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copiruo. A PSICOLOGIA SOCIO-HSTORICA ‘uma perspectiva critica em psicologia ‘Ana Merce Bahia Bock A Psicologia tom muitos anos de existinca, pois o marco que temos considerado para sta insituigio enquanto drea especiica ne cléncia é o ano de 1675. As condigdes para a consirigho Peicologia encoatram-se, pols, no século XIX. Nease perfodo a ‘burguesia moderna ascande enquant classe socal. Todas as trans- ormagies dai dacorrentes sso considemsdas condicdes hisléricas ‘para surgimento da ciéncla moderna e pesterionmente da Psico- Togia. A énfase na razdo humans, na lberdade do homem, na pos- sibilidade de transformagéo do mundo real e &énfese no proprio Thomem foram caractertstices da perlodo de ascensio da hurgue~ ia que permitirim uma ciéncia tacional, que buscou desvendar ‘aslis da natureza e construir um conhecimenta pe ho, Um método clenifica rigoroso pe feréncia de suas crencase valores. Assim, surge a ciéncia moder- na: experimental, empirica, quanitativa, ticas marcamacléncia no século XIX: posite dar a tis naturis: macanils, por a plow nei do funclonamento regular do mun, gulado por als qu podria sor conheclda;atociaconil, pong Ime Ma concepeo dquo alas so organizam na mnte deforma perm so. Clogs que asl em conberonoc atom pla crteza do fue o todo ¢ sempre oreiltado ts oganiang de pares, © diritti, pongo pent o mundo coho um nf e Sbmenos quo alo sempre eaunadon «que ean rag de aus ‘into pods en dascobere ple eso uma ‘pan dese concnpes om 1075, Wand (192-1920) Lingus acolo como nena Ui le poco terzavea nove cnca experiencia concent Wnt econo. Gi cane sk dole Ga onsn aan) mes Soulereniov doosoclaloismo por pensar a Cons Come Proctuo alo na rpg dso nei pala fora da son, dats Viso pensamtiohatno, ao mesmo en, con posto amatuer com crag dave nna Condo vide so mena ton como ciate coma ator Sem 0 ara. drmos neat guste, querer apenas epetar uso so nsciment, a colognes fr contigs do human, Sem qu ose peceidas engi as seh uss plese sar em uinacnciaunfeada Wundl, por doer instru {es mtodolgion para soluconar ess Contadles, quo af ‘am soluclonaas polo mdldo dlc, suger uss plclog ‘sina Pisa permet euma isopod mods "resale as dell natural wok autoomig tein Gio: interoe exter. Sous segutoresenfentaroetsas yond leeaendom dos pos daictomia Tichenet (18071927) onesbe o home come dodo dea extra gue permite Sura experiencia soon consents James (16421910, so con. ttle, pensou ohomem como i organo gu felon ain tmbionte os ses adapta © Campuramestalisna peso o hor tom como produto de condlelonsmenas a Ges valerian eo ‘princi vidas o aicondliss enfatzou so ngs que oh. ‘hem no domina nfo conhecn, ma uo constiuemn Tod es Abordagons ecosttutam como eforgn par que cdl pt Coligin pins dar conta de compre! oman et cnt tb como mundo rel Senna dean no entnt, euperoues per Pectins mecaneata edotrminstperentes ft em Wad Mecancuta por prssuporsarpuaridede no hu {osse uma méquina dotede de funcionamento préprio, ue, por str natural, pode ser desvendada econecida, O homem pensado como miquina, Nio pedemos nos eequecer da que 9 pensamento ‘modemo 6 impregnado dessa perspectiva mectnicista, Determi- nist, por pressupor causas pare o “efeito homem” que observa ‘mos. Além disso, hé mareadamente @ pers apriorstcn, com estraturas ov mecanismos prontos que permis {em seu funcionamento gular enquanto sex human {as enlze ne virias porspectiva tedrioes qua vio sos poucos send Eonstruidas, portanta, ado se dio nesse plano, Apents ocorram no balanco do péndulo:intemotexterno; psiquicolarginico; compor- tamento/vivéncias subjelivas; natural/socal; autonomialdetarmi nacio, ‘A questo estava o esti em que, em qualquer dos lados da