de 0,5 ¢ 0,65 ym, respectivamente, A luz branca é uma mistura de todas as cores (vide experiéncia do disco de Newton). ‘Todas as radiagées magnéticas atravessam 0 vacuo com a mesma velocidade, que ¢ chamada de velocidade da luz e cujo valor é 3 x 10° mvs. Esta velocidade, denotada pela letra ¢ é uma constante universal ¢ est relacionada com a permissividade elétrica absoluta do vacuo € € a permeabilidade magnética absoluta do vacuo i, pela seguinte expressio: 1/ Veote (1) Lunidade X 1A Ane Aum ‘Ondas médias AM Lem ‘Ondas longs e rkdio Fig. 8.2 ~ Espectro de radiagtes eletromagnéticas. (Adaptado da livro de " ‘Zemansky e H.D. Young) a" de F.Sears, MW. Verifica-se, portanto, a existéncia de uma associagao entre a constante ¢ (velocidade da luz) «© essas outras constantes (elétrica e magnética). Por outro lado observa-se que a freqiléncia ve o comprimento de onda 4 numa radiagio magnética so uma funedo de e, conforme expressio abaixo: Yo © c=2) (82) A freqiiéncia ¢ expressa em hertz (Hz), onde | Hz= | ciclo por segundo. Va = veboutont Le dove f° @r=™ QAAAHEALHEHREACEHAEEHGAAHRACHLALLAALLAaARaARAAARALARRALE MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. | ‘Muitas vezes ¢ mais conveniente observar uma radiagdo eletromagnética sob a perspectiva da mecfinica quéntica, Sob este enfoque a radiago é vista como composta de grupos de pacotes de energia, que sio chamados de fotons. A energia E do foton é quantizada, ou seja, somente pode ter valores especificos, definidos pela relago abaixo: E= hv =he/a 83) Onde h é a constante universal chamada de “constante de PLANCK”, a qual tem um valor de 6,63 x 10 J.s, Deste modo a energia do foton é proporcional « freqtiéncia da radiagio, ‘ou enti, é inversamente proporcional ao comprimento de onda. Quando da descricaio de determinados fendmenos dticos, envolvendo interagOes entre a matéria € as radiagdes, uma explicagfo dos mesmos pode ser mais bem facilitada se considerarmos a radiagio em termos de fdtons, Em outras ocasiées, uma radiagéo sob forma de onda pode ser mais apropriada. 8.2 - INTERACOES DA LUZ COM OS SOLIDOS ‘Quando a luz passa de um meio para outro meio (exemplo: do ar para o uma substéncia s6lida) muitas coisas podem acontecer. Certa parte da radia¢do luminosa pode ser transmitida através do meio, outra parcela poderd ser absorvida ¢ finalmente uma outra poderd ser refletida na interface entre os dois meios considerados. Deste modo a intensidade de luz I, incidente na superficie do sélido deve ser igual a soma das intensidades de luz que foram transmitida, absorvida e refletida, denotadas por ly, ls € I respectivamente. Tem-se assim a expressio; h=h+h+k (4) A intensidade da radiago luminosa pode ser expressa por watts por metro quadrado € corresponde a energia que esté sendo transmitida por unidade de tempo através de uma unidade de area perpendicular a diregao da propagagao. Uma forma alternativa de apresentar a equago 8.4 pode ser a seguinte; THAR (8.5) Onde T, A e R representam respectivamente a “transmitincia” (relago IyI,), a absortncia (i/l,) € a refleténcia (W/I,), o¥ seja, as fragdes da luz incidente que so transmitidas, absorvidas e refletidas pelo material; a soma destas parcelas é igual a unidade. Com relago a estas caracteristicas os materiais podem apresentar os seguintes comportamentos, resumidos na Tabela 8.1. Na Fig. 8.3 € mostrada uma fotografia da transmitancia da luz em trés espécimes diferentes de oxido de aluminio, a - MATERIATS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I 8.3 - POLARIZACAO ELETRONICA Uma das caracteristicas da onda eletromagnética ¢ a rapida flutuago do campo elétrico. Para a faixa de freqiiéncia das radiagdes visiveis, este campo elétrico varidvel interage com os elétrons que formam a nuvem elettOnica