ppéndulo, a comprosnsio do fandmeno psicolégica ¢ incomploa, pols fic sempre faltando o outro lado. Hssos aspactos nao podem, mais ser vstos como oposigio um ao outro. Esses elementos sao 2 contadigio presente do fendmeno psicoldgico; enquanto no a Sumirmos esse movimento exstente no interior do préprio fond ‘meno, ado avancaremos na sua compreenso, A Psicologia Sécio-Mistérica, quo toma como base a Psicolo- ‘a Histrico-Cultural de Vigoski (1896-1934), apresenta-ee des- de seus priméndios como uma possibilidade de superacze dossas ‘visoes dicotOmicas,O discurso de Vigotsk, no Il Cangresso Pan ‘Russo de Psiconeurologi, em 192, sobre 0 mélodo de investiga: a0 roflexologica e psicoldgica, demonsira-o com claera, a0 fazer 4 critica a posigdes que foram consideradas reducionisias eso i= ‘entivar a produgio de uma Psicologia dialtica {A Poicologia Sécio-Histirica carrega consigo a possibilidade do eftca, Nao apenas por uma intencionalidade de quem a pro- ‘uz, mas por ses fandamentos epistemolégieose taricos Fundaments-se no marxismo e adota o materialismo histri- ‘ee dialético como filasofa, teorla emétodo, Neste sentido, con: ebe 0 hiomem como alive, sociale hstérico; a sociedade, como produgo histrica dos homens que, atzvés do trabalho, prod ‘zm sua vida material as idéias, como ropresontacoas da reaida- material; a realidad materiel, como funda em contradigbas sam nas idéias; 0. histéra, como o movimento cons material, deve ser compreendlda toda produgéo de idélas, in- cluindo a clancia ea patcalogia [Neste capitulo, como uma apresentagdo da abordagem, dis- ‘cutlremos alguns aspoctos desenvolvidos pela Psicologia SScio- “istrica a partis dossesprincipos, os quals caracarizam sua pos- ture critica, [Nos demas capttulos, esses fundamentos e6rios,epistomo- igicos « metodolézicos soréo desenvolvidos. ‘Abandon sista eimeno psig © primeira aspecta 6 0 abandono da visto abstrata da fend ‘mano psicoldgico e a critica a ala [No decorrer desses cem anos de existéncla,influenciada pe- Jas perspectivas dominantes no pensamento ocidental modesno, a Psicologia consteuiu vise do homem edo fenémeno psicolégico {que precisam ser superadas. O lberalismo, ideologa fundamental do capitalism, nascou ‘com a revougo burguesa para revolcionara ordem feudal eins ‘garanir a manutencio da ordem que se instalava gusia constitulu as iélas Uberais para se opor bor uma ordem baseada na exsténcla de uma hlerarqula sm mundo pensado como est4vel, ordanado ote ‘izado pela vontade cvina, Um mundo pronto no qual a verdade 08 ndividuos. A hierarqua no universo se refletia na tum jé nascia no lugar em que deveria fica. Um universo que ti nnha's Terra como centro. Um mundo de fé e dogmas religiosos {que ofereciam aos homens idélas prontas e valores a serem ‘no precisou de uma Pstealega ‘Assim, como oposicéo ess pectiva liberal tam como um de sous elementos contais a valori- 2agio do individu: 0 individualism, Cada individuo 6 wm ser ‘moral ue possul direitos derivados de sua natureza humana, So- ‘mos individuos e somos iguas,faternos ¢ livres, com drei a rd soguranca, liberdade o a igualdad, A visto oral zompia a estabilidade do mundo, sus ler dquiae suas ceriezas, 0 individvo estava agora no centro epadesia ¢ deveria so movimentar, Por que surglam estas idéine Uberais? Porque o capitalism precisava delas; precisava pensar o mundo fem movimento, para explorar a natureza em busea de matéias- primas e para dessacraliz-l, O capitalismo prectsava do indivi- ‘uo, como ser produtivo e consumidor. A Terra é podla entio ‘omar seu humilde lugar no universo. A verdade a podia ser plu- ral, O mundo estava posto em sett movimento. © home também ‘stava om seu movimento. E neste mundo, agora incerta, 0 ho- mem se viudiante da possbilidade de ser, de ponsare ce fazer. A escolha tomava-se uma exigdncia e um elemento da condiglo Ihumana, Rscolher entre vérias possibilidades ¢ escolher diferen- {emente de outros permite desenvolver uma nopio de individuo «,conseqientement, uina nogio de eu entra ae homens. Fettlizando esses novos elementos, assstimos ao desenvol- vimento da nocdo de vida privada, Estudos atuais mostram como a vida coletiva vai dando lugar a um espago privado de vida. As ‘sas modificam sua arquittara pare reservar aos individos lo ‘als privados;os nomes se individvaligam; oupas, uaedanapos © is ganham marcas, de modo a permitr sua identificagdo. A vida do trabalho sai da casa para africa, modificando o caréter a vida piblica. A casa torns-se higar eservado a familia que, em seu interior, divide espacos, de forma a permite Igares mais in dividuals e privados. Os bankheiros saem dos corredores para se ‘omar lugares fechados e posteriorments indiidualizads. ‘Annogto de eu a individualizacio nascem e se desenvolvem, om ahistéria do capitalism. ida de um munda “interno” 20s ‘sujllos, da existincia de componentesindviduats singulares, pes- soais,privados toma forca, permitindo que te desenvolva um sen limento de ou. A possbilidade de wma cléncia quo estude este senlimento e esse fonémeno também 6 resultado desse processo histrico. A Psicologa se torna necessria ‘As ides liberals, construfdas nodecorcer do desenvolvimen- to do capitalismo, permitem a construcio de determinada Psico- Joga. Essas iéias caracteriam-se fandementalmente por pensar ‘ohomem a partir da nogio de navureza humans, Uma natireza © exign lier, como condigao para desenvolver om estas idélas de Igualdade netural entre 08 homens, 0 liberalismo propiciou o questionamento das hierarquas socials © das desigualdades caracteristicas do perfodo histérico do fx lismo. Ao homem deveriam ser dadas as melhores condigées de vida para que seu potencial natal pudesee desabrochar. Diante as enormes desigualdedes sociais do mundo moderno, 0 Ubera- lismo produits sua propria defess, constntindo a nocdo de dif. rencas individuals decortentes do aproveilamento diferenciado que cada um faz das condigios quo soclodade “igualitariaments” the oferece, ‘Assim, as contigées histricas desse perfodo permitieam 0 ‘surgimento da Psicologia e do proprio fondmeno psicalégico, do modo como esté constitufdo hoe. As idéie “naturalizadoras® do liberalismo sardo responsiveis pla concepgSo de fendmeno psi- col6gicn que se tornara dominante na Psicologia. Para iratardesee ‘ssunto,relembramos alguns dedos da pesquisa realizada por Bock (1999) com psicdlogos de Sao Paulo acer do significado dofend- ‘mono psicologico. Ne publicagto de tose de doutoredo, Bock (1090) reata que, fam questionérios aplicados a 44 psicslogos, encontrou multas Gefinicbes para o fendmeno psicolégice: “acontecimento organismico, manifestacses do aparelho psfquico,individualid de, algo que ocorre na relacio e 6 que somos, conflitospulsionais, ‘onfusdo mental, manifestacao do homem, pensar e sentir o mun do, o homem ¢ relagao com o meio, consciénca, saber-se indivt- subjetividade, fungdes egsias, exsténcia pro homem, evento estruturante do homem, comportamento, en- ‘renagem de emogio, motivagi, habilidades e potencialidades, ‘exporiéncias emocionais, psique, pensamento,sensagio, emogio ‘eexpressio,entendimento da sie do mundo, manifestario da vida ‘mental, tudo que 6 peroebido pelos sentidos, € conscien e 6 i onsciento™ (Bock, 1999, p. 175) Cabo acrescentar alguns dados a este trabalho. Os psicélogos uulizamese do chavoos para designar o fondmeno psicolgico: O fendmono ébo-psee socal: ( fenémone envalve ou implica nteragso