existente em volta do nticleo de cada étomo induzindo uma polarizagao eletrOnica, ou seja, acarreta um deslocamento da nuvem (no sentido oposto do campo) cm relagao ao niicleo de cada dtomo 0 qual muda de diregdo com a mudanga de dirego da componente de campo elétrico. Duas conseqiiéncias derivam deste fenémeno: a) parte da energia pode ser absorvida; b) as ondas de luz tém sua velocidade retardada quando passam através do material. Tabela 8.1 Materiais que sto capazes de transmitir a] Séo chamados de materiais luz, com relativamente pequena absorgdo | TRANSPARENTES, reflexdio (pode-se ver através deles) Quando @ luz através do material é|Sa0 chamados materiais transmitida de forma difusa, isto é, a luz é) TRANSLUCIDOS espalhada pelo seu interior. Os objetos ndo so claramente distinguidos quando vistos através de um espécime do material Quando “0 material & impenetravel a] Séo chamados de materials transmissdo da luz OPACOS ‘Os metais em sua grande maioria so opacos para todo 0 espectro visivel. A radiagio & absorvida ou refletida Po" y = lattice parameter: unit cell + w Shear strain (6.2) : die! ~ Da esquerda para diceita: um monocristal de Sxido de aluminio (safira) que é transparente; jum mesmo espécime desse material, entretanto, policristaling, bastante denso (nio poroso) que é translicido e finalmente uma outra mesma espécime desse material, também policristaling, vontendo sproximadamennte 5% de porosidade que é opaco.(Adaptado de William D. Callister Jv de obra jd citada em figuras anteriores) 2 COMO OOO OO 008004442 4404028 0048444644080 04 0800220222244 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. 1 A absorgio e a emissio de radiagao eletromagnética pode envolver transigdes de elétrons de um estado energético para outro. Considere-se, para um melhor entendimento do assunto, um étomo isolado, com o diagrama de energias representado pela Fig. 8.4. Pela absorgo de um foton um elétron pode ser excitado e passar de um estado F; para um estado energético vazio Es, de tal forma que a mudanga de estados energéticos experimentada pelo elétron, AE depende da freqiiéncia v da radiagtio, de acordo com a seguinte equagao, onde h é a constante de Planck: AE=hv (8.6) Alguns conceitos importantes depreendem-se da equago acima. Primeiro, desde que as bandas de energia sto discretas, somente valores especificos de AE’s existem entre os & exciton, age Ba ie Inge ake 5, —e— bs Hig. 8.4 — Esquema Mlustrando a absorgto de f6ton por um dtomo isolado, decorrente da exeitagao de lum elétron de um estado energético para outro, A energin do féton (hva) deve ser exatamente igual a dliferensa de energia entre os dois estados Ey E>, (Adaptado de William D, Clallister Je. de obra ji citada em figuras anteriores). niveis energéticos, deste modo somente fotons de freqliéncia correspondente a possiveis AE's para o tomo, podem ser absorvidas para que ocorra a transigdo dos elétrons. Segundo, o elétron estimulado nao pode permanecer em estado excitado indefinidamente; depois de um certo tempo ele decai para seu estado energético anterior, ou seja, para um nivel ngo excitado com a reemissdo de radiag&o eletromagnética. A conservagao da energia deverd ser observada tanto na absoredo como na emissdo dos elétrons em transig&o, 8.4— PROPRIEDADES OTICAS DOS METAIS. ‘Os metais sto opacos para quase toda extenso do espectro eletromagnético, desde as tadiagdes de baixa freqléncia ( ondas de radio, infravermethos, radiagao visivel ) até cerca da metade do espectro da radiado ultravioleta, sendo, entretanto, transparentes para as Tadiagdes de alta freqiiéncia ( raios X e y ). A opacidade dos metais decorre do fato da 8 ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I continua disponibilidade de estados energéticos desocupados, a qual permite mais facilmente as transigdes de elétrons, conforme a equagio (8.6) e por conseqléncia a radiagao ¢ absorvida. ‘A maioria da energia absorvida ¢ reemitida pela superficie sob forma de radiagao visivel (Juz) com o mesmo comprimento de onda, aparecendo sob forma de luz refletida. A refletincia dos metais é da ordem de 0,90 a 0,95; pequenas fragdes de cnergia no processo de decaimento do elétron ¢ dissipada sob forma de calor. 