entre pessoas (Ofendmeno se refores um individvo quo éugento sual, (Bock, 1999, p. 174) lementos recorrenies nas respostas aos questionéros indi- ‘cama busca do uma conceituagia consensusl entre ox psicslogos: um fendmeno interior a homem; Tem viloscomponenes uma esratara uma orgnlzacto intern vo homem: Possulaspctos consents eincanecians Haalgo de bologea ede socal net fndmeno; A Intragdo ¢ importante na sua constigs (Intragto com 0 smeio, om os otto), Recebeinfluéncia de fra infutncle do meio: tum fendmono pasivel do ser conhocido(coasciente), mas tem aspects que no soem ase (inconeceat) ‘Opscdlogo poss insteumentoeconheciments pare contubulr no coahocimento dase fenomeno ena sua resratagio, ‘Bum fondmeno que 9 dvestruturs. A naga de desequlbrio, «te desongnizaio, de dosestuturag é bastante pretente. Alone lantiiem ofendmeno com a sue dasesvuturago, sto 6,0 fend mono da doenga, odeseqaibrio ox o conto, Ha uma nog, presente om alguns questioning, que 6a ident- Aicagio do fendmeno com « possialidade deo individu reac consigo mosno. (Bock, 1909, . 174.175) ‘Mas que coisa 6 esta, fendmeno psicolégica? ra 6 processo, ora éestratura, ora manifstacio, ora relagho, fora 6 conteddo, ora 6 distrbio, era experiénca, E interno, mas {em relagio com o externo.E bioligico, 6 psiquico e 6 social; & fagante e6 resultado; ¢fendmeno humano, relacionado ao que de- 0 fendmeno psicolgico, sea qual for sua conoeituagto, apa ce descolado da realidad na qual e individuo so insareo, mals ainda, descolado do préprioindividuo qua oabrga. Este 6 « noglo: algo que se abriga em nosso corpo, do qual no tamos multocontro- lo; visto como algo que em delerminsdos momentos de crise nos tlomina sem que tenhiamos qualquer possbilidade de controll: algo que inclu “sogredos" que nem mesmo nds sabemos: algo ‘onclaisurado em nés que 6 ot contém wi “vesdadeno eu” ul cabe falar da relapéo dessefendmeno psicolgico com, ‘Embora mits psicSlogos considorem relagio na qual o “externo” (mundo social) impode e dificult 0 pleno e livre desenvolvimento de nosso mundo “interno” (psico- Logica}. O-mundo social & um mundo estranho ao nosso en. Un Ingarno qual tamos de estar; por isso, s6 nos resta nos adaptarmos ele, Ea histrla dese aparato psicoldgico passa a sor a histéria 4a sua adaptagio a0 mundo social, cultural e econdmico. Traba- Jha, relacionar-se, aprender, fazar sio alividades dessa adapla- (fo. Amar, emocionar-so, perceber, motvar-se sio visas também Como possibilidades humanas que se desenvolvem, ou melhor, se atualizam (pois jéeram potenclallzadas) nasto mundo extarno. ‘Um fendmeno absralo, visto como caracterstca humabe. Um fendmono que existe om nés, como estruura, procosto, expres: so, ou qualquer uma do suas concoltuacées, porque somos hi ‘manos ¢ ele perlonce a nossa natureza,Fica enti naturalizado 0 fendmeno psicoldgico. Algo que éesté como possibilidade, quan ‘donascemos; algo que daver ser fertlizado por afto,estimulagoos fadequadas e hoas condigoes de vida, mas que lf etd, pronto para esabroctar. ‘A Psicologia Séclo-Histdrica nto uabalha com esta concep: ‘lo, Acredita que 0 fanémena psicalégia se desenvolve a0 longo So tempo, Assim, fenémeno psicoldgice: + nil pertence A Natureza Humans; + ni 6 preexstonte ao homom; + reflte a condigio social, econdmica e cultural am que vi ‘vem os homens. Portanto, para a Sécio-Histérica, falar do fendmeno psicols- ico 6 obrigatoriamento falar da sociedade, Falar da subjetvidade ‘humans 6 falar da objetvidade em que vivem os homens. A com- ‘proensio do “mundo interno” exige a compfeenséo do “mundo fexlerno", pols sio dois espectos de um mesmo movimento, de um processo no qual 6 homem atua e constréifmodifica 0 mundo e fs, por sua vez, propicia os elementos para a consttuigao psico Tica do homem. ‘As capacidades humanas devom ser vistas como algo que sunge apés uma série de transformacées qualitalivas. Cada trans formagio cria condigées para novas ransformagbes, em um pro {esto histérico, e nto natural, O fendmeno psicoldgico deve ser ido como constructo no nivel individual do mundo simbo acs nara a ico que 6 socal. 0 fendmeno deva ser visto como subjetividade, ‘concebida como algo que se constituiu na relagio com o mundo ‘material social, mundo aste que s6 existe pala atividade huma- na, Subjelividade e objtividade se constituem uma 2 outra som se confundir. A linguagem é modiagio para a intemalizacio da ‘objetividade, permilindo a construgéo de seatidos pessosis que ‘constituem a subjetividade. O mundo psicolégico ¢ um mundo em relagio dialética com o mundo soctal. Conhecet 0 fendmeno psicoldgicosigniica conhecer a expressio subjeliva dem mun o objtivooletivo; um fendmeno que se consital em um pro- tesso de conversio do social em individual; de constzugio interna ios elementos atividades do mundo externa, Conheci-lo desta forma significa retiré-1o de um campo abstatoe idealist ¢ dara le uma base material vigorosa. Permite ainda que definitivamente vis6es metaisicas da fendmeno psicol6gico que © conceberam como algo sibito, algo que surge no homem, ox aelhor, algo que jé estava Id, em estado embrionsrio, ¢ que $0 atualiza com oamadurecimento humano.O homem eo fendmeno psicoligico, pensades como semontes que ae desenvolvem dese brocham, E por que a Psicologia Séclo-Histiri pectivas? Porque tas perspectives fazem uma Psicologia descolada da twalidade sociale cultural, qua ¢ contitativa do fendmeno psico- légico, E essa 6 uma questio importante, porque é @ partir desse “descolagem que se constitu o processo ideolégica da Psicolo fia. Passamos a contibuir sigaificativamente para ocullar os a¢- pecios socials do processo de construgio do fenbmeno psicologi- 69 om cada um de née, Fazamios ideologia. Weologia, como definida por Charlot, & 6 ertica a esas pers: ‘um sstoma treo, uj asm sn oigem na resided, como 6 sempre o cvo das ils: mas que colo, eo coneiin que a8 Saéiassio euténomas, isto 6, que tasforma em eas © em sstncias as realidades qu ola apresnde que, essim, desenvelve uma reprsentagdatuseria no mhsino lo dale sobre 0 que trata dalo proprio: o qu, gragas a essa tepresatasdofusér volvimento como naturals, permitin que a finalidade do trabalho fosse acompanhar tim desenvolvimento jé previsto, porque natu ral. O sujet com quem se trabalha é um sor ativo ¢ transforma: ddr do mundo; 6 um ser posicionado que intervém em sen melo social. O encontro desses sueltos (cliente e profisional) se dans como dislogo no qual o cliente possi a matéla-prima a sor trabe- Ihade, eo profisionel-os instrumentos ea tecnologia do trabalho (O objeto do trabalho é um projeto de vida que pertence apenas a0 dlienta. Ao realizar sou trabalho, o profssional deve ter conscién ‘da de que estar interferindo em um projeto de vida que nao the pertence. Dafa necessidade do rigor élico que garanta 0 respeito 1 traneparéacia do profissional, Dai anecessidade de o psiodlogo Conceber sou trabalho como intencionadoe direcionado, para que, om uma postira élicargorosa, poss, « qualquer momento, 0: tlarecero direcionamento de se trabalho, superando uma supos- tw neutralidade que ocultou sempre, no discurso cientificsla, a concepeio de “normalidada” o satde que nada mais eram do que valores socaisinsitufdos ¢ dominantes sendo reforgad. interessante nolar que noseasconstmugSes ideais de sade o lo nonmalidace em goral abrigam valores morais da cultura dom hante na sociedade; por serem dominantes, inslaaram-se