8.5 — PROPRIEDADES OTICAS DOS NAO METAIS Os materiais nio metilicos podem ser transparentes a luz visivel, tal fato decorre dos elétrons de sua estrutura de bandas de energia, entretanto, além dos fenOmenos de reflexio © absorgdo ja comentado no caso dos metais, os fendmenos de refragéio precisam ser aqui considerados. A. luz que é transmitida pelo interior dos materiais transparentes experimenta um decréscimo em sua velocidade, e como resultado, a sua diregdo de propagacdo sofre uma deflexdo na interface que separa os dois meios. Este fendmeno é conhecido como refragdo da luz. O indice de refragdo n de um material é definido pela relagto entre a velocidade da luz no vacuo ¢ ea velocidade da luz no meio considerado, v . Tem-se assim: = ely (8.7) Pode-se demonstrar que a expressdo acima pode também ser assimn escrita n=Veu/ Vepo = Ven (8.8) considerando que py = 1, tem-se: ns ve 8.9) Entdo, para os materiais transparentes h uma relagdo entre o indice de refragio e a constante dielétrica. Como jé foi mencionada anteriormente a redug80 da velocidade da radiagdo no meio resulta da polarizagao eletrénica e do tamanho dos 4tomos ou fons constituintes da estrutura do material considerado. Quanto maior o étomo ou fon, maior serd a polarizacdo eletrénica e por conseqiiéncia menor a velocidade da radiaco no meio e maior o indice de refracao. A Tabela 8.2 exibe indices médios de refrago de alguns materiais transparentes. Tabela 8.2 Viddto de si Las ‘Quartz 147 ‘Alumina 1,76 Teflon 1,35 Polimetilmetaerilato 1.49 Polipropileno 1,49 Polietileno 1.49 84 AD ARRARHAAAALAAAAALARADLAAAAARAAAARALAR ALAA ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. 1 8.6- FENOMENOS DE LUMINESCENCIA Alguns materiais so capazes de absorver energia e reemiti-la sob forma de luz visivel num fenémeno chamado de /uminescéncia. A energia é absorvida quando um elétron promovido para um estado de excitagdo energética. A energia absorvida pode ser suprida por radiagdes cletromagnéticas de alta energia, por aquecimento (calor), energia de origem mecénica ou quimica. Contudo, a Iuminescéncia ¢ classificada de acordo com a extensio do tempo entre os eventos da absorgao e da reemissdo. Se a reemisso ocorre em um tempo menor que um segundo, 0 fendmeno € chamado de fluorescéncia. Quando ocorrer em um tempo superior é chamado de fosforescéncia. A luminescéncia oferece um numeroso campo de aplicagdes comerciais, como por exemplo, as denominadas lampadas fluorescentes que so constituidas por um tubo em cujas paredes ¢ fixado um material fluorescente ¢ no interior do qual ocorre uma descarga. clétrica, a baixa pressdo, em presenga de vapor de mereirio, Produz-se, entio, uma radiago ultravioleta que, na presenga do material fluorescente existente nas paredes, se transforma em luz visivel. Outros exemplos: as imagens produzidas nos tubos de TV sao produtos da luminescéncia.O lado intemo da tela ¢ revestido com um material que fluoresce & medida que um feixe de elétrons dentro do tubo de imagens atravessa muito rapidamente a tela. Algumas jungdes retificadoras p-n, também podem ser usadas para gerar luz visivel, segundo um processo conhecido por eletroluminescéncia. Tais diodos que emitem luz visivel sto os familiares light-emitting diodes (LED), usados nos mostradores digitais.. Outros fenémenos éticos