na ‘lana profissio como referencia para o comportamento as for- ‘nas de se dos sueits.O problema maior est em que ndo temos, Assumido essa adesto. Temas apontado essos valores o reerin- {las como naturais do homem; como universal, Dsta forma, taba Thamoe para mante o valores dominantes e para ustifcélos como ‘iia possibilidade de estar no mundo, O diferente passa 8 ser {combatido; visto como crise, como desajuste ou desequlirio; pas idade do rotor & condigio saudaval fa tomase assim uma profissio . ———— tao aPscolgla como ciel, tomando come modo @ ma- Halsm bistéreoe disicn, Abordaemts au apenas supe Cinlmente essa questo do método, pots ela ser ralada com mals profundldade no capfal ‘Como propose tesrico-metodldgc, o positvismo pode ser apresentado, dom modo simpiicado, «parts dr das Pringlpot: +05 fonbmenos hunanos e sci so regulados phlei na ture que independam da ago do home + so esesfondmenoe so rgulados por leis naturals, deve ‘os eno llizar méldos eprocedimentos das iéncas "Tatras pra desvendaressas lls + também segundo 0 modelo das cincias naturals, a cn Clas humanase sctalsdovem orintarse pelo modelo da abjelvidade cesta Paro postvismo, a eliade 6 yoverada por nis raconais usivols do sr desvendadas pes observgio sitio ao osm doo fan Een rigor 6 dao porn mito que permite © Contole dha humane ont fo ree ricalaridades do peoqulcadt. Pre 0 positvismo, 6 possvel Eom esforgoe mélodo, constr conheciment,deando de ore on ntreses valores socal © positivismo contbuiu para constalr una Paeslogia que centendauo fentmeno pecolgico come algo delgado das tamas Scciis,somelhante a qualquer ost fendmeno naturale como tl, submetio a lis que no podem sr alteradas pela Vontade humana, mas apenas cones, Sabemos que ¢Pecologiapreciou aderir esses princpios vats por fina como cence, Mas, partir do método walla, podemos fara rca dessa visto sere, O postvsino oullono jag do interossso o valores qu sem Extveram no campo da produc des conhecmento ‘ponsamenopostvitfo! incremontao pola postraides- lisa, que afrmou e exstinci spaces da exo sbjtvs. Cones ‘purses realidae exer como slg a 6 poe set conocido & partir do modo como ¢formuladaeorganizado pols els, falcomo éem si mesma | primeira vista esta concopyo parag distant das ‘és do postivismo,essas duas perspectivasestivoram juntas na tdnela,O positivism, ao basoar-te na naturalizagio dos fendme- hos manos e socials ao buscar, através deum método objetivis: la, afasar os elementos socias eos valores culturae da prods i cidnci, efotivou um real desligamento do pansamento de sua base material, Fez dos fendmenos entidades abstralas,cuja verda: fe se encontca no esforgo do pensamento racional ede seus méto- tlos.O positivismo tomou-se ideaista, Estavam dadas as condigSes para a construcio da ideologia positivista, qua antende o progresso cafno um avango intelectual tlos homens © nunca como resultado de esforgasrevolucionsrios ile coletivos humanos que alteram formas de vida e de produgio tis eobrevivéncia, O postivismo busca uma ordem estvel em or: reno social harménico, Vé os conflitos como desentendimentos do comunicacdo ou problemas morals, tomandovse defensor do rigor moral como forma de fazer progredir a Sociedade, Na Psicologia, o fondmeno psicolégico, como entidade abs- trata e natural no homem, é expressio do positivism. O apega a miétodos que isolam o fendmeno a ser estudado de odo ocantexto ‘que o produziu preci ser superad pelo esforgo citico e pelo ‘losenvolvimenta de outra metodologia que possa encararareali- {adi como algo em permanente movimento ¢ os fendmenos como flgo que se constrdi nese movimento, A metodologia matrilista Instrica odialética surg como rosposta a oss bilita superar a perspectva