importantes e suas aplicagdes tais como o laser (light amplification stimulated emission radiation), cabos éticos e fotocondutividade.podem ainda ser citados. LASERS ‘Um elétron decai de um estado de alta energia para um estado de menor energia sem qualquer provocagio ‘externa. Esses eventos de transigfo ocorrem independentemente uns dos outros e em momentos aleatérios, produzindo uma radiagto que ¢ incoerente, ou seja, as ondas de luz esto fora de fase umas com as outras Com os lasers uma luz coerente & gerada por transigbes eletrBnicas que s4o iniciadas por um estimulo externo. Por esta razio a expresso Laser significa simplesmente o acrénimo em inglés para ampliagio da luz por emissto estimulada de radiagao ( ight amplification by stimulated emisson of radiation). Embora existam varios tipos diferentes de laser, os principios de operaglo sertio explicados utilizando-se ‘conto referéncia um laser de rubi em estado sélido. O rubi é simplesmente um monoeristal de Al,O; (sefira) ‘0 qual foi adicionado um teor de fons de Cr (de aproximadamente), 05%. Esses fons de Cr além de conferir 20 rubi a sua colorago vermelha caracteristica proporcionam também estados eletrénices essenciais ‘para o funcionamento do laser. © laser de rubi encontre-se na forma de um bastio, cujas extremidades s8o planas, paralelas, e altemente polidas. Ambas as extremidades sio prateadas, de modo tal que uma das extremidades é totalmente reflexiva, enquanio a outra é parcialmente transmissora, O rubi éiluminado com a luz oriunda de uma lampada de flash de XenGnio, conforme ilustrado na Figura 8.5 85 ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA — PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOL. I Extremidade planat, semiprateada Bxtremidade plana prateada de tubi Feixe de luz gintético _ monocromatica coerente Lampada ‘fash” Fig. 8.5 — Esquema de um “laser”. A energia dos fotons é absorvida pelo rubi e reemitida na forma de tum feixe intenso de luz monocromatiea cocrente(adaptado do livro "Prinelpios de Ciéncia dos Materiais" de Lawrence H. Van Viack - Edt. Edgard Blicher- SP) Estado excitado Excitaslo do elétron Foton incidente (lampada de xenénio) Foton de laser Estado fundamental a Fig. 8.6 - Diagrama esquemitico da energia para o laser de rubi, mostrando as trajetérias para excitacto e o decaimento dos elétrons. ‘Antes de ser exposto a luz do flash todos os fons de Cr” encontram-se em seus estados fundamentais, isto 6 6s elétrons preenchem os niveis de energia mais baixos, como esté representado esquematicamente na Fig. 86: Entretanto, os fotons da limpada de xendnio, com comprimento de onda de 0,56 jim, exeitam 05 elétrons dos fons de Cr para estados de energia mais altos. Esses eléirons podem decair novamente para o seu estado fundamental conforme duas trajetérias diferentes. Alguns decaem diretamente; as emissbes de fotons que estBo associadas com esse tipo de decaimento nfo fazem parte do feixe de laser. Outros elétrons decaem para um estado intermediério metaestivel (trajetiria FM da figura), onde eles podem ficar por até 3 ms antes de hhaver uma emissio espontinea ( trajetGria MG). Em termos de processos eletrénicos 3 ms & um tempo relativamente longo, o que significa que grandes nimeros desses estados metaestveis podem ficar ocupados. A emissio espontinea inicial de fStons por uns poucos desses elétrons € o estimulo que dispara uma avalanche de emiss6es dos demais elézrons no estado metaestével. Dos fétons direcionados paralelamente 20 longo do eixo do bastio do rubi, alguns so transmitidos através da extremidade parcialmente prateada; ‘outros,que incidem contra a extremidade totalmente prateada sto refletidos, Os fStons que néo s8o emitidos ‘MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA ~ VOL. I nessa direglo axial sfo perdidos. O feixe de luz viaja repetidamente para frente © para trés ao longo do M™ + ne 9.1) No qual M torna-se um ion de carga n+ € © proceso conduz a perda de n elétrons de valéncia, onde e simboliza o elétron. Por exemplo, a expresso (9.2) para a oxidagao do ferro em ions ferrosos ¢ a expressio (9.3) para a oxidagio dos fons ferrosos em férricos. Fe» Fe* + 2¢€ (9.2) Feet —> Fe + (9.3) © local onde se verifica essa reagdo & chamado de anodo; a oxidagdo ¢ muitas vezes chamada de reagaio anddica. © elgtron gerado de cada atomo de metal que ¢ oxidado deve ser transferido para outro tomo e torna-se parte de um outro espécime quimico. Este processo de transferéncia é denominado de redusao. Por exemplo, metais submetidos a um processo de corrosdo em solugdes dcidas, ou seja, aquelas que possuem uma alta concentrago de ions de hidrogénio, 08 fons de H* so reduzidos, como indicado na equac&o abaixo: 2H'+ 2e —H, A) O local onde se verifica esta reagfio é chamado de catodo, Para melhor fixar as fazer 0 seguinte quadro resumo: OXIDAR-SE__|REDUZIR-SE Perder clétrons Ganhar_eléirons ‘Anodo Catodo i A palavra oxidago nasceu do fenémeno quimico “combinar-se com o oxigénio”. Com a descoberta da estrutura eletrOnica, verificou-se que quando um elemento (metal) combina- se com 0 oxigénio, 0 metal perde elétrons para o oxigénio. Diz-se que metal oxidou-se (perdeu clétrons) ¢ 0 oxigénio reduziu-se (ganhou elétrons), 90 MATERIAIS DE ENGENHARIA ELETRICA ~ PROF. AELFO MARQUES LUNA - VOLT ‘A oxidagdo dos metais pode ocorrer a qualquer temperatura e mani acentuada em temperaturas elevadas. Tem-se: Mctal + 0;—* dxidodometal (9.5) A oxidagao comega na superficie do metal e a crosta (carepa) de dxido resultante tende a formar uma barreira que restringe a continuidade do processo de oxidacdo. Para que a oxidagao possa continuar, ou o metal ou oxigénio deve se difundir através desta crosta. Veja a Fig. 9.1. Ambos 0s processos ocorrem, entretanto, migragio do metal para fora é, geralmente, mais rapida que a do oxigénio em sentido contrério, em virtude do fon metélico ser apreciavelmente menor que o ion de oxigénio e desta forma apresenta maior mobilidade. Apesar de muitos metais terem tendéncia a se oxidar, até um certo ponto em qualquer temperatura, a maioria dos metais nao constitui camadas de 6xidos de grande espessura, a ro ser em altas temperaturas. Fea Felt ai 2-440) + 0 / zion egtrOnicos Fig, 9.1 ~ Mecanismo de formacio de crostas de bxido. Os elétrons ¢ os fons de Fe" se difundem mais facilmente através do éxido do que os fans de O. Consequentemente a reagia Fe" +r FeO se dé predominantemente na interface ar-éxido, (Adaptado de Lawrence H.. Van Vlack ~ “Principios de Cigncia dos Materiais- Eat. Edgard Blicher ~ SP - Brasil) Como o surgimento da crosta restringe 0 processo de oxidagdo, a velocidade de crescimento dx/dr de uma crosta no porosa é uma fungo do inverso da espessura x. difat = f (11s) 0.6) Ou oY =kt @7) Onde a constante k depende da temperatura e dos coeficientes de difuusdo. A velocidade de oxidago de muitos metais obedece bastante a relagdo parabolica indicada pela express40 (9.7). Contudo, determinados metais como 0 magnésio, Iitio, potéssio e sédio, que formam uum volume de éxido menor que o metal original, sfo excegées. Esses metais citados possuem raios metalicos grandes e raios iGnicos pequenos. Portanto, a oxidacao implica ‘numa contragao que origina uma crosta porosa, tendo, pois, 0 oxigénio acesso livre para a superficie do metal; deste modo, a velocidade de oxidaga0 ndo diminui com a acumulagto 4a crosta de éxido. Também se tém desvios da equagdo parabélica normal (9.7), quando a 9 A228 OOO ORE REAEEEAAAAASHKAEEHhEGEASGADOADEADRE RED ADBALDE

Você também pode gostar