positivist colo Em sintese, o método materilistahistrlcoe dalético carac orient por: ‘+ uma concepga materialist, segunda a qual a realidada material tem existancis independente em relagto a ida, 49 pensamento, & razio; existem les na realidade, numa visto determinista;e 6 possivel conhecer tode arealidade @ suas leis; uma concepgio dialtica, segundo a qual a contradigao & caracteristica fundamental de tudo o que existe, de todas ‘8 coisas acontradi¢ao-e sua superagdo sao a base do mo: ‘vimento de transformagio constant da realidade; o movi- mento de reaidade est expresso nas els da diltica (el do movimento erelaggo universal da unidade eta tlecontrévos oi da ransfornago da quantidade em qu Tidade ot da nagagso da negagio) «om suas clagota; + uma concep strc, segundo qual 6 possivel com precndor a sciedade o istiria por moto de una conc: ‘ho materialist edie: on se, segundo o qual hist Tis deve ser analisadaa partir da ealidade coneela endo a parr das ida, buscondo-s a ais que a gvernam (vt ‘So matoraist por sua vega Tos da hit so as eis ddomovimento de ransfrmagio constant, que tempor base ‘conrad; portato, nio soles porenes e unlversals, tas so leis qu se raeforman: a expresam rogulr dle, mas contradicio(vsdodiltia); nesee sentido, as Jets que rogem a soeiedade eos homens nio si naturals, ‘as histGics; do so alelas gos homens, porque so re- ballad de sua ago soi a realdale balho rela Sociais); mas si leis abjetves, porque esto na realidad ‘material do abathow des relooes socials entetant, esa objetividade incl a sjlividade porque 6 produsid por Suelosconerets, qua ao, eo mesmo temp, gett Sociale historicament, Assim, a Psicologia Sécio-Histérica produzra conhecimen {os com outros pressuposts, abandonando a prelensa neutral. ‘te do positivismo, a enganosa objetividada do cientista« positivi- lade dos fendmenos ¢ o idealismo, colando sua produgao a malerialidade do mundo e eriendo a possbilidade de uma citncda cailicaa ideologia até entio produrida ema profssdo posicionsda ‘favor das melhores condictes de vide, necessirias & sate psi ‘oldgica dos homens de nossa sociedads. ulin biogas ANTUNES, Mitsuko A.M. A Psicologia no Bros letu istic sobre sa consiuigo, Sto Paulo, Enimatco, 199, WOCK, Ana M. B. Aventuras do Barf de Munchhausen na Plcologa, Sto Paulo, CrtelEDUC, 199, (CHARLO, Bernard. A tseapto Pedagiic:raidades socials pro- oss eoligies na eri da educa, Ri Jair, Zaha Bl 1970 (GHAUL Martens. © que a ieolgi, 2. Sto Palo, Braslons, 1961 (Cal. Primelros Passos) WY, Michael. As oventuras de Karl Marx contra 0 Horde de “Mancihausen. Seo Paulo, uses Vida, 1987, ologias¢ léncas Socios elamentas para uma andlse mae- Tita, 4. el. 850 Palo, Carte, 1988 PE, R. Erich. As Aventuras do Bardo de Manchhausen, Tradugio de ‘Norberto de Pala Lima, Sto Paul, Hemus Eds Miriam J. iberolismoe educng. Tes de Doutoramento Sho Paulo, PUC-SP, 1988 Dest forma, a partir desses pressupostos melodolégicos e das categorias decorrentes, passamos a + examina os objeto, buscando entendé-los na sua toalida- e concrota na qual as parts estio em interegao, permitin- {do que ofendmeno se constitua como ta; + acompanhar 0 movimento ¢ a transformacao continua dos fendmenos; + entender que a mudanca dos fendmenos 6 qualitativa ese ‘4 por acamulo de elementos quantitative que se conver tom em qualidade, alterando fondmeno; + entender que o movimento ea tranaformagio das coisas se ‘io porque no prépro interior delascosxistem frcas opos- las, A contradigao existonto om todos os objetos & a forga de seu movimento de transformagio. E na relagio desse objeto com o mundo que o carca que os elamentos conta: Aitrios